Você está na página 1de 152

Economia

Colaborativa

Prof. Aislan da Silva Nunes


Prof.ª Joana Carolina Dorea Alves Cherri
Prof.ª Natalia Carrao Winckler

Indaial – 2022
1a Edição
Elaboração:

Prof. Aislan da Silva Nunes


Prof.ª Joana Carolina Dorea Alves Cherri
Prof.ª Natalia Carrao Winckler

Copyright © UNIASSELVI 2022

Revisão, Diagramação e Produção:


Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI

N972e

Nunes, Aislan da Silva

Economia colaborativa. / Aislan da Silva Nunes; Joana


Carolina Dorea Alves Cherri; Natalia Carrao Winckler. – Indaial:
UNIASSELVI, 2022.

142 p.; il.

ISBN 978-85-515-0518-2

1. Economia. - Brasil. I. Nunes, Aislan da Silva. II. Cherri,


Joana Carolina Dorea Alves. III. Winckler, Natalia Carrao. IV. Centro
Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 330

Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico!

Seja bem-vindo ao Livro Didático Economia Colaborativa!

Sabemos que a economia é uma ciência que tem por objetivo administrar, de
forma eficiente, os recursos que estão cada vez mais escassos, sabemos ainda que esta
ciência está inserida constantemente em nosso dia a dia e, nesse sentido, é fundamental
termos conhecimentos para compreendê-la de forma significativa.

Neste livro, faremos uma abordagem geral sobre a nova tendência da economia,
que chamamos de economia colaborativa. Esse novo fenômeno da economia traz
consigo particularidades significativas que levarão você a entender melhor os motivos
pelos quais essa estrutura de negócios está sendo ampliada de forma exponencial.
Para isso, este material foi dividido em três unidades, visando uma estrutura didática
organizada e com conexão entre os conteúdos para um melhor aproveitamento de seu
estudo. Portanto, apresentaremos de forma sucinta o que você encontrará nas unidades
deste livro.

Na Unidade 1, abordaremos os conceitos iniciais que levarão você a entender


o que é a economia colaborativa, partindo de uma evolução histórica do consumismo
até as vantagens proporcionadas pela economia colaborativa. Ainda nesta unidade,
você será levado a conhecer os diferenciais competitivos de empresas que utilizam a
economia colaborativa dentro do mercado, além de compreender como as redes sociais
podem potencializar e alavancar a economia colaborativa. Você verá que o engajamento
social na proposição de inovação é essencial nesta nova estrutura de mercado e, ainda,
quais benefícios a economia colaborativa apresenta ao consumidor.

Em seguida, na Unidade 2, estudaremos a implantação da economia colaborativa


em algumas empresas nacionais, apresentando o modelo de economia colaborativa
comparado ao modelo de economia tradicional, além de evidenciar a revolução das
relações de trabalhos e os desafios da economia colaborativa dentro de empresas
tradicionais que desejam alterar suas formas e metodologias de trabalho. Abordaremos
as novas formas de negócios e as inovações em um cenário promissor juntamente com
a experiência de outros usuários da economia colaborativa.

Por fim, na Unidade 3, aprenderemos a economia descentralizada e o grande


diferencial entre ela e as economias tradicionais, evidenciando a comparação entre as
empresas tradicionais e as que já atuam com a economia descentralizada e o poder
das startups na atualidade. Além disso, evidenciaremos o capitalismo consciente,
mostrando a preocupação com o meio ambiente e as relações mantidas com
sociedades que estão inseridas no meio da pobreza extrema. Em reflexo a esse cenário,
evidenciaremos as blockchain e criptomoedas utilizadas como alternativas inseridas em
uma estrutura baseada na economia colaborativa mostrando o impacto das blockchain
e das criptomoedas na economia. Por fim, apresentaremos o culto da colaboração, pilar
da economia colaborativa evidenciando a gestão horizontal e a redução da burocracia,
a colaboração entre empresas e pessoas.

Esperamos que você tenha excelentes estudos e que este material lhe traga
muitas informações para que você as transforme em conhecimentos significativos!

Prof. Aislan da Silva Nunes


Prof.ª Joana Carolina Dorea Alves Cherri
Prof.ª Natalia Carrao Winckler
GIO
Você lembra dos UNIs?

Os UNIs eram blocos com informações adicionais – muitas


vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico
como um todo. Agora, você conhecerá a GIO, que ajudará
você a entender melhor o que são essas informações
adicionais e por que poderá se beneficiar ao fazer a leitura
dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará
informações adicionais e outras fontes de conhecimento que
complementam o assunto estudado em questão.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os


acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir
de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual
– com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a
leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que
você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados
através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo
continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada
com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo
o espaço da página – o que também contribui para diminuir
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por
exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto
de ações sobre o meio ambiente, apresenta também este
livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a
possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular,
tablet ou computador.

Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo


layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual
adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de
relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os
materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade,
possa continuar os seus estudos com um material atualizado
e de qualidade.

QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a
você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo
interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse
as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade
para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!

LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conheci-


mento, construímos, além do livro que está em
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem,
por meio dela você terá contato com o vídeo
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de
auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que


preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


SUMÁRIO
UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À ECONOMIA COLABORATIVA.................................................. 1

TÓPICO 1 - O QUE É ECONOMIA COLABORATIVA.................................................................3


1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................3
2 A EVOLUÇÃO DO CONSUMO................................................................................................4
3 GRANDES VANTAGENS DA ECONOMIA COLABORATIVA..................................................8
RESUMO DO TÓPICO 1...........................................................................................................11
AUTOATIVIDADE................................................................................................................... 12

TÓPICO 2 - QUAIS OS IMPACTOS NA ECONOMIA E NOS NEGÓCIOS................................. 15


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 15
2 A ECONOMIA COLABORATIVA E O DIFERENCIAL COMPETITIVO................................... 16
3 A ECONOMIA COLABORATIVA E AS REDES SOCIAIS...................................................... 18
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................... 20
AUTOATIVIDADE................................................................................................................... 21

TÓPICO 3 - ENGAJAMENTO SOCIAL NA PROPOSIÇÃO DE INOVAÇÃO


DENTRO DA ECONOMIA COLABORATIVA E O EMPODERAMENTO
DO CONSUMIDOR.............................................................................................. 23
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 23
2 A ECONOMIA COLABORATIVA E O EMPODERAMENTO DAS MULHERES...................... 23
3 DISCUSSÃO SOBRE EVENTOS DE ECONOMIA COLABORATIVA
E O ENGAJAMENTO SOCIAL............................................................................................. 26
4 EMPODERAMENTO DO CONSUMIDOR..............................................................................27
5 BENEFÍCIOS DA ECONOMIA COLABORATIVA PARA O CONSUMIDOR........................... 28
6 COMPROMETIMENTO DA SOCIEDADE FRENTE ÀS NOVAS FORMAS DE CONSUMO......... 30
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................. 32
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................... 39
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 40

REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 42

UNIDADE 2 - IMPLICAÇÕES DA ECONOMIA COLABORATIVA NAS EMPRESAS............... 45

TÓPICO 1 - COMO IMPLANTAR UM MODELO DE ECONOMIA


COLABORATIVA EM EMPRESAS TRADICIONAIS.............................................47
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................47
2 ECONOMIA COLABORATIVA E A REVOLUÇÃO NAS RELAÇÕES DE TRABALHO............... 48
3 DESAFIOS DA ECONOMIA COLABORATIVA EM EMPRESAS
TRADICIONAIS - COMO IMPLANTAR?.............................................................................. 51
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................... 53
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 54

TÓPICO 2 - NOVAS OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO E INOVAÇÃO.....................................57


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................57
2 CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO NO NOVO CENÁRIO DE NEGÓCIOS................................... 58
3 EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA COLABORATIVA................................................... 60
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................... 63
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 64

TÓPICO 3 - A EXPERIÊNCIA DO USUÁRIO E A IMPLANTAÇÃO DA ECONOMIA


COLABORATIVA NO BRASIL..............................................................................67
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................67
2 MANUTENÇÃO DA ECONOMIA COLABORATIVA ORGANIZACIONAL............................. 68
3 OPERACIONALIZAÇÃO DA CULTURA COLABORATIVA DENTRO DAS EMPRESAS........ 71
4 COMO SURGIU A ECONOMIA COLABORATIVA NO BRASIL..............................................73
5 OPORTUNIDADES DE ECONOMIA CRIATIVA NO CENÁRIO BRASILEIRO PÓS-COVID-19.74
LEITURA COMPLEMENTAR.................................................................................................. 77
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................... 83
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................. 84

REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 86

UNIDADE 3 - ECONOMIA DESCENTRALIZADA...................................................................87

TÓPICO 1 - DIFERENÇAS DA ECONOMIA TRADICIONAL X ECONOMIA


DESCENTRALIZADA......................................................................................... 89
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 89
2 EMPRESAS TRADICIONAIS X EMPRESAS DESCENTRALIZADAS................................. 90
2.1 EMPRESAS TRADICIONAIS.................................................................................................................90
2.2 EMPRESAS DESCENTRALIZADAS .................................................................................................92
3 O PODER DAS STARTUPS NA ECONOMIA CONTEMPORÂNEA....................................... 93
3.1 O QUE SÃO STARTUPS . .....................................................................................................................93
3.1.1 O papel dos investidores e do ecossistema empreendedor............................................95
3.1.2 Exemplos de startups............................................................................................................... 97
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................... 98
AUTOATIVIDADE...................................................................................................................99

TÓPICO 2 - CAPITALISMO CONSCIENTE........................................................................... 101


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 101
2 A PREOCUPAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE E COM A POBREZA EXTREMA..................103
3 BRASIL E O CONSUMO CONSCIENTE – DADOS .............................................................107
RESUMO DO TÓPICO 2.........................................................................................................111
AUTOATIVIDADE................................................................................................................. 112

TÓPICO 3 - BLOCKCHAIN E CRIPTOMOEDAS COMO ALTERNATIVA DENTRO DA


ECONOMIA COLABORATIVA............................................................................ 115
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 115
2 BLOCKCHAIN E CRIPTOMOEDAS – IMPACTO NA ECONOMIA GLOBAL........................ 115
2.1 A ORIGEM DAS CRIPTOMOEDAS......................................................................................................118
3 APLICAÇÕES E VANTAGENS PARA OS NEGÓCIOS – BLOCKCHAIN
E CRIPTOMOEDAS...........................................................................................................120
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................124
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................125

TÓPICO 4 - CULTURA DA COLABORAÇÃO........................................................................ 127


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 127
2 CULTURA COLABORATIVA ORGANIZACIONAL – GESTÃO HORIZONTAL E
REDUÇÃO DA BUROCRACIA............................................................................................128
3 CULTURA DA COLABORAÇÃO ENTRE EMPRESAS E PESSOAS....................................130
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................133
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................135
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................136

REFERÊNCIAS.....................................................................................................................138
UNIDADE 1 -

INTRODUÇÃO À ECONOMIA
COLABORATIVA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• entender o que é economia colaborativa;

• diferenciar dos modelos tradicionais;

• mensurar os impactos na economia tradicional;

• entender o comprometimento da sociedade frente a resolução de novos problemas;

• resolver problemas e propor soluções inovadoras para demandas da sociedade.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – O QUE É ECONOMIA COLABORATIVA


TÓPICO 2 – QUAIS OS IMPACTOS NA ECONOMIA E NOS NEGÓCIOS
TÓPICO 3 – ENGAJAMENTO SOCIAL NA PROPOSIÇÃO DE INOVAÇÃO DENTRO DA
ECONOMIA COLABORATIVA E O EMPODERAMENTO DO CONSUMIDOR

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!

Acesse o
QR Code abaixo:

2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
O QUE É ECONOMIA COLABORATIVA

1 INTRODUÇÃO
A economia possui um vasto campo de estudo, que abrange muitos aspectos
ligados à sociedade. Em geral, podemos entender que a economia, como ciência, é um
conjunto de atividades desenvolvidas pelo homem para a produção e comercialização
de bens e de serviços necessários à sobrevivência humana e para, de certa forma,
alcançar uma determinada qualidade de vida.

A economia está intimamente ligada à sociedade consumidora, visto que


é necessário que haja consumidores de produtos para que o mercado financeiro
sobreviva. Dessa forma, apresentaremos, neste tópico, os conceitos ligados à economia
colaborativa – uma das formas mais recentes do mercado financeiro de comercialização
de bens e de serviços preocupados com os desperdícios dos recursos naturais –, à forma
de pensamento vinculado ao consumo desenfreado e ao aumento do uso dos recursos
naturais. Abordaremos a evolução da sociedade do consumismo, trazendo aspectos
ligados à economia, à sociedade e à política, em três períodos distintos – Períodos I, II e
III – que apresentarão as características da sociedade consumidora de épocas distintas,
concluindo com o período da atualidade.

Nessa busca histórica e cronológica, evidenciaremos as características da


sociedade consumidora, tendo como objeto de exemplo a comercialização de vestuários
da época, por acreditar que a maneira como evoluiu a busca das roupas utilizadas nos
períodos reflete a forma como eram pensados todos os produtos consumidos. Assim,
poderemos ter em mente não apenas a comercialização de roupas, mas toda a forma de
consumismo ligada à economia, à política e à estrutura social da época, evidenciando
as formas de evolução da sociedade como um todo.

Ao término deste primeiro tópico, falaremos sobre a sociedade de consumo


atual, como o ciclo de vida útil dos produtos está se tornando cada vez mais curto e
a necessidade de consumir produtos novos e mais modernos constantemente. É no
meio dessa sociedade consumista desenfreada e acelerada que surge o conceito de
economia colaborativa, que será apresentado no segundo tópico com mais detalhes.

Veremos que as tecnologias da comunicação e da informação foram


fundamentais para o desenvolvimento de uma nova estrutura de negócios que está
surgindo no mundo dos empreendimentos. Isso porque a conexão virtual entre pessoas
está cada vez mais forte e esse fator acaba por estimular as relações de diferentes
níveis sociais, culturais e estruturais.

3
Com o avanço tecnológico cada vez mais exponencial, características estão
surgindo e se tornando cada vez mais marcantes. Três principais características serão
citadas neste tópico, a experiencia da marca, a experiência do consumidor e a economia
colaborativa.

ATENÇÃO
As mudanças na vida útil dos produtos não vieram por alteração em sua
durabilidade ou por questões relacionadas ao mau estado do material, as
mudanças ocorreram pela necessidade do consumidor de adquirir novos
produtos de forma mais rápida.

Estruturas horizontais e modelos de negócio estão cada vez mais utilizando


o conceito de acesos aos produtos ao invés do conceito de aquisição. Esse fator
está enriquecendo os novos empreendimentos e as novas estruturas econômicas.
A economia colaborativa, em sua essência, não é algo novo, porém era tratada com
menos ênfase em tempos anteriores à evolução tecnológica. Atualmente, é trabalhada
com bastante vigor devido à tecnologia e à forte fomentação nesse segmento.

2 A EVOLUÇÃO DO CONSUMO
Faremos aqui uma abordagem histórica e cronológica da evolução da sociedade
do consumo, iniciada no período da Revolução Industrial, quando há um marco na
história que trouxe consigo características muito específicas e únicas dos gostos e dos
consumos de uma sociedade.

Um novo atributo surge dessas sociedades consumidoras que acabam por formar
um ciclo que revela o período muito curto da vida útil de um produto, ou a necessidade
de adquirir um novo produto moderno, o que acaba por tornar sua conquista obsoleta
em pouco tempo, marcando, assim, uma estação do ciclo do consumismo.

O ciclo do consumismo foi se intensificando cada vez mais, até que, no período
entre 1939 e 1945, Segunda Guerra Mundial, a sociedade de consumismo de consolidou.
Surgiu o consumo em massa do pret-à-porter, ou seja, das vestimentas produzidas
industrialmente em série, preocupando-se principalmente com grande quantidade de
produção para proporcionar preços acessíveis, o que acabou por estimular ainda mais
o consumo em massa.

Nesse sentido, a paixão do consumismo pelo novo alterava o comportamento


da sociedade que agora ansiava pela busca de novidades.

4
Como o principal objetivo das indústrias era a produção em massa, pouca
importância era atribuída à qualidade dos produtos, ocasionando assim a aceleração da
necessidade de troca do produto, em outras palavras, a sociedade consumidora passou
a procurar novas tendências constantemente, e, consequentemente, iniciou-se uma
nova forma de produção e uma alteração no ciclo de vida útil do produto.

Com o passar dos tempos, o consumismo parou de se tornar algo meramente


ostentatório para a sociedade e se tornou motivação (ou até mesmo desmotivação)
emocional. As necessidades de conquista de produtos tecnológicos são evidências de
uma evolução exponencial e até mesmo de uma dependência do consumo, que está se
tornando cada vez mais rápida.

Para entendermos melhor as transições do consumismo, faremos aqui


uma análise voltada para a vestimenta de épocas diferentes, ou seja, como eram os
comportamentos das pessoas, no sentido de busca por roupas para se vestirem, e como
esse comportamento foi se modificando ao longo do tempo.

Para isso, iremos analisar faixas de tempo que denominaremos neste livro:
Período I, o qual compreende os anos de 1850 até 1945; Período II, que compreende o
período de 1950 até 1980; e Período III, que será descrito a partir de 1980.

Entendemos que, ao analisar o comportamento da sociedade com relação a


suas vestes, podemos estender o pensamento para todas as partes econômicas, sociais
e políticas da época em que se aplica o mesmo comportamento consumista.

Segundo Palomino (2002), as mudanças causadas pelas modas são reflexos


das transformações da sociedade que o cercam, podendo, nesse caso, entender um
grupo, uma sociedade, um país e até mesmo o mundo que o cerca ao observar o
comportamento da moda que é praticada em sua época.

IMPORTANTE
A divisão entre períodos serve apenas para evidenciarmos uma separação da postura
do consumidor frente ao tempo de sua época, para que assim seja apresentada de
forma mais clara a mudança de postura do consumidor não apenas nos vestuários,
mas sim de forma a abranger os campos econômicos, sociais e políticos.

No Período I, estamos nos remetendo a uma sociedade que está em migração


do campo para as áreas urbanas, trazendo consigo o crescimento do comércio e
a aproximação das pessoas nas áreas urbanas. Esse movimento trouxe consigo a
alteração dos comportamentos de consumo praticados pelos burgueses, que passaram

5
a buscar o status social ao copiar as vestimentas dos nobres, ou seja, cada novidade nas
roupas dos nobres era copiada e comercializada aos burgueses. Esse ciclo tornava-se
cada vez mais constante. Inicialmente, as novidades eram mais lentas, mas, ao passar
do tempo, as novidades acabaram por se tornar cada vez mais rápidas.

Assim, o consumismo começou a impor o gosto da pessoa que cria a roupa


a uma determinada vontade de ser consumido, por exemplo, ao escolher uma cor ou
outra de uma camiseta, que pode ter botões ou não, você está comprando o gosto da
pessoa que produziu aquele produto e está atribuindo a esse gosto um valor intangível.
Esse consumo ao intangível acaba por motivar a sociedade consumidora.

Moda tem muito mais a ver com a vida real do que as pessoas pensam.
Não acredite quando disserem que se trata de coisa para iniciados,
algo restrito ao “mundo fashion”. Há um preconceito concreto para
com a moda, em partes porque o caráter de moda é de fato efêmero
(ela muda oficialmente de seis em seis meses, e seu meio é a roupa)
e porque ela tem a ver com a aparência (supostamente privilegiando
o superficial em detrimento do intelectual: forma vesus conteúdo).
Muitas vezes, a moda é vista também como algo feito para iludir e
enganar, para ajudar no disfarce de ser alguém que, na verdade, não
se é (PALOMINO, 2002, p. 18).

O que Palomino (2002) está explicando na citação anterior traduz os seguintes


pensamentos: a moda está em todas as coisas, sendo mais fortemente ligada às
roupas; está ligada ao comportamento da sociedade que pode buscar o consumo para
se enquadrar a um grupo de pessoas que estão na moda; e a moda é algo que se renova
constantemente.

Como podemos ver, assim como o consumismo baseado nas roupas acaba se
tornando acelerado, temos, em outras áreas, a evolução daquilo que estava se tornando
insatisfatório.

Como exemplo, no período da Primeira e da Segunda Guerra Mundial houve


a exploração acelerada do carvão, do aço, do ferro e da eletricidade; essa exploração
nos trouxe grandes conquistas como a criação do telefone e a iluminação por meio da
eletricidade.

Nessa época, o grande acúmulo de pessoas que deixaram as áreas rurais para
migrar para as áreas urbanas se tornou fator de muita exploração das indústrias pela
mão de obra, deixando a maioria da sociedade em situação precária, com baixos salários
e condições insatisfatórias de sobrevivência.

Houve um grande deslocamento da população do campo para a


cidade, gerando uma grande concentração urbana. Os trabalhadores
viviam, muitas vezes, em situações precárias e os salários não eram
bons. Essas condições geraram muitas revoluções do proletariado,
reivindicando melhores condições de trabalho (COLOMBO; FAVOTO;
CARMO, 2008, p. 3).

6
O Período II foi marcado pela otimização da produção industrial com grande
destaque a Henri Ford, pelo método de produção em série, e a Taylor, pela organização
científica do trabalho. Esses são modelos inspiradores de produções que mudaram a
cultura da produção das grandes indústrias e que revolucionaram a economia de sua
época. O grande objetivo da época era a grande produção em massa, trazendo consigo
a diminuição do preço do produto fazendo com que aumentasse o consumo. Talvez
um dos grandes problemas enfrentados pela produção em série seja a dificuldade de
oferecer novos produtos em pouco espaço de tempo. A título de exemplo, é possível
verificar que as produções em série, de Ford, produziam centenas de carros iguais, em
pouco espaço de tempo e com baixo custo. Porém, ao atingir-se uma grande parcela
da população, era necessário alterar sua produção para outros tipos de carros, aqui
podemos ver então a insolência planejada juntando-se com a aceleração do ciclo de
vida dos produtos.

Para o Período III, inevitavelmente houve uma aceleração inédita do ciclo de


vida dos produtos, um grande avanço nas tecnologias de informação e a facilidade da
comercialização de produtos a uma esfera mundial. Enquanto um país está conhecendo
uma tecnologia, outro país já está aperfeiçoando; esse processo acabou por provocar
o consumo exagerado de produtos novos. As motivações do consumo podem ser
inúmeras, mas nessa terceira fase ele também passa a ser afetada pela emoção e pela
busca de novas experiências (COLOMBO; FAVOTO; CARMO, 2008).

[...] a emoção, os valores psicológicos e individuais passam a reger


o consumo de produtos de moda. As pessoas compram produtos
para se sentirem mais bonitas, felizes. Consomem o novo, pois estão
dispostas a sentir novas experiências, a terem novas sensações
(COLOMBO; FAVOTO; CARMO, 2008, p. 5).

Podemos verificar esses efeitos nas pessoas nascidas na década de 1980:


na infância, poucas famílias possuíam acesso à linha fixa de telefone, até então a
comunicação à longa distância era mantida por cartas manuscritas que demoravam
semanas e até meses para chegarem ao seu destino. Nesse período, há ainda uma
novidade, a evolução do telefone de linha fixa com fio para o telefone de linha fixa sem
fio. Nesses aparelhos sem fio, era possível conversar a uma distância maior da sua base
do que a que era possível com os telefones com fio. Ainda, para identificar o número do
telefone da pessoa que estava te ligando, eram necessários dois processos: o primeiro
era, obviamente, pagar um pouco mais pelo serviço de identificação da operadora e o
segundo era ter um telefone compatível, ou seja, que ao menos possuísse uma tela
digital em que apareceria o número do telefone que estava ligando.

Ayrton Senna, piloto automobilístico, perdeu a vida em um trágico acidente, em


uma de suas corridas na Fórmula 1, em 1º de maio de 1994, época em que já existiam
aparelhos celular, mas não eram comuns a toda sociedade. O aparelho celular dessa
época servia apenas para ligações de voz, mas já vinha com identificador de chamadas.
Ao final dos anos 2000, os aparelhos foram capazes de enviar mensagens de textos;
já nos tempos atuais, os smartphones, denominação para telefones inteligentes, são

7
capazes de apresentar uma infinidade de funções, como receber e enviar e-mails,
agenda de compromissos, alarme, enviar e receber mensagens instantâneas de texto
e de voz, tirar fotografias, enviar vídeos e imagens, armazenar informações, e, por fim,
fazer ligações.

Toda essa evolução ocorreu em menos de 50 anos, período muito curto para
uma evolução enorme ocorrida apenas nos aparelhos celulares. No caso da vestimenta,
podemos espelhar essa evolução e a necessidade de produtos cada vezes mais novos.
O ciclo de vida dos celulares e dos smartphones está cada vez menor e a necessidade
de consumi-los cada vez maior.

Atualmente, foi potencializada uma nova forma de ciclo do consumo, um novo


conceito de economia veio à tona, a economia colaborativa. No próximo subtópico,
vamos tratar mais das vantagens que se tem com a economia colaborativa, pretendemos
apresentar a estrutura de novas empresas que operam com esse conceito.

3 GRANDES VANTAGENS DA ECONOMIA COLABORATIVA


Como vimos no subtópico anterior, os processos de consumo têm sido
modificados ao longo do tempo. Com o avanço tecnológico eles se tornaram mais
rápidos e mais abrangentes.

A ampliação da comunicação e da conexão entre pessoas de diferentes


níveis sociais, culturais e estruturais, ainda é um fenômeno de estudo que tem limites
econômicos, mas são acompanhados de transformações significativas na sociedade
consumidora.

Na era da Tecnologia da Informação, três características muito comuns estão


dominando o mercado financeiro, a primeira é marcada pela experiência da marca, a
internet se tornou o meio de as empresas chegarem aos consumidores de forma mais
rápida e a maiores distâncias.

A segunda é marcada pela experiência do consumidor, em que eles próprios


apresentam conteúdos por meio de plataformas e redes virtuais.

A terceira e mais recente é denominada de economia colaborativa, com


consumidores dispostos a trocar bens ou serviços entre si.

A economia colaborativa tornou-se viável visto sua função nas mídias sociais,
facilidade de formas de pagamentos e possibilidade de planejamento, acompanhamento
e inserção de informações por meio de smartphones. Essas informações podem ser
confirmadas pela pesquisa do Comitê Gestor de Internet do Brasil (CGI) realizada em

8
2015, que afirma que 58% da população brasileira têm acesso à internet e, desses, 89%
fazem em sua maioria o acesso pelo celular, o que torna o ambiente favorável a negócios
pautados no acesso mobile (NIC.BR, 2016).

ATENÇÃO
É fácil você encontrar muitos exemplos de economia colaborativa nos tempos
atuais, grande parte das plataformas virtuais que oferecem serviços on-line
gratuitamente utiliza a essência da economia colaborativa.

Essa nova tendência da economia colaborativa mantém uma forma de


pensamento baseada na visão de redução do desperdício, aumento da eficiência dos
recursos naturais e combate ao consumismo desenfreado. Dessa forma, há o surgimento
horizontal dos modelos de negócios que são baseados na relação entre pessoas, utilizando
o conceito de acesso aos produtos ao contrário do conceito de posse. Ou seja, para as
pessoas que desejam utilizar um produto apenas uma vez, não é necessário comprá-
lo, mas sim emprestá-lo ou alugar por um período. Esses procedimentos são possíveis
porque são viabilizados por meio das tecnologias da informação e comunicação. É neste
cenário que surge o conceito de economia colaborativa. Este conceito é muito recente
e, por isso, há muitas controversas, portanto este é um campo que está carente de
estudos e pesquisas.

A bem da verdade, a ideia da economia colaborativa já existia com menos


ênfase antes da era digital, contudo, é justamente na era digital que esse movimento
tem ganhado cada vez mais força no mercado. Isso porque, na contemporaneidade o
acesso a bens e conteúdos individualizados se tornou amplamente preferível. Um novo
meio de se pensar surgiu e está ganhando força, que é o compartilhamento de bens e
serviços, moldando uma nova estrutura de empreendimentos que são formados por
diversos segmentos, é nesse sentido que:

Consumidores deixaram de compartilhar apenas suas opiniões


e atividades por meio da comunicação digital e passaram a
compartilhar bens e serviços. Nesse ambiente, novos modelos de
negócio são formatados nos mais diversos segmentos, emergindo
para o conceito de economia colaborativa (CIPRIANO; CARNIELLO,
2018, p. 187).

As interconexões de redes são as principais responsáveis por proporcionar o


desenvolvimento da econômica colaborativa, visto que uma sociedade em rede é o
produto da relação existente entre o desenvolvimento de tecnologias novas e a busca
por um grupo de pessoas pelo uso potencializado de tais tecnologias para buscar a
tecnologia do poder.

9
Podemos citar características específicas de uma sociedade em rede, como
“[…] novos modelos de consumo e produção, novas formas de trabalho e renda,
informatização dos meios de comunicação, o que [...] modifica e cria novas conexões
morfológicas continuamente” (CIPRIANO; CARNIELLO, 2018, p. 187). Frente a esse
cenário de mudanças, alguns desafios vêm surgindo, porém, uma onda de revolução
está prestes a se tornar realidade em curto prazo.

As grandes vantagens dessa novidade trazem consigo um ecossistema


acolhedor ao empreendedor, com pouca burocracia. Esta, na maioria das vezes, acaba por
atrapalhar o fluxo de processos das empresas. Em grande parte, o fracasso de um novo
empreendimento é visto como uma oportunidade de renovação e promoção de novos
sucessos, a criação de incentivos para a promoção da criatividade e o desenvolvimento
do espírito empreendedor juntamente com incentivos que visam a diminuição do risco
que o empreendedor tem que correr ao entrar no mercado competitivo, e “Países antes
vistos como subdesenvolvidos têm obtido sucesso nessa linha, como é o caso de Israel,
a startup nation, além de outras nações que têm seguido a mesma linha, como Irlanda
e Cingapura” (SARFATI, 2016, p. 28, grifo do original).

10
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A sociedade consumidora mudou seus hábitos de consumo ao longo do tempo e


passou a consumir produtos de forma mais rápida, deixando a vida útil do produto
menor.

• Houve o surgimento de uma nova era marcada pela economia colaborativa, em


que a troca de bens e serviços está operando fomentada pelas tecnologias da
comunicação e informação.

• Houve o surgimento de uma nova sociedade consumidora que está se preocupando


menos com o consumo exagerado e mais com a utilização de trocas para promover
a sustentabilidade.

• Novos modelos de empreendimentos necessitam de incentivos para serem


inseridos no mercado, a desburocratização das empresas e o novo cenário
promissor.

11
AUTOATIVIDADE
1 Ao longo do tempo, a sociedade consumidora alterou os padrões de consumo; como
exemplo, podemos citar um vestuário que tinha uma vida útil em um determinado
tempo na história e passou a ter sua vida útil reduzida em outro período. Esse fato
se deu por conta da evolução da sociedade do consumo. Baseado neste contexto,
quanto ao que justifica a redução da vida útil de produtos ou de serviços ao longo do
tempo, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Com a Revolução Industrial, os produtos começaram a ser produzidos com maior


variedade despertando o interesse do consumidor em novos produtos.
b) ( ) A partir da Revolução Industrial, houve maior demanda e, com isso, as indústrias
começaram a se concentrar na quantidade, deixando a qualidade dos produtos
de lado.
c) ( ) A sociedade burguesa começou a lançar novas modas estimulando o consumo
de roupas cada vez mais rápido, motivo que levou o consumidor a consumir
sempre mais.
d) ( ) A vida útil dos produtos depende da qualidade dos produtos que são fabricados,
ao longo da história, as indústrias buscam por matérias-primas cada vez mais
baratas.

2 Ao longo do tempo, podemos dividir as sociedades consumidoras em três períodos


distintos. Essa divisão foi feita para que fosse possível a análise das transições
das sociedades de consumo em diferentes momentos históricos. Pensando nas
características desses períodos, analise as afirmativas a seguir:

I- No período de migração da sociedade rural para a sociedade urbana, ocorreu o


crescimento do comércio e a alteração do consumo de vestimentas, quando os
burgueses passaram a copiar as vestimentas nos nobres.
II- Na Revolução Industrial, a característica dominante é a produção em série e a
organização científica do trabalho. Nesse momento histórico houve a dificuldade
em oferecer novos produtos de diferentes layouts.
III- A partir de 1980, houve uma redução no ciclo de consumo deixando os produtos
com maior tempo de vida útil, isso porque buscar a reutilização e a reciclagem dos
produtos acabaram por se tornar fatores fundamentais.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa III está correta.

12
3 Na era da tecnologia, várias vantagens são potencializadas para que a economia
colaborativa ganhe mais espaço nesse cenário. Com o avanço tecnológico e a
possibilidade de utilização de várias plataformas digitais, várias conexões são
possibilitadas, fatores que acabam por influenciar na economia colaborativa. Frente
a esse cenário promissor, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as
falsas:

( ) A facilidade da forma de pagamento, visualização nas mídias sociais e a possibilidade


de planejamento, acompanhamento e inserção de informações nos smartphones
foram fundamentais para a evolução da economia colaborativa. 
( ) O impacto ambiental causado pelas grandes indústrias e o pensamento elevado de
consumo são fatores relevantes que devem ser incorporados nos empreendimentos
que visam trabalhar com o conceito de economia colaborativa.
( ) Antes da revolução tecnológica, ou mesmo da era da informática, já existia, em
essência, a economia colaborativa, que visa ao compartilhamento de bens e
serviços, porém com menos destaque.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) F - F - V.

4 Ao longo do tempo, a vida útil dos produtos, bens e serviços foi diminuindo, mesmo
que sejam fabricados com a mesma matéria-prima e utilizando-se os mesmos
processos de fabricação; na verdade, a redução da vida útil não teve relação com a
matéria-prima, mas sim com a sociedade de consumo que alterou seus padrões ao
longo do tempo. Disserte sobre quais motivos levaram a sociedade do consumo a
alterar seu comportamento.

5 Em tempos atuais, a tecnologia da comunicação e da informação acabou por tornar a


economia compartilhada mais vigorosa. Isso ocorreu devido a características que foram
surgindo nesse período. Podemos citar três: a experiência da marca, a experiência do
consumidor e a economia colaborativa. Nesse contexto, disserte sobre essas três
características.

13
14
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
QUAIS OS IMPACTOS NA ECONOMIA E
NOS NEGÓCIOS

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, buscaremos evidenciar os impactos causados pela economia
colaborativa dentro do mundo dos negócios. É evidente que os empreendimentos, lojas
e novos negócios que possuem a concepção trazida pela economia colaborativa devem
possuir características e diferenciais frente ao mercado que os rodeia.

Nesse sentido, apresentaremos as características que envolvem a economia


colaborativa e o diferencial competitivo que essas empresas oferecem frente as
empresas que denominaremos neste livro, de empresas tradicionais. Entenderemos que
as empresas tradicionais possuem as características singulares de venda e propriedade
de produtos e bens, ao contrário das empresas colaborativas que estão na conceção de
proporcionar, além da união e conexão proporcionadas por meio das tecnologias digitais
às pessoas, o conceito de troca e de redução do desperdício de produtos e serviços.

Veremos que as causas dos avanços proporcionados pelas tecnologias digitais


e da comunicação são atrativos que potencializam a capacidade de colaboração mútua
entre os empreendimentos, além de serem consequência de atos massivos como a
demissão de funcionários e a diminuição do poder de compra de seus usuários. Dessa
forma, aspectos de inovação e renovação são imprescindíveis ao novo empreendimento.
Veremos, portanto, que há formas de inovação que vão além do pensamento no próprio
produto, passando a entender que as inovações estão presentes na relação dos
produtos, processos, posições e paradigmas que moldam empresas colaborativas.

Além disso, apresentaremos como as redes sociais e a econômica colaborativa


estão intimamente ligadas e relacionadas, trazendo possibilidades de atuação on-line
voltadas para a econômica colaborativa. Nesse sentido apresentaremos exemplos de
plataformas virtuais e falaremos de empreendimentos que utilizam a ideia da economia
colaborativa para se manterem vivos e atuantes no mercado. Também será apresentada
a evolução histórica e cronológica de alguns empreendimentos e plataformas virtuais
desenvolvidos que vêm ganhando espaço e reconhecimento mundial.

15
2 A ECONOMIA COLABORATIVA E O DIFERENCIAL
COMPETITIVO
A busca por serviços e bens que devem ser consumidos, combinados entre
si, ou não, de formas sustentáveis, buscando a economia e a colaboração entre seus
usuários, é a essência da economia colaborativa. Podemos verificar que Macedo
(2017) apresenta a economia colaborativa como algo que estimula a reflexão de forma
significativa, proporcionando mudanças nos hábitos de se trabalhar, de gerenciar os
negócios e entre outros aspectos ligados ao empreendedorismo.

É por meio desse contexto que as lojas colaborativas estão ganhando espaço
e mostrando o seu diferencial competitivo dentro de um mercado financeiro, onde
as micro e pequenas empresas têm a possibilidade de oferecer seus espaços para a
comercialização de produtos, visando compartilhar custos de locação, manutenção e
marketing, entre outros.

Para Franklin (2018), as mudanças, devido a demissões de funcionários


e diminuição do poder de compra dos clientes ao longo do tempo, têm trazido a
possibilidade de união entre empreendimentos novos, com intuito de compartilhar
custos e sustentar uma economia de compartilhamento, para se manterem ativos no
mercado financeiro. Esse procedimento frente às tecnologias digitais de comunicação
e de informação alavancou exponencialmente a capacidade de inovação e de interação
entre os empreendimentos.

É fundamental entender que essa nova estrutura de empreendimento


necessita manter seus diferenciais para atrair novos clientes, obter novas estratégias de
negociação e buscar sempre atender a nova demanda de clientes que estão cada vez
mais conectados à internet. Também é importante perceber que as informações sobre
produtos e serviços estão cada vez mais ao alcance dessa nova clientela; portanto,
deve-se mostrar a interação do empreendimento com as facilidades de busca e relações
de conexões com clientes baseadas em canais virtuais. Nesse sentido, é imprescindível,
ao empreendimento novo, manter-se no mercado competitivo mostrando seus
diferenciais e buscando sempre uma opção criativa e inovadora. Para isso, é importante
que o compartilhamento de custos, as trocas de serviços ou de produtos estejam
relacionadas todas em um só local. “Além disso, permite ao empreendedor crescimento,
divulgação da marca, bem como soluções e aperfeiçoamento de produtos” (DOURADO
et al., 2020, p. 79105).

Alguns questionamentos podem surgir ao longo dessa caminhada, por


exemplo, quais os tipos de diferenciais são fundamentais nesse novo cenário? Há
perfis específicos para os clientes? Existe algum método de trabalho? Enfim, não há
um manual ou alguma orientação que levará o empreendedor a alcançar respostas
prontas e acabadas para essas perguntas, porém existem características comuns a
empreendimentos colaborativos.

16
O diferencial competitivo de lojas que buscam esse modelo de negócio está
centralizado nas estratégias e inovações de empreendimentos com fins específicos de
inovação e de diferentes formas que seus negócios podem assumir.

Trabalhar de forma colaborativa já está na essência do ser humano, uma vez que
é um ser social e deve manter relações com outros indivíduos que estão ao seu redor.
Para tanto, é fundamental a atuação de forma colaborativa a fim de manter a união de
todas as pessoas que o cercam. Sendo assim, é evidente que a busca por formas de ajuda
mútua, para melhor compartilhar ações constantemente, promove a sustentabilidade e
a diminuição do desperdício. A partir do avanço tecnológico, um novo movimento está
ganhando força, o pensamento que visa ao combate ao desperdício e ao aumento da
eficiência dos recursos naturais combatendo, assim, o consumismo desenfreado.

IMPORTANTE
Com o avanço da economia colaborativa, um novo conceito é inserido
automaticamente no mercado e, consequentemente, a sociedade
consumidora acaba por transformar seus hábitos novamente, agora se
preocupando mais com as relações de sustentabilidade e de economia de
consumo.

Mudanças nas maneiras de pensar e de se relacionar estão se formando com o


avanço da economia colaborativa, propondo, então, novas ideias de consumo e de bens
que são utilizados de forma compartilhada entre as organizações que visam ao trabalho
com esses conceitos e ainda buscam um retorno financeiro e social na proporção das
melhorias e dos desenvolvimentos locais. Como já foi dito anteriormente, os novos
empreendimentos buscam cada vez mais o compartilhamento de espaços, custos e
serviços que estão fortemente potencializados por meio da economia colaborativa.
Nesse sentido, “[…] os empreendedores buscam trabalhar compartilhando espaço para
comercialização de produtos e ou serviços, custos, divulgação, atendimento” (DOURADO
et al., 2020, p. 79104).

As vantagens proporcionadas por esse novo modelo de empreendedorismo


são diversas: o compartilhamento de espaço é um dos diferenciais que potencializam
micro e pequenas empresas, estimulando o baixo custo de sobrevivência no mercado;
alguns empreendedores podem abrir novos negócios próprios buscando clientes e
fidelizando ainda mais tais clientelas, por meio de produtos e marcas consolidadas no
mercado. Essas são algumas das características próprias das vantagens da economia
colaborativa. A inovação também é uma das palavras-chave que visam proporcionar
grandes retornos financeiros. É nesse sentido que Bessant e Tidd (2009) apresentam
argumentos relacionados à inovação, não apenas no sentido de estrutura do
empreendedorismo, mas com relação aos produtos, processos, posições e paradigmas
que moldam empresas colaborativas. Assim:

17
1. Inovação de produtos: representada pela mudança de produtos
e serviços que a empresa oferece aos consumidores;
2. Inovação de processos: mudanças na forma em que os produtos/
serviços são criados e entregues, inclui mudanças significativas
nas tecnologias, equipamentos e logística;
3. Inovação de posição: constituída por mudanças no contexto em
que produtos e serviços são introduzidos;
4. Inovação de paradigma: deriva de mudanças nos modelos
mentais subjacentes que orientam o que a empresa faz
(BESSANT; TIDD, 2009, p. 42).

Quanto maior for o alinhamento dos objetivos, a clareza das ideias inovadoras
e o equilíbrio do negócio, maiores serão as chances dos retornos financeiros do
empreendimento, assim como também as vantagens competitivas das empresas.

3 A ECONOMIA COLABORATIVA E AS REDES SOCIAIS


A colaboração das tecnologias da informação e da comunicação potencializa
a economia colaborativa, pois proporcionar opções familiares e comunitárias é a
chave que está ligada dentro do alcance tecnológico. Neste sentido, além de amigos e
vizinhanças que estão ao nosso redor, uma amplitude em nível global e conectada está
se acendendo dentro de uma estrutura de conexão que está dominando vários setores
e, ao mesmo tempo, está dominando a economia colaborativa.

Os impactos causados por uma escala fenomenal, trazidos por conexões de


vários usuários em uma rede mundial de pessoas são fundamentais na economia
colaborativa, ou seja, o consumo colaborativo está proporcionando às pessoas acesso
a produtos e serviços sem, necessariamente, elas serem donas ou proprietárias desses
produtos. Esse fator acaba por economizar tempo, dinheiro e espaço, permite fazer
novos amigos e, assim, criar outros conceitos que substituem a posse e o consumismo
para o compartilhamento e do pensamento de que “o que é meu é seu”. As redes sociais,
nesse cenário, possuem um lugar de destaque, haja vista que

[…] uma renovada crença na importância das comunidades,


preocupações ambientais e consciência dos custos sociais envolvidos
estão movendo a sociedade para longe das formas centralizadas
e massivas de consumo e nos aproximando a formas agregadas e
abertas de cooperação (SOUZA, 2019, p. 15).

Dessa forma, podemos ver que as redes sociais e o consumo colaborativo


possuem uma relação de conexão e intimidade que são proporcionadas pelas tecnologias
digitais da comunicação e da informação, visto que as interações virtuais possuem
características de ajuda colaborativa e extinção do comportamento individualista e
solitário. É por meio das redes sociais que há a conexão de pessoas, mesmo que não se
conheçam, que realizam a troca de informações e a cooperação mútua; fator que acaba
por impulsionar cada vez mais a economia compartilhada.

18
Podemos aqui fazer um acompanhamento histórico buscando indícios da
economia colaborativa em ordem cronológica; a exemplo, podemos citar o período que
compreende 1990-2000, em que podemos verificar em filmes e noticiários americanos
as famosas vendas de garagens que são produtos, brinquedos, roupas etc. usados e
expostos nas garagens das casas das pessoas, com intuito de comercializá-los para
obter uma renda e um faturamento extra. Por meio desse pensamento surgiram os
espaços virtuais na internet – com empresas de troca de roupas como a Clothing
Swap ou, ainda, de venda de cosméticos, como a Make Up Alley –, foram aprimoradas
plataformas que servem de trocas e venda de produtos usados.

Há ainda outros exemplos de empreendimentos que surgiram nesse mesmo


sentido, como a Ebay, que é similar a uma plataforma de classificados, onde é possível
anunciar produtos à venda, totalmente de forma on-line. Para substituir as locadoras
de fitas VHS e DVDs apareceu a Netflix, plataforma de filmes virtuais por assinatura, e o
Zipcar para compartilhamento de carros. E não podemos deixar de citar a plataforma de
pesquisa mais conhecida da atualidade, o Google, que foi criado em 2000 e hoje é um
dos maiores locais de buscas virtuais conhecido no mundo todo.

Dando continuidade ao levantamento histórico, no período que compreende os


anos de 2001 a 2005, podemos verificar o surgimento de diversos locais que buscam
o compartilhamento de informações e avaliações de clientes sobre produtos vendidos
de forma on-line, e que visam proporcionar um serviço que leve a informação mais
humanizada aos clientes. Ainda nesse período, houve o surgimento da Wikipédia, uma
enciclopédia on-line que iniciou suas atividades por volta do ano 2001. Atualmente, um
dos mais conhecidos sites de relacionamentos é o Facebook, que iniciou suas atividades
também nesse período, ele foi lançado no ano de 2004 e se tornou mundialmente
conhecido e o mais acessado site de interações on-line entre pessoas.

No período que compreende os anos de 2006 a 2008, houve um enorme


avanço com relação à comunicação via internet, consequentemente uma revolução
nos serviços de locações e mudanças estruturais e econômicas com o Bag Borrow or
Stel, para produtos de luxo, e a Swap Style, que atua na locação de roupas produzidas
por estilistas famosos, a Homeaway, que atua na locação de propriedades privadas e a
Sherpa Report, na locação de barcos, aviões e propriedades luxuosas.

E de 2009 até os tempos atuais, estão no auge os sites e serviços que buscam
o consumo colaborativo. Eles estão se tornando mais sociais ao mesmo tempo que a
integração das plataformas das redes sociais, como é o caso do Facebook, está se
alastrando dentro desse mundo colaborativo.

19
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Os impactos causados pela economia colaborativa dentro do mundo dos negócios,


e empreendimentos e negócios que utilizaram a concepção do empreendedorismo
e do pensamento colaborativo para se desenvolverem.

• Sobre o desenvolvimento de algumas plataformas e empresas que utilizam o


conceito da economia colaborativa, que tiveram seu início em período distinto, mas
que ganharam espaço e visibilidade dentro do mercado de ações.

• Há possibilidades de verificar como as tecnologias digitais da comunicação e da


informação atuam frente à economia colaborativa, além de visualizar a colaboração
mútua causada pelas redes sociais e o mundo colaborativo.

• As redes sociais atuam e participam na economia colaborativa, evidenciando os


espaços virtuais de algumas entidades que substituíram as atividades físicas, que
deixaram de existir ou se tornaram obsoletas para se manterem vivas no mundo
virtual.

20
AUTOATIVIDADE
1 A economia colaborativa, em sua essência, visa estimular a reflexão de forma
significativa, proporcionando mudança de hábitos e de trabalhos, de gerenciamento
de negócios entre outros aspectos ligados ao empreendedorismo. Quanto a uma das
características da economia colaborativa, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Lojas estão atuando em locais compartilhados para conseguir a diminuição de


custos de locação, manutenção e marketing.
b) ( ) Nota-se a atuação das lojas modificando suas operações visando a diminuição
das demissões de empregados para aumentar o poder de compra dos usuários.
c) ( ) As lojas que estão se enquadrando na economia colaborativa não precisam alterar
sua estrutura para se enquadrar nos conceitos relacionados à colaboração.
d) ( ) As lojas não devem mudar a estrutura do empreendedorismo para manter seu
diferencial; para se enquadrar na economia colaborativa, elas devem manter seu
empreendimento.

2 Com o avanço tecnológico, muitas alterações foram feitas na forma de se pensar


no empreendedorismo. Essas mudanças estão causando um diferencial competitivo
gigantesco; dentro desse cenário alguns fatores favoreceram essas mudanças. Sobre
o assunto, analise as afirmativas a seguir:

I- O consumo desenfreado foi um dos fatores que levaram à evolução da economia


colaborativa e do seu sucesso.
II- Por meio da economia colaborativa, os empreendedores buscam o compartilhamento
de espaços custos e serviços que são fortemente estimulados pela evolução
tecnológica.
III- A inovação no empreendimento não é uma das peças fundamentais para a
economia colaborativa.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa III está correta.

3 Nos tempos atuais, muitas plataformas estão oferecendo serviços on-line e


substituindo serviços que se tornaram obsoletos, como é o caso da Netflix que
substituiu as locadoras de filmes. Na era da tecnologia, muitos serviços estão sendo
compartilhado gratuitamente. Dentro dessas possibilidades, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:

21
( ) Plataformas on-line estão surgindo para acabar com os serviços ou bens que são
oferecidos nos empreendimentos tradicionais.
( ) Empreendimentos que se utilizam do conceito da economia colaborativa, em sua
essência, não se preocupam com a reutilização dos recursos naturais.
( ) As interações virtuais ajudam de forma colaborativa e impulsionam a essência da
economia compartilhada.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) F - F - V.

4 É evidente que as redes sociais são reflexo de plataformas advindas do avanço


tecnológico. Dentro desse avanço, houve forte influência nas atividades desenvolvidas
por empresas que se utilizam do conceito de economia compartilhada. Comente
sobre a influência das redes sociais nas atividades exercidas por essas empresas.

5 Para as empresas que se utilizam da economia compartilhada, diferenciais são postos


em razão das empresas que não se utilizam da economia compartilhada. Isso enfatiza
a necessidade de inovação e de planejamento detalhado para empreendimentos que
desejam atuar com os conceitos da economia colaborativa. Comente quais diferenciais
são fundamentais para as empresas que trabalham com o conceito de economia
compartilhada.

22
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
ENGAJAMENTO SOCIAL NA
PROPOSIÇÃO DE INOVAÇÃO DENTRO
DA ECONOMIA COLABORATIVA E O
EMPODERAMENTO DO CONSUMIDOR

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico apresentaremos o engajamento social dentro do conceito de
economia colaborativa, evidenciando a participação do público feminino frente a
projetos que utilizam os conceitos relacionados à colaboração mútua para alavancar
seus empreendimentos, ao mesmo tempo que serão apresentados exemplos que foram
muito bem-sucedidos e que estão movimentando a economia colaborativa dentro do
cenário virtual.

Evidenciaremos que o cenário virtual é um potencializador da participação


das mulheres nos empreendimentos. uma vez que, por meio do cenário virtual, a
criatividade, a observação, a colaboração mútua e a troca de informações são fatores
que favorecem a participação feminina pela facilidade e pela atuação vigorosa das
mulheres. Apresentaremos um exemplo de empreendimento bem-sucedido que atua
na venda, troca, doação e facilitação de vestuários infantis usados.

Além disso, apresentaremos alguns exemplos de eventos que fomentam o


universo virtual com o conceito da economia colaborativa que visa fazer uma ponte entre
a pessoa que precisa de um bem ou de um serviço, e a pessoa que está oferecendo um
bem ou um serviço, como é o caso das plataformas virtuais que pesquisam e detalham
os valores e locais de hotéis para se hospedar, apresentando em ordem características
que o pesquisador julga serem importantes, como indicações, valores, localidades etc.

Também neste tópico, você será levado às características do empoderamento


do consumidor dentro da economia colaborativa, você verá que esse novo modelo
apresenta muitos benefícios para o consumidor.

2 A ECONOMIA COLABORATIVA E O EMPODERAMENTO


DAS MULHERES
A discussão sobre os gêneros é muito abrangente no Brasil e se mantém viva
por apresentar grande importância às reflexões naturalizadas pela sociedade.

23
Não somente para problemas sociais, mas em qualquer situação, propor
soluções é complicado quando não se conhece o problema em questão. É por meio
dessa reflexão que vamos evidenciar a desigualdade salarial entre homens e mulheres,
um problema que se discute ao longo do tempo. Além disso, é um problema social que
muitas pessoas na nossa sociedade não conhecem ou, quando conhecem, não têm
dimensão real do seu tamanho.

A participação das mulheres na economia regional e nacional, tem se mostrado


limitada com relação ao volume de pessoas que exercem o empreendedorismo de
forma tradicional. Poucas pesquisas estão sendo realizadas com relação a esse volume
de participação do público feminino na economia colaborativa exercida por meio
da internet. É por meio do cenário virtual que são oferecidas estruturas sociais que
possibilitam maior sensação de igualdade de concorrência entre os gêneros por se tratar
de situações virtuais. A bem da verdade essa sensação é apenas uma falsa impressão,
haja vista que muitas mulheres já mostraram seus potenciais empreendedores que, em
inúmeros casos, ultrapassam a criatividade masculina.

Mulheres das periferias e das universidades; mulheres lésbicas, bissexuais e


transsexuais; mulheres negras e indígenas; mulheres no espaço privado e também no
público. São muitas as necessidades das mulheres e, nas últimas décadas, importantes
programas sociais foram postos em prática e legislações foram aprovadas. Ainda assim,
as mulheres são um dos primeiros cortes de investimentos quando o cenário é de crise.
Houve avanços e possibilidades, mas também é preciso apontar para os retrocessos, a
fim de que todas as mulheres sejam atendidas.

Ao voltarem suas análises para o mundo colaborativo, é evidente notar que as


mulheres estão sempre a frente dos homens, isso porque a convivência e as relações de
afetividade criadas entre o público feminino superam as relações criadas pelo público
masculino; com vista ao trabalho colaborativo, isso se torna ainda mais evidente. O
comportamento social de ambos os gêneros é oposto no sentido da colaboração mútua.
No âmbito econômico, podemos perceber que as inovações e a criatividade do público
feminino são excelentes e essa característica é potencializada entre as mulheres,
por meio de relações de colaborações mútuas, conversas, dicas e ideias que são
compartilhadas facilmente entre elas, e que, em contrapartida, são menos exploradas
no público masculino.

Dados do IBGE (2018) apresentam que as mulheres representam o 41,8% dos


cargos de liderança contra 58,2% que são ocupados por homens. A não equiparação
salarial entre homens e mulheres tem suas relações de forma mais abrangente com a
entrada dessas pessoas no mercado de trabalho. Por sua vez, o mercado de trabalho
pode oferecer um cenário que motiva o combate a essa desigualdade, mas também
pode oferecer um cenário que visa consolidar tais diferenças.

24
A segregação sexual no Brasil é evidente já nos cursos de graduação, em que
é possível verificar o elevado número existente no Brasil em comparação aos EUA. Os
dados do IBGE (2018) apresentam que o público feminino representa 20% nos cursos de
engenharia e 40% nos cursos de economia.

Não é difícil realizar uma pesquisa na internet e descobrir mulheres que estão
se dedicando a trabalhos como crochê, costuras, e outros afazeres artesanais que
iniciaram como hobby ou terapias e foram evoluindo periodicamente, gerando fontes
novas de renda e se consolidando no mercado de trabalho. A participação colaborativa
entre as mulheres é mais vista, mas comumente as mulheres buscam a colaboração
mútua em treinamentos, dicas, técnicas que são compartilhadas e em conjunto formam
uma sociedade colaborativa e movimentam a economia de suas regiões.

ATENÇÃO
A participação do público feminino em cursos de graduação ofertados na
área de exatas é bem limitada e isso acaba por refletir na baixa participação
do público feminino nos empreendimentos nacionais.

Os exemplos citados são apenas uma pequena amostra do universo


empreendedor feminino, mas é claro, além desse universo, podemos pegar exemplos
bem-sucedidos, como é o caso de Vanessa Delpy e sua sócia Viviane Araújo, que
inovaram em seu empreendimento ao observar que as roupas de crianças estavam em
ótimo estado mesmo após o uso de terceira mão, ou seja, mesmo após os vestuários
passarem pelo uso de três crianças em momentos diferentes, as roupas continuavam
boas para serem utilizadas. Ambas, sócias, se juntaram para a criação de um marketplace
on-line, que visava a intermediação de compras, vendas, trocas e doações de vestuários
infantil.

Com o passar do tempo, uma nova sócia ingressou neste novo empreendimento,
chamada Heloisa Godoy, que contribuiu para criação de um espaço virtual com perfil
idealizado e conduzido por mulheres. Chegaram à criação de uma plataforma virtual
chamada de Espichamos.com. Esse é um exemplo de empreendedorismo, inovação
e criatividade que se utiliza dos conceitos da economia colaborativa visando à
sustentabilidade, à preocupação com o meio ambiente, juntamente com a ideia da
colaboração mútua entre as pessoas da mesma sociedade. Exemplos como esses são
capazes de evidenciar que o cenário virtual potencializa a participação ativa do público
feminino por sua criatividade, inovação e atenção aos detalhes da vida comum que toda
família possui, aliada ao conceito da economia colaborativa que busca criar, produzir,
distribuir, trocar e/ou consumir bens e serviços disponibilizados por diferentes pessoas
e organizações.

25
3 DISCUSSÃO SOBRE EVENTOS DE ECONOMIA
COLABORATIVA E O ENGAJAMENTO SOCIAL
Atualmente, grande é a quantidade de informações da quais temos que nos
apoderar durante o dia para absorver e tomar decisões que estão cada vez mais rápidas
e precisas. Na era da sociedade digital, uma enxurrada de notícias, pesquisas, troca
de informações e os mais variados assuntos são constantemente utilizados. “No final
do século XX, a dinamização dos fluxos informacionais pelo mundo trouxe um passo
importante da expansão dos meios de comunicação, caracterizando a era da informação,
em substituição à era industrial” (CIPRIANO; CARNIELLO, 2018, p. 188).

Atualmente, inovar é uma questão de sobrevivência para o ambiente virtual. Isso


ocorre porque é preciso entender a importância de se atender à demanda do mercado,
oferecendo uma relação custo-benefício que surpreenda constantemente o público-
alvo. Nesse sentido, os processos administrativos e produtivos devem ser aperfeiçoados
de modo a obter o máximo de oportunidades para superar as expectativas dos clientes.

A inovação é elemento constituinte do modelo produtivo capitalista.


Marx e Engels (1988), no fim do século XIX, observaram que a burguesia
só podia existir com a condição de revolucionar incessantemente
os instrumentos de produção e, consequentemente, as relações
de produção e todas as relações sociais. Após as fases iniciais do
capitalismo, nas quais o próprio processo de industrialização é uma
inovação, a partir da primeira metade do século XX, os investimentos
em pesquisa e desenvolvimento foram ampliados nos países
capitalistas, avançando principalmente em comunicação, transporte,
meios de energia, medicamentos e matérias-primas (CIPRIANO;
CARNIELLO, 2018, p. 191).

O empreendedor estadunidense e fundador da Ford Motor Company, Henry


Ford (1863-1947), negligenciou a criatividade e a inovação por um tempo ao fabricar
apenas carros pretos. Para ele, as pessoas poderiam comprar carro de qualquer cor,
desde que fosse preto. Ou seja, para ele, havia apenas essa possibilidade, uma vez que
a cor favorecia uma linha de montagem mais barata, além da agilidade e da economia
na escala de produção. Porém, essa postura da empresa abriu uma oportunidade para
a General Motors, que começou a produzir carros de outras cores. Dessa forma, a Ford
buscou a inovação quando constatou uma redução no lucro.

Ao refletir sobre inovação no contexto contemporâneo, Clayton


Christensen (2011) trouxe mais entendimentos sobre novos modelos
de negócio que vinham surgindo a todo tempo, em contexto histórico
mais atual. Para Christensen (2011), o avanço tecnológico tem grande
função no processo de disrupção. As inovações disruptivas dão
origem a novos mercados e modelos de negócio, utilizando dessas
novas tecnologias para apresentar soluções mais eficientes. Nesse
processo acontece uma quebra do mercado tradicional, dando
espaço a outros modelos, tal qual ocorreu com as empresas definidas
como objeto de análise desta pesquisa (CIPRIANO; CARNIELLO, 2018,
p. 191).

26
Os autores e pesquisadores Cipriano e Carniello (2018) apresentaram, em sua
pesquisa sobre a economia colaborativa e novos modelos de negócios viabilizados pela
comunicação digital, exemplos do engajamento social de empreendimentos que foram
bem-sucedidos.

Como exemplos, temos os seguintes. Airbnb, que atua no ramo de hospedagens


de clientes e busca o valor mais em conta para seus usuários e ainda permite que os
hotéis e fornecedores dos serviços anunciem suas promoções e ofertas para locação de
casas ou espaços. O serviço de Uber, que é uma ponte do passageiro até o veículo que
ele necessita para se deslocar buscando uma ótima localização geográfica. A BlaBlaCar
que é uma plataforma utilizada para transportes de pessoas, similar ao serviço de Uber,
em que seus clientes buscam uma carona e há fornecedores que podem anunciar uma
carona por um valor bem acessível. E, por fim, o Couchsurfing, que faz a intermediação
entre pessoas que gostariam de se hospedar em algum lugar e pessoas que queiram
oferecer as hospedagens.

Podemos entender que “[…] o processo criativo nas organizações envolve as


etapas de geração de ideias, do processo de solução de problemas ou desenvolvimento
das ideias e a sua implementação” (STONER; FREEMAN, 2009, p. 312).

Perceba, assim, que a criatividade pode ser desenvolvida passo a passo para
solucionar as diversas situações do ambiente empresarial. Cada etapa do processo
criativo se complementa e, ao final, gera um plano de ação.

4 EMPODERAMENTO DO CONSUMIDOR
A ideia de colaboração entre os serviços pode trazer inúmeras vantagens, como
a redução do custo, que torna o produto ou serviço com baixo preço e de fácil acesso
e permite maior potencialidade na produção e na qualidade dos produtos ou serviços
prestados. Isso acontece porque, com a colaboração de outros setores terceirizados,
existe a possibilidade de foco maior nas atividades principais dos empreendimentos.
Outra vantagem é a criação de networking, que são redes de informações conectadas
entre empresas, pessoas ou grupos que podem oferecer diversas vantagens competitivas
dentro do mercado.

Nesse cenário, você verificará que a sustentabilidade é essencial para essa


estrutura de negócios. Consequentemente, a ideia do compartilhamento reduz a
necessidade de matéria-prima, o que leva à redução dos desperdícios. Você ainda
observará que a economia colaborativa é uma tendência e, como tal, os consumidores
deverão sempre estar atentos às novas tendências do mercado.

Além disso, você verá que a sociedade exerce sua parte de comprometimento
dentro da economia colaborativa, pois é por meio do relacionamento entre a sociedade
que é possível a oferta de troca de produtos ou de serviços. Ainda nessa perspectiva,
27
é fundamental que o empreendedor sinta a necessidade do seu público para oferecer
melhores serviços e produtos. Para isso, características essenciais serão detalhadas,
como interesse real, conhecimento específico, liberdade de pensamentos, coragem,
entre outras.

5 BENEFÍCIOS DA ECONOMIA COLABORATIVA PARA O


CONSUMIDOR
Na era digital, novos paradigmas e novos desafios estão sendo apresentados
aos consumidores, e este fenômeno vem ganhando popularidade devido à crise
econômica e financeira de 2008. No entanto, novos pensamentos dos consumidores
estão surgindo principalmente com a falta dos recursos ambientais e naturais.

E, talvez por esse motivo, a economia colaborativa tem chamado a atenção dos
consumidores de forma significativa, pois tem como foco central a priorização de acesso
a bens e serviços, ao contrário de priorizar a posse de tais bens e serviços, ou seja, há
um ditado muito comum dentro da economia colaborativa que diz que, se você quer
um furo na parede, você não precisa comprar uma furadeira e uma broca, você pode
emprestar a furadeira e a broca para conseguir o furo na parede sem necessariamente
possuir a furadeira.

A partir das plataformas digitais e da contribuição do avanço tecnológico,


novas estruturas de negócios estão sendo formadas. Esses negócios aproveitam os
recursos que já estão produzidos ou já estão existentes, “[...] esse fenômeno vem sendo
denominado de economia colaborativa ou do compartilhamento, que está alterando
e influenciando a dinâmica e os paradigmas tradicionais de produção, distribuição,
consumo e oferta dos produtos e serviços” (SILVEIRA; ROSA, 2017, p. 64).

Novas e diversas formas de apresentar a identidade do indivíduo que está


consumindo estão surgindo. Essas características estão sendo reflexo das mudanças
trazidas pelos mercados atuais e por meio da evolução das plataformas digitais fixas
ou móveis. Alterações nas ações, reações e comportamentos sociais, culturais e
econômicos são consequências dessa nova onda. Mesmo com indivíduos que não
possuem nada a ofertar ou compartilhar de forma efetiva estão sendo afetados por
esse fenômeno da economia colaborativa.

Para os empreendimentos que adotam essa nova forma sustentável de


economia, algumas vantagens como a redução de custos podem ser citadas. Isso
porque esses empreendimentos não precisam adquirir de forma permanente nenhum
serviço ou produto.

28
A terceirização é uma via de acessos a esses itens fundamentais para os
negócios, porém, de forma mais simples e com menor custo. Empresas que trabalham,
por exemplo, com notebooks e impressoras, ao invés de adquirir esses bens pode alugá-
los por determinado período, evitando, assim, um custo de aquisição e pagando por um
aluguel; as despesas com manutenção e depreciação do aparelho não farão parte dessa
empresa.

Há uma melhora significativa na produtividade e na qualidade, pois, na economia


colaborativa, é possível evidenciar que há os melhores serviços e produtos, consequência
do foco na atividade principal, atividades secundárias podem ser terceirizadas conforme
dito anteriormente; assim, sobra tempo para se concentrar na atividade central do
empreendimento. Vamos dar um exemplo, um supermercado, que deve manter suas
sessões e prateleiras limpas, poderá terceirizar o serviço de limpeza e não se preocupar
com essas atividades – que são uma segunda atividade do supermercado. Ao terceirizar
esse setor, os administradores terão mais foco e concentração para buscas mais efetivas
com fornecedores, promoções e outras atividades relacionadas com a comercialização
de seus produtos.

A criação do networking é o compartilhamento de informações de serviços


ou de pessoas, grupos ou empresas para manter relacionamentos de trabalhos ou
relações com os negócios. Tais conexões entre diferentes pessoas podem proporcionar
possibilidades significativas mesmo que sejam entre empresas que atuam na mesma
área, mas que possuem serviços indiretos; são empresas que deixam de ser vistas como
concorrentes para serem vistas como empresas colaborativas. Esse fator potencializa
as vantagens de se tornar mais competitivo no mercado.

É evidente que manter uma proposta sustentável é fundamental na economia


colaborativa. Basicamente, a ideia de compartilhamento de serviços e de bens já traz
como consequência a redução da necessidade da matéria-prima dos empreendimentos
e uma redução significativa em seu desperdício.

Voltando ao exemplo da furadeira, em um prédio com 60 apartamentos, não há


a necessidade de comprar 60 furadeiras para utilizar, isso vale desde a ideia da furadeira
para pequenos e grandes reparos, basta que haja apenas uma furadeira para ser alocada
nos apartamentos. É nesse sentido que a economia colaborativa vem se destacando,
por apresentar uma excelente oportunidade no mercado onde há pequenos volumes de
recursos, e fazendo com que o empreendedor não dispenda de um grande investimento
financeiro para início de suas atividades.

Há uma melhora significativa, também, no engajamento entre os participantes.


Veja que nesse modelo de empreendimento proposto pela economia colaborativa, estão
incluídos os empresários e também sua equipe de participantes. Vamos imaginar que,
em um restaurante, há uma mobilização de entregadores terceirizados, a tendência
é ter um maior engajamento entre os entregadores e o restaurante para que, em

29
conjunto, ofereçam sempre a melhor oferta de serviço e de mercadoria para consumo.
Dessa forma, ambos os empreendimentos contam com a possibilidade de crescerem
em paralelo.

Andar bem com as tendências do mercado é fundamental para o consumidor,


isso porque é preciso andar sempre atento às novas formas de atuação do mercado. Dar
início a um empreendimento que não esteja em sintonia com esse modelo econômico
não abre um leque de possibilidades, mas o torna limitado dificultando o bom andamento
do empreendimento. Ao contrário, adequar-se às novas estruturas possibilita um leque
de possibilidades que amplia suas chances de crescimento.

6 COMPROMETIMENTO DA SOCIEDADE FRENTE ÀS NOVAS


FORMAS DE CONSUMO
De acordo com Stoner e Freeman (2009, p. 311), “a criatividade representa a
geração de uma nova ideia, enquanto a Inovação pode ser definida como a transformação
de uma nova ideia em uma nova empresa, em um novo produto, em um novo serviço,
em um novo processo, ou em um novo método de produção”. Segundo Alencar (1998),
algumas características favorecerem a expressão da criatividade, tais como: iniciativa,
independência, flexibilidade, autoconfiança, motivação e originalidade nas ideias. Assim,
a sociedade notará a diferença nas organizações e estará disposta a desenvolvê-las.
Segundo Teixeira (2002), para que o pensamento criativo possa ser estruturado, é
preciso que a sociedade tenha algumas características:

• interesse real: a sociedade é quem reconhece e motiva a solução de um problema;


• conhecimento específico: necessário porque evidencia que ter originalidade nas
ideias, sem ter o devido conhecimento, estudo, pesquisa e reflexão, será ineficiente
para sua estruturação;
• liberdade dos pensamentos: possuir uma imaginação fértil e ter o poder da
liberdade são fatores que influenciam fortemente na criação e na inovação.
Essas características do pensamento se solidificam na fase de incubação e de
aquecimento.
• coragem para enfrentar o medo de se expor: enfrentar críticas ou elogios pode
ser uma tarefa complicada para determinadas pessoas, no entanto, é preciso
desenvolver uma aceitação no processo de entender as críticas ou os elogios para
trabalhar sempre melhor os processos de inovação e de criação.

Como vimos, o modelo de economia colaborativo é baseado na ideia da troca


ou empréstimo de objetos, ao contrário da ideia da compra e da posse do objeto. A
sociedade exerce uma responsabilidade significativa nessa estrutura, visto que o
compartilhamento de produtos e de serviços está incluso nela, mesmo em plataformas
on-line, em que se observa que as plataformas digitais conectam pessoas que possuem

30
interesses em comum. Trocas de informações oferecidas de forma gratuita são exemplos
corriqueiros que podemos citar, grande parte dos serviços ofertados são gratuitos e
funcionam como moeda de troca. Por exemplo, o Couchsurfing é uma plataforma virtual
que oferece acomodação gratuita para turistas.

31
LEITURA
COMPLEMENTAR
ECONOMIA COLABORATIVA: NOVOS MODELOS DE NEGÓCIOS VIABILIZADOS
PELA COMUNICAÇÃO DIGITAL

Myrian Luisa Cipriano


Monica Franchi Carniello

A Economia Colaborativa é um conceito que foi potencializado com a tecnologia


digital. O objetivo geral do artigo foi compreender a estrutura dos modelos de negócio
de empresas que operam em ambiente digital, pautadas no conceito de economia
colaborativa.

Foram analisados os aplicativos Airbnb, BlaBlaCar, Couchsurfing e Uber,


caracterizando uma pesquisa de base documental, desenvolvida após pesquisa
bibliográfica para fundamentação teórica da investigação. Uma segunda fase é
caracterizada por pesquisa de campo, com aplicação de entrevistas em profundidade
com profissionais que atuam com novos modelos de negócio em ambiente digital,
selecionados a partir de amostra por julgamento. Verificou-se que nem todos os
aplicativos analisados de fato são pautados no conceito de economia colaborativa.

Os modelos de consumo estão em constante mudança, posto que são processos


sociais. No contexto contemporâneo, as relações de consumo têm sido transformadas
pelas tecnologias da informação e comunicação. A ampliação da conectividade dos
indivíduos, apesar de ainda apresentar limites econômicos, estruturais e culturais, é um
fenômeno em andamento.

Owyang, Tran e Silva (2013) identificam três fases nas relações de mercado, que,
em parte, foram guiadas pelas novas tecnologias: a era da experiência de marca, na qual
a web tornou informação mais acessível, mas que ainda é realizada da empresa para
consumidores; a era da experiência do consumidor, na qual consumidores publicam
conteúdos eles mesmos por meio das mídias sociais; e a era da economia colaborativa,
na qual consumidores estão empoderados para trocar bens e serviços entre si, o que
tornou-se viável em função das mídias sociais, sistemas de pagamento e conectividade
por dispositivos móveis.

Segundo pesquisa realizada pelo Comitê Gestor de Internet no Brasil (CGI) em


2015, 58% da população brasileira têm acesso à internet e, desses, 89% fazem em sua
maioria o acesso pelo celular, o que torna o ambiente favorável a negócios pautados

32
no acesso mobile (CGI, 2016). Tal cenário comunicacional converge e se funde aos
demais processos da sociedade, em uma dinâmica de transformação que aponta para
tendências e desdobramentos sociais, culturais e econômicos.

Uma dessas vertentes é identificada pela Fundação Nacional da Qualidade


(2016, p. 7), ao diagnosticar “um novo movimento que, a partir das tecnologias digitais
de informação e comunicação, deu origem a uma outra forma de pensamento, a qual
visa à redução do desperdício, ao aumento da eficiência no uso dos recursos naturais e
ao combate ao consumismo desenfreado”. Nesse contexto, surgem os novos modelos
de negócio que são baseados na distribuição horizontal, pautada na relação entre as
pessoas, e que exploram o conceito de acesso ao invés do conceito de posse, a partir
dos fluxos de comunicação viabilizados pelas tecnologias de comunicação. Emerge o
conceito de economia colaborativa aplicado ao contexto contemporâneo, ainda muito
controverso e, portanto, passível de estudo.

A ideia de economia colaborativa é anterior e independente da era digital,


no entanto adquire novos contornos na atualidade. Rifkin (2000) identifica a
contemporaneidade como a era do acesso, na qual o acesso a bens e conteúdos tornou-
se preferível à posse individual, situação amplamente potencializada pelas tecnologias
de comunicação e informação. Consumidores deixaram de compartilhar apenas suas
opiniões e atividades por meio da comunicação digital e passaram a compartilhar bens e
serviços. Nesse ambiente, novos modelos de negócio são formatados nos mais diversos
segmentos, emergindo para o conceito de economia colaborativa.

A perspectiva da economia colaborativa se desenvolve em um contexto marcado


pelas interconexões em rede, que Castells (2000, p. 69) denominou de Sociedade
em Rede, resultante da interação entre “o desenvolvimento de novas tecnologias e a
tentativa da sociedade de reaparelhar-se com o uso do poder da tecnologia para servir
a tecnologia do poder”. Um conjunto de fatores concretizou a Sociedade em Rede,
entre eles: características históricas, culturais e sociais; novos modelos de consumo e
produção; novas formas de trabalho e renda; informatização dos meios de comunicação,
o que, segundo o autor, modifica e cria novas conexões morfológicas continuamente.
Segundo Stokes et al. (2014), a internet tem potencializado a colaboração por duas
razões: por permitir que as pessoas se comuniquem entre si (peer-to-peer); e por
permitir que as pessoas se comuniquem durante transações. Essas características da
internet permitiram que as pessoas construíssem empresas e projetos que são mais
colaborativos do que muitas instituições tradicionais e reconhecidas.

Tal contexto valida o pressuposto que as tecnologias da informação e


comunicação, por sua estrutura em rede, conforme apontado por Castells (2000),
ampliaram os fluxos de comunicação e, consequentemente, os modelos de negócio.
Isto posto, pergunta-se: como são estruturados os modelos de negócio das empresas
que se fundamentam no conceito de economia colaborativa? Uber, Airbnb, BlaBlaCar e
Couchsurfing são os modelos que foram estudados nesta pesquisa, que possuem em
comum o fato de terem criado novos modelos de negócios.

33
O objetivo geral deste artigo é compreender a estrutura dos modelos de negócio
de empresas que operam em ambiente digital, pautadas no conceito de economia
colaborativa. Para isso, fez-se necessário identificar a estrutura das empresas com novos
modelos de negócio baseados no conceito de economia colaborativa; e compreender
como se dá o processo de inovação e formação de empresas que atuam com economia
colaborativa no contexto da comunicação digital.

O tema justifica-se pelo fato de ser um fenômeno em andamento, portanto


passível de estudo e que demanda o olhar acadêmico para que seja compreendido
e teorizado. O uso de produtos e serviços oriundos da economia colaborativa é parte
do cotidiano de grande parte da população, em situações como aluguel de bicicletas,
consulta e inserção de conteúdo na Wikipédia ou doação para uma campanha de
crowdfunding. São situações inseridas na dinâmica da sociedade e que confrontam
a lógica da economia tradicional. Conforme pesquisa conduzida por Stokes et al.
(2014), 64% da população do Reino Unido participou de alguma maneira de atividades
colaborativas, viabilizadas pela internet ou não.

Este trabalho não ambicionou estudar os modelos de negócio de empresas


que operam no meio ambiente digital sob o prisma da lucratividade ou gestão. Teve a
intenção de compreender como as mídias digitais propiciaram um ambiente favorável
à inovação de modelos de negócio, e para isso analisou novos modelos de negócio em
aplicativos que, em uma primeira leitura, fossem pautados no conceito de economia
colaborativa.

A Sociedade Digital da Informação acontece a partir da transição do conjunto


físico de indivíduos para o ambiente digital, criando novas formas de se socializar, trocar
informações, criando realidades dentro de realidades, sem definição de tempo e espaço
(CASTELLS, 2000). No final do século XX, a dinamização dos fluxos informacionais
pelo mundo trouxe um passo importante da expansão dos meios de comunicação,
caracterizando a era da informação, em substituição à era industrial (QUEIROZ; MOURA,
2015, p. 14). Pierre Lévy (1999) identificou a formação de uma “cibercultura”, ligada aos
novos meios de comunicação a partir da internet, da conexão entre computadores e da
ascensão da tecnologia, bem como da quantidade de informações que habita na rede,
formando um movimento internacional e coletivo. Para o autor “a cibercultura expressa
o surgimento de um novo universal, diferente das formas que vieram antes dele no
sentido de que ele se constrói sobre a indeterminação de um sentido global qualquer”
(LÉVY, 1999, p. 15).

Castells (2000, p. 119) identifica uma nova economia, a economia informacional,


global e em rede, “porque a produtividade e competitividade de unidades ou agentes
nessa economia (sejam empresas, regiões ou nações) dependem basicamente de sua
capacidade de gerar, processar e aplicar de forma eficiente a informação baseada em
conhecimento”.

34
Nesse ambiente, se o indivíduo ou organização souber transformar a informação
em conhecimento a sua capacidade de produção aumenta. Com a era digital, a busca
por informações se tornou mais fácil, posto que há muito conteúdo na internet, porém, o
conhecimento estratégico fundamental para o processo de produção e competitividade
está em mãos de pequenos grupos que detém um grande capital. Para o desenvolvimento
dessa nova economia, informação, conhecimento e tecnologia são fatores essenciais.
Este é o ambiente no qual se desenvolvem alguns modelos de economia colaborativa
(CASTELLS, 2000).

A definição de economia colaborativa apresenta diversidade e algumas


imprecisões, posto que é um conceito em construção. Segundo a Fundação Nacional da
Qualidade (2016), o conceito de Economia Colaborativa é aplicável em qualquer grupo
social, seja na compra ou na locação de algum produto. Os negócios fundamentados
na economia colaborativa exigem uma cadeia produtiva bem-organizada e sistemática,
e sua maior característica são os relacionamentos pessoais, que foram potencializadas
pelas tecnologias da informação e comunicação.

Um fato que reforçou o estabelecimento da Economia Colaborativa são as


questões sociais encontradas em todo o mundo, cada um com a sua peculiaridade. No
Brasil, um dado pelo qual é possível medir a desigualdade na distribuição de recursos
é o fato de 40% da população brasileira não ter acesso a uma simples conta bancária
(FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE, 2016) e 42% não ter acesso à internet (CGI, 2015).
Essas questões sociais demandam soluções que auxiliem o desenvolvimento social,
tornando os serviços mais acessíveis à população e aumentando viabilidade econômica,
além de gerar uma renda compartilhada e incentivar a autonomia financeira. A economia
colaborativa pode ser um desses vetores. Há uma predisposição para modelos que
busquem o compartilhamento, uma das características dos negócios pautados na
economia colaborativa. De acordo com pesquisa realizada pela Nielsen em 2013 (apud
FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE, 2016), foi constatado que na “América Latina
70% das pessoas são favoráveis a utilizar serviços de compartilhamento”. No caso em
questão, a Economia Colaborativa por meio de aplicativos mobiles surge em startups,
com uma finalidade de começar algo inovador para o mercado e de grande valor para os
clientes, geralmente utilizando a tecnologia.

Para Stokes et al. (2014), a economia colaborativa representa uma nova


maneira de pensar sobre negócios, troca, valor e comunidade. Embora suas definições
sejam variadas e os parâmetros continuem a evoluir, as atividades e modelos dentro
da economia colaborativa permitem o acesso em vez da propriedade. Formam redes
descentralizadas que sobrepõem as instituições centralizadas, e desbloqueiam riqueza,
com ou sem dinheiro envolvido. Fazem uso de ativos ociosos e criam novos mercados.
Ao fazer isso, desafiam as formas tradicionais de fazer negócios, regras e regulamentos.

35
A Economia Colaborativa possui sua essência pautada no relacionamento entre
as pessoas, uso de tecnologia, colaboração e compartilhamento. O valor não está na
necessidade de ter algo, e sim na sua utilidade. Além de ser uma nova economia, é uma
ideologia que deve se estender ao longo do tempo, visto que os recursos são finitos, o
que impulsiona movimentos em torno da redução de desperdícios.

Conforme Stokes et al. (2014), a economia colaborativa oferece uma perspectiva


transformadora sobre os aspectos sociais, ambientais e econômicos, pois valor pode
ser criado a partir de um número de ativos em maneiras e em escalas anteriormente
impensáveis. Os princípios fundamentais podem ser facilmente aplicados em
praticamente qualquer contexto, desde uma corporação multinacional até um grupo
comunitário. A premissa é fazer uso mais inteligente dos recursos físicos, habilidades e
conhecimento que residem em todas as comunidades.

Segundo a Fundação Nacional da Qualidade (2016), a Economia Colaborativa


está sustentada por três pilares: pessoas, tecnologia e sustentabilidade. Pessoas, porque
esses novos negócios de economia são feitos de indivíduos para indivíduos dispostos
a ter um estilo de vida voltado para a coletividade. Tecnologia, pois a maioria desses
empreendimentos de economia colaborativa tem sua plataforma na internet, sendo eles
em site e/ou aplicativos, que além de serem uma forma de conexão de baixo custo e
rápida, exploram aspectos que o ambiente digital proporciona. Sustentabilidade, uma
vez que as tendências de práticas de consumo são elencadas a esse tema, e em toda
a cadeia produtiva busca-se reduzir custos e minimizar o uso dos recursos ambientais,
reduzindo o desperdício e incentivando o movimento.

Um elemento que faz a aderência entre o conceito de economia colaborativa


e o contexto da comunicação digital apresentado é a inovação, apesar Stokes et al.
(2014) observarem que a economia colaborativa não é apenas um setor emergente,
apenas para startups. Não se trata apenas de compartilhar serviços e não trata apenas
de disrupção.

Seguindo esse raciocínio, a ideia de colaboração independe das tecnologias de


comunicação e informação (TIC). No entanto, a colaboração foi potencializada pelas
TIC e ganhou escala e amplitude, o que permitiu viabilizar novos modelos de negócio.
Conforme Owyang, Tran e Silva (2013), a economia colaborativa é disruptiva para as
instituições existentes, à medida que as empresas se tornam desintermediadas por
clientes que estão habilitados a transacionar diretamente entre si. Ao proporcionar a
viabilização de novos modelos de negócio, converge com o conceito de inovação.

A inovação é elemento constituinte do modelo produtivo capitalista. Marx


e Engels (1988), no fim do século XIX, observaram que a burguesia só podia existir
com a condição de revolucionar incessantemente os instrumentos de produção e,
consequentemente, as relações de produção e todas as relações sociais. Após as
fases iniciais do capitalismo, nas quais o próprio processo de industrialização é uma

36
inovação, a partir da primeira metade do século XX, os investimentos em pesquisa e
desenvolvimento foram ampliados nos países capitalistas, avançando principalmente
em comunicação, transporte, meios de energia, medicamentos e matérias-primas.

Na primeira metade do século XX, Joseph Schumpeter (1997) propõe outra


análise sobre a inovação, a partir do viés tecnológico, e nomeia sua teoria de “Destruição
Criadora”, que se deu a partir da sua Teoria do Desenvolvimento Econômico. Em seu
contexto histórico, o capitalismo estimulava o surgimento de empreendedores que,
por sua vez, eram considerados por ele grupos de pessoas criativas e inovadoras. Para
Schumpeter (1997), nesse modelo econômico, as inovações dependem de dois papéis:
o empresário inovador e o capitalista, que geravam uma onda de transformações e,
assim, estabelecia-se o lucro do monopólio, que diminuía quando outros empresários
aproveitaram de uma inovação, melhorando um produto inovador já feito. Nesse
processo de produção do novo, outras coisas eram abandonadas: se destrói o antigo
em busca da inovação e nisso acontece a “destruição criadora”. Todo processo concreto
de desenvolvimento repousa finalmente sobre o desenvolvimento precedente. [...] Todo
processo de desenvolvimento cria os pré-requisitos para o seguinte (SCHUMPETER,
1997, p. 74).

Ao refletir sobre inovação no contexto contemporâneo, Clayton Christensen


(2011) trouxe mais entendimentos sobre novos modelos de negócio que vinham surgindo
a todo tempo, em contexto histórico mais atual. Para Christensen (2011), o avanço
tecnológico tem grande função no processo de disrupção. As inovações disruptivas dão
origem a novos mercados e modelos de negócio, utilizando dessas novas tecnologias
para apresentar soluções mais eficientes. Nesse processo acontece uma quebra do
mercado tradicional, dando espaço a outros modelos, tal qual ocorreu com as empresas
definidas como objeto de análise desta pesquisa.

Os novos produtos ou serviços constituídos a partir do conceito de disrupção,


potencializados pelo contexto da tecnologia digital, normalmente são marcas entrantes
no mercado com grande potencial de crescimento; são mais baratos, contando com
baixo custo de produção e execução; e oferecem mais praticidade e conveniência,
abrangendo a oportunidade de compra. Com isso, a concorrência cresce e é nesse
momento que as grandes empresas começam a se incomodar com as tecnologias
disruptivas e começam a se atualizar, a fim de acompanhar as tendências do mercado.

Em decorrência disso, há um excesso de desempenho dos produtos em geral e


os clientes mudam seus critérios de escolha: o que antes era escolhido primeiramente
por desempenho do produto, passa a não ser mais diferenciação, pois a tecnologia é
utilizada por todos os concorrentes (CHRISTENSEN, 2011).

A inovação disruptiva e a economia colaborativa são conceitos distintos, que


podem atuar juntos ou não. A inovação disruptiva se manifesta quando há um novo
modelo de negócio a fim de atender um novo público até que comece a servir boa parte

37
de um segmento, desestabilizando um mercado ou um concorrente. Essa inovação
disruptiva não é necessariamente colaborativa. O que se observa atualmente é uma
tendência a ser colaborativa em função da disponibilidade tecnológica de comunicação
global em rede, bem como por mudança no comportamento do consumidor, mas não
é uma regra. A condição para que aconteça de fato a disrupção é que reconfigure um
mercado existente ou crie um novo até que substitua o existente, e a colaboração não
necessariamente está incluída nisso. A economia colaborativa é usada como um meio
para que a disrupção ocorra, mas há casos em que há ruptura sem colaboração. O nível
de colaboração e de disrupção vão depender das tipologias de interação colaboração
de cada modelo de negócio. Stokes, Clarenson, Anderson e Rinne (2014) propõem uma
categorização para os tipos de interação: Business-to-Consumer (B2C): interação
entre consumidores e empresas; - Business-to-Business (B2B): interação entre uma
empresa e outras empresas; Peer-to-Peer (P2P): interação entre duas ou mais pessoas
para trocar de bem ou serviço facilitado e apoiado por uma empresa, organização ou
plataforma que não é diretamente envolvido na transação. Consumer-to-Business
(C2B): interação entre os consumidores e uma empresa onde a empresa beneficia e
paga pelo conhecimento ou bens do consumidor. Tais interações podem gerar vários
tipos de colaboração: de consumo; de produção, de conhecimento, de finanças (STOKES
et al., 2014).

Neste estudo, os objetos de estudo dessa pesquisa, Uber, Airbnb, Couchsurfing


e BlaBlaCar, foram avaliados os modelos de negócio pautados no discurso de economia
colaborativa.

A Economia Colaborativa é premissa anterior à da disponibilidade tecnológica


das mídias sociais, mas quando disponibilizada em rede, como a internet, há um
aumento em escala, característica do cenário da era digital

FONTE: CIPRIANO, M. L.; CARNIELLO, M. F. Economia colaborativa: Novos modelos de negócios viabilizados
pela comunicação digital. Comunicação & Informação, Goiânia , v. 21, n. 3, p. 185-206, out./dez. 2018.
Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/ci/article/view/53491. Acesso em: 23 jan. 2022.

38
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O processo compreende o espaço destinado às mulheres empreendedoras e seu


empoderamento frente a questões que potencializam sua participação na economia
colaborativa.

• Alguns exemplos de empreendedorismos foram bem-sucedidos partindo da


participação das mulheres e foram alavancados no mundo virtual.

• A inovação digital e a necessidade dos usuários de informações na internet são


fundamentais para utilizar serviços que filtram e organizam informações necessárias
no dia a dia, como é o caso da plataforma de busca de hotéis.

• Há empreendimentos que se utilizam da economia colaborativa para facilitar a vida


de seus usuários, uma ponte que faz as ligações entre a necessidade e a solução
de suas necessidades.

• Existem características essenciais do empoderamento do consumidor nesse novo


fenômeno da economia colaborativa, além dos benefícios que essa nova tendência
pode oferecer.

• Há potencialidade na produção e na qualidade de produtos oferecidos por meio


da economia colaborativa, visto que há um maior foco dos empresários sem suas
atividades principais.

• O cenário de sustentabilidade é o principal foco da economia colaborativa e está


voltado para a perspectiva do consumidor, visto que é fundamental o tratamento
sustentável nessa nova estrutura de empreendimento.

39
AUTOATIVIDADE
1 A participação das mulheres nos empreendimentos tradicionais já tem se mostrado
limitada, mesmo que haja políticas de incentivos para a participação do público
feminino com o avanço das tecnologias. Sobre o assunto, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) Na economia colaborativa, a participação das mulheres ganha destaque por


apresentar o comportamento de colaboração maior que o dos homens.
b) ( ) O papel das mulheres tem igual destaque nos empreendimentos colaborativos
ou tradicionais, dizer que os papéis não são iguais é uma forma de preconceito.
c) ( ) As pesquisas evidenciam que há maior participação do público feminino com
relação ao público masculino nos empreendimentos tradicionais.
d) ( ) Os empreendimentos tradicionais possuem maior potencialidade de promover a
participação feminina do que os empreendimentos colaborativos.

2 A inovação é fundamental para a sobrevivência na economia colaborativa, isso porque


entender a demanda e a necessidade de seu público-alvo e apresentar-se de forma
singular é um constante desafio. Pensando nesse contexto, analise as afirmativas a
seguir:

I- No período da Revolução Industrial, houve uma forma de inovação significativa ao


criar o processo de produção em série.  
II- Os serviços de Uber são uma forma de economia colaborativa, pois em sua grande
maioria são ofertados de forma gratuita.
III- O processo de criatividade da empresa envolve etapas como a criação de ideias,
o processo de solução de problemas e o desenvolvimento de ideias até a sua
implantação.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa III está correta.

3 Pesquisa realizada pela professora Michelle J. Budig, da Universidade de


Massachusetts-Amherst, aponta que existe, no geral, uma penalidade salarial para
mães e uma recompensa para pais. A penalidade é muito maior para mulheres mais
pobres, segundo Galvão (2016). Sendo assim, sobre o assunto, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:

40
FONTE: GALVÃO, J. de C. Desigualdade salarial entre homens e mulheres. Politize! 3 mar. 2016. Disponíel
em: https://www.politize.com.br/desigualdade-salarial-entre-homens-e-mulheres/. Acesso em: 31 jan.
2021.

( ) Pesquisas científicas evidenciam que as preferências profissionais são firmadas


com relação à segregação sexual entre os cursos de graduação. 
( ) Grande parte do público feminino prefere as ciências exatas e, por esse motivo, são
encontradas com maior participação nos cursos de engenharia.
( ) Poucos são os exemplos encontrados na literatura com relação à participação
bem-sucedida de mulheres no mundo dos empreendimentos.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) F - F - V.

4 A economia colaborativa oferece fortes potenciais para a participação feminista.


Isso é possível porque ela apresenta várias características que favorecem o público
feminino, que é, em sua essência, mais colaborativo do que o público masculino.
Disserte sobre os aspectos favoráveis à participação feminina dentro da economia
colaborativa.

5 As mulheres brasileiras são representadas por um baixo índice de participação nos


cursos de ciências exatas nas graduações. Esse fator tem reflexo direto com o número
de mulheres que se tornam empreendedoras ao longo do tempo, no entanto, com o
avanço da economia colaborativa, esse quadro pode estar se invertendo. Nesse contexto,
disserte sobre os princípios da economia colaborativa.

41
REFERÊNCIAS
ALENCAR, E. M. L. S. Promovendo um ambiente favorável à criativadade nas
organizações. RAE - Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 38, p.
18-25, abr./jun. 1998.

BESSANT, J.; TIDD, J. Inovação e empreendedorismo. Porto Alegre: Bookman, 2009.

CIPRIANO, M. L.; CARNIELLO, M. F. Economia colaborativa: novos modelos de negócios


viabilizados pela comunicação digital. Comunicação & Informação, Goiânia , v. 21, n.
3, p. 185-206, out./dez. 2018.

COLOMBO, L. O. R.; FAVOTO, T. B.; CARMO, S. N. D. A evolução da sociedade de


consumo. Akrópolis, Umuarama, v. 16, p. 143-149, jul./set. 2008.

DOURADO, M. B. P. D. A. et al. Empreendedorismo e Inovação: Um estudo multicaso em


duas empresas colaborativas por meio do método Analytic Hierarchy Process (AHP).
Braz. J. of Devolop., Curitiba, p. 79101-79113, out. 2020.

FRANKLIN, A. C. D. M. Análise da proteção do consumidor nas plataformas de


economia de compartilhamento. 2018. 138f. Dissertação (Mestrado em Direito) –
Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
Natal, 2018.

GALVÃO, J. de C. Desigualdade salarial entre homens e mulheres. Politize! [S. l.], 3


mar. 2016. Disponíel em: https://www.politize.com.br/desigualdade-salarial-entre-
homens-e-mulheres/. Acesso em: 31 jan. 2022.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Estatísticas de


gênero – indicadores sociais das mulheres no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2018.

MACEDO, F. F. Guia de boas práticas de comunicação para lojas colaborativas.


2017. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Comunicação Organizacional) –
Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2017.

NIC.BR – Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR. TIC domicílios 2015:


pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios.
São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2016. Disponível em: https://www.cgi.
br/media/docs/publicacoes/2/TIC_Dom_2015_LIVRO_ELETRONICO.pdf. Acesso em:
15 jan. 2022.

OWYANG, J.; TRAN, C.; SILVA, C. The collaborative economy: products, services, and
market relationships have changed as sharing startups impact business models. To
avoid disruption, companies must adopt the collaborative economy value chain. San
Mateo, CA: Altimeter Group, 4 jun. 2013. Disponível em: http://www.collaboriamo.org/
media/2014/04/collabecon-draft16-130531132802-phpapp02-2.pdf. Acesso em: 15
jan. 2022.

PALOMINO, É. A moda. São Paulo: Publifolha, 2002.

42
SARFATI, G. Prepare-se para a revolução: economia colaborativa e inteligência artificial.
GVExecutivo, São Paulo, v. 15, n. 1, p. 25-28, jan./jun. 2016.

SILVEIRA, A. B. D.; ROSA, J. S. D. Motivações para participar da economia colaborativa


– um estudo comparativo entre os consumidores de Boa Vista e Porto Alegre. Revista
Global Manager, Serra Gaucha, v. 17, n. 2, ed. esp., p. 63-85, 2017.

SOUZA, M. M. D. Economia colaborativa e consumo compartilhado? Corporações e


plataformas digitais moldando uma nova economia em um mundo conectado em
redes. Colloquium Socialis, Presidente Prudente, v. 2, p. 14-23, jan./mar. 2019.

STONER, J. A.; FREEMAN, R. E. Administração. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.

TEIXEIRA, E. A. Criatividade, ousadia e competência. São Paulo: Makron Books,


2002.

43
44
UNIDADE 2 —

IMPLICAÇÕES DA
ECONOMIA COLABORATIVA
NAS EMPRESAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conceber um modelo mínimo viável para economia colaborativa;

• implantar um modelo em empresa tradicional;

• identificar oportunidades de negócio;

• criar experiências significativas;

• conhecer dados da implantação da economia colaborativa no Brasil.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – COMO IMPLANTAR UM MODELO DE ECONOMIA COLABORATIVA EM EMPRESAS


TRADICIONAIS
TÓPICO 2 – NOVAS OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO E INOVAÇÃO
TÓPICO 3 – A EXPERIÊNCIA DO USUÁRIO E A IMPLANTAÇÃO DA ECONOMIA COLABORATIVA
NO BRASIL

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

45
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!

Acesse o
QR Code abaixo:

46
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
COMO IMPLANTAR UM MODELO
DE ECONOMIA COLABORATIVA
EM EMPRESAS TRADICIONAIS

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, veremos algumas possibilidades de como podemos implantar
a cultura da economia colaborativa visando a alteração dos padrões tradicionais de
empresas que estão atuantes no mercado. Nesse sentido, abordaremos as revoluções
que precisam ser feitas no enfoque cultural das empresas para que elas voltem suas
atenções aos conceitos relacionados à economia colaborativa.

Para que isso seja feito de forma mais didática, separamos nos primeiros tópicos os
enfoques relacionados à economia colaborativa e as revoluções nas relações de trabalho.
Será apresentada a revolução trazida pela evolução tecnológica, que está relacionada ao
impulso gerado pela sociedade consumidora que tem aumentado nos últimos tempos.
Em paralelo, é possível observar que existe um grande potencial que pode ser aproveitado
principalmente nesse cenário de pandemia vivenciado ao longo dos últimos anos.

Não muito distante, veremos os impactos dessa mudança de postura que


surgiu da necessidade de se manter um trabalho que é sustentável ao mesmo tempo
que pode gerar renda e manter a cultura da colaboração mútua entre seus usuários,
mudando, assim, os modelos tradicionais de sustentabilidade das empresas. Veremos o
que são as empresas que estão promovendo suas atividades baseadas nos conceitos de
crowdsourcing on-line e crowdsourcing off-line, em que fazem partes de uma plataforma
virtual de prestação de serviços e que utilizam da economia colaborativa.

Essa estrutura está em alta, principalmente quando se trata de um período de


pandemia, quando há um crescimento exponencial de utilização da internet e dos meios
virtuais para movimentar a econômica como uma maneira alternativa de sobrevivência.
A necessidade de se manter no mercado vendendo, negociando e prestando serviços
continuou. Em muitos aspectos, está voltando à sua normalidade, porém, em outros
aspectos, está se tornando cada vez mais promissor a utilização de plataformas virtuais
para o desenvolvimento de atividades operacionais.

Passaremos a discutir os desafios de uma empresa que possui a estrutura


tradicional e queria implementar a cultura da economia colaborativa. Nesse sentido,
veremos que essa troca não está muito distante de acontecer, e que os impactos serão

47
significativos. Entenderemos que começam das legislações vigentes até a mudança de
postura e cultura das empresas. Esses assuntos e muito mais serão apresentados nos
próximos subtópicos desta unidade. Esperamos que tenha ótimos estudos.

2 ECONOMIA COLABORATIVA E A REVOLUÇÃO NAS


RELAÇÕES DE TRABALHO
É notório observarmos que o ciclo de consumo de bens e serviços tem se
elevado constantemente ao longo do tempo, principalmente nos últimos anos, em que
a sociedade consumista tem observado constantes evoluções no mundo tecnológico.
Concomitantemente, o universo digital tem aperfeiçoado suas relações sociais por
meio de plataformas digitais que oferecem a oportunidade de criar redes sociais. Essa
possibilidade tornou-se potencialmente significativa, principalmente nos últimos anos,
por conta da crise global causada pela pandemia da covid-19.

Surge, então, a economia colaborativa, que nasce sobre a motivação social da


otimização de uso dos bens já produzidos e ficaram com tempo ocioso. Dessa forma, o
aproveitamento compartilhado deste bem visa não apenas à economia em relação aos
recursos naturais, mas um aumento no seu ciclo de vida útil. Esse fator acaba por se
tornar um dos pilares da sustentabilidade econômica, ambiental e também social.

A visão individualista da posse também sofre alteração, isso porque pela nova
tendência da economia colaborativa, a posse do produto deixa de ser individual e passa
a ser coletiva, diferentemente dos modelos retratados na história em que a posse era
apresentada com uma perspectiva econômica voltada para as comunidades primitivas.

Frente a esse novo perfil da sociedade consumidora, segundo o qual o que


importa não é a propriedade de um bem ou de um serviço, mas o acesso a eles, novos
empreendedores estão utilizando-se de plataformas digitais visando ao atendimento
dessas novas demandas. Os negócios que estão focando na economia colaborativa estão
se conectando, geralmente em tempo real, abrangendo todo o mundo, com vendedores e
compradores, fornecedores e trabalhadores. É nesse cenário que as plataformas digitais
têm ganhado espaço significativo e vêm promovendo exponencialmente pessoas físicas
e jurídicas que possuem recursos excedentes e estão à disposição para investir nas ideias
que oferecem potencialmente um retorno financeiro e representam investimentos em
fundos perdidos.

Nesse mundo de inovações, surge a necessidade de trabalhar de forma


sustentável, aproveitando-se da economia desaquecida, e colocando as redes sociais
como uma alternativa potencialmente significativa de esperança de abertura de novos
empreendimentos e também de geração de renda, buscando a atenção dos trabalhadores,
não com uma relação de autonomia ou de subordinação, como é feito nos modelos

48
tradicionais, mas em uma nova perspectiva que está “[…] desafiando a hermenêutica da
legislação posta para a subsunção dos fatos da nova realidade” (KAMINSKI; KUIASKI, 2020,
p. 90).

O impacto dessa nova alternativa tem ocorrido não apenas nas vidas dos
trabalhadores e dos empresários, mas também em todos os aspectos econômicos do
país, pois são fundamentais a readequação e a estruturação internacional do trabalho.
Quando voltamos nossos olhares para os empreendimentos contidos no mercado de
negócios, podemos entender que esse mercado global possui “vida própria”, ou seja, ele
vai se desenvolvendo conforme ocorrem os jogos de forças entre empreendedores e
empresários. Dentro desse ambiente, está o comércio, que atua com a movimentação de
capitais e de mão de obra.

No comércio, existem as relações de trocas de bens e serviços por moedas


nacionais que sustentam esse mercado. A operacionalização é regida sob forte influência
da concorrência e tem consequências nas relações internacionais de trabalho que
possuem estabilidade de trocas comerciais. É nesse sentido que, mais do que mero
comércio, as relações de trocas comerciais de bens e serviços representam um jogo de
poder que está mantido em uma relação vertical de poderes. Dentro das plataformas
tecnológicas, que contêm a mão de obra ou a corretagem de mão de obra, são as principais
coordenadoras dos ambientes virtuais que operam virtualmente e que movimentam o
mercado cibernético. Nesse sentido o prestador de serviço atua como uma ponte que liga
um cliente ou uma tarefa a um projeto definido. Para que isso fosse potencializado, houve
a necessidade da evolução tecnológica, que ofereceu a oportunidade de superar os limites
territoriais e ultrapassar as barreiras culturais impostas junto a sociedade consumidora.

Até mesmo essa barreira cultural que foi superada se tornou uma oportunidade
para divulgação de produtos e serviços que ganharam notoriedade internacional e acabou
por chamar a atenção e permitir conquistar desejos que não existiam até o momento.
Porém, uma das fragilidades apresentadas pela sociedade consumista é a velocidade
da evolução tecnológica, que afeta a sociedade diretamente. Isso porque, conforme as
tecnologias evoluem rapidamente, os desejos e as necessidades da demanda e a procura
alteram-se de forma imediata, e oferecer rapidez e agilidade nesse mercado tornou-se
fundamental para a empresa se manter dentro desse cenário. Além disso, fluidez e liquidez
são fundamentais, não só no consumo, mas em toda a sociedade e também dentro do
mundo do trabalho.

Um outro ponto negativo está relacionado à sociedade precarizada, na qual os


postos de trabalho, principalmente os trabalhadores com baixa escolaridade e baixa
formação profissional ficam às margens dessa estrutura de empreendimento. É frente a
esse cenário econômico precarizado que as plataformas virtuais ganham potencialidade
e oferecem novas possibilidades de trabalho por meio dos chamados crowdsourcing
on-line e off-line.

49
NOTA
É provável que o primeiro autor a utilizar o termo crowdsourcing foi Jeff Howe. Este
termo é a combinação das palavras crowd, que significa multidão e outourcing, que
significa terceirização, ou seja, em português podemos entender a combinação
de ambas as palavras como pluriterceirização, que representa o serviço realizado
por inúmeros trabalhadores.

Nos chamados crowdsourcing on-line são oferecidos trabalhos inteiramente


realizados a distância, não há interações físicas entre provedores de serviço,
trabalhadores e tomadores. O ponto de encontro deles é o espaço cibernético por meio
do qual são oferecidos os chamamentos, são feitas as aceitações e são realizados os
trabalhos, as entregas de projetos e os pagamentos. Dentro desses espaços não há
limitações de fronteiras geográficas e políticas.

A plataforma virtual conhecida como Wikipédia é um dos exemplos que


podemos encontrar de crowdsourcing on-line que reúne vários colaboradores, na
sua grande maioria, voluntários, que têm interesse e conhecimento (ou não) em um
assunto incomum que está em pauta. Outro exemplo são os leilões virtuais divulgados
amplamente nas redes socais e outras plataformas virtuais, como é o caso do Amazon
Mechanical Turk.

Em geral, essas plataformas utilizam-se da economia colaborativa e


geralmente oferecem incentivos que buscam a colaboração mútua entre seus usuários,
prestadores e tomadores de serviços, como podemos perceber em algumas frases que
são utilizadas, a exemplo “pague apenas pelo que usar” ou ainda “você decide quanto
pagar aos trabalhadores de cada tarefa”. É evidente perceber que, nessa estrutura,
as concorrências são significativamente maiores, visto que há vários prestadores de
serviços que podem oferecer o mesmo produto ficando à disposição do tomador.

Para os crowdsourcing off-line, não há possibilidade de os serviços serem


prestados em sua totalidade, nas plataformas digitais existe a necessidade de os
serviços serem prestados fisicamente no local e com o tempo determinado. Dentro
dessa estrutura, não há tanta concorrência como existe nos crowdsourcing on-line e
ainda existe a possibilidade de aplicação da legislação fiscal e trabalhista para garantir a
justiça entre trabalhadores e empregadores, como é o caso da Uber.

50
3 DESAFIOS DA ECONOMIA COLABORATIVA EM EMPRESAS
TRADICIONAIS – COMO IMPLANTAR?
A implantação da economia colaborativa nas empresas tradicionais envolve
muitos desafios futuros, iniciando com a legislação brasileira, que não envolve os
processos e normativas em seu fluxo diário, passando pelas políticas internas de
conscientização pessoal por parte dos envolvidos no processo pessoal de implementação.

O envolvimento da economia colaborativa no cenário econômico é refletido


nas empresas por meio de um modelo fomentado pelo empoderamento de cidadãos
que participam e se envolvem em conjunto visando à confiança de outras pessoas que
estão ao seu redor. Dessa forma, é possível alcançar novas oportunidades que servirão
de alternativa para o sistema tradicional, que vai valorizar os intangíveis que surgirão,
como é o caso da diminuição de emissões ou ainda, as constantes conexões entre as
pessoas e a constante capacitação da criação, entre outras.

Não muito distante, esse é o futuro do empreendimento nacional, a solidariedade


entre as pessoas que irão gerar projetos compartilhados com recursos e ganhos que
ocorrerão com geração de benefícios em primeira mão. Por meio do fenômeno da
urbanização, considerado como uma revolução tecnológica no sentido de generalização
em nível global da concorrência capitalista, motivou-se um novo modelo de organização
empresarial. Desse modo, assim como para o trabalhador e o consumidor, que está
inserido em uma perspectiva na qual tudo funciona por meio de software, e que, em
muitas vezes, é de propriedade da empresa, haverá a intermediação entre pessoas que,
por um lado precisam de um determinado bem ou serviço, e por outro, pessoas que irão
fornecer esses bens ou serviços.

Não é o processo de urbanização que traz o processo relacionado à economia


digital, mas são as bases que estão na sua formação inicial, já existente há décadas
nas culturas de trabalhos, que nos tempos atuais se materializam. Como exemplo, esse
processo vinculado à economia colaborativa. É fundamental observar que o termo
urbanização não está vinculado ao grupo de pessoas que possuem características
urbanas em uma localidade, mas, nessa perspectiva, está relacionado às plataformas
digitais que utilizam o conceito da economia colaborativa.

Nesse sentido, uma empresa que está no ambiente virtual possui pouca
materialidade, mas, por outro lado, possui uma significativa notoriedade visual, por estar
em um ambiente tecnológico. Isso se justifica, por exemplo, ao se observar a marca da
empresa Uber, que, ao longo de um curto período de tempo, mostrou que seu modelo
estrutural está segmentado no dentro do mercado.

Sobre esses modelos de economia, “[…] não há dúvidas de que as empresas


plataforma vieram para ficar e a praticidade de obter um bem ou serviço com imediatidade
e menor custo incorporou esse modelo no dia a dia do consumidor” (FINCATO; VIDALETTI,
2021, p. 14).
51
O desenvolvimento econômico de uma empresa visa à promoção de seu
crescimento econômico. Nesse sentido é fundamental que esse crescimento seja de
envolvimento, entre outros fatores. Existe uma infinidade de teorias a respeito do que
qualifica uma sociedade desenvolvida. No campo da economia, o desenvolvimento
econômico se deve a resultados positivos das atividades econômicas desenvolvidas,
os quais podem gerar o desenvolvimento social como consequência direta, por outro
lado existem as que preveem que se deve ter responsabilidade somente na garantia dos
direitos fundamentais relacionados à propriedade.

É fundamental entender que, nos últimos anos, o mercado se formou como fruto
de um fenômeno globalizado. Nesse sentido, os mercados não estão sob o controle dos
Estados ou de países que possuem determinadas características. Porém, adentrar a essa
globalização é o mesmo que possuir as principais atividades produtivas que estão sendo
organizadas em escala global. Ser uma empresa globalizada significa estar diretamente
ligada a uma rede mundial de conexões que conecta diversos agentes econômicos.
Nessa dinâmica, a própria produtividade, e também a concorrência, respeitam a lógica
de interação de uma rede geograficamente globalizada.

É imprescindível, portanto, compreender que o mercado ultrapassa os limites


dos Estados e se internacionaliza. Isso faz com que exista um aumento na concorrência,
pois os mercados passam a disputar espaços e consumidores que superam os níveis
tradicionais. É nessa lógica que o mercado globalizado possibilita que os países mais
ricos produzam grande riqueza utilizando-se do meio capitalista. É possível perceber
que o mercado capitalista proporciona uma barreira com altos impostos cobrados em
produtos importados, enquanto na economia colaborativa é possível não adentrar nesse
cenário tradicional.

52
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Há enfoques relacionados com a economia colaborativa e as revoluções causadas


nos ambientes de trabalhos, visando a implementação da mudança de cultura.

• Os meios de trabalhos colaborativos são conhecidos como crowdsourcing on-line e


off-line e que são meios que se utilizam da colaboração e das plataformas digitais
para manterem seus relacionamentos.

• Os desafios encontrados para implementação da economia colaborativa nos


ambientes de trabalho evidenciam as principais mudanças relacionadas com a
legislação trabalhista e com as alterações das culturas organizacionais.

53
AUTOATIVIDADE
1 A motivação inicial de se trabalhar com a economia colaborativa vem pela busca de
otimização consciente da utilização dos bens e serviços que já foram produzidos
e que se encontravam de forma ociosa. Sobre esse pensamento relacionado às
relações de trabalho, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A visão individualista em relação à posse de um bem ou de um serviço deve


sofrer uma alteração cultural.
b) ( ) O compartilhamento é uma cultura e deve ser superado pelo pensamento
tradicional que busca a propriedade de um bem ou de um serviço.
c) ( ) O novo perfil da sociedade consumista não deve ser alterado por meio da
economia colaborativa.
d) ( ) Novas estruturas de negócio estão surgindo, mas estão se tornando cada vez
mais distantes da evolução tecnológica.

2 Inovação é a palavra-chave para qualquer empreendimento que queria se destacar,


principalmente quando está inserido no meio tecnológico em que a concorrência é
exponencialmente aumentada. Nesse sentido, é fundamental a busca de alternativas
que estabeleçam notoriedade para o empreendimento. Com base nas definições de
economia colaborativa, analise as afirmativas a seguir:

I- O impacto da economia colaborativa ocorre apenas no ambiente de trabalho, não


oferecendo mudanças relacionadas à vida dos trabalhadores.
II- O mercado globalizado possui vida própria, o que quer dizer que ele vai se
desenvolvendo conforme as regras do jogo de mercado se alterar.
III- As relações de trocas de serviços e de bens nacionais e internacionais é o que
mantém o mercado com sua estrutura tradicional.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa III está correta.

3 No comércio existem as relações comerciais que são, em sua grande maioria,


moedas de troca. Se por um lado existem as representações de um jogo de poder,
por outro lado, existem as relações que são traçadas verticalmente. De acordo com
os elementos da economia colaborativa, classifique V para as sentenças verdadeiras
e F para as falsas:

54
( ) A mão de obra, ou ainda, a corretagem da mão de obra, não é o principal elemento
coordenado pelos ambientes virtuais. 
( ) A barreira em relação à cultura dos funcionais não será ultrapassada com a
economia colaborativa.
( ) Talvez um dos pontos que podemos citar como negativo da economia colaborativa
esteja relacionado à sociedade precarizada.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) F - F - V.

4 Existe a combinação de termos em inglês que deram origem à palavra crowdsourcing,


e, no idioma nacional, o mais próximo que podemos chegar do sentido da palavra é
pluriterceirização. Dentro desse cenário, há duas modalidades de crowdsourcing, as
on-line e as off-line. Disserte sobre essa área voltada à economia colaborativa.

5 Para a implementação da cultura da economia colaborativa dentro das empresas


tradicionais, é fundamental que se tenha em mente que grandes desafios devem ser
enfrentados. Nesse sentido, alguns desafios podem ser encontrados e encarados por
empresas tradicionais. Nesse contexto, disserte sobre os dois principais desafios que
podemos encontrar.

55
56
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
NOVAS OPORTUNIDADES
DE NEGÓCIO E INOVAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, veremos quais são as novas oportunidades de negócios que a
economia colaborativa apresenta frente às necessidades de inovação. Veremos que a
inovação possui uma relação com a apresentação de algo novo, ou que, às vezes, já
pode até existir, mas é apresentado de uma outra forma, em outra perspectiva. Esse
é o caso da economia colaborativa que, embora pareça um conceito novo, já existe há
vários anos, porém, neste momento que estamos vivenciando, houve a oportunidade de
apresentar ou inovar esse conceito.

Dessa forma, aprenderemos que a inovação é uma habilidade que o indivíduo


pode desenvolver, não é um dom ou uma dádiva divina. Essa habilidade se dá na
transformação que uma pessoa faz de um bem ou de um serviço para apresentá-lo
visando todo seu potencial e riqueza de detalhes e recursos de uma forma diferenciada.

Embora a inovação seja fundamental para o empreendedor, somente o fato de


apresentar seu produto, bem ou serviço de forma inovadora não garante o sucesso do
empreendimento, mas, possuir a inovação, já é um grande passo em busca do futuro
promissor.

Junto com a inovação, apresentaremos o empreendedorismo na perspectiva


da economia colaborativa, isto é, veremos que o empreendedor que se arrisca a ter sua
estrutura na internet, pode buscar a ampliação de seus negócios focado na economia
colaborativa. Esse cenário de mercado on-line está em auge e visa a ampliação e a
movimentação de bilhões de reais.

Esperamos que você tenha se empolgado a descobrir um pouco sobre essa


perspectiva econômica que possui uma cultura diferente dos empreendimentos
tradicionais, que, ao contrário de focar suas visões nos conceitos de posse de um objeto,
altera-se para o compartilhamento colaborativo. Esperamos que tenha bons estudos e
que estas informações gerem muito conhecimento significativo.

57
2 CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO NO NOVO CENÁRIO DE
NEGÓCIOS
Entendemos como óbvio que nem sempre a inovação é a garantia do sucesso,
porém é absolutamente indiscutível que há corporações intensamente vivas para o
mercado, o aperfeiçoamento e o melhoramento com referência às regras dos jogos de
mercados. A inovação é o que torna o bem ou o serviço cada vez melhor, ainda mais na
busca por agregar valor à marca, o que proporciona destaque em relação à concorrência.

Sabemos que o termo “inovação”, deriva do latim innovare, que quer dizer
“renovar”, “mudar”. Na perspectiva da administração, economia e contabilidade,
esse termo tem o significado de uma ideia nova, ou de alguma coisa criada sem
necessariamente parecer com padrões anteriormente estabelecidos. No dicionário você
irá encontrar a definição do termo como “ato ou efeito de inovar” (INOVAÇÃO, 2022, s. p.).

O que podemos perceber é que existem diversos fatores e ferramentas que


procuram construir um caminho para inovar, mas há uma similaridade em todos os
processos burocratizados, para algumas pessoas é questão de inspiração divina, para
outras, a questão é de criatividade em um ponto específico.

Talentos individualistas e foco nos problemas não são e não fazem nenhuma
inovação, isso é fato. O que podemos perceber é que uma inovação leva a outra e esse
processo acaba por proporcionar várias melhorias contínuas.

É importante frisar que o ato de empreender tem relação com a capacidade de


inovação, ou seja, em um novo empreendimento, seja em um negócio já consolidado,
seja em algum empreendimento novo, a inovação cabe em qualquer departamento da
organização, até mesmo nos departamentos governamentais, ou em uma instituição de
ensino, ou em qualquer outro tipo de organização empresarial.

Podemos então perceber que a inovação é uma habilidade que o indivíduo tem
de transformar algo que já existe em um recurso novo que visa a busca por riqueza.
Desse modo, qualquer que seja a mudança no potencial do produtor de riqueza em
relação aos recursos que já existem gera, por consequência, a inovação.

Sabemos que é possível, portanto, definir inovação como conceitual e


perceptiva, ou seja, desenhada de forma dirigida, focada nas aplicações e nos exercícios
constantes de percepção de valores usados para moldar as ideias inovadoras durante
todo seu processo de incubação. Empresas inovadoras vão ao mercado perceber e ouvir
o que pessoas, clientes e consumidores têm a dizer sobre produtos existentes, bem
como sobre suas reais necessidades.

58
Vale ressaltar que, em uma dimensão ainda mais abrangente, podemos dizer
que as inovações, além de estarem associadas a desenvolvimento de novos produtos,
podem estar associadas a criação e melhoria de processos, relacionamentos com
clientes, serviços agregados, sistemas de crédito ou cobrança e relacionamentos com
a comunidade. Concluímos, dessa forma, que é sempre necessário ter um pensamento
inovador e um espírito empreendedor.

Quando pensamos em produtos, devemos ter em mente que inovação é o fator


chave em termos de diferencial competitivo. Hoje, grandes empresas, para manterem
seus produtos e serviços no mercado, adotam a inovação como estratégia da área de
produto. Dessa forma, a inovação assume um papel extremante importante no sentido
de gerar novidades que resultem em produtos, processos e serviços, com maior valor
agregado e que sejam inovadores.

Vale ressaltar que, quando se inicia um processo de inovação dentro de uma


organização, devemos prever os impactos que serão causados. Toda mudança de processo
é geradora de dificuldades e desafios, porém, com o tempo, as melhorias alcançadas
podem neutralizar esses impactos no desenvolvimento dos projetos. Quando falamos de
inovação de produtos e processos, não podemos ignorar as diferenças que existem entre
ambos, pois tais diferenças são significativas. Confira!

IMPORTANTE
Quando falamos em inovação de produtos, estamos nos referindo às suas
características tangíveis ou intangíveis. A inovação irá criar uma “diferença” notável
do produto em relação aos demais, de forma que seu valor mude, atingindo o
interesse do cliente. A inovação pode acontecer ao longo da vida de um produto
de forma progressiva ou complementar. As mudanças, no entanto, devem ser
significantes. Entenda que a simples troca de cor, textura ou estilo não pode ser
considerada inovação, pois são necessárias alterações de maior valor.

Com o avanço tecnológico dos países mais desenvolvidos, há um aumento


significativo no número de pessoas que mantêm a condição de usuário da internet.
Esse fato, associado ao fato da diminuição das taxas de analfabetismo, corrobora para
um novo cenário de consumidores que utilizam os ambientes virtuais e que visam aos
preços facilitados, aumentando a variedade nas alternativas de consumo e diminuindo
as distâncias geográficas, o que pode permitir um aumento considerável da utilização
de plataformas virtuais para manter um empreendimento.

Como exemplo, imagine um aparelho de DVD que, no início, somente fazia leitura
de DVD e CD. Depois de passar pela inovação, adquiriu novas funcionalidades como ler
Blu-ray e Blu-ray 3D. Podemos notar que não foram apenas as características básicas
que mudaram, as novas funcionalidades trazem maior valor agregado ao produto.

59
IMPORTANTE
Quando falamos em inovação de processos, estamos nos referindo ao
processo que traz algum tipo de tecnologia inédita ou que sofreu modificações
consideráveis, tal ponto engloba também novos ou aprimorados métodos
para o processo logístico (como o produto vai acondicionado? E como garantir
a sua preservação?). Assim como na inovação de produtos, as mudanças
pequenas (ou alterações burocráticas simplesmente ligadas à organização)
não podem ser consideradas inovação.

Podemos visualizar um excelente exemplo nas linhas de produção. Em um


passado não muito distante, empresas que agora operam com linhas de produção,
tinham milhares de funcionários trabalhando diretamente na montagem de seus
produtos. Com o passar do tempo, essas empresas evoluíram e o trabalho manual foi
em parte substituído por máquinas modernas, fato que só foi possível com o avanço
da tecnologia. Atualmente, estão surgindo também os robôs, os quais podem substituir
grande parte dos operários. Com a automatização das etapas de produção, sabemos
que o processo ficou mais rápido, econômico e produtivo.

3 EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA COLABORATIVA


A ideia de inovar tem feito com que o homem contemporâneo esteja sempre
procurando inovar nos próprios negócios. O trabalho formal tem dado lugar a novas
formas de ocupação. Para que você tenha uma ideia, no Brasil já são cinco milhões de
microempreendedores individuais (modalidade na qual o contribuinte paga tributos de
forma avulsa e tem direito a emitir nota fiscal, como empresa).

O país finalmente tem dado a devida importância ao


empreendedorismo. Programas de apoio, cursos especializados,
entidades de classe, ONGs, associações, eventos, seminários,
publicações etc. têm surgido para amparar de forma mais bem
planejada as iniciativas empreendedoras (DORNELAS, 2005, p. 9).

Dessa forma, podemos perceber que o empreendedor não precisa,


necessariamente, ser milionário ou dono de uma empresa que tenha uma grande fatia
de mercado. Empreender, na verdade, significa observar uma oportunidade de negócio,
uma maneira de fazer algo diferente ou algo que já exista a um preço competitivo. No
entanto, para que isso aconteça, é necessário todo um planejamento estratégico aliado
a muito trabalho e perseverança. “Um negócio bem planejado terá mais chances de
sucesso que aquele sem planejamento, na mesma igualdade de condições” (DORNELAS,
2005, p. 93).

60
Assim, o mercado precisa de pessoas que sonham e que se arriscam, que
são criativas e invistam em novas ideias. Há uma demanda crescente para gente que
impulsiona a economia e os hábitos de consumo cada vez mais.

Como podemos perceber, até agora estudamos os assuntos relacionados


à criatividade e à inovação e suas relações com as pessoas, para que assim fosse
possível alcançarmos resultados satisfatórios. Nesse sentido, é evidente que qualquer
investimento feito para o desenvolvimento de um ambiente organizacional é fundamental
para que se possa proporcionar o surgimento de novas ideias. Caro acadêmico, você
consegue observar como são trabalhados os conceitos relacionados à criatividade e à
inovação dentro dos ambientes organizacionais?

Para iniciarmos essa reflexão, é fundamental que tenhamos bem definido e


conceituado o que é clima organizacional. Segundo Ekvall (1996), clima organizacional
pode ser definido como a interação que existe entre a empresa e seus colaboradores,
gerando dessa forma os sentimentos, as atitudes e o comportamento que integra o clima
dentro de uma organização. Já Chiavenato (1982, p. 400) nos traz clima organizacional
como a “[…] qualidade ou propriedade do ambiente organizacional que é percebida ou
experimentada pelos membros da organização e influencia no seu comportamento”.

O empreendedorismo e a economia colaborativa, nesse cenário, estão tomando


grandes proporções devido ao crescimento exponencial da população que possui
acesso à internet, o que proporciona o comércio eletrônico. É possível observar que em
todas as modalidades, mas em especial às formas tradicionais, aquele empreendimento
que procura oferecer seus produtos ou seus serviços pela internet, tem crescido nos
últimos anos.

A situação que antes era quase inacessível ou mesmo aquilo que de se


desconhecia a existência, está em um novo cenário de descobrimentos. Aliado a esse
fator, existe o crescente nível de confiança subjetiva em cada transação da internet.

Voltado à perspectiva da economia colaborativa, temos que a relação


mantida com esse cenário é uma espécie de comércio eletrônico, a expectativa é a
movimentação de bilhões de reais, o que vem a se tornar um salto significativo em
relação às movimentações anteriores. Podemos observar que a sociedade que acredita
nas diretrizes de uma sociedade capitalista possui o pensamento predominante de que
sua vida poderia ser conduzida segundo um sonho comum da sociedade americana. O
sonho de que cada pessoa, ao atingir determinada idade, conquiste um emprego formal
e consiga estabelecer um ganho salarial significativo que seja compatível com o poder
de compra de bens que são necessários ou que estão precisando, no momento, dessa
forma, tudo que fosse desejável estaria ao alcance do poder de compra desse indivíduo.

61
Em oposição, há a tese de que o pensamento capitalista está apoiado na crença
errônea de que essa economia se sustenta no crescimento contínuo e não leva em
consideração que os recursos se tornarão escassos visto que existe a capacidade
destrutiva causada pelo consumo constante.

De fato, o sistema capitalista está centralizado nos conceitos de oferta de


produtos e serviços, sendo este um dos pilares que sustenta toda a tese em questão.
Esse conceito possui relação com o estímulo da sociedade consumidora, uma vez
que esse fato é fundamental neste processo. No entanto, podemos analisar que as
estratégias adotadas pelos marketings e pelas publicidades estão cada vez mais
sofisticadas e agressivas, evidenciando que as empresas adotam esse processo para
forçar a necessidade crescente de consumo em relação à vida cotidiana.

Entretanto, estes processos de inovações, em geral, possuem seus estímulos,


principalmente voltado pelo Estados, pois são apresentados sempre novos produtos ou
serviços dos quais é possível que ninguém tivesse feito uso até o momento.

Qualquer que seja o processo utilizado, a bem da verdade, é que havia limitações
naturais relacionadas às questões de alto custo de investimento em publicidade, fator
impeditivo do crescimento das empresas em relação à existência de seus produtos, ou
relacionadas a distâncias territoriais e aos fretes que, em muitos casos, são proibitivos
para o acesso.

Com o avanço tecnológico e a expansão do acesso à internet, houve o aparecimento


do comércio eletrônico e, por consequência, ocorreu a extinção da questão da distância
geográfica, facilitando o contato direto e gratuito entre consumidores e empresas ou
empreendedores que estavam localizando em outros territórios, além de ser possível o
oferecimento de serviços ou de produtos que poderão ser consumidos 24 horas por dia,
com acesso fácil, rápido e com alto nível de informação. Essas características acabaram
por mudar a forma de marketing e de publicidade que expandiram o acesso da sociedade
consumidora a esses bens antes considerados inatingíveis.

62
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A importância da inovação pode ser verificada frente ao mercado on-line e


sua capacidade de proporcionar um futuro promissor frente às mudanças de
comportamento da sociedade consumidora.

• Há uma relação entre a inovação e a capacidade das empresas em ouvir seus


clientes e consumidores, entender a real necessidade que eles buscam e oferecer
os bens e serviços de uma forma nova e atraente.

• O impacto do crescimento das tecnologias, principalmente com o avanço da


internet, tem provocado um cenário que proporciona grandes sucessos econômicos
em ambientes virtuais, aumentando as alternativas de consumo e reduzindo a
distância geográfica.

• O pilar do capitalismo leva em consideração dois fatores extremamente fundamentais,


por um lado o estímulo à busca por uma propriedade de um bem ou consumo e, por
outro lado, as estratégias de marketing e publicidade cada vez mais agressivas.

63
AUTOATIVIDADE
1 Sabemos que, em um empreendimento bem-sucedido, não existe uma receita pronta
e acabada que levou ao sucesso, porém, é possível sempre observar que a inovação
está presente nesses empreendimentos bem-sucedidos. Sobre o termo “inovação”,
assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Inovar, na perspectiva econômica, tem significado de ideia nova ou coisas sem


padrões anteriormente estabelecidos.
b) ( ) O termo inovar vem de criar o novo, que não existe ou que ainda não há no
mercado para ser consumido.
c) ( ) Para a administração, economia e ciências contábeis, inovar refere-se ao ato de
fazer algo novo, recomeçar do zero.
d) ( ) Inovação vem da ideia de recriar algo que já existe só que de uma forma mais
aperfeiçoada, com alguma opção que não existia antes.

2 Inovação parece ser uma característica já traçada de um indivíduo; a princípio, pode


até parecer que algumas pessoas já nascem com perfis inovadores, porém, a verdade
é que inovação é uma habilidade natural do ser humano que precisa ser trabalhada e
aperfeiçoada. Com base no texto, analise as afirmativas a seguir:

I- Uma pessoa inovadora é aquela que enxerga um bem ou um serviço com novas
características, ressaltando o que há de melhor e vestindo uma nova roupagem.
II- A inovação é um conceito muito abrangente que deve ter seu foco em todas as
áreas do conhecimento, principalmente para a criação de novos bens ou serviços.
III- A inovação está associada à criação de produtos ou serviços que já existem voltados
para a melhoria do processo.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa III está correta.

3 Podemos perceber que existem dois tipos de inovação presentes nos produtos e
nos processos de uma empresa e existem diferença entre ambos que devem ser
consideradas. Nesse sentido, não se pode ignorar as diferenças. Diante desse
contexto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

64
( ) Inovação de produtos refere-se às características de bens tangíveis e intangíveis,
nas quais há uma significativa diferença nos produtos ou no serviço para atingir o
interesse do cliente. 
( ) Em relação ao produto, podemos simplesmente fazer a troca de cor, textura ou
estilo do produto que basta para que ele se torne um produto inovador.
( ) Inovação de processo está na perspectiva de fazer algum tipo de tecnologia
inédita ou com significativas modificações que englobam novos aprimoramentos
metodológicos.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) F - F - V.

4 Dentro de um empreendimento existem estruturas que visam focar suas atenções nos
produtos, mas também existem aqueles departamentos gerenciais que estão focados
no processo e são desenvolvidos operacionalmente. Em ambos os departamentos
está a importância de se inovar, e, para isso, há duas características singulares
de inovação, a de produto e a de processo. Disserte sobre essa característica de
inovação de produtos e de inovação de processos.

5 Empreendedorismo, juntamente com a economia colaborativa, tem suas relações


estreitas e bem definidas quando é possível observar a necessidade que motiva alguém
a buscar um produto, um bom serviço, a fazer uma boa compra. Disserte sobre um dos
pilares do capitalismo centralizado na oferta de produtos ou de serviços.

65
66
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
A EXPERIÊNCIA DO USUÁRIO E
A IMPLANTAÇÃO DA ECONOMIA
COLABORATIVA NO BRASIL

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, iremos discutir as experiências do usuário na implantação da
economia colaborativa dentro das empresas. Abordaremos como funciona a manutenção
da economia colaborativa organizacional e, para isso, iremos falar dos novos modelos de
empreendimento que estão surgindo, como utilizam-se da internet para manter-se no
mercado e como fazem para inovar seus bens e serviços.

Citaremos dois casos específicos de empreendimentos que estão se tornando


cada vez mais fortes: no ramo de transporte citaremos a Uber, que está revolucionando
o mercado tecnológico e, no ramo da hotelaria, abordaremos a Airbnb. Seja como for,
são casos que devem ser utilizados de exemplos de empresas que utilizam a economia
colaborativa para gerar maiores faturamentos.

Apresentaremos algumas opções de ações que estão sendo utilizadas em


empreendimentos na busca de implementar à economia colaborativa, dentre eles,
falaremos da opção de revenda dos próprios produtos por clientes que não o estão
utilizando mais, motivação de revendedores de seu próprio produto, o aproveitamento
de recursos que ainda não foram utilizados, complemento da oferta com o oferecimento
de manutenção e consertos e a utilização de plataformas virtuais que conecte os
produtos e serviços com seus clientes.

Inserir a economia colaborativa em ambientes organizacionais demanda uma


alteração cultural dentro da empresa, a qual deve ser fruto de um trabalho conjunto entre
líderes e colaboradores, que devem manter sempre alinhados os objetivos centrais e
individuais: centrais na perspectiva de olhar para o futuro da empresa, a fim de alcançar
suas metas; e individuais no sentido de valorizar as opiniões dos colaboradores, levando
em consideração cada indivíduo.

Ainda neste tópico, abordaremos, também, as operacionalizações da cultura


colaborativa dentro das empresas, e, nesse sentido, veremos como são os impactos da
implantação da economia colaborativa dentro das empresas tradicionais, mostrando os
benefícios e os desafios encontrados para essa mudança cultural.

67
Também evidenciaremos o surgimento da economia colaborativa no cenário
brasileiro, embora esse assunto nos pareça ser novo, meios colaborativos de trabalhos
já são explorados com certos períodos constantes. Mesmo que a economia colaborativa
esteja ganhando espaço considerável no Brasil, a ideia de se ter uma empresa tradicional
é muito forte e a sociedade ainda se mantém na cultura da posse de um bem ou de um
serviço, ao invés do compartilhamento.

Abordaremos as estruturas da economia colaborativa e o seu surgimento no


Brasil, passando a evidenciar a alteração e a ruptura do pensamento predominante dos
capitalismos e as possibilidades que a economia colaborativa apresenta. E faremos
uma contextualização breve do cenário nacional antes da crise mundial causada pela
pandemia no novo coronavírus, nesse sentido, apresentaremos as possibilidades
trazidas pela pandemia para favorecer os aspectos ligados à covid-19.

A busca por melhorar o resultado da empresa é o primeiro ponto de vantagem


para a implantação da economia colaborativa; bem-estar da empresa e do funcionário,
colaboração mútua de cada um que faz parte da equipe, gestão democrática,
engajamento social e conscientização de todos são características das empresas que
implementam essa cultura. Esperamos que você goste deste conteúdo, aproveite as
informações que estão sendo fornecidas e as transforme em conhecimento significativo.
Bons estudos!

2 MANUTENÇÃO DA ECONOMIA COLABORATIVA


ORGANIZACIONAL
O mercado comercial está se tornando cada vez mais complexo e mais mutante,
exigindo das pessoas e dos novos empreendedores o desenvolvimento de produtos e
serviços cada vez mais inovadores com o objetivo de se manterem no mercado de forma
competitiva. A articulação e a colaboração de parcerias entre os empreendimentos
estão tomando rumo ao desenvolvimento de novos negócios, de novos produtos e de
novos serviços em uma cadeia produtiva.

Novos modelos de negócios estão surgindo a partir desse cenário que está
traçado, muitas vezes sendo suportados por ideias, propostas, produtos ou serviços
que estão fazendo uma ruptura proporcionada pelas tecnologias de comunicação
e informação e pelo acesso compartilhado oferecido pela internet. Os novos
empreendedores aproveitam-se da internet para oferecer produtos e serviços que serão
entregues por meio das plataformas virtuais, muitas vezes podendo ser acessados por
meio de dispositivos móveis. Esse acesso é um meio mais rápido e fácil para se utilizar
esses novos modelos de negócios relacionados a diferentes formas de manter as
relações econômicas e sociais, e isso faz com que se torne consequência de um novo
tipo de engajamento social e econômico, em que o ser humano está centralizado e
apoiando as demais redes de colaboração e compartilhamento.

68
A força dessas razões e modelos está embarcada nas estratégias de
melhoria e inovação dessas empresas, negócios, produtos e serviços,
que se aprimoram, transformam e tornam modelos superados e/
ou estagnados mais acessíveis e transparentes. Esses negócios se
encontravam estagnados ou cristalizados, devido a fatores como
legislação superada pelo movimento do consumo ou mudanças das
gerações de consumo, pelas altas barreiras de entrada, nas quais,
geralmente, os serviços públicos e privados são falhos ou ineficientes
e de alto custo (SILVEIRA, 2017, p. 144).

Seja como for, algumas redes estão se tornando muito conhecidas e utilizadas,
como é o caso da Uber e da Airbnb. A revolução da Uber está nos meios de transportes
individuais que se utilizam da plataforma para obter um serviço de maior qualidade e
confiança, e nas redes de hotelaria e hospedagem, a nível mundial, que estão sendo
revolucionadas pela Airbnb. Outros serviços também podem ser citados aqui como Easy
taxi, 99 taxi, Truckpad e o Zipcar.

Outros empreendimentos ainda estão compartilhando, rentabilizando e


destravando os valores de bens e dos produtos e recursos que estão sendo menos
utilizados, como oportunidades de estacionamentos, ferramentas, espaços, bicicletas
e até o tempo.

É possível observar que uma série de relações estão sendo levantadas a partir
da economia colaborativa, como a expressão que está em baseada nas estratégias
inovadoras das empresas, que estão alterando o mercado e criando um novo movimento.
Tais mudanças estão seguindo os agentes envolvidos com a criação e a escolha, a
adaptação e a consequência de se utilizar essas formas de compartilhamento em nosso
cotidiano.

Antes a sociedade consumidora tinha a cultura de comprar e manter a


propriedade de um bem ou de um serviço, o que está se alterando cada vez mais, a cultura
dos consumidores agora é pagar por algo que vão usar temporariamente e aceitam que
isso seja de forma colaborativa e compartilhada. O potencial está justamente nas redes
sociais que permitem as relações exponenciais entre seus usuários dispostos a dividir
seus bens.

É nesse sentido que os novos empreendimentos devem mudar sua cultura para
promover a venda do uso do produto e não propriamente o seu produto. Isso porque
essa forma de vender o uso pode trazer novas fontes de faturamento.

Nesse cenário, a ideia da compra do produto acaba por desaparecer. Um


exemplo dessa nova cultura está relacionado à possibilidade de se oferecer um aluguel
de equipamentos e juntamente oferecer um serviço de manutenção para os clientes que
se utilizam de certos equipamentos e, com isso, pagar um leasing por essa utilização.

69
Além disso, é fundamental que esses empreendimentos consigam motivar e
apoiar os revendedores. Uma das formas pelas quais é possível fazer essa motivação
é oferecer a oportunidade de revender um produto comprado na loja, que não estiver
utilizando mais em uma plataforma virtual da própria loja. A princípio, parece uma
proposta desafiadora e de muito risco, pois, pode acontecer de a empresa parar de
vender seus produtos e os clientes começarem a adquirir apenas os produtos que estão
sendo revendidos por pessoas que não os utiliza mais.

Porém, colocar a oferta com preços compatíveis com os praticados nesse


empreendimento é fator principal para que o cliente busque alternativas diferenciadas
de adquirir um produto novo ou de adquirir um usado, além de oferecer produtos da
mesma loja o que acaba por criar um espaço de novos em todas as casas com produtos
da loja.

Outra opção atraente é a oportunidade de aproveitar os recursos que ainda não


foram utilizados, ou seja, a oportunidade de aumentar o faturamento vem da ideia de as
empresas compartilharem os ativos. Essa opção é estrategicamente promissora, uma
vez que alguns ativos são mais difíceis de serem adquiridos por qualquer pessoa. Por
exemplo, o uso colaborativo de maquinário agrícola, que possui capacidade altamente
possível para florestas e fazendas, fazendo, assim, o uso em diversos espaços.

Dentro dessa perspectiva é fundamental também o oferecimento de consertos


e de manutenções, ou seja, novos empreendimentos fazem uso da expertise de trazer
soluções de manutenção ou de conserto a seus consumidores alugando esse talento.
Dessa forma, quanto maior o número de pessoas que necessitarem de uma manutenção
ou de reparos eventuais maiores são os faturamentos de quem os exerce.

O alinhamento para oferecer uma plataforma que conecte produtos e serviços é


um dos caminhos para se gerar mais faturamento no campo da economia colaborativa.
Isso porque é possível perceber um evento, por exemplo, de troca de roupas de grife,
que é a tendência da alta sociedade. Nesse sentido, além de oferecer uma plataforma
que ofereça a possibilidade do compartilhamento do vestuário de grife, aliá-lo a uma
maquiagem que levará sua própria marca poderá deixar seu empreendimento mais
atraente e aumentar o faturamento.

Desenvolver ou adaptar um empreendimento a essa nova estrutura é um dos


modelos mais procurados na nova economia colaborativa, isso porque é fundamental
que as empresas criem modelos que vão se complementando de forma cada vez mais
nova.

70
3 OPERACIONALIZAÇÃO DA CULTURA COLABORATIVA
DENTRO DAS EMPRESAS
Sem dúvidas, a cultura de um modelo de empreendimento que leva a economia
colaborativa, deve valorizar a gestão de pessoas que objetivam, de forma coletiva, a
participação de todos os profissionais de forma conjunta, visando sempre a tomada
de decisões baseada na decisão em conjunto em prol de atingir bons resultados. Não
é fato que uma equipe profissional formada por pessoas confiantes pode alavancar o
crescimento e o desenvolvimento de uma empresa?

O investimento da empresa na cultura colaborativa pode resultar em pessoas


colaborando mais, trocando ideias e aperfeiçoando seus processos sem ter medo de
críticas ou de julgamentos de outras pessoas de dentro da equipe.

Proporcionar abertura aos colaboradores é um dos principais meios de promover


o desenvolvimento dessa cultura colaborativa.

Muitos benefícios são agregados quando implantamos esse meio gerencial


em empreendimentos ou em empresas que já estão em funcionamento. Além desses
benefícios, podemos citar, também, benefícios individuais para os colaboradores como
o aumento da autoconfiança e o desenvolvimento de equipes com alta performance.

Assim como a ideia de colaboração mútua de bens e serviços está em alta,


dentro dos ambientes de trabalho é possível gerenciar uma equipe, independentemente
do tipo de divisão estrutural que ocorrer dentro da empresa, ao compartilhamento de
pensamentos, opiniões, tarefas ou qualquer outro tipo de ajuda, isto é, a tendência agora
é que as pessoas tomem conhecimento e consciência de que existe a necessidade de
ajuda mútua, além de saber qual é a importância da colaboração de todos em uma
empresa.

O pensamento predominante é que a mentalidade inovadora é fertilizada quando


fazemos algo em conjunto e que sai melhor do que aquelas tarefas que fazemos sozinho
e é nesse sentido que a cultura colaborativa ganha força e é motivada com a valorização
da participação de todos os colaboradores nos processos realizados pela empresa.

Alguns desafios devem ser superados para alcançar a cultura da colaboração,


isso porque julgamentos, deboches ou críticas devem ser rejeitados nas empresas
para que se estimule as equipes de trabalhos a atuar em conjunto e todos os
sujeitos que integram essa equipe devem estar à vontade para propor novas ideias,
concomitantemente devem estar abertos também a ideias que vêm de outras pessoas
e, assim, em conjunto, decidirem o que é melhor para a equipe como um todo.

71
A gestão colaborativa é feita de forma horizontal e depende muito da forma
com que a liderança conduz as atividades, esta liderança deve ser democrática e os
líderes devem estimularem as equipes para participarem de ações, principalmente
quando incluem estratégias relevantes para a organização, por sua vez, é fundamental
que os colaboradores entendam que as cobranças venham com objetivo de melhorar
ou de alcançar os resultados que a empresa busca.

Embora sejam apresentados inúmeros benefícios por proporcionar o trabalho


colaborativo dentro das empresas, benefícios tanto para a empresa quanto para os
colaboradores, nem sempre é uma tarefa fácil ou uma tarefa que depende da liderança.
O grande fator de dificuldade é o desconhecimento ou o fato de não acreditar no
potencial de efetividade que as vantagens do trabalho colaborativo podem proporcionar
a uma equipe que possui engajamento visando a resultados promissores.

Quando é alcançado o engajamento da equipe e a conscientização da


necessidade de se trabalhar com os conceitos da economia colaborativa, alguns
benefícios são alcançados como consequência desses atos, como a revisão e a
inovação de processos. Isso porque a opinião de diferentes colaboradores proporciona
a revisão de conceitos e de padrões que a empresa adota e que pode mudar a cultura
organizacional.

Por exemplo, se um processo que a empresa desenvolve sempre foi feito


seguindo um padrão, e um funcionário novo teve a ideia de inovar algum pedaço desse
processo, possivelmente é melhor avaliar em conjunto esta nova ideia para melhorar
o processo como um todo, e se, de comum acordo, os colaboradores aprovarem esta
ideia, por que não a implantar?

Qual colaborador que não gosta de ser valorizado, ou mesmo de ser ouvido?
Qualquer pessoa quer ser ouvida com atenção, principalmente no ambiente profissional.
Quando um colaborador sente que está fazendo parte da equipe, que está sendo ouvido
e está sendo valorizado, se sente muito melhor para trabalhar e, consequentemente, ele
se desenvolve melhor. Estratégias como são fundamentais para manter os talentos que
a empresa possui dentro da própria empresa.

Em geral, os colaboradores que se sentem à vontade para expressar suas


opiniões possuem sua autoestima elevada, ao mesmo tempo, começam a ganhar
mais confiança para expressar seu potencial dentro da empresa. Dessa forma, esses
colaboradores começam a ganhar novos patamares e assim buscam cada vez mais
melhorar seus processos, consequentemente, começarão a se tornar líderes capazes
de motivar novas equipes dentro da empresa.

Consequentemente, a busca em conjunto por melhorias nos processos da


empresa e na visão conjunta dos objetivos da empresa em alcançar metas poderá
proporcionar mais produtividade; uma equipe bem engajada e bem-motivada produz

72
cada vez mais. Vejamos que uma equipe colaborativa tem seu verdadeiro papel dentro
da empresa e sabe que o trabalho de cada um é fundamental para ele e para o outro
colaborador, é como se fosse uma peça-chave no grupo e que, se uma peça não
funcionar, comprometerá o sucesso de toda a equipe. Não somente nessa parte, o
espírito de colaboração mútua ajuda na agilidade e no desenvolvimento de atividades
de forma rápida e segura.

O clima organizacional é melhorado com a participação de todos, a cultura de


colaboração deixa os trabalhadores mais à vontade e confiantes, fator este que acaba
proporcionando a liberação de expressões que o colaborador realmente pertence à
empresa. Com isso, o clima da empresa acaba por se tornar mais saudável, porque os
colaboradores devem estar mais satisfeitos com seus serviços.

4 COMO SURGIU A ECONOMIA COLABORATIVA NO BRASIL


No Brasil, a economia colaborativa se tornou uma novidade, porém com o
acesso à informação essa tendência está se alastrando para horizontes cada vez mais
distantes. Segundo Silva (2019), em 2004, em uma reunião ministerial nas Nações Unidas
houve um debate sobre o assunto relacionado ao comércio e ao desenvolvimento. E
nesse cenário, a economia colaborativa surgiu como uma tendência de mercado porque
ela se diferencia da economia tradicional por promover a utilização de um bem ou de
um serviço ao contrário de sua posse. Além disso, novos aspectos relacionados à
gestão do conhecimento, de boas práticas e das parametrizações das informações são
acrescentados a essa nova estrutura, são meios que se tornam estáveis frente às crises.

O principal objetivo está na fonte de conexões em rede e, no Brasil, as conexões


em redes sociais são significativamente utilizadas, deixando o mercado comercial
propício para a economia colaborativa, além de gerar maior conectividade e o fácil
acesso à internet.

Em geral, os proprietários de bens ou de serviços não estão interessados em


repassar a posse desses produtos, mas sim em alcançar o consumo compartilhado,
trocas de experiências e a melhor utilização que esses bens ou serviços podem
ocasionar. Esse novo valor agregado à conscientização do consumo equilibrado tem
levado um desafio fundamental à lógica capitalista, pois, no capitalismo, a cultura que
se mantém é a do acúmulo de bens, já na economia colaborativa, o acesso ao consumo
é mais importante do que a posse do produto, alterando até as ordens de fornecedor e
consumidor que existem no capitalismo.

Na economia colaborativa, qualquer um pode ser fornecedor e consumidor


ao mesmo tempo, fator este que demanda mais autonomia financeira e acaba por
desencadear o fluxo entre clientes e empresa.

73
Então as empresas que surgem nesse novo tipo de mercado devem
se adaptar a nova forma de negócios e de consumo. A economia
colaborativa ganhou força em 2008 em meio à crise econômica
mundial, dessa forma, os consumidores buscavam manter certo
nível de consumo em meio à crise econômica aproveitando apenas
a capacidade já existente na economia. Como o termo sugere
é a economia colaborativa, ou seja, do compartilhamento, da
aproximação e da troca de experiências (SILVA, 2019, p. 14).

Nesse cenário as inovações tecnológicas têm proporcionado o crescimento


significativo da economia colaborativa no Brasil, a internet é o principal meio que
permite aos usuários brasileiros se conectarem com várias pessoas utilizando as redes
sociais, fator este que acaba proporcionando a melhoria na comunicação e a facilidade
ao acesso de informações. Esse diferencial tem contribuído para o bem-estar social no
Brasil e no mundo.

Pessoas que possuem empregos formalmente estabelecidos, com suas carteiras


de trabalhos assinadas e que, de alguma forma, viram-se obrigadas a abrir seus próprios
negócios, seja por conta de demissões ou seja por conta de novas oportunidades, em
muitos casos conseguiram trilhar os caminhos do empreendedorismo colaborativo.

O perfil do empreendedor brasileiro teve como fator comum a relevância de


possuírem o mercado nacional, a utilização das tecnologias, que era um diferencial e
agora se tornou praticamente obrigatória para sobrevivência de seus negócios. Pois
começar a empreender com plataformas digitais foi necessário, as redes sociais viraram
uma vitrine virtual para lojas on-line, outros meios de comunicações em massa, como
é o caso do WhatsApp, viralizaram por sua comodidade, pelo seu atendimento on-line e
instantâneo e pela sua praticidade.

Dominar as melhores ferramentas e estratégias para os negócios é uma


das principais barreiras a serem vencidas por quem está começando a empreender.
Contudo, ainda que o conhecimento técnico seja um grande desafio e a atual crise
não permita gastos excessivos, muitas empresas estão interessadas em se desenvolver
cada vez mais.

5 OPORTUNIDADES DE ECONOMIA CRIATIVA NO CENÁRIO


BRASILEIRO PÓS-COVID-19
Para contextualizar brevemente o cenário em que o Brasil se encontrava um
pouco antes do início da pandemia da covid-19, ou seja, logo início de 2020, existiam
boas perspectivas econômicas.

A projeção era, logo no primeiro trimestre, angariar ótimos resultados com a


produção interna, porém, com a chegada da pandemia, logo no final do mês de fevereiro
de 2020, quase todos os setores sofreram uma parada quase por completo.

74
Essa parada comprometeu toda a estrutura e praticamente acabou com a
projeção que era estimada para todas as partes. Uma grande questão tomou conta da
nação brasileira, salvar vidas ou salvar a economia? Embora seja um questionamento um
pouco ousado, ambos estão relacionados, não há como viver em um país sem economia,
o caos é iminente, por outro lado, há necessidade constante de parar a circulação de um
vírus altamente mortal.

No enfrentamento da covid-19, não há como se discutir a necessidade do


isolamento social, com as pessoas dentro de casa a circulação do vírus torna-se baixa,
porém, por outro lado, acaba por se tornar altamente limitada a exploração das forças de
trabalhos, o que, por si só, rompe com o pilar central da economia nacional.

Nesse contexto, a discussão política sobre o assunto preponderou durante


todo o período da pandemia até os dias atuais. Há grupos políticos que afirmam que a
atuação da gestão governamental deveria se importar mais com as vidas em razão da
economia e há pessoas que defendem que sem economia não há como ter o mínimo de
condições para sobreviver.

Houve ações necessárias para conter a proliferação do vírus e uma delas, o


distanciamento social, acabou por comprometer as possibilidades de negócios em nível
local, regional, municipal, nacional e internacional. Atividades que são consideradas não
essenciais tiveram suas operações comerciais canceladas por um período indeterminado
o que acabou por afetar a economia nacional como um todo.

As atividades econômicas que necessitavam de espaço físico, para as quais


muitas vezes havia contato físico entre pessoas, deixaram de funcionar e foram
as que mais sofreram com a pandemia da covid-19, realização de shows, eventos,
apresentações culturais, gastronomia e muitos outros setores necessitaram procurar
novas formas virtuais para continuar suas atividades. E nesse cenário de caos, novas
oportunidades apareceram, o que foi muito explorado pelos artistas, principalmente os
que se utilizam da música para sobreviver, sendo possível manter suas operações por
meio de plataformas virtuais que fizessem transmissões ao vivo pela internet.

A adaptação ao novo teve que surgir de forma rápida e muitas vezes


desorganizada. Comércios tiveram que se adaptar ao sistema drive tru, para não haver
contato físico e manter as atividades, houve estabelecimentos que não sobreviveram e
tiveram que fechar.

Aqueles em que já havia uma tendência à evolução tecnológica sofreram menos


do que aqueles que não as utilizavam. A bem da verdade, os tempos de pandemia
serviram para mostrar à nação a grande necessidade de adaptação.

75
O setor da educação também teve que migrar para aulas remotas, utilizando
todas as alternativas possíveis para manter as aulas e o ensino durante todo o ano.
Voltando para a economia, houve um aumento significativo de operações on-line e
crescimento de alguns setores, como as empresas do ramo de games e locações de
filmes on-line.

Podemos citar aqui a evolução de outros meios de comunicação que se


adaptaram para atender a demanda, que é o caso do Google Meet, que, além de
chamadas de vídeo ao longo do período de pandemia, começou a disponibilizar
gravações de suas reuniões, oferecer aplicativos de chamadas para os casos de ensino
remoto, lousa digital, e possibilidades de agendamento de reuniões que se tornaram
constante nas organizações.

Essas plataformas ofereceram serviços gratuitos e esses foram os meios que


ligavam, de um lado, o aluno que estava querendo aprender e, do outro, o professor
que queria ensinar, tornando-se um ótimo exemplo de economia colaborativa. Como o
serviço é gratuito, houve, em contrapartida, a divulgação do nome empresarial Google,
já de grande notoriedade na internet, porém, em tempos de pandemia, se tornou uma
das principais plataformas necessárias para utilização em empreendimentos, reuniões,
aulas etc. Além dessas atividades principais, o setor é ainda forte influenciador de
atividades de apoio na formação de uma longa cadeia produtiva, que agora também
sofre o impacto da redução da atividade econômica do setor de economia colaborativa.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) identifica um total de 20
atividades diretamente relacionadas ao setor e mais dez outras de apoio.

Atualmente, ainda estamos enfrentando a pandemia da covid-19, agora,


porém, mais adaptados aos cuidados necessários para diminuir o contágio. Vacinas
foram desenvolvidas e estão sendo aplicadas, mas não houve a eliminação do vírus. A
sociedade está voltando a sua normalidade, oferecendo serviços presenciais, a princípio
com limitações de público, e que foram aumentando suas capacidades até chegar a
100% do que o estabelecimento é capaz de oferecer.

Os impactos sociais foram significativos, assim como os impactos econômicos,


porém, com o oferecimento de uma estrutura baseada na economia colaborativa, esses
problemas foram diminuindo e acabando, a economia começou a se estabelecer e
outras formas de empreendimentos se fortaleceram, principalmente aquelas que se
utilizam de plataformas virtuais que foram exploradas no período de auge da pandemia
da covid-19.

76
LEITURA
COMPLEMENTAR
SOBRE O PAPEL DA CONFIANÇA E DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE
COMUNICAÇÃO NAS EXPERIÊNCIAS DE ECONOMIA COLABORATIVA

Ramon Bezerra Costa

O objetivo deste trabalho é refletir sobre o papel da confiança e das tecnologias


digitais de comunicação nas experiências que se apresentam como parte da chamada
“economia colaborativa”. Essas práticas econômicas, ditas colaborativas, podem ser
entendidas como um processo de produção, circulação e consumo de bens e serviços
baseado em sites e/ou aplicativos de celular e na interação entre desconhecidos. Tais
experiências lembram as costumeiras trocas e empréstimos entre vizinhos, familiares
e conhecidos, que agora estão acontecendo entre estranhos e requerendo que se
confie em alguém que nunca se viu, instaurando singulares relações que parecem estar
em algum lugar entre as simples transações comerciais e pessoais. O artigo começa
apresentando exemplos de práticas dessa natureza, em seguida trata de como esse
fenômeno pode ser entendido para, finalmente, abordar o papel desempenhado pela
confiança e pelas tecnologias digitais de comunicação nessas experiências.

Vamos imaginar que você precisa viajar do Rio de Janeiro a São Paulo
para participar do lançamento do livro de um amigo que foi financiado através de
crowdfunding. Para se hospedar, ao invés de ficar em um hotel, você alugou um quarto
no apartamento da Natália. No jantar, ao invés de ir a um restaurante, você decidiu comer
na casa da Estela. Para se deslocar pela cidade, pegou carona com a Carol e alugou o
carro do Marcos. Antes de viajar, você contratou o Hugo para passear com seu cachorro
enquanto estiver fora, alugou seu apartamento para a Letícia e trocou seu disco de vinil
Abbey Road (1969) dos Beatles com o Mateus por um casaco de couro – porque está
frio em São Paulo. No entanto, você não conhecia nenhuma dessas pessoas. Essas
transações, que parecem estar em algum lugar entre as relações comerciais e pessoais,
foram realizadas por meio de sites com pessoas que lhe pareceram confiáveis.

De maneira geral, tais práticas são “mediadas” por empresas, que funcionam a
partir de sites e/ou aplicativos de celular e organizam as interações entre as pessoas,
de modo a construir confiança entre desconhecidos e facilitar os intercâmbios. Essas
empresas, ainda que ofereçam hospedagem como os hotéis, ou transporte como os
táxis, por exemplo, não possuem nenhum quarto ou carro e geralmente ganham uma
porcentagem sobre cada transação realizada entre os “pares desconhecidos”. Tal modo
de funcionamento, que está presente em parte significativa das experiências, configura
um modelo de negócios ainda não regulamentado na maioria dos países.

77
Essas práticas estão se tornando cada vez mais comuns para muitas
pessoas e ganhando uma visibilidade que lhes garante o estatuto de fenômeno não
negligenciável. Podemos perceber o alcance desse fenômeno nas cidades que alteraram
suas legislações para abarcar modelos de negócios como esses (BARIFOUSE, 2014),
nos protestos de taxistas contra aplicativos que colocam em contato motoristas e
passageiros (CARVALHO, 2015), no crescente número de iniciativas que oferecem esses
serviços e no valor de mercado de algumas dessas empresas, que está na casa dos
bilhões de dólares (RIFKIN, 2014). Além disso, diversos periódicos, de vários países, têm
noticiado esse fenômeno conhecido, principalmente, como “economia colaborativa”.

Contudo, o que tem sido chamado de economia colaborativa diz respeito


a práticas bastante conhecidas: o hábito de pegar algo emprestado com um vizinho
ou parente, de pedir caronas, de organizar a chamada “vaquinha”, dividir o espaço de
trabalho com um colega, hospedar amigos, usar bibliotecas e o transporte coletivo,
entre outras práticas. Porém, essas situações, que em sua maioria eram realizadas entre
pessoas que já se conheciam ou coordenadas por uma instância “superior” e “confiável”
para regular (como o Estado e seus outorgados, no caso das bibliotecas públicas e do
transporte coletivo), agora passam a ser concretizadas entre desconhecidos, requerendo
confiança em estranhos e ganhando escala global por meio da internet.

As práticas que caracterizam a economia colaborativa são muito diversas, tanto


do ponto de vista das áreas, tipos de serviços e produtos que se pode acessar, quanto
das maneiras pelas quais essas relações acontecem. Encontramos exemplos disso
em “espaços de trabalho compartilhado”, seja nos conhecidos como “coworkings”, nos
quais a partir do pagamento de um valor mensal é possível acessar uma estação de
trabalho em um salão com outras pessoas ou em uma sala privativa; ou nas chamadas
“casas abertas”, nas quais a contribuição financeira não é pré-requisito para utilização
do espaço e pode-se fazer “qualquer atividade” que não coloque em risco a casa; e
também nos espaços conhecidos como “makerspace”, que funcionam como grandes
oficinas que oferecem acesso a ferramentas para criação de objetos.

Contudo, a “face” mais conhecida da economia colaborativa talvez seja o


financiamento coletivo, ou crowdfunding, que consiste em uma repaginação da antiga
“vaquinha”. Existem também plataformas que permitem o empréstimo entre pares –
pessoas que não se conhecem e emprestam dinheiro umas às outras sem passar por
bancos.

Há também iniciativas na área de educação, sites que colocam em contato


quem tem algo para ensinar com quem está interessado em aprender. As aulas
oferecidas podem ser cobradas ou não, presenciais ou à distância, e as plataformas
costumam receber uma taxa por cada transação realizada. As aulas oferecidas vão
desde desenvolvimento para web até ioga, passando por lições de violão.

78
Existem plataformas também que permitem a troca e a doação de objetos,
que vão desde material escolar até móveis. Em alguns desses mesmos sites é possível
também alugar ou emprestar objetos como furadeiras ou horas de utilização da sua
máquina de lavar. Em alguns sites também é possível acessar serviços: se você tem um
tempo livre pode colocar-se à disposição para ajudar na mudança de alguém, trocar
uma lâmpada, passar roupa, fazer faxina. Importante lembrar que em alguns sites essas
atividades são remuneradas, mas em outros não, como nos chamados “bancos de
tempo”, nos quais você recebe créditos por cada ação realizada, que o permitirá acessar
outro serviço sem envolver dinheiro.

Ao viajar, é possível também se hospedar na casa de um desconhecido, alugando


um quarto, a casa inteira, ou apenas um colchão de ar na sala. Em alguns sites, que têm
como meta promover intercâmbio cultural, essa hospedagem é gratuita. Existem ainda
plataformas que permitem trocar a empresa e o guia de turismo por um morador local,
que nas horas vagas acompanha o turista e/ou organiza um roteiro para sua viagem.

Que pensar do hábito de se convidar um estranho para o jantar ou ir almoçar


na casa de um desconhecido? Comum entre turistas, esses sites funcionam como uma
forma de se ter acesso a comidas típicas preparadas por pessoas com quem se pode
conversar durante a refeição. Algumas plataformas envolvem pagamento e outras não.

Para além da Uber, presente em notícias quase diárias nos últimos meses,
existem inúmeros sites que colocam em contato motoristas e passageiros, alguns
cobrando pela carona e outros não.

Esse é um breve panorama de algumas das experiências que têm sido chamadas
de economia colaborativa. Tal fenômeno existe e se desenvolve em um ambiente de
mudanças em diversas áreas, como as transformações socioeconômicas das últimas
décadas, que têm alterado os modos de produção, de construção de valor e a natureza
do trabalho. O economista norte-americano Jeremy Rifkin (2012) chega a defender
que estamos entrando na “Terceira Revolução Industrial”, caracterizada por mudanças
profundas nas relações de poder, no funcionamento das empresas, na geração de renda.

Outra mudança que parece ter relação com o fenômeno são as preocupações
ambientais. Ricardo Abramovay (2012), ao defender que o mundo requer outros
paradigmas econômicos, destaca problemas como: a destruição ou a séria ameaça a
16 dos 24 serviços prestados pelos ecossistemas à sociedade; as chances ínfimas de
conter a elevação da temperatura do planeta em dois graus durante o século 21 e os
bilhões de pessoas com acesso precário a necessidades básicas.

Embora empresários, governantes e organismos multilaterais apontem como


solução ao último problema o aumento no consumo, por meio da oferta de bens e
serviços, que criaria empregos e geraria impostos, tal visão choca-se com os limites
dos ecossistemas (ABRAMOVAY, 2012).

79
Há transformações expressivas para o cenário no qual funciona a economia
colaborativa também se olharmos a partir da criação e do uso de tecnologias. Com
o desenvolvimento da microinformática, a criação da internet e a digitalização dos
sistemas de comunicação, observamos a possibilidade de se ter acesso a músicas,
filmes e livros, por exemplo, sem passar pelo suporte físico, uma vez que é possível
acessar os conteúdos, seja alugando, comprando ou através de formas de acesso
gratuito – legais ou não. Essa tendência de priorização do acesso em detrimento da
propriedade, que estamos acostumados a ver no acesso a bens imateriais, tem sido
apontada por Rifkin (2001) desde o início dos anos 2000; porém, esse fenômeno está
atingindo o “mundo material”, estamos passando dos “bits aos átomos” devido a outros
paradigmas de produção e consumo que estão emergindo (RIFKIN, 2012). Assim como
já se construiu a percepção de que “preciso da música, não do CD”, “do conteúdo do
livro, não do objeto”, parece que estamos percebendo também que necessitamos do
transporte, não do carro, por exemplo.

É importante lembrar ainda a dinâmica entre pares que emerge, possibilitando


a conexão entre desconhecidos e formas de organização sem hierarquias tradicionais
ou lideranças específicas/evidentes, que tem estado na “raiz” de experiências como
a Wikipédia, os softwares livres e os intercâmbios de conteúdos em sites como The
Pirate Bay e o 4chan, a partir do qual “emergiu” o grupo de ativismo conhecido como
Anonymous, que de desconhecidos que realizam “trollagens” torna-se uma experiência
de ativismo que contribuiu com a religação da internet no Egito em 2011 e “tirou do ar”
sites de governos e de grandes corporações (FELINTO; COSTA, 2013).

Pelo que tenho observado até agora, parece possível considerar que quando
a confiança entre estranhos e as condições tecnológicas se “encontram” temos
um ambiente favorável à otimização dos recursos, em larga escala, por meio do
compartilhamento, assim como as transações entre pares e os modelos de negócios que
caracterizam a chamada economia colaborativa. Porém, é importante considerar que as
outras questões apontadas pelos autores que citei, como a existência de bens ociosos
em larga escala, a priorização do acesso em detrimento da propriedade, a dinâmica entre
pares e a preocupação ambiental, por exemplo, também são fatores que contribuem
para a existência do fenômeno e os encaro como “condições de possibilidade”, uma vez
que podem estar relacionados a mudanças de mentalidades, valores, modos de ser.

Assim, a economia colaborativa, enquanto fenômeno, parece ser um arranjo


entre todas essas questões – as características que estou considerando como centrais
e as condições de possibilidade. Contudo, é importante notar que esse “arranjo” não
é “estanque”. Os elementos que o compõem ganham e/ou expressam determinadas
funções quando estão juntos, mas poderiam funcionar de outra maneira. Por exemplo,
o fato de existirem muitos objetos sem uso poderia não ser um problema, poderiam ser
inventadas outras formas de reciclagem e/ou aumentar os espaços destinados ao lixo.
Da mesma forma, as questões ambientais poderiam não gerar preocupação.

80
A questão da priorização do acesso em detrimento da propriedade, conforme
aparece no trabalho de Rifkin (2001), deve ser vista como outra condição que contribui
para a existência do fenômeno, mas não o determina. Por exemplo, o Netflix e outros
serviços semelhantes que oferecem acesso a conteúdos audiovisuais através da
internet e por meio de pagamento mensal, tornando desnecessária a propriedade do
DVD. Não me parece possível considerar esses serviços como experiências de economia
colaborativa, embora tenham como “base” as tecnologias digitais de comunicação, por
não requererem a construção da confiança entre estranhos. Toda a relação acontece
entre o consumidor que paga pelo serviço e a empresa. Pelo mesmo motivo, talvez
não seja possível também considerar empresas que possuem e alugam carros, como a
Zazcar e a Zipcar, como experiências de economia colaborativa.

Olhando pela ótica da utilização tecnológica e da confiança entre desconhecidos,


pode parecer que experiências como a Wikipédia e o Linux se aproximem mais da
economia colaborativa. Eu não consideraria isso, uma vez que nessas duas iniciativas, ao
contrário das práticas da economia colaborativa que citei na introdução, a colaboração
acontece entre desconhecidos anônimos e não existe interação “direta ou física”, tudo
se dá por meio das ideias e conteúdos.

Partindo do pressuposto de que a vida nas sociedades contemporâneas


ocidentais parece cada vez mais organizada pela internet e pelas formas de conexão que
se dão no entorno desta, a questão da infraestrutura tecnológica pode ficar ofuscada,
de tão corriqueira que é. Porém, as possibilidades de conexão entre desconhecidos
distantes se dão, em grande parte, por conta dessas tecnologias. Os espaços de
coworking ilustram isso. Neste modelo, já existente há tempos, pessoas que se
conheciam, ou que conheciam alguém que as colocava em contato, passavam a dividir
espaço para diminuir os custos. Contudo, nos últimos anos, observamos o surgimento
de espaços destinados a receber qualquer pessoa interessada em trabalhar ali. A
ampliação desses espaços nos últimos anos e as facilidades para reunir desconhecidos
certamente tiveram como facilitador a infraestrutura tecnológica.

É importante também considerar que algumas experiências já existentes antes


da internet, como o Troca Casa, podem nos levar a questionar o “peso” do papel das
tecnologias digitais de comunicação nesse fenômeno. No entanto, indicar a questão
tecnológica como uma característica importante não significa dizer que ela invente
a economia colaborativa. Parece que com essas condições tecnológicas existe uma
ampliação significativa dessas práticas, o que não significa que a economia colaborativa
tenha surgido com a internet ou seja determinada por ela.

Assim, essas tecnologias têm participação significativa na conformação do


fenômeno, mas não o determinam, pois existem outros elementos que atuam igualmente
nesses processos, como a confiança entre desconhecidos.

81
Talvez possa parecer um pouco exagerado colocar a confiança em lugar de
destaque uma vez que ela sempre existiu, em algum grau, em todas as relações. E não
me refiro somente ao ato de dar carona a um desconhecido que estende o braço na
estrada, mas a função que a confiança tem na vida em sociedade devido ao seu papel nos
processos de coesão e organização social, no crescimento econômico, na estabilidade
democrática, na participação política e no desenvolvimento social e humano, o que tem
feito da confiança objeto de estudo em diversas áreas do saber, tal como Finuras (2013,
p. 39-40) defende em sua tese de doutorado na Ciência Política.

FONTE: Adaptada de COSTA, R. B. Sobre o papel da confiança e das tecnologias de comunicação


nas experiências de economia colaborativa. São Paulo: USP, 2014.

82
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Faz parte do processo a utilização da internet em novos empreendimentos, que


oferecem em suas plataformas virtuais a possibilidade do compartilhamento de
produtos e serviços, centralizando as redes de colaboração e compartilhamento de
forma facilitada.

• Como o impacto da mudança de cultura dentro de seus empreendimentos pode


promover a venda do uso de um equipamento e não a venda do próprio equipamento,
além de proporcionar a motivação da revenda de produtos de seus clientes que não
estão em uso, para ampliar a divulgação de sua marca.

• A importância da mudança cultural dentro da própria organização deve oferecer uma


liderança de forma democrática para alcançar a implantação de uma organização
colaborativa em que seus funcionários se tornem colaboradores da empresa de
forma horizontal.

• Há vantagens de implementar a cultura colaborativa dentro das empresas que


buscam sempre melhores resultados econômicos. Essa cultura permite que
motivem e busquem manter os colaboradores dentro da empresa, que os tornem
mais participativos e mais colaborativos no processo operacional.

• A economia colaborativa já existia no cenário nacional, mas se tornou mais forte


devido ao acesso à internet e ao uso de redes sociais para movimentação do
comércio.

• O contexto social e econômico do Brasil no cenário antes da pandemia da covid-19


tinha projeções econômicas favoráveis para o primeiro trimestre do ano de 2020.

• Os impactos negativos causados pela pandemia do novo coronavírus, foi uma das
principais motivações que levaram os empreendimentos a migrar para as redes
sociais.

• Os efeitos causados pelo isolamento social, ação necessária para conter a


proliferação do coronavírus e seus reflexos na economia, foram necessários para
combater o vírus e as alternativas de uso dos meios virtuais para manter a economia
colaborativa.

83
AUTOATIVIDADE
1 Atualmente, há um desafio enfrentado pelas empresas que se mantêm no mercado
financeiro: oferecer produtos e serviços de forma cada vez mais inovadora. Isso é
necessário porque o mercado está cada vez mais complexo. Sobre a articulação que
existe entre parcerias de empreendimentos, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As parcerias entre empreendimento estão se tornando cada vez mais próximas


formando uma cadeia produtiva.
b) ( ) As parcerias entre empreendimentos estão cada vez mais distantes, porque
o mercado exige cada vez mais inovação e não é possível inovar mantendo
relações próximas com os concorrentes.
c) ( ) Com o surgimento cada vez mais constante de novos empreendimentos, não é
possível manter uma relação estável entre os empreendedores, porque nesse
ramo o mercado se mantém sempre instável.
d) ( ) No âmbito da economia colaborativa, é fundamental que se mantenham os
empreendedores cada vez mais próximos, principalmente aqueles que atuam no
mesmo ramo de negócios.

2 Existe uma ruptura que está sendo proposta pelas tecnologias da comunicação e da
informação em relação aos produtos e serviços entregues atualmente, porque, em
geral, essas empresas estão se aproveitando das plataformas virtuais para fazer tais
entregas. Com base nos modelos traçados pela economia colaborativa, analise as
afirmativas a seguir:

I- Os novos empreendimentos aproveitam-se da internet para oferecer os seus


produtos e serviços de forma virtual e os entregam por meio de plataformas on-
line.
II- Em geral, os meios virtuais são mais demorados e mais complicados de se entregar
os produtos ou serviços feitos de forma virtual.
III- Manter relações econômicas pode ser um fator de engajamento social, centralizando
no ser humano formas de apoio em relação à colaboração e ao compartilhamento.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa III está correta.

84
3 Algumas atividades de empresas que se utilizam do conceito de economia
colaborativa estão causando uma revolução no mercado financeiro, como é o caso
das plataformas Uber e Airbnb, que atuam nos ramos de transporte e de hotelaria.
De acordo com as características da economia colaborativa, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Há uma ruptura na forma de pensamento da sociedade consumidora que deixa de


ter o pensamento de posse para ter o pensamento de venda do uso do serviço ou
do bem. 
( ) Transferir a posse de um bem ou fazer um serviço de forma voluntária são meios
que a economia colaborativa utiliza para alavancar seus negócios.
( ) A ideia de vender a utilização do seu produto, ao contrário de vender a posse do
produto, é a principal mudança de postura que uma empresa tradicional deve ter
ao se enquadrar na economia colaborativa.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) F - F - V.

4 Para implantar a economia colaborativa em empresas tradicionais, é necessário uma


série de mudanças de postura e de procedimentos, em geral, a cultura profissional
da empresa e a da forma de trabalho dos funcionários são as mais complexas de
se alterar. Disserte sobre as principais mudanças de posturas para implantação da
economia colaborativa dentro das empresas tradicionais.

5 Dentro de um empreendimento é fundamental a colaboração mútua entre seus


colaboradores, ter espaço para trocas de ideias é muito importante para empresas que
desejam melhorar os procedimentos operacionais e ainda alcançar bons resultados com
poucos trabalhos. Nesse contexto, disserte sobre as principais características de se
implantar a cultura da economia colaborativa dentro das empresas.

85
REFERÊNCIAS
CHIAVENATO, I. Administração de empresas: uma abordagem contingencial.
São Paulo: McGraw-Hill, 1982.

COSTA, R. B. Sobre o papel da confiança e das tecnologias de comunicação


nas experiências de economia colaborativa. São Paulo: USP, 2014.

DORNELAS, J. C. Empreendedorismo transformando ideias em negócios.


Rio de Janeiro: Campus, 2005.

EKVALL, G. Organizational climate for criativity and inonovation. European


Journal of Work and Organizational Psycholgy, [s. l.], v. 5, n. 1, p. 105-123,
1996.

FINCATO, D.; VIDALETTI, L. P. Novas tecnologias, processo e relações de


trabalho. Porto Alegre: Fi, 2021. v. 4.

INOVAÇÃO. In: MICHAELIS. Moderno dicionário da língua portuguesa. São


Paulo: Melhoramentos, 2022. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/
busca?r=0&f=0&t=0&palavra=inova%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 16 mar.
2022.

KAMINSKI, C. M.; KUIASKI, L. R. Relações de trabalho na chamada economia


compartilhada. Rio de Janeiro: FGV, 2020.

SILVA, J. J. S. Economia criativa e economia colaborativa como modelos


de desenvolvimentos sustentável – Brasil – 2000-2017. 2019. 36 f.
Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado em Economia) – Universidade
Federal de Pernambuco, Caruaru, Pernambuco, 2019.

SILVEIRA, A. B. D. Economia colaborativa: reflexões a partir da literatura.


Revista de Gestão do Unilasalle, Canoas, v. 6, n. 2, 2017.

86
UNIDADE 3 —

ECONOMIA
DESCENTRALIZADA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• identificar as principais vantagens e desvantagens entre modelos tradicionais de economia


e economia colaborativa;

• aplicar estratégias para modelos de capitalismo consciente;

• identificar bons projetos de economia descentralizada;

• compreender projetos de criptomoedas.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – DIFERENÇAS DA ECONOMIA TRADICIONAL X ECONOMIA DESCENTRALIZADA


TÓPICO 2 – CAPITALISMO CONSCIENTE
TÓPICO 3 – BLOCKCHAIN E CRIPTOMOEDAS COMO ALTERNATIVA DENTRO DA ECONOMIA
COLABORATIVA
TÓPICO 4 – CULTURA DA COLABORAÇÃO

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

87
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!

Acesse o
QR Code abaixo:

88
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
DIFERENÇAS DA ECONOMIA TRADICIONAL
X ECONOMIA DESCENTRALIZADA

1 INTRODUÇÃO
O Tópico 1 nos possibilitará compreender a lógica do modelo tradicional de
economia e como este se diferencia do modelo de economia descentralizada, cada vez
mais presente no mundo contemporâneo.

A economia é uma ciência que estuda o uso de recursos escassos. Tais recursos,
como terra, trabalho e capital, são utilizados para a produção de bens e serviços voltados
ao atendimento das nossas necessidades e desejos, em todas as suas variações. A
partir da produção e das necessidades dos consumidores é que se dão as trocas entre
os agentes econômicos (MENDES, 2009).

A economia também é uma ciência que analisa o funcionamento do sistema


econômico (MENDES, 2009), tais como o capitalismo e o socialismo. Ao observarmos o
comportamento dos consumidores e suas interações com as empresas, conseguimos
identificar como ocorre o desenvolvimento dos mercados e a lógica presente nas trocas
entre esses agentes, conforme o sistema econômico vigente (PINDYCK; RUBINFELD,
2006).

Um sistema econômico, segundo Mendes (2009, p. 10) é “[…] formado por um


conjunto de organizações, cujo funcionamento faz com que os recursos escassos
sejam utilizados para satisfazer necessidades humanas”. Por essa lógica, de acordo
com Mendes (2009), há três elementos fundamentais para o funcionamento do sistema
econômico:

• os recursos produtivos, que se transformam em bens ou serviços;


• as unidades de produção (as empresas);
• o conjunto de instituições jurídicas, políticas, sociais e econômicas que desempenham
funções na sociedade.

Ao longo do século XX, e ainda no início do século XXI, o sistema econômico


tradicional e predominante na sociedade foi o que conhecemos como sistema capitalista,
pautado pelas trocas de bens e serviços mediante trocas monetárias e maximização de
lucros.

89
Apesar de ser o modelo predominante, alternativas a esse sistema têm sido
desenvolvidas ao longo das últimas décadas, evidenciando que mercados podem
se desenvolver e operar de modos distintos. Empresas e consumidores podem ser
influenciados por inúmeros fatores além dos ganhos financeiros, como pelas tendências
de tecnologia e demandas de mercado mais orientadas ao compartilhamento e à
sustentabilidade, resultando em novas relações de produção e de consumo. Veja mais
sobre este tema a seguir.

2 EMPRESAS TRADICIONAIS X EMPRESAS


DESCENTRALIZADAS
Os modelos de empresas geralmente estão de acordo com os sistemas
econômicos vigentes em cada época. O sistema predominante em todo o mundo é o
capitalista, que tem como premissa a maximização dos ganhos, uma vez que, tanto
quem produz, como quem consome, busca o máximo de benefício oferecendo o
menor dispêndio possível. Para o produtor, o benefício está no lucro, enquanto para o
consumidor, o benefício é medido pelo valor percebido ou por quanto melhor atendida
é a sua necessidade em relação ao gasto efetuado. Desse modo, todos os agentes
econômicos competem em busca do maior bem-estar, baseados em uma relação de
soma zero, também conhecida como jogo de perde-ganha, em que para que um possa
ganhar mais, o outro deve perder (PINDYCK; RUBINFELD, 2006).

A produção de bens e serviços é direcionada ao consumo, o qual é pautado pela


liberdade de escolha individual. Assim, as trocas que ocorrem são determinadas por
decisões de pessoas e empresas, e são direcionadas pelos preços praticados no livre
mercado. O governo tem um papel limitado nesse sistema, cabendo às empresas a maior
parte das decisões referente ao seu funcionamento e atuação no mercado (MENDES,
2009). Escolhas sobre estilo de gestão, estrutura organizacional, modo de relacionamento
com fornecedores e clientes, mercados de atuação, presença em ambientes físicos
ou virtuais, entre outros elementos, cabem somente aos gestores de cada empresa e
possibilitam classificá-las como empresas tradicionais ou descentralizadas.

2.1 EMPRESAS TRADICIONAIS


Até meados do século XIX, antes de existirem as empresas tradicionais, a
produção era feita de forma separada, por agricultores, artesãos e por outras pessoas
que tinham conhecimento para a fabricação, além dos comerciantes que compravam
e vendiam mercadorias. A ideia de administrar uma empresa e contratar e administrar
trabalhadores não existia. Foi no final do século XIX que as empresas se tornaram
estruturas semelhantes às que conhecemos ainda em maioria hoje, oferecendo entre
as suas funções uma coordenação que fez diferença em relação à época em que os
trabalhadores produziam de modo independente (PINDYCK; RUBINFELD, 2006).

90
Empresas tradicionais têm a tomada de decisão centralizada em um ou
poucos indivíduos, os quais estão no topo de uma estrutura hierárquica verticalizada e
burocrática. Há pouco espaço para compartilhamento de ideias, uma vez que a gestão
tende a ser focada na geração de ganhos econômicos e financeiros e não há valorização
de questões ambientais e sociais, dando-se pouca atenção às necessidades individuais
dos empregados. O modelo organizacional predominante divide tarefas entre os
funcionários para alcançar a maior eficiência possível na sua produção, seguido pela
maior geração de receita possível pelas trocas de bens e serviços.

Em empresas tradicionais, mesmo as inovações, que têm suas bases teóricas


no início do século XX por Joseph Schumpeter, estão voltadas para a maximização de
ganhos financeiros. Schumpeter descreveu a inovação como uma forma de revolucionar
a economia, promovendo a destruição de formas antigas de realizar processos, produtos
e modelos de negócios, e a criação de novas combinações de recursos (SCHUBERT,
2013).

O paradigma econômico do capitalismo se estende a todo o sistema produtivo,


de modo que todos os agentes que geram o valor percebido pelo cliente tenham o
máximo de eficiência no uso dos recursos físicos, financeiros, humanos etc. Uma das
críticas a esse paradigma é que desconsidera questões que vão desde o cuidado com o
bem-estar do trabalhador e consumidor, até o impacto que gera no seu entorno, como os
danos ambientais e sociais, o que, no longo prazo, levará ao esgotamento dos recursos
disponíveis e torna-se insustentável para o planeta.

NOTA
Um paradigma é um padrão, modelo ou exemplo a ser seguido, uma norma.
Por exemplo, as empresas podem seguir um padrão de comportamento
conforme o paradigma do mercado

Ainda no final do século XIX e início do século XX, sindicatos e cooperativas


foram desenvolvidos para tentar minimizar os impactos de empresas tradicionais sobre
o bem-estar das pessoas no sistema produtivo.

Esses tipos de organização e de pensamento foram embriões para as formas


de gestão que hoje estão em fase de evolução, com modelos de gestão menos
centralizados, tomadas de decisões e ações mais conscientes e compartilhadas. Assim,
a economia tradicional, com empresas tradicionais centradas no lucro, passa a coexistir
com modelos de negócios voltados ao compartilhamento em diversos níveis, como
ocorre em modelos de empresas descentralizadas. Veja mais a seguir.

91
2.2 EMPRESAS DESCENTRALIZADAS
Na metade do século XX, teóricos da economia comportamental, como Hebert
Simon (1916-2001), demonstraram que a tomada de decisão realizada tanto pelas
empresas, como pelos consumidores, estava limitada às informações disponíveis. Assim,
os empresários passaram a perceber que suas decisões não eram provenientes de uma
racionalidade perfeita e absoluta, pois não tinham controle sobre todas as informações,
e havia outros elementos a serem considerados para que continuassem a fazer crescer
seus negócios.

Do outro lado, iniciativas da sociedade civil, como as cooperativas, estão entre


as primeiras organizações de formato descentralizado a evidenciar que era possível
obter ganhos compartilhados entre os agentes, promovendo a produção de bens e
serviços que atendessem às necessidades e desejos dos agentes no mercado. Foram
os movimentos operários contra as más condições de trabalho que originaram o
cooperativismo, com a proposta de autogestão do trabalho. A primeira cooperativa foi
criada na Inglaterra, em 1844 (MORATO; COSTA, 2001).

Cooperativas promovem o desenvolvimento socioeconômico aos integrantes e


comunidade, possibilitando a participação na gestão cooperativa de forma democrática,
dando liberdade e autonomia aos participantes (MORATO; COSTA, 2001). As empresas
cooperativas têm um desafio de manter o seu sistema produtivo centrado no homem, ao
mesmo tempo em que sejam capazes de competir com empresas de outras naturezas,
orientadas para o mercado e o lucro (ZYLBERSZTAJN, 1994).

Se, por um lado, a cooperativa é um modelo de empresa de gestão


descentralizada, pois promove maior compartilhamento, por outro, uma das críticas
feitas ao modelo cooperativista é que, em alguns casos, ele pode conter um elemento
político forte. Desse modo, as decisões seriam tomadas em prol de fatores políticos,
e não levando em consideração o benefício dos integrantes e a tomada de decisão
compartilhada (MACKEY; SISODIA, 2013).

Aos poucos, emergiram novos modelos de compartilhamento de recursos


e produção orientada ao consumidor, com modelos de negócios alternativos. O
empreendedorismo e a inovação, as revoluções tecnológicas e do conhecimento
passaram a influenciar a forma de fazer negócios, conceber produtos e serviços, realizar
trocas, e até mesmo na estrutura organizacional e de gestão das organizações.

Você sabe como é possível viabilizar alguns desses modelos de negócios?


Uma das formas possíveis são as startups, que já nascem nesta lógica de empresa
descentralizada e sobre as quais você verá mais em seguida.

92
3 O PODER DAS STARTUPS NA ECONOMIA
CONTEMPORÂNEA
Entre os modelos de negócios mais populares nos últimos anos em todo o
mundo estão as startups. São empresas com estruturas enxutas, altamente conectadas
com as gerações nativas digitais, e que conseguem inserir-se no mercado de formas
alternativas às estratégias adotadas por empresas tradicionais.

Startups compõem uma parcela das empresas imersas na economia do


compartilhamento, e, muitas vezes, para manterem suas estruturas enxutas,
terceirizam etapas de produção. Atualmente, encontram-se no mercado startups de
diferentes segmentos, com produtos e serviços como o compartilhamento de carros,
casas, bicicletas e espaços de trabalho. São startups, também, algumas das empresas
que realizam trocas não baseadas em capital, como feiras de trocas solidárias e sociais,
e até mesmo aquelas que transacionam com novos tipos de moedas, diferentes das
convencionais, como as criptomoedas.

Vamos descobrir do que se tratam as startups, seus fundamentos, desafios e


alguns casos de sucesso.

3.1 O QUE SÃO STARTUPS


As startups são um tipo de empresa que teve grande ascensão em número e
participação na economia contemporânea, desde a última década do século XX. De
acordo com a Associação Brasileira de Startups, startups são um tipo de empresa com
origem em “um modelo de negócio ágil e enxuto, capaz de gerar valor para seu cliente
resolvendo um problema real, do mundo real. Oferece uma solução escalável para o
mercado e, para isso, usa tecnologia como ferramenta principal” (MAS AFINAL [...], 2021,
s. p.). São capazes de criar mercados até então inexplorados ou atendidos de forma
deficitária pelas empresas tradicionais.

Em 2021, o Brasil contava com mais de 13.500 startups, conforme dados da


Associação Brasileira de Startups (2021). Destas, 20 empresas são chamadas unicórnios,
pois foram avaliadas em mais de U$S 1 bilhão. A aprovação do Marco Legal para Startups
(Lei Complementar nº 182/2021), que entrou em vigor em 31 de agosto de 2021, foi um
avanço em termos de política e amparo legal no que diz respeito a esse tipo de empresa.
De acordo com esta lei (BRASIL, 2021a), entre outros aspectos, para ser considerada
uma startup a empresa deve contar com:

• faturamento de até 16 milhões por ano;


• ter até dez anos de exercício;

93
• estar sujeita à utilização de regime especial Inova Simples ou ter declaração de modelo de
geração de negócio inovador para a geração de produtos e serviços, nos requisitos da lei.

INTERESSANTE
A Lei Complementar nº 167/2019 regulamenta o procedimento de abertura,
alteração e fechamento de empresas sob um tipo de regime tributário
específico, voltado às empresas inovadoras. Esse procedimento é o Inova
Simples, em que empresas fundamentadas em inovações incrementais
ou disruptivas, autodeclaradas empresas de inovação, podem receber
tratamento tributário específico, de forma a estimular as atividades de
negócios indutoras de avanços tecnológicos, além de emprego e renda. Você
pode consultar mais informações: https://bit.ly/3Cp4Wq0.

De acordo com o empresário e empreendedor Eric Ries (2012, p. 8), um dos


aspectos fundamentais das startups é a aprendizagem, pois

Startups existem não apenas para fabricar coisas, ganhar dinheiro ou


mesmo atender clientes. Elas existem para aprender a desenvolver
um negócio sustentável. Essa aprendizagem pode ser validada
cientificamente por meio de experimentos frequentes que permitem
aos empreendedores testar cada elemento de sua visão.

Nesse contexto, Ries (2012, p. 8) recomenda seguir a lógica do “construir-


medir-aprender”, que está ligada à metodologia de criação de um Produto Mínimo Viável
(Minimum Viable Product, conhecido como MVP). No MVP, a empresa cria um protótipo
do produto ou serviço a ser ofertado ao cliente. A partir das experiências deste cliente
com o protótipo, a empresa poderá medir os resultados obtidos e, posteriormente,
gerar melhorias que levem em consideração os feedbacks (retornos) do consumidor
ou usuário. Assim, a empresa passa pelo ciclo completo de “construir-medir-aprender”.
Assim, o MVP possibilita à startup testar o produto no mercado, identificar melhorias
que serão necessárias, antes de realizar a repetição e a produção em escala maior neste
novo mercado. As startups passam por fases sequenciais ao longo do seu ciclo de vida.
Conforme Faria (2020), são elas:

• ideação: dura entre três e seis meses, é o momento em que se cria a solução,
utilizando-se técnicas como o MVP, de Ries (2012). Há grande envolvimento
emocional da pessoa empreendedora, questões regulatórias determinantes para o
negócio e, ao final desta etapa, deve-se ter clareza de como a empresa irá entregar
o produto no mercado. É preciso que se saiba quanto de valor será entregue ao
cliente com aquela solução e o formato de venda, ou seja, como a empresa gerará
receitas;

94
• operação: de seis meses a um ano, têm-se estabelecidos os primeiros clientes,
como se dá a produção de bens ou serviços, a operacionalização das transações, o
controle do fluxo de caixa, a promoção por meio de ações de marketing, e a gestão
de todo o ciclo de vendas, até o recebimento. É preciso também que estejam
bem estabelecidas questões contábeis que, segundo o autor, assim como outras
atividades de apoio, podem ser terceirizadas;
• tração: o foco é o crescimento da base de clientes da empresa, pois, para crescer,
a empresa precisa aumentar o volume comercializado. É preciso criar valor a todo
tempo, otimizando os processos que não agregam valor e podem ser realizados por
parceiros. Nesta etapa, fica claro que a possibilidade de migração entre atividades é
um diferencial no caso de pessoas que atuam neste tipo de empresa.
• scale-up: é o que se chama de escalabilidade da empresa, ou seja, quando há
um aumento expressivo na base de clientes e uma redução no custo de aquisição
de cada cliente. Processos que mantenham o valor criado pela empresa para os
clientes são fundamentais, utilizando-se, para isso, de ações de marketing e alguns
processos mais burocráticos de controle, de forma que o crescimento ocorra em
escala maior, sem investir tanto volume de capital.

Alguns modelos de negócios são mais escaláveis e apropriados às startups. São


exemplos o uso de marketplaces próprios, para o nicho da empresa, como o Airbnb e
o Hotmart; o Software as a Service (SaaS), em que a empresa lança um software para
resolver o problema do seu consumidor (é o caso do Nubank, por exemplo); criação de
infoprodutos, como cursos on-line, e até mesmo cursos vendidos em perfis fechados
em redes sociais, como Facebook e Instagram.

3.1.1 O papel dos investidores e do ecossistema empreendedor


Como qualquer empresa, os empreendedores que iniciam uma startup têm
entre os seus desafios o acesso a recursos que possibilitem manter o negócio até que
atinjam um patamar de sustentabilidade econômica.

Nesse sentido, as startups podem contar com uma fase de bootstraping, que
ocorre quando “[…] o empreendedor, ou o grupo de empreendedores, tira dinheiro
do próprio bolso para investir na empresa. Praticamente todas as startups criadas
começam com o sistema bootstrapping até conseguirem investimentos maiores” (MAS
AFINAL [...], 2021, s. p.).

Outra opção de acesso a recursos para startups são os investidores anjo,


pessoas físicas que investem capital próprio e conhecimento na startup, desde que
percebam que há grande chance de rentabilidade (MAS AFINAL [...], 2021).

95
O ambiente empreendedor é importante para a geração e o crescimento de
startups. Por isso, viabilizar esse tipo de ambiente, seja por meio do estímulo e financiamento
de pesquisas tecnológicas, seja gerando espaços específicos para abrigar pesquisadores
e empresas, é fundamental. No Brasil e no mundo, o ecossistema empreendedor tem
sido ampliado com a criação de parques tecnológicos e incubadoras de empresas que
abrigam estes embriões empresariais.

IMPORTANTE
Segundo Santos (2017), ecossistema empreendedor é um conjunto de
elementos que influenciam o comportamento dos empreendedores ao
disponibilizarem condições para a criação e o desenvolvimento de negócios
inovadores, como o conhecido Vale do Silício, nos Estados Unidos. Esses
ecossistemas não podem ser replicados em lugares distintos, pois, embora
tenham elementos em comum, são combinações únicas em cada lugar
onde são desenvolvidos. Eles envolvem instituições formais, como as
universidades, instituições informais, como os aspectos culturais do local,
instituições de suporte, tais como as incubadoras e parques tecnológicos.
São importantes também os profissionais de apoio, tais como advogados
especializados; contabilistas e consultores; fornecedores; o sistema
financeiro, que poderá injetar recursos financeiros naquele ecossistema
e, ainda, questões mercadológicas que possibilitem o acesso dos novos
negócios ao mercado.

Como as startups são empresas enxutas, a tomada de decisão é compartilhada


entre a equipe e, estar em um ambiente com acesso a recursos diversos, possibilita
as trocas de conhecimentos, expansão e assessoramento adequados para que esta
pequena empresa se torne uma empresa “escalável”, ou seja, capaz de multiplicar seu
modelo de negócio, crescer e gerar resultados, ao ponto de sair da incubadora.

Entre as incubadoras de empresas, estão as aceleradoras, centros de empresas


que realizam a seleção de startups para apoiá-las em termos financeiros, tecnológicos
e de gestão. Para isso, as incubadoras recebem uma participação acionária da empresa.
Por outro lado, há os venture capitals, investidores que compram uma participação
acionária da empresa por um período específico, buscando retorno do capital conforme
a expectativa de valorização e crescimento da startup. Após atingir o resultado, os
venture capitals saem da empresa (TUDO O QUE [...], 2017).

É justamente o potencial de valorização de uma startup que a torna atrativa


para os investidores. As startups avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares são chamadas
pelos investidores de unicórnios, e ganham notoriedade no mercado. O Nubank é um
exemplo de uma startup unicórnio que abriu capital para investidores na Bolsa de Valores
de Nova Iorque e está avaliada em mais de 45 bilhões de dólares (KAUFLIN, 2021).

96
3.1.2 Exemplos de startups
Alguns setores foram criados na lógica das startups, demonstrando a diversidade
de soluções que elas podem oferecer. Vejamos alguns exemplos.

• Fintechs: do inglês, financial technology, são startups que oferecem soluções de


tecnologia financeira em produtos e serviços com custo inferior às empresas tradicionais, o
que só é possível devido a sua base em tecnologia. São exemplos o Nubank e o PicPay.
• Edtechs: do inglês education technology, são startups que oferecem tecnologia em
educação como soluções em aprendizagem, inclusive no meio empresarial para capacitação
de funcionários. Um exemplo é a DTCom.
• Cleantechs: do inglês clean technology, traduzido para o português como tecnologias
limpas. São startups produtoras de tecnologias limpas, com foco em oferecer soluções
inovadoras para questões ambientais e ecológicas, tais como as empresas de compartilhamento
de veículos elétricos e controle de índices de sustentabilidade em ambientes domésticos e
corporativos, como a Trashin.
• Agtechs: do inglês agribusiness technology, traduzido para o português como tecnologia
aplicada ao agronegócio. São startups que utilizam tecnologia no meio rural, como a Agronow,
que realiza previsão de safras com base em imagens de satélite.

97
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Os modelos empresariais podem mudar ao longo do tempo, conforme a evolução


dos sistemas econômicos vigentes.

• O paradigma capitalista em que as empresas tradicionais ainda são predominantes


tem se modificado em direção a um sistema econômico mais sustentável, resultando
em modelos inovadores de empresas descentralizadas.

• As startups são empresas de base tecnológica ou inovadora, capazes de criar


mercados e diferenciar-se das empresas tradicionais no atendimento das
necessidades dos consumidores.

• A aprendizagem está na base do processo de criação e desenvolvimento das


startups, sendo o Produto Mínimo Viável uma metodologia útil para testar o produto
no mercado e gerar melhorias no produto ou serviço que será escalado pela empresa.

98
AUTOATIVIDADE
1 O capitalismo é o sistema econômico em que as empresas ofertam bens e serviços
mediante trocas monetárias visando maximização de lucros. Esse sistema econômico
surgiu após o feudalismo e se consolidou com eventos como a Revolução Francesa e
a Revolução Industrial, no final do século XVIII e início do século XIX. Sobre os sistemas
econômicos, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Um sistema econômico é composto por organizações que estão voltadas a fazer


com que os recursos sejam utilizados para satisfazer necessidades humanas.
b) ( ) O sistema econômico predominante no mundo, durante o século XX, foi o
socialismo.
c) ( ) As empresas e os recursos escassos são os únicos elementos de um sistema
econômico.
d) ( ) No capitalismo, o objetivo principal das empresas é a geração de sustentabilidade
ambiental.

2 As startups são empresas de base inovadora que tiveram ascensão em número e


participação na economia mundial nas últimas décadas. No ciclo de vida das startups,
há quatro fases sequenciais em que a empresa desenvolve atividades específicas,
que a habilitam a passar para a próxima fase. Uma dessas fases é caracterizada pelo
período de seis meses a um ano, em que a empresa estabelece sua primeira base
de clientes e estrutura a operacionalização do negócio ainda em pequena escala,
definindo pela terceirização de algumas atividades. Quanto à denominação dessa
fase, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Ideação.
b) ( ) Tração.
c) ( ) Operação.
d) ( ) Scale-up.

3 No mundo atual, as startups são um modelo de empresa inovador, presente em


todo o mundo. Em 2021, havia mais de 13.500 startups no Brasil, sendo 20 delas
startups conhecidas como unicórnios, com avaliação de mercado superior a 1 bilhão
de dólares. Uma startup unicórnio famosa é o banco Nubank. Ele foi criado em 2013
e abriu capital na bolsa de valores nos Estados Unidos e no Brasil no final de 2021,
atraindo investidores de diversos lugares do mundo. Sabendo que o Nubank é um
banco que oferece soluções financeiras baseadas em tecnologia, ele está associado
a um setor. Quanto ao setor a que o Nubank está associado, assinale a alternativa
CORRETA:

99
a) ( ) Edtech.
b) ( ) Fintech.
c) ( ) Agtech.
d) ( ) Cleantech.

4 Uma startup é uma empresa com base em inovação, que passa por determinadas
fases até que alcance a escalabilidade do negócio. Na fase inicial de uma startup,
chamada de ideação, em que a empresa passa por um ciclo de “construir-medir-
aprender” (RIES, 2012). Descreva como se dá o ciclo de construir-medir-aprender e
sua relação com o Produto Mínimo Viável (MVP) e a produção em escala do produto
ou serviço.

FONTE: RIES, E. A startup enxuta: como os empreendedores atuais utilizam a inovação contínua
para criar empresas extremamente bem-sucedidas. São Paulo: Lua de Papel, 2012.

5 O empreendedorismo é influenciado por diversos fatores, entre eles, pelo ambiente onde é
desenvolvido. No Brasil, há uma série de iniciativas para promover ambientes de negócios
mais inovadores, unindo diferentes instituições formais e informais, profissionais e
empreendedoras, formando os chamados ecossistemas de empreendedorismo, os quais
têm sido fundamentais para a criação e o desenvolvimento de startups. Um exemplo
conhecido desse tipo de ecossistema é o Vale do Silício, nos Estados Unidos, onde foram
desenvolvidas grandes empresas de tecnologia como a Apple e a Google. Disserte sobre
a influência dos ecossistemas empreendedores sobre as startups.

100
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
CAPITALISMO CONSCIENTE

1 INTRODUÇÃO
O Tópico 2 nos possibilitará compreender a evolução do capitalismo em direção a
novos valores que orientam a conduta das empresas, os relacionamentos em sociedade
e o seu entorno, como o capitalismo consciente. Enquanto indivíduos que compõem a
sociedade, nós percebemos que não há recursos disponíveis para que sejam atendidas
todas as necessidades, de todas as pessoas, em todo o mundo, ao mesmo tempo.
Apesar disso, vivemos em uma sociedade de consumo em que ainda é predominante,
do lado das empresas produtoras de bens e serviços, a geração de ganhos econômicos
e financeiros, e do lado do consumo, o estímulo para consumir cada vez mais, com
tantos produtos novos e ações de marketing.

O produtivismo e o consumismo desenfreados têm gerado impactos sobre o


meio ambiente e a pobreza, em todo o mundo. São recursos naturais finitos que estão
cada vez mais escassos, populações pobres sem saneamento básico em muitos lugares,
e o abismo entre as classes devido à má distribuição de renda e de alimentos. Ao se
depararem com esses impactos, alguns agentes econômicos passaram a questionar
a validade das premissas capitalistas tradicionais. É preciso repensar a relação entre
produtor e consumidor. Nessa vertente surgiram conceitos como sustentabilidade,
capitalismo consciente e modelos alternativos de empresas, entre outros temas atuais,
em que a responsabilidade não está somente nas empresas, como produtores, mas
também nos consumidores.

As bases do desenvolvimento sustentável buscam um equilíbrio entre o ganho


econômico, o ambiental e o social, e passaram a orientar algumas empresas em suas
estratégias de negócios. Essas bases têm origem em um grande acordo entre os países,
descrito no Relatório Brundtland (ONU, 1987), em que se entende que o maior objetivo
do desenvolvimento é o atendimento de necessidades e aspirações humanas e que
o desenvolvimento sustentável, por sua vez, inclui o atendimento das necessidades
desta geração, sem que se comprometa o atendimento das necessidades das gerações
futuras. Isso exige promover um processo de mudança, que inclui a lógica empresarial,
o desenvolvimento tecnológico, e a inovação, que devem ser utilizados também nesse
sentido.

Foi no chamado “tripé da sustentabilidade”, criado em 1990 por John Elkington,


que se popularizou essa ideia de equilíbrio entre as dimensões ambientais, sociais e
econômicas. Esse modo de pensar os negócios promove também mudanças nos

101
modos de gestão e inspira modelos de negócios mais sustentáveis, baseados no
compartilhamento de recursos e em um jogo de soma positiva, ou ganha-ganha,
em que todos os agentes econômicos envolvidos saem ganhando. Ainda se busca
eficiência no uso dos recursos e a maximização de benefícios, porém, guiados não
só pelo lucro dos acionistas, chamados de shareholders, mas também pela geração
de ganhos compartilhados entre os demais stakeholders. As empresas precisam
considerar negócios e sociedade em conjunto e a solução para isso é o princípio do valor
compartilhado, em que o valor econômico criado por uma empresa também cria valor
para a sociedade, ao atender suas necessidades e desafios (PORTER; KRAMER, 2011).

E nesta lógica é que se desenvolve o capitalismo consciente.

O conceito de “capitalismo consciente” foi concebido pelos autores John


Mackey e Raj Sisodia, em 2013, no livro de mesmo nome Capitalismo Consciente. Após
passar por experiências de negócios no capitalismo tradicional e nas cooperativas, John
Mackey conta como se sentiu frustrado por não encontrar o equilíbrio que gostaria no
desenvolvimento do seu negócio em relação a questões sociais e ambientais. Assim,
ele resolveu empreender e descobriu que a liberdade existente no paradigma capitalista
possibilitava que ele explorasse outras formas de pensar o relacionamento entre os
stakeholders no mercado (MACKEY, SISODIA, 2013).

Stakeholders são grupos ou indivíduos que podem influenciar ou ser influenciados


pela empresa e devem ser considerados por ela na sua criação de valor (FREEMAN et
al., 2010). Para Mackey e Sisodia (2013), as pessoas têm liberdade para fazer negócios
com qualquer empresa no mercado, assim como os funcionários têm alternativas de
emprego, investidores têm outras possibilidades de investimentos, fornecedores têm
outros possíveis compradores para seus produtos, e assim vai. Desse modo, uma das
ideias por trás do capitalismo consciente é que a criação de valor da empresa, ou seja, do
benefício gerado em torno daquele negócio, deve ser compartilhada por todos os seus
stakeholders: fornecedores, investidores, funcionários, clientes e fornecedores. Porém,
essa divisão do valor gerado deve ser feita de forma justa, baseando-se na contribuição
de cada um desses agentes naquela geração de valor.

Empresas conscientes são aquelas em que estão estabelecidos propósitos


elevados, levando em consideração a forma como serão atendidos os interesses dos
diferentes grupos de interesse ou stakeholders envolvidos (MACKEY, SISODIA, 2013). Em
outras palavras, são baseadas nos pilares: propósito maior, integração de stakeholders,
liderança consciente, e cultura e gestão conscientes (SILVA, 2017).

Assim, no capitalismo consciente entende-se que o capitalismo pode ser


direcionador tanto para a economia, como para gerar o bem social (BEGNINI et al., 2019).

Algumas das premissas do capitalismo consciente são apontadas pelos


pesquisadores Begnini et al. (2019), tais como: presença de um propósito maior, contar

102
com a liderança, cultura e gestão conscientes, gerar valor e bem-estar, envolvendo
stakeholders e obtendo resultados financeiros e sociais. O ambiente de trabalho também
é relevante e deve ser desafiador e encorajador, para que as pessoas possam aprender
e crescer. E, por fim, é fundamental ter confiança e bom relacionamento com clientes e
fornecedores.

Durante muito tempo, o capitalismo esteve inconsciente e, agora, tem-se o


início de um despertar coletivo que levará a uma forma mais consciente de condução
do capitalismo e da gestão empresarial. A livre-iniciativa presente no capitalismo pode
ser utilizada em prol de maximizar a prosperidade e as possibilidades de promoção de
felicidade e bem-estar para todos os indivíduos, independentemente da classe social,
incluindo os pobres (MACKEY, SISODIA, 2013).

Nesse sentido, conceitos e modelos de negócios voltados para a Base da


Pirâmide (Base of Pyramid – BOP), negócios sustentáveis, ecológicos, comércio justo,
entre outros, fazem parte dessa mudança. Conheça um pouco mais destes conceitos e
sua aplicação no cotidiano de pessoas e empresas a seguir.

2 A PREOCUPAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE E COM A


POBREZA EXTREMA
Vivemos em um mundo globalizado, em que quase não há barreiras físicas
no acesso a bens e serviços, no compartilhamento de recursos, na integração de
informações, entre outros. Por outro lado, temos o lado negativo da globalização, como
pobreza, falta de progresso social e impactos negativos em todas as relações humanas,
em especial no sistema econômico (SILVA, 2017).

Os autores de Capitalismo Consciente reconhecem que as empresas nunca


tiveram a intenção de tirar pessoas da pobreza, mas que este foi um subproduto de
negócios que tenham sido bem fundamentados (MACKEY, SISODIA, 2013).

Do mesmo modo, Porter e Kramer (2011) apontam que as oportunidades de


valor compartilhado podem ser obtidas ao reconceber produtos e mercados, redefinir
a produtividade na cadeia de valor e habilitar o desenvolvimento de clusters ou
agrupamentos de empresas com a finalidade de desenvolver um determinado local.

Compartilhar valor não significa redistribuir os atuais ganhos de uma empresa,


mas, sim, expandir as possibilidades de geração de valor econômico e societal,
reconhecendo que as necessidades de uma sociedade também determinam como
serão os mercados.

103
Algumas iniciativas relacionadas a esses conceitos de compartilhamento
de valor e capitalismo consciente podem ser encontradas em negócios criados por
empreendedores sociais, assim como empresas com filosofias e práticas orientadas à
Responsabilidade Social Corporativa, tais como orientação para a Base da Pirâmide
e modelos de comércio justo, por exemplo.

Responsabilidade Social Corporativa (Corporate Social Responsability, CSR


ou RSC) é uma filosofia em que uma empresa ultrapassa o cumprimento de questões
sociais requerido por lei e realmente se engaja em ações para o bem social. Não pode
ser algo que a empresa só faz porque é visto pelo consumidor.

De acordo com Machado Filho (2020), na RSC, a ideia é que não se entenda os
negócios e a sociedade como entidades distintas, afinal, estão interligadas e possuem
expectativas, em especial a sociedade em relação ao comportamento e ao resultado
das empresas. Assim, a RSC estará baseada em valores éticos das empresas, incluindo
questões legais, respeito pelas pessoas, comunidades e pelo meio ambiente. Hunk
(2021) destaca que a RSC pode gerar uma forte cultura empresarial, capacitando os
funcionários a envolver-se com o bem social, a diversidade, a gentileza e se beneficiar
trabalhando em um ambiente inclusivo e orientado a um objetivo social valorizado.

Em sentido comum à lógica de sustentabilidade da RSC, tem-se as práticas de


Governança Corporativa, Ambiental e Social (GAS, ou do inglês Environmental, Social
and Governance – ESG), fundamentalmente orientadas ao mercado de capitais e a fortes
indicadores da evolução da sustentabilidade empresarial. O termo ESG foi criado pela
ONU em 2004, no documento Pacto Global, com o objetivo de integrar fatores sociais,
ambientais e de governança nos investimentos realizados por empresas no mercado de
capitais, mas acabou se estendendo a outros setores (PEREIRA, 2020).

De acordo com a Rede Brasil do Pacto Global da Organização das Nações Unidas
(ONU), criada em 2003, “[…] a sigla ESG faz alusão ao estímulo dado a empresas assumirem
e adotarem medidas que gerem impactos sociais, ambientais e de governança cada vez
mais positivos” (A EVOLUÇÃO [...], 2021, p. 6).

Em estudo realizado com 308 empresas do Brasil, em 2021, as principais


ações empresariais realizadas em 2020 em alinhamento às diretrizes da ESG foram
direcionadas para:

• combate e desdobramento de casos de corrupção;


• impactos e situação na Amazônia;
• estímulos à inclusão social;
• criação de conselhos e comitês para zelar pela integridade das empresas;
• políticas de incentivo à diversidade;
• medidas de combate ao efeito estufa;
• práticas para promover equidade.

104
Nesse contexto, enquanto a RSC está aplicada ao contexto de empresas de
forma qualitativa, refletindo seu comprometimento social (e ambiental), a ESG se aplica
a empresas inerentes ao setor financeiro, ou que realizam investimentos nesse setor, de
modo que os relatórios quantificam esses esforços sociais e ambientais (HUNK, 2021).

Os relatórios de RSC e ESG são utilizados pelas empresas como meios de controle
e prestação de contas em relação às suas ações e, em geral, podem ser levantamentos
realizados pela própria empresa, orientando-se à comunicação com seus stakeholders,
ou por outros agentes certificadores. Assim, de um lado, a RSC é uma filosofia que
orienta as ações da empresa para a ética, pessoas e meio ambiente (MACHADO FILHO,
2020). E do outro lado, a ESG é uma prática que possibilita mensurar a aplicação dessa
filosofia, através das ações empresariais, como uma provocação a setores altamente
focados no mercado financeiro, como os fundos de investimentos, bancos e gestoras
financeiras (PEREIRA, 2020).

Um elemento importante, relacionado às práticas de RSC, é a inclusão de


camadas sociais economicamente desfavorecidas como um público-alvo das empresas.
Esse é o princípio da Base da Pirâmide, ou seja, o percentual expressivo de pessoas
que que vivem na pobreza extrema e moderada e que têm tido suas necessidades
de consumo ignoradas pela maioria das empresas. Conforme Prahalad (2012), essas
pessoas são mais de 4 bilhões em todo o mundo e vivem com menos de US$ 2,00
por dia. Representam inúmeras culturas, hábitos de consumo, etnias, capacidades e
necessidades diferentes, que devem ser reconhecidas como tal pelas empresas, pois
são fonte de inovação potencial para a criação de novos mercados de consumo.

Assim, o autor sugere que as empresas devem transformar essas populações


BOP em microconsumidores, microprodutores, microinvestidores e inovadores, focando
em quatro aspectos (chamados pelo autor, em inglês, de 4 As – awareness, access,
affordability e availabilityI –, no português, respectivamente, consciência, acesso,
viabilidade e disponibilidade):

• awareness ou consciência: criar consciência nesses produtores e consumidores


BOP sobre quais os produtos e serviços estão disponíveis e em oferta, e como usá-
los;
• access ou acesso: fazer acessíveis produtos e serviços até mesmo em locais
muito remotos;
• affordability ou viabilidade: assegurar que o consumo desses produtos e serviços
seja viável para este público;
• availability ou disponibilidade: atuar de forma que o suprimento desses produtos
e serviços não seja interrompido.

Como isso pode ser feito na prática? Um dos caminhos possíveis são ações
empresariais, como o desenvolvimento de produtos voltados a populações mais
carentes e, portanto, de custo e preço de venda mais acessíveis. Incluir as comunidades
na produção e consumo, estimulando as cadeias produtivas locais, com práticas de

105
comércio justo, como se verá a seguir. Apoiar e capacitar as comunidades para o
desenvolvimento de sistemas econômicos paralelos, como os empreendimentos
sociais, moedas sociais, bancos comunitários, entre outras iniciativas. Um exemplo
muito conhecido e que levou o professor indiano Mohammed Yunus a ganhar o Prêmio
Nobel da Paz, em 2006, foi a empresa Grameen Danone. Yunus foi o idealizador do
Banco Grameen de microcrédito, nos anos 1970 e 1980. Juntos, o Banco Grameen e a
Danone criaram uma joint venture, que é uma sociedade entre duas ou mais empresas,
em que alguns objetivos e recursos são compartilhados por um tempo determinado,
chamando-a de Grameen Danone. Conforme Costa e Guedes (2011, p. 2),

A empresa produz um iogurte enriquecido para crianças pobres. O


iogurte já era um alimento popular em Bangladesh, entretanto seu
preço (cerca de 30 centavos de dólar) tornava-o impeditivo para
a população carente. A intenção do projeto era a criação de uma
empresa social. Segundo Yunus, a empresa social difere de qualquer
outra empresa apenas por seus objetivos. A empresa social deve criar
benefícios para a população carente e deve ser autossustentável.

Para o funcionamento das atividades, estabeleceu-se que a

[…] população local é a fornecedora das matérias-primas. O leite


provém de produtores rurais de Bangladesh, o açúcar e o melaço
são trazidos das áreas rurais do país e os funcionários são nativos
da região. Apenas na fase de construção havia consultoria da
Danone. O iogurte é vendido pelas “moças do Grameen”, de porta em
porta. As vendedoras obtiveram treinamento sobre as propriedades
e características do produto fornecido, bem como sobre as
necessidades de armazenamento do iogurte (COSTA; GUEDES, 2011,
p. 9).

A Danone direciona o lucro de um Fundo Comunitário para financiar empresas


sociais, mostrando-se como um exemplo de empresa socialmente responsável. E, visto
que a Grameen Danone é considerada uma empresa social, seus benefícios devem ser
para as pessoas cuja vida é afetada pela empresa (COSTA; GUEDES, 2011).

Na mesma lógica de capitalismo consciente, outra prática realizada pelas


empresas em prol do compartilhamento de valor agregado entre os stakeholders é o
comércio justo. De acordo com a World Fair Trade Organization (WFTO), comércio justo
(fair trade) é uma relação comercial em que estão presentes melhores condições e
garantia dos direitos de produtores e trabalhadores em situação de desvantagem
socioeconômica. Uma organização comprometida com o comércio justo o tem como
foco de sua missão, recebendo apoio de consumidores engajados e atuando para mudar
as práticas de comércio internacional convencional (COMÉRCIO […], 2022).

Empresas podem contar com a validação de suas práticas e receber um selo


de comércio justo quando são auditadas por organizações certificadoras e constata-
se que adotam os princípios mundialmente aceitos do comércio justo (COMÉRCIO […],
2022), tais como:

106
• criação de oportunidades para produtores em desvantagens econômicas, para que
possam sair da pobreza e insegurança econômica;
• transparência e responsabilidade na sua gestão e nas relações comerciais,
considerando os diferentes stakeholders em suas tomadas de decisões e na cadeia
de suprimentos;
• práticas comerciais justas, preocupando-se com o bem-estar social, econômico e
ambiental dos pequenos produtores, reconhecendo suas desvantagens financeiras
e levando-as em consideração em suas ações de gestão e comerciais;
• pagamento de preço justo, estabelecido em mútuo acordo junto aos produtores, em
uma remuneração socialmente aceitável no contexto local do produtor e orientada
por princípios de igualdade entre homens e mulheres;
• assegurar a ausência de trabalho infantil e forçado, aderindo à Convenção das
Nações Unidas sobre os direitos da criança e às leis locais;
• compromisso com a não discriminação, igualdade de gênero e liberdade de
associação (sindical, religiosa, política, entre outras). Leva em consideração a
necessidade das gestantes, mães e lactentes;
• assegurar boas condições de trabalho para todos, cumprindo as leis locais e
nacionais e orientações da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre saúde
e segurança;
• facilitar o desenvolvimento de capacidades e habilidades de pequenos produtores;
• promoção de comércio justo, por meio de maior justiça na realização das trocas
comerciais;
• respeito pelo meio ambiente, utilizando matérias-primas de fontes geridas de forma
sustentável, realizando compras no nível local quando possível, reduzindo consumo
de energia, adotando energias renováveis, materiais e embalagens biodegradáveis
e minimizando o impacto de resíduos no meio ambiente.

Portanto, além do envolvimento das empresas em práticas de comércio justo, é


preciso que haja uma conscientização dos consumidores em relação a essas questões
sociais e ambientais e aos princípios do comércio justo, e outras formas de consumo
consciente. Vamos falar um pouco sobre isso no próximo subtópico.

3 BRASIL E O CONSUMO CONSCIENTE – DADOS


É muito comum buscarmos inspirações para desenvolver estratégias mais
sustentáveis em países e organizações que estejam um passo à frente em termos
da aplicação de metodologias voltadas à geração de sustentabilidade e ao consumo
consciente. No entanto, em nosso país, é possível encontrar iniciativas inovadoras,
pioneiras em sua realização e resultados. Agora, abordaremos o consumo consciente
e alguns dados e exemplos no contexto brasileiro. Ao se deparar com empresas que
promovem a RSC, a ESG, ou outras ações orientadas pela ética na relação com o
meio social e ambiental, o consumidor pode vir a se identificar com aquela empresa,
ou até mesmo com as causas que apoia, alavancando efeitos positivos para todos os
envolvidos com a marca e as causas (KAMIYA et al., 2018).
107
De acordo com Gomes (2006), o consumo consciente é uma forma de
manifestação de responsabilidade social dos cidadãos, como uma contribuição para
uma sociedade mais justa e igualitária, tanto pela condução dos negócios, como
das ações individuais. Consumir consciente significa fazê-lo sem que haja excesso,
desperdício, de modo que todos sempre tenham acesso à possibilidade de consumo
(POR QUE CONSUMO [...], 2022). Assim, consumo consciente configura a decisão ou o
ato de adquirir bens e serviços levando em consideração o equilíbrio entre os efeitos
sociais, ambientais e o atendimento das necessidades pessoais (FABI; LOURENÇO;
SILVA, 2010).

Consumidores conscientes podem demonstrar interesse em aspectos


particulares dos produtos que consomem. Podem optar por comprar de empresas
envolvidas em cadeias produtivas sustentáveis, comércio justo, produtos orgânicos,
produtos cruelty free (livres de crueldade contra animais) e veganos (sem ingredientes
de origem animal), entre outros. Há, porém, o risco do chamado green washing, que
é uma prática de maquiagem ambiental, em que a empresa comunica informações
relacionadas à produção e ao consumo verde ou sustentável, que não condizem com
sua prática produtiva, comercial ou de gestão, por isso, o acesso à informação pode
facilitar a tomada de decisão de compra e o engajamento com a marca.

Para serem identificadas pelos consumidores, muitas dessas empresas se


utilizam do marketing verde, também chamado de marketing social ou ambiental,
adotando em suas embalagens e materiais publicitários informações, selos e rótulos
específicos.

Marketing verde é derivado do marketing tradicional e busca responder às


necessidades de clientes que levam em consideração nas suas tomadas de decisão
as medidas sustentáveis envolvidas e os danos à natureza que seu comportamento de
consumo pode acarretar.

Em pesquisa realizada pelo Instituto Akatu (2018), registrou-se que o segmento


de consumidores mais conscientes e engajados é o das classes sociais mais altas
e de maior escolaridade. Entre os comportamentos mais registrados de consumo
consciente, em primeiro lugar estão as atitudes que visam economia de água e de
energia elétrica, seguidas pelo planejamento nas compras de roupas e alimentos.
Nessa linha, a oferta de produtos certificados no mercado pode influenciar o consumo.
Dois exemplos conhecidos pelos brasileiros quando se trata de certificação são o “Selo
Orgânico do Brasil”, em alimentos, e o selo “Procel”, referente à economia de energia em
eletrodomésticos.

O Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), pela Portaria


nº 52, de 15 de março de 2021, “Estabelece o Regulamento Técnico para os Sistemas
Orgânicos de Produção e as listas de substâncias e práticas para o uso nos Sistemas
Orgânicos de Produção” (BRASIL, 2021b), em adição à Lei nº 10.831/2003, que dispõe
sobre a agricultura orgânica e aborda também a certificação.

108
Outra certificação que você já deve ter visto é o Selo Procel de Economia de
Energia, que certifica equipamentos e eletrodomésticos em relação à economia de
energia, indicando ao fornecedor quais são os mais eficientes em relação ao gasto
energético. Instituído por Decreto Presidencial, em 1993, atua em parceria com o
Inmetro, centros de pesquisa e associações de fabricantes, para ampliar a oferta de
equipamentos mais eficientes no mercado. Somente os produtos que atendem aos
índices de consumo e desempenho estabelecidos pela Procel são contemplados pelo
selo (SELO [...], 2006).

Em relação a outro segmento de consumo, destaca-se que a economia circular


no vestuário foi um dos modos de consumo que teve expressivo crescimento no Brasil
em 2021, em meio à pandemia da covid-19. A abertura de brechós cresceu quase 50%
entre 2020 e 2021, incluindo brechós de luxo e tradicionais. As roupas de “segunda
mão” foram uma forma de as pessoas pouparem, mas também um reflexo da maior
percepção do valor dos produtos usados.

Os brechós movimentam cerca de R$ 7 bilhões por ano no Brasil e já atraem


empresas tradicionais do varejo. Além disso, nota-se um movimento de grandes marcas
como a Renner, empresa brasileira do vestuário que comprou a Repassa, um brechó
virtual criado em 2015, passando a pertencer a um novo nicho de mercado (APRÍGIO,
2021).

Nas indústrias de cosméticos higiene pessoal, perfume e limpeza, nos últimos


anos, houve um forte apelo contra a testagem em animais, que resultou em uma
legislação própria em alguns estados do país. Até o início de 2022, eram oito os estados
brasileiros a proibirem essa prática: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Amazonas,
Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná e Pernambuco (TESTES […], 2021).

O selo Cruelty Free tem origem no uso desse termo ainda nos anos 1950 por uma
ativista do direito dos animais, e popularizou-se na década de 1970. Em 1991, a União
Europeia criou um laboratório de alternativas aos testes em animais, e as certificações
trouxeram maior transparência aos consumidores, que podem decidir sobre consumir
os produtos, ou não. Empresas brasileiras de grande porte e presença internacional,
como a Natura e o Boticário, afirmam não realizar testes em animais (TESTES […], 2021).
Além dessas, outras empresas de cosméticos veganos do Brasil têm conquistado
consumidores conscientes com propostas de valor que incluem a redução no uso de
embalagens plásticas, sem testagem em animais e com matérias-primas sem origem
animal, como a Sallve e a Amokarité.

Em resumo, na contramão de um estímulo constante ao consumo movido


somente pelo benefício próprio, o capitalismo consciente traz à tona necessidades
ambientais e sociais que precisam ser levadas em consideração na tomada de decisão
de produção e de compra. A mudança de mentalidade em direção ao capitalismo
consciente ocorre em paralelo à presença de empresas com mentalidade tradicional,
focadas no lucro.

109
INTERESSANTE
Em novembro de todos os anos, é comum em muitos países um evento comercial chamado
Black Friday, marcado por liquidações e corrida pelas vendas por parte das empresas, e pela
busca de promoções por parte dos consumidores. Contudo, motivados pela compra baseada
na emoção ou por impulso, a Black Friday pode ser interpretada como um movimento
contrário ao que propõe o capitalismo consciente. Em 2021, a Black Friday ocorreu
entre às 0h de 25/11 (quinta-feira) até às 23h59 de 26/11 (sexta-feira), movimentando
mais de R$5,4 bilhões no comércio eletrônico (BLACK […], 2021). Por esse
motivo, o Instituto Akatu promoveu, em 2021, uma ação chamada Green
Friday (do inglês, sexta-feira verde, em alusão à sustentabilidade ambiental).
O objetivo do Instituto foi minimizar excessos e desperdícios, gerando
melhores impactos sobre a natureza e a sociedade (AGÊNCIA BRASIL, 2021). Essa
iniciativa teve início na Patagônia, em 2011, e vem sendo replicada em vários países
todos os anos, embora a Black Friday tenha continuado com números crescentes
de vendas anuais durante a maior parte desse período. Algumas das empresas
que aderiram ao Green Friday e promoveram estratégias alternativas, incluindo
ações sociais nos mesmos dias de Black Friday e estimulando outras formas de
consumo, foram as brasileiras do vestuário Animale e a Farm. Esta última é dona
de marcas como Hering e Dzarm (CAETANO, 2021).

110
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Diferentemente do capitalismo tradicional, o capitalismo consciente proporciona


novas possibilidades de geração de valor compartilhado entre os stakeholders.

• A mudança do capitalismo tradicional para o consciente se dá no jogo de negócios,


que deixa de ser um jogo de soma zero para ser um jogo de soma positiva, ou
ganha-ganha.

• Práticas de RSC e ESG estão voltadas à valorização da ética nos negócios, incluindo
questões e ações de cunho ambiental, social e de governança corporativa, como as
práticas de comércio justo e inovações voltadas para a Base da Pirâmide, como as
inovações e tecnologias sociais.

• No Brasil, o consumo consciente tem sido visto tanto em iniciativas dos consumidores,
quanto como movimento das empresas, sendo também estimulado por legislações
específicas, como o Selo Orgânico Brasil, o Selo Procel e as leis que proíbem o teste
de produtos cosméticos e de higiene em animais.

111
AUTOATIVIDADE
1 A sustentabilidade é um conceito que deu origem a diversas iniciativas de redução
de impactos negativos sociais, ambientais e econômicos do capitalismo tradicional,
entre elas o conceito de capitalismo consciente. Uma publicação que é considerada
um marco para o conceito de capitalismo consciente é o livro Capitalismo consciente,
de Mackey e Sisodia, publicado em 2013, após os autores terem vivido experiências
pouco satisfatórias em seus negócios baseados no capitalismo tradicional. Em
relação ao capitalismo consciente, analise as afirmativas a seguir:

I- O capitalismo consciente implica em um despertar coletivo que levará a uma forma


mais consciente de condução do capitalismo e da gestão empresarial.
II- A livre-iniciativa presente no capitalismo consciente pode ser utilizada em prol de
maximizar a prosperidade e as possibilidades de promoção de felicidade e bem-
estar para todos os indivíduos, independentemente da classe social.
III- O capitalismo consciente foi concebido com o objetivo de concentrar o valor gerado
ao longo de toda a cadeia de valor na empresa produtora.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa III está correta.

2 O capitalismo consciente tem sido adotado pelas empresas através de filosofias


e práticas de gestão, tais como a Responsabilidade Social Corporativa (RSC) e a
Governança Corporativa, Ambiental e Social (do inglês Environmental, Social and
Governance – ESG). Sobre os elementos do capitalismo consciente, classifique V para
as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) A Responsabilidade Social Corporativa está baseada em valores éticos adotados


pelas empresas, incluindo questões legais, sociais e ambientais. 
( ) Os funcionários de uma empresa que adota a Responsabilidade Social Corporativa
tendem a ser inseridos em uma cultura de bem-estar social, diversidade e inclusão.
( ) O acrônimo ESG corresponde à Responsabilidade Social Corporativa.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - V - F.

112
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) F - F - V.

3 A Base de Pirâmide (Base of Pyramid – BOP) é uma população representada por


pessoas que vivem com menos de US$ 2,00 por dia e abrange uma imensa variedade
de culturas, hábitos de consumo, etnias, capacidades e necessidades diferentes.
Essa diversidade deve ser reconhecida pelas empresas para que possam direcionar
soluções inovadoras para esse mercado de consumo, de modo a atender suas
necessidades, promover bem-estar econômico, social e ambiental. De acordo com
C. K. Prahalad (2012), criador desse conceito, para transformar essas pessoas em
consumidores potenciais, a empresa deve levar em consideração quatro fatores:
consciência (awareness), acesso (access), viabilidade (affordability) e disponibilidade
(availability). Em relação à consciência, sobre o que melhor a define, assinale a
alternativa CORRETA:

FONTE: PRAHALAD, C. K. Bottom of the pyramid as a source of breakthrough innovations. Journal of


Production Innovation Management, [s. l.], v. 29, n. 1, p. 6-12, 2012.

a) ( ) Criar consciência nesses produtores e consumidores BOP sobre quais produtos


e serviços estão disponíveis e em oferta, e como usá-los.
b) ( ) Fazer acessíveis produtos e serviços até mesmo em locais muito remotos.
c) ( ) Assegurar que o consumo desses produtos e serviços seja viável para esse
público.
d) ( ) Atuar de forma que o suprimento desses produtos e serviços não seja
interrompido.

4 O documento Pacto Global, da ONU, publicado em 2004, é a base para o Environment,


Social and Governance, que significa Ambiente, Social e Governança Corporativa,
conhecido pelo acrônimo ESG. Direcionado a empresas que atuam no setor financeiro, o
ESG preconiza que os investimentos realizados pelas empresas no mercado financeiro
levem em consideração, na tomada de decisão, o impacto social e ambiental positivo
que cada investimento pode gerar, mensurando esse impacto de forma quantitativa
nos resultados da empresa. Na mesma lógica de orientação para a sustentabilidade,
a Responsabilidade Social Corporativa (RSC) é uma filosofia que influencia as práticas
da empresa, considerando seus impactos sociais, legais e ambientais. Disserte sobre
como uma empresa pode atender públicos-alvo específicos, refletindo suas práticas
de RSC e ESG e promovendo a sustentabilidade econômica, social e ambiental.

5 Uma empresa gera valor ao desenvolver soluções para problemas específicos. Cada
agente envolvido ao longo da cadeia produtiva de um bem ou serviço contribui com
uma parcela daquela geração de valor que é percebida pelo cliente final. Pela lógica
capitalista tradicional, a empresa deve orientar-se para a maximização do lucro. Porém,
pela lógica do capitalismo consciente, outros fatores devem ser considerados. Disserte
sobre a mudança do capitalismo tradicional para o capitalismo consciente, apontando a
participação dos diferentes agentes nas relações de produção e consumo.

113
114
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
BLOCKCHAIN E CRIPTOMOEDAS COMO
ALTERNATIVA DENTRO DA ECONOMIA
COLABORATIVA

1 INTRODUÇÃO
No capitalismo, as trocas comerciais de bens e serviços ocorrem mediante
o pagamento em valor monetário. O dinheiro digital passou a fazer parte do nosso
cotidiano com o uso de cartões de crédito e de débito, mas a economia colaborativa e
o avanço tecnológico ampliaram as possibilidades de trocas em ambientes virtuais, ou
seja, pela internet.

Entretanto, desde 2008, estão presentes na economia mundial as criptomoedas,


as quais geraram um grande furor entre governos, gestores e usuários.

Ao mesmo tempo em que são uma tendência por serem uma proposta mais
segura para as trocas realizadas pela internet, a adoção e a valorização exponencial
dessas criptomoedas geraram dúvidas sobre o seu uso ao longo do tempo, ou se seria
apenas mais uma “bolha” prestes a estourar, como a “bolha imobiliária” que culminou na
crise econômica mundial em 2008.

A blockchain e as criptomoedas são termos, conceitos e tecnologias com


aplicações relativamente novos, porém, já revolucionaram setores do mercado e
movimentam bilhões de dólares na economia em todo o mundo. Ambos existem em
ambientes de economia colaborativa. Vamos descobrir juntos do que se trata?

2 BLOCKCHAIN E CRIPTOMOEDAS – IMPACTO NA


ECONOMIA GLOBAL
Antes de falarmos em criptomoedas, vamos conhecer um pouco sobre
blockchain?

A blockchain tem o papel de automatização da intermediação de uma transação,


substituindo o papel de julgamento e validação de transações que até então era feito
por instituições bancárias e outras como os cartórios e tabelionatos, agencias de
corretagem etc. Dessa forma, se julgaria uma operação como justa e segura para ambos
os envolvidos (RIBEIRO; MENDIZABAL, 2019).

115
Para que realize essa função, a blockchain (block = bloco; chain = cadeia), ou
do inglês “cadeia de blocos”, atua como uma “espécie de livro-razão público, em que se
realizam, registram e validam anonimamente as transações criptografadas, com cada
transação possuindo um código único” (LOPES, 2018, p. 12).

O ambiente da blockchain é totalmente virtual, uma vez que se trata de uma


estrutura de arquitetura de dados peer-to-peer (par-a-par, ou nó-a-nó). Nessa estrutura,
é preciso imaginar que há um compartilhamento de dados entre dois ou mais pontos,
sejam esses pontos representados por um indivíduo, uma empresa, um robô, enfim, um
elemento qualquer que participa daquele sistema de dados por meio de transações e a
quem chamaremos de “nó”. A API é a interface que possibilita a interação entre o usuário
e a blockchain (FIGURA 1).

FIGURA 1 – ELEMENTOS DE UMA REDE BLOCKCHAIN

FONTE: Ribeiro e Mendizabal (2019, p. 11)

Nesse contexto, diferentemente das arquiteturas de dados em que há uma


central de armazenagem de informações (um servidor) e os clientes que vão acessar
aquelas informações, na arquitetura de dados peer-to-peer, não há uma central de
armazenagem dos dados, uma vez que se trata de um ambiente de compartilhamento e
todos os participantes são responsáveis por criar, armazenar e manter os dados daquele
sistema (FORMIGONI FILHO; BRAGA; LEAL, 2017; ALVES et al., 2020).

Para participarem desta rede, os “nós” concordam com as regras de


funcionamento ali estabelecidas para realizar suas operações e alimentam aquele
sistema com os dados requeridos em cada transação (ALVES et al., 2020).

Por isso, na blockchain há quatro elementos importantes: a segurança das


operações; a descentralização de armazenamento/computação; a integridade de
dados; e a imutabilidade de transações (FORMIGONI FILHO; BRAGA; LEAL, 2017). Vamos
comentar sobre eles a seguir.

116
Um bloco é um arquivo que registra as transações à espera de entrarem em
cadeia, sendo sempre adicionados em ordem cronológica, e sendo validados por
outros usuários ou protocolos de consenso que respondem corretamente a um desafio
criptográfico. Assim, o que se chama de mineração da rede significa determinar qual
bloco será inserido na cadeia, conforme os dados que contém (RIBEIRO; MENDIZABAL,
2019).

Os blocos encadeados em uma estrutura blockchain armazenam dados sobre


um conjunto de transações que foram realizadas até aquele momento em toda a rede.
É o caso das transações financeiras, por exemplo. Para garantir que as operações sejam
totalmente seguras, invioláveis em relação à integridade dos dados, que não possam ser
alteradas ou terem sua estrutura de armazenagem modificada, o criador da blockchain
certificou-se de que cada um dos blocos que registram uma transação tenha algo
equivalente à nossa “impressão digital”, que nos torna únicos entre bilhões de pessoas.
Em outras palavras, cada bloco tem um identificador único, chamado hash, que não
pode ser alterado ou removido do sistema, e sem o qual não se pode transmitir os dados
adiante para outro bloco (ALVES et al., 2020).

O início de uma cadeia de blocos se dá com o chamado “fato”, ou seja, uma


transação, troca, conteúdo digital, ou um programa de computador, como um contrato
inteligente, por exemplo (FORMIGONI FILHO; BRAGA; LEAL, 2017). Esse fato é como o
início de um processo e, desse modo, gerará um “bloco”, que se ligará em cadeia com
outro bloco por meio do hash do bloco anterior. Do mesmo modo, esse bloco deverá
ser identificado pelo seu hash pelo bloco posterior, para que então haja uma cadeia de
blocos. É desse modo que a blockchain registra a sequência de blocos criptografados
que representam cada uma das transações que ocorrem em um determinado sistema,
agindo como um “livro público” aberto a todo e qualquer usuário do sistema (ALVES et
al., 2020).

FIGURA 2 – ILUSTRAÇÃO DE UMA TRANSAÇÃO SENDO INSERIDA NA CADEIA DE BLOCOS

FONTE: Ribeiro e Mendizabal (2019, p. 22)


117
Embora qualquer nova transação seja autorizada, a alteração ou a retirada
de transações já registradas não é possível, o que torna a blockchain um sistema de
armazenagem de dados imutável e altamente seguro.

Diferentemente do que acontece com o sistema bancário, por exemplo, no


caso do Brasil, há o Banco Central que centraliza as informações, determina e controla
o funcionamento do sistema de operações financeiras como um todo, a tecnologia
blockchain não conta com uma central de informações; a cooperação e a interação dos
indivíduos se dão de modo descentralizado (ALVES et al., 2020).

O que possibilita que haja o rastreamento de dados e informações no sistema


blockchain é o que se chama timestamp, que é o registro de data e hora pertencente a
cada bloco. Ou seja, além de seu identificador único próprio (hash), a blockchain carrega
informações de data e hora que variam a cada novo bloco. Esses dois elementos são
fundamentais para evitar ataques cibernéticos que possam colocar o sistema e suas
informações em risco (ALVES et al., 2020).

São importantes conceitos na blockchain, portanto (ALVES et al., 2020):

• arquitetura peer-to-peer baseada em “nós” que se comunicam entre si;


• bloco e seu hash, que são únicos e levam consigo os dados que são inseridos no
sistema a cada transação;
• descentralização, uma vez que os dados circulam por toda a rede, sem que haja
uma central;
• integridade dos dados, que é fundamental para garantir a conclusão das operações;
• transparência da tecnologia, uma vez que se trata de um “livro público”, em que é
possível visualizar todas as transações realizadas por qualquer nó pertencente à
rede.

Apesar de conceitualmente se dizer que não há centralização dos dados,


atualmente é possível encontrar blockchains públicas, privadas ou híbridas, conforme
a finalidade de sua aplicação. Quando privada ou híbrida, haverá um elemento de
centralização que autorizará a transação de um número limitado de grupos permitidos
(ALVES et al., 2020).

A blockchain já passou por algumas atualizações desde a sua criação, incluindo,


hoje, outros tipos de produtos e serviços que foram atraídos pelas suas propriedades de
segurança, inviolabilidade e a imutabilidade. Conheça um pouco sobre as criptomoedas
e, em seguida, sobre outros tipos de aplicações das blockchains.

118
2.1 A ORIGEM DAS CRIPTOMOEDAS
Criptomoedas são um neologismo que une as palavras “criptografia” e “moeda”
e podem ser descritas como moedas utilizadas mediante a aplicação de tecnologia de
criptografia de dados. São moedas virtuais, não existindo em formato físico, e representam
a primeira aplicação conhecida de blockchain. A pioneira entre as criptomoedas foi a
Bitcoin, criada em 2008, por meio da divulgação on-line de um white paper, assinado
pelo pseudônimo Satoshi Nakamoto. Um white paper é um documento oficial que pode
ser emitido por um governo ou uma instituição, com a finalidade de informar ou servir
como guia para uma determinada situação ou problemática apresentada.

Segundo o criador do Bitcoin, o objetivo das moedas eletrônicas era minimizar


os problemas gerados no comércio pela internet, em que instituições financeiras são
intermediadoras de operações de pagamentos eletrônicos, incorrendo em custos de
mediação, incertezas, fraudes, entre outros problemas. Por isto, Nakamoto (2008, p.
8) sugere a adoção de “[…] um sistema de pagamento eletrônico baseado em prova
criptográfica em vez de confiança, permitindo a quaisquer duas partes dispostas a
transacionar diretamente uma com a outra sem a necessidade de um terceiro confiável”.

Dessa forma, Nakamoto (2008) explica que a criptomoeda é uma moeda


eletrônica no formato de cadeia de assinaturas digitais. Ao adotar a criptomoeda,
o proprietário de uma moeda a transfere para outro e, para isso, utiliza-se de uma
assinatura digital de identificador único (hash) da operação anterior somada à chave
pública de quem a está recebendo.

Com isso, será possível para qualquer “nó” daquela blockchain verificar a cadeia
de propriedades por onde passou aquela moeda e evitar que haja uso duplo da mesma
moeda, ou até mesmo falha ou ausência de alguma transação, como em uma cobrança
que já tenha sido paga. E é por isso que todas as transações devem ser públicas ou, em
outras palavras, devem estar disponíveis para consulta de todos os nós ou participantes
daquela blockchain (NAKAMOTO, 2008).

De acordo com Lopes (2018), embora a Bitcoin seja a mais conhecida, há inúmeras
criptomoedas em circulação. As criptomoedas geraram importantes questionamentos,
com opiniões favoráveis e opostas ao seu uso, uma vez que, por existirem somente no
ambiente virtual, não contam com regulamentação governamental.

O anonimato dos seus usuários possibilitou que fossem aplicadas na aquisição


de itens ilícitos, tais como armas e drogas, entre 2011 e 2013, até que o mercado onde
eram comercializadas fosse desabilitado pelas autoridades estadunidenses, o que
também contribuiu para a desconfiança dos usuários potenciais de criptomoedas em
outros mercados (SOUZA; MEDEIROS, 2020).

119
Outro fator relacionado à adoção das criptomoedas é a sua capacidade de
valorização como ativo financeiro. Conforme Souza e Medeiros (2020), logo que foi
lançado no mercado, o Bitcoin era comercializado a 1.309,03 BTC (Bitcoin) por US$
1,00. Contudo, em 2017, 1 BTC equivalia a US$ 19.784,00, o que despertou interesse
nas pessoas, mas também o receio de uma grande bolha, como a que resultou na crise
econômica mundial, em decorrência da supervalorização do mercado imobiliário nos
Estados Unidos. No caso das bitcoins, primeiramente foi liberado um grande número
de moedas para comercialização e a alta disponibilidade gerou uma desvalorização
da moeda. Porém, com o tempo, a oferta foi limitada e, assim, a moeda passou a ter
valorização em relação ao dólar.

Nestes mais de dez anos de operações em criptomoeda, usuários de todo o


mundo gradualmente passaram a aceitar novas aplicações da tecnologia blockchain e
das moedas virtuais em segmentos específicos de negócios. Conheça um pouco mais
deste tema a seguir.

3 APLICAÇÕES E VANTAGENS PARA OS NEGÓCIOS –


BLOCKCHAIN E CRIPTOMOEDAS
Desde a sua criação, as blockchains passaram por evoluções para atender
diferentes tipos de necessidade do mercado. Conforme Ribeiro e Mendizabal (2019),
enquanto, na geração 1.0, os usos se deram nas transações envolvendo criptomoedas,
a geração 2.0 englobou os contratos inteligentes. A geração 3.0 possibilitou algumas
Aplicações Descentralizadas (DApps) e uma interface mais atraente para usuários
em massa. E a geração 4.0 tem sido explorada com as possibilidades de automação,
ambientes virtuais nas nuvens, cidades inteligentes, entre outros.

QUADRO 1 – A EVOLUÇÃO DA BLOCKCHAIN E SUAS APLICAÇÕES

FONTE: Ribeiro e Mendizabal (2019, p. 13).

Para os negócios, as aplicações da blockchain são variadas. Primeiramente,


há indústrias que estão se reinventando com a pandemia ao incluir as criptomoedas
entre suas formas de pagamento. Casas de luxo na Ilha da Madeira, em Portugal,
foram negociadas em 2011 utilizando-se das criptomoedas como forma de pagamento
(PACÍFICO, 2021).
120
O mercado de obras de arte também mudou, gerando a chamada cripto-=arte,
que é uma arte digital criptografada, com código único que lhe atribui exclusividade, do
mesmo modo que ocorre com uma obra física.

O nome deste código é NFT (Non Fungible Token, no português Token Não
Fungível), que tem a mesma lógica de funcionamento da hash, e pode ser utilizado
em qualquer tipo de arte (música, vídeo, imagem), ficando armazenado na blockchain
(CHARLEAUX, 2021).

Soluções em cadeias produtivas já estão sendo realizadas via blockchain por


empresas de segmentos farmacêuticos, alimentícios, energéticos e na automação
industrial e domótica, como, por exemplo, em soluções de internet das coisas (do inglês,
Internet of Things – IOT) e inteligência artificial.

Domótica é o nome da tecnologia responsável pelas casas inteligentes,


possibilitando a automação residencial e o controle de vários equipamentos domésticos
em um só. Um exemplo é a ligação de sistemas de aquecimento, som e luz, sistemas
antichamas e alarmes por meio de aplicativos em smartphones.

Com o uso da blockchain e IOT, esse tipo de tecnologia pode gerar maior
segurança na transmissão dos dados, automatização de soluções e a possibilidade de
integração com outros sistemas de segurança, como os ligados ao acionamento de
bombeiros e polícia, por exemplo. Em outras aplicações, como nos sistemas industriais,
a blockchain pode ser utilizada juntamente com IOT para realização de controle de
estoques, sinalizando para os fornecedores quando é necessário disparar uma ordem
de produção para aquela empresa.

A blockchain tem sido aplicada também nas chamadas smart cities, ou cidades
inteligentes. A Estônia foi o primeiro local a adotar o uso de blockchain em nível nacional,
em 2012. Todo cidadão, independentemente de onde viva, tem uma identidade digital
emitida pelo Estado.

A transformação digital no país iniciou há 20 anos e, atualmente, 100% dos dados


armazenados pelo governo estão em uma rede blockchain chamada KSI, desenvolvida
no país. Desse modo, na Estônia, é possível que os cidadãos, utilizando-se de sua
e-identity (identidade eletrônica), realizem o pagamento de impostos, integração com
bancos, votem, tudo isso na plataforma on-line do governo (SANTI, 2020).

Com a tecnologia blockchain, a forma de fazer negócios na Estônia também


mudou, sendo possível se tornar um empreendedor digital no país a partir de qualquer
lugar do mundo. Para isso, deve-se obter na plataforma do governo um Smartcard
(cartão inteligente) que lhe possibilite assinar documentos e participe de um programa
chamado e-Residency, tornando-se um “residente eletrônico” daquele país (SANTI,
2020).

121
Contratos inteligentes feitos com tecnologia blockchain estão em uso em vários
países e são uma forma de reduzir a papelada e a burocracia, uma vez que são cumpridas
as obrigações entre as partes de forma confiável, em ambiente totalmente digital. São,
por isso, menos custos e mais rápidos do que os processos tradicionais de elaboração e
assinatura de contratos, por exemplo, que envolvem uma série de intermediários, como
cartórios e tabelionatos (SANTI, 2020).

Uma aplicação da blockchain que tem chamado a atenção por incluir pessoas
de todas as idades e ter se iniciado no ambiente de jogos (games), é o multiverso.
Conforme Nicoceli (2021), em reportagem publicada na Revista Forbes, o multiverso é
um conceito representado por

[…] uma mistura de universos, já é conhecido de fãs de filmes de


ficção. Recentemente, chegou também ao mundo dos jogos on-line,
por meio do uso de blockchain. Uma das vantagens deste recurso é
permitir que um jogador possa utilizar um mesmo artefato em jogos
de produtoras diferentes. No entanto, pelo foco de finanças, o que
chama a atenção é a possibilidade de ganho financeiro ao se jogar os
chamados criptogames.

Baseados nas criptoartes ou NFTs, os usuários de criptogames estão inseridos


em universos virtuais, utilizando-se de personagens adquiridos on-line e que, por isso,
são únicos. O investimento nesse tipo de jogo se dá pela compra de criptomoedas, que
são utilizadas na aquisição das NFTs. O jogo serve como um investimento, pois é possível
comprar e vender personagens, acessórios, vestimentas, e outros produtos digitais
associados. Entretanto, como todo investimento, há um risco envolvido, uma vez que
há variação no preço da criptomoeda conforme a oferta e a demanda (NICOCELI, 2021).

DICA
Para conhecer um pouco mais dos criptogames e a experiência dos usuários no
uso de criptoartes e criptomoedas, leia o artigo “Criptomoeadas, blockchain e
multiverso: jogos on-line abraçam tecnologias como mecanismo de incentivo”
no site da Forbes, disponível em: https://bit.ly/3tcaXTZ.

Ainda em relação ao multiverso, que diz respeito à mistura de universos,


tem-se um outro termo relacionado e que é utilizado em muitos momentos de forma
intercambiável, que é o metaverso.

De acordo com a empresa Facebook, que desde outubro de 2021 passou a se


chamar Meta, em alusão à tecnologia ligada ao conceito de multiverso, o metaverso
será uma experiência híbrida entre o real e o virtual. Em outras palavras, o metaverso
possibilitará a projeção do mundo físico em um ambiente virtual que poderá, em alguns

122
momentos, se tornar tridimensional. Esses ambientes em metaverso deverão modificar
as formas como são realizados o entretenimento, as conexões sociais, os exercícios
físicos, o trabalho, a educação, enfim, todas as esferas onde convivemos em sociedade
(INTRODUCING […], 2021).

Em junho de 2021, a empresa Facebook anunciou o investimento da empresa


em uma estrutura para criar ambientes de trabalhos virtuais em um escritório “infinito”
e totalmente inserido em um ambiente de metaverso. Em um consórcio de empresas,
o Facebook se juntou com gigantes como Google, Microsoft, Samsung e Sony para
projetar uma realidade experimental. Para isso, as tecnologias de metaverso adotadas
nos games serão fundamentais (NICOCELI, 2021).

Nesse contexto, a tendência é que, com a maior inclusão de blockchains nas


operações de gestão tanto governamentais, como empresariais, haja uma aproximação
ainda maior dos usuários em relação a essas tecnologias e aos benefícios que podem
gerar em termos de tempo, custo e segurança dos dados. Com base na economia do
compartilhamento, todos os agentes, tanto produtores como consumidores, participam
das trocas, alimentando os sistemas.

Certamente, ainda há barreiras de acesso à tecnologia que devem ser quebradas,


mas é inegável a tendência de transformação dos modelos tradicionais de capitalismo e
gestão, para os modelos descentralizados e compartilhados. E, para isso, é fundamental
que se desenvolva a cultura da colaboração, que será abordada no próximo tópico.

123
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• As trocas com dinheiro digital evoluíram com o uso de cartões de crédito e débito,
chegando às criptomoedas a partir do avanço da economia colaborativa, das
tecnologias, levando à necessidade de condições mais seguras das transações.

• A blockchain é uma tecnologia de cadeia de blocos, em que cada bloco contém dados
únicos que possibilitam substituir documentos e intermediários em transações de
diversos tipos, como as trocas comerciais.

• A primeira aplicação de blockchains foram as criptomoedas, seguidas dos contratos


inteligentes, chegando até aplicações mais complexas, como a gestão de recursos
públicos e cidades inteligentes.

• Entre as características de blockchain que tornam essa tecnologia mais segura


do que as existentes até então estão: o nível de segurança das operações, que
são criptografadas; a descentralização dos dados armazenados; a integridade dos
dados; e a imutabilidade das transações, garantida por identificadores únicos de
cada bloco e a rastreabilidade por todos os usuários do sistema.

124
AUTOATIVIDADE
1 As tecnologias de blockchain e suas aplicações, como as criptomoedas, são exemplos
de tecnologias que compõem a chamada economia colaborativa. Junto com modelos
de gestão horizontais e outras tecnologias baseadas na cultura do compartilhamento,
novos modelos de negócios estão surgindo, revolucionando setores do mercado e
movimentando bilhões de dólares na economia em todo o mundo. Sobre blockchain,
analise as afirmativas a seguir:

I- Exige que os documentos trocados entre os participantes das transações sejam


impressos e autenticados para validação.
II- Substitui o papel de julgamento e validação de transações que até então era feito
por instituições como bancos, cartórios e tabelionatos.
III- É uma espécie de “livro-razão público”, em que se realizam, registram e validam
anonimamente as transações criptografadas.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) As afirmativas II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa III está correta.

2 A tecnologia blockchain teve a sua primeira aplicação em uma solução específica,


chamada de criptomoeda. Ela foi divulgada em uma publicação do tipo white paper
e serviu como guia para a criação das criptomoedas seguintes, além de outras
aplicações da tecnologia blockchain, como os contratos inteligentes. Sobre o nome
da primeira criptomoeda, criada em 2008, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Bitcoin.
b) ( ) Ethernet.
c) ( ) NFT.
d) ( ) Ethereum.

3 O mercado de obras de arte tem sido revolucionado com as tecnologias. A aplicação


de blockchain criou um mercado totalmente novo, em que são comercializadas as
chamadas crypto art, ou artes digitais criptografadas. Sobre as criptoartes, assinale a
alternativa CORRETA:

a) ( ) As criptoartes são obras físicas que recebem um QR Code.


b) ( ) O nome do código único das criptoartes é QR Code.

125
c) ( ) Músicas, vídeos e imagens podem ser registrados em uma blockchain.
d) ( ) A transação envolvendo obras de arte em uma blockchain é facilmente fraudável.

4 Blockchains são estruturas de arquitetura de dados em que há o compartilhamento


de dados entre dois ou mais participantes de uma transação. Para integrarem e
atuarem nessa rede, os participantes concordam com as regras de funcionamento
ali estabelecidas para realizar suas operações. Existem quatro atributos importantes
na blockchain: a segurança das operações, a descentralização da armazenagem dos
dados, a integridade dos dados e a imutabilidade das transações. Disserte sobre como
esses atributos são um atrativo para que diferentes setores adotem a tecnologia
blockchain em suas operações.

5 No atual contexto, é crescente a inserção de tecnologia blockchain nas operações de


gestão tanto governamentais, como empresariais. Entre os seus atributos estão o nível
de segurança oferecido e a imutabilidade das transações. Para que as blockchains sejam
movimentadas, é preciso que haja compartilhamento de dados entre os usuários, em uma
arquitetura peer-to-peer. Disserte brevemente sobre como se dá este compartilhamento,
o papel da arquitetura e da centralização dos dados neste tipo de rede.

126
UNIDADE 3 TÓPICO 4 -
CULTURA DA COLABORAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
No contexto das relações de produção e consumo, a colaboração tem se
mostrado presente de diversas formas ao longo da história. Antigamente, nas sociedades
primitivas, a colaboração se dava em comunidade, com as trocas que ocorriam entre os
moradores.

As ajudas mútuas eram realizadas tanto nos serviços, como na plantação,


quanto nas trocas de excedentes produtivos. Com as mudanças ocorridas na sociedade
ao longo dos anos, os princípios do capitalismo levaram a priorização de questões
individuais e a modelos produtivistas voltados ao lucro. Dessa forma, a competição
entre os agentes econômicos predominava nas relações de produção e consumo.

A sociedade evoluiu e, especialmente após se fortalecerem as discussões sobre


sustentabilidade, houve uma tendência para novos modos de produção e consumo
mais conscientes e, com isso, iniciativas que geram valor sob a óptica do consumidor
passaram a surgir. Isso foi possível também devido à transformação tecnológica e
informacional que ocorreu nos últimos anos e ampliou as possibilidades de trocas e
colaboração sem finalidade capitalista.

A ideia de colaboração implica em uma pessoa, indivíduo ou empresa realizar


apoio e geração de benefício em forma de auxílio a outro indivíduo, empresa ou projeto,
sem que se espere reciprocidade dessa ação (WINCKLER; MOLINARI, 2011).

Desse modo, ao se adotar uma cultura colaborativa, há o fundamento ou princípio


da dádiva, uma vez que a retribuição pela colaboração não tem uma contrapartida
esperada e calculada (LIMA; SANTINI, 2008).

A cultura da colaboração resulta em alguns dos modelos de negócios e gestão


presentes na economia compartilhada, muitas das quais baseadas em inovação e
tecnologia, como as startups. Algumas dessas iniciativas criam nichos de mercado, tais
como as organizações voltadas para a promoção de crowdsourcing. Em inglês, crowd
refere-se à grupo de pessoas, multidão, e sourcing refere-se à fonte, abastecimento.

Assim, esse tipo de iniciativa organiza formas de colaboração coletiva como,


por exemplo, o crowdfunding, que é o financiamento coletivo. Em outras palavras, a
colaboração é direcionada para o financiamento ou benefício de um projeto específico,
muitas vezes de cunho social, tendo sido o modelo de negócio adotado por empresas
bastante conhecidas no Brasil, como Catarse e Vaquinha (COSTA, 2013).

127
A tecnologia de informação e sua cultura colaborativa também se inserem,
nesse contexto, com as plataformas do tipo wiki (Wikipedia, Wikihow etc.) que têm o
conteúdo elaborado por usuários, e softwares livres, de código fonte aberto, que são
totalmente disponíveis para serem modificados pelos usuários. Os fóruns de discussão
sobre temas de tecnologia, viagens, parentalidade, onde há construção coletiva de
conteúdo, também são exemplos importantes desse tipo de cultura colaborativa.

Além dessas possibilidades de adoção da cultura da colaboração, pode-se


mencionar ainda a sua relação com as mudanças no estilo de gestão organizacional, e a
forma de ofertar bens e serviços, como os serviços de transporte e entregas controlados
por aplicativos e tecnologias da economia criativa. Vamos conhecer um pouco mais
sobre esses temas a seguir.

2 CULTURA COLABORATIVA ORGANIZACIONAL – GESTÃO


HORIZONTAL E REDUÇÃO DA BUROCRACIA
Você deve ter percebido que as empresas já não trabalham focadas somente
na própria competitividade. Desde os anos 1990, arranjos colaborativos entre empresas
têm sido implementados de forma a ampliar a geração de valor e a realizar a gestão
colaborativa das cadeias de suprimentos. Essas estratégias se dão em trocas de
tecnologias e informações entre as empresas e a divisão de responsabilidade sobre
os resultados, sendo necessários confiança e comprometimento entre os envolvidos
(GOMES; KLIEMANN, 2015).

Quando se fala em modelos de gestão, é comum que se pense em dois formatos:


vertical e horizontal. No modelo de gestão vertical, também referido como tradicional
por ter sido amplamente adotado pelas organizações no século XIX e XX, há

[…] uma cadeia de comando hierárquico, onde os cargos, funções,


metas e salários são bem definidos e todos os colaborados são
submetidos à autoridade de um chefe. Porém, os níveis operacionais
dificilmente entendem os motivos das ações que realizam, pois,
não tem acesso à informação da estratégia da empresa. E a falta
de comunicação inibe a criatividade e iniciativa dos colaboradores.
(CARDOSO; BATISTA, 2015, p. 73)

Por outro lado, no modelo horizontal de gestão, a empresa busca reduzir os


níveis hierárquicos, promovendo iniciativas dos funcionários, de modo que se possa
atender às necessidades do mercado (CARDOSO; BATISTA, 2015).

Essa abertura à comunicação e à participação está em consonância com a


adoção de tecnologias com essa finalidade dentro da empresa, como os softwares de
gestão compartilhada e ferramentas colaborativas.

128
Em ambientes de gestão horizontal, há maior autonomia dos funcionários,
porém é preciso que suas atividades estejam conectadas com objetivos da empresa,
com os projetos em andamento, e que haja boa comunicação entre os envolvidos.

A adoção de tecnologias e sistemas de informação na gestão tem gerado


uma maior necessidade de mapear processos internos, de forma que cada envolvido
em um projeto tenha clareza sobre suas atividades. Por outro lado, tem resultado em
ganhos em eficiência e possibilidades de reduzir a burocracia existente na geração de
documentos, relatórios, e outros impressos que, hoje, estão disponíveis a todos on-line,
tanto no meio empresarial, como no meio governamental. Em conjunto com tecnologias
que promovam maior segurança nas operações, como a blockchain, é possível evitar
fraudes e duplicação de dados nos sistemas.

O contexto é muito relevante sobre o tipo de gestão. Desde 2020, ao longo


da pandemia da covid-19, muitas empresas adotaram o trabalho remoto, conforme os
limites de cada setor. Isso só foi possível com uma gestão menos verticalizada, maior
abertura para a comunicação, esforços para redução de burocracia de forma a evitar
a geração de documentos em excesso, uso de recursos e tempo. Nesse sentido, foi
preciso buscar o equilíbrio na adoção de tecnologias a favor dos objetivos da empresa
e que proporcionassem condições de trabalho seguras ao funcionário em trabalho
remoto.

Com essa finalidade, algumas das ferramentas utilizadas pelas empresas em


atividades que demandam cultura colaborativa são, por exemplo, Microsoft 365, que
engloba softwares como Word, Excel e Outlook, mas também Teams, OneDrive e Planner,
cujo uso foi ampliado especialmente durante a pandemia da covid-19 para facilitar a
gestão horizontal e as trocas entre equipes.

Podem-se citar também o Google Suite, que se tornou Google Workspace, em


que há softwares como Google Docs, Google Sheets, Gmail e, também Google Meet,
Google Drive e Groups (PAREDES, 2020).

DICA
Durante a pandemia da covid-19, empresas da área de tecnologia
implementaram diferentes tecnologias e sistemas de trabalho para possibilitar
que seus negócios continuassem funcionando por meio do trabalho remoto.
Acesse a o site Computer World e veja as primeiras soluções adotadas por
empresas como Cielo, Claro, Facebook, IBM, LinkedIn, Nuvemshop, SAP, Tim,
Vivo e outras. Disponível em: https://bit.ly/3MKYjTE.

129
Além das empresas que estão passando por uma transição para modelos cada
vez mais horizontalizados de gestão, os consumidores estão cada vez mais presentes
na geração de valor dos produtos e serviços que consomem. Veja como a cultura da
colaboração se dá entre empresas e pessoas no próximo item.

3 CULTURA DA COLABORAÇÃO ENTRE EMPRESAS E


PESSOAS
A cultura da colaboração está presente em relações que podem ocorrer entre
empresas, entre empresas x pessoas, e entre pessoas e pessoas. É também um dos
elementos presentes na lógica das startups, na tecnologia blockchain e na economia
compartilhada. Um conceito que está relacionado à mudança na relação entre produtor
e consumidor é o de “cocriação de valor”, em que os diferentes stakeholders da empresa
são convidados a explorar oportunidades e participar da solução de problemas ou
necessidades específicos de forma coletiva. Nessas interações, ocorre a agregação de
valor, envolvendo o usuário do produto ou serviço no seu processo de criação, que vão
desde ideias de melhorias ou de customização de produtos e serviços, até a partilha
sobre suas percepções sobre eles (SARACENI, 2015).

FIGURA 3 – TORNANDO UMA EMPRESA COCRIATIVA

FONTE: Ramaswamy e Gouillart (2010 apud SARACENI, 2015, p. 66)

Esse tipo de experiência pode ser realizado por meio de plataformas on-line,
utilizando-se de formas de produção colaborativa. No caso de tecnologias, por exemplo,
tem-se a participação de usuários em diversas possibilidades de cocriação com
empresas, em relações predominantemente horizontais, baseadas na criatividade.

130
É o caso também de plataformas de produção colaborativa, como a Wikipedia,
em que há a criação e a edição coletiva dos conteúdos pelos próprios usuários (LIMA;
SANTINI, 2008). A economia compartilhada é uma das possibilidades de repensar a
relação de produção e consumo. Nessa lógica, as iniciativas existentes

[…] oferecem novas possibilidades aos consumidores ao propor uma


abordagem alternativa à mentalidade predominante destes e ao
romper com o entendimento clássico da relação produtor-consumidor
[...] No entanto, as iniciativas de Economia Compartilhada também
oferecem rentabilidade e utilidade prática a seus usuários devido ao
acesso a bens subutilizados (WAGNER et al., 2015, p. 6).

Isso é percebido na prática por empresas que se utilizam dessa lógica, pois
promovem o acesso ao produto ou serviço em lugar da posse daquele produto ou
serviço, transformam clientes em usuários, proprietários, provedores e tomadores de
decisão, tornando o cliente também um fornecedor, participando da criação do valor
compartilhado. Esse tipo de participação está mais presente em iniciativas realizadas
on-line, mas também pode ser encontrado em iniciativas que mesclam o on-line e o off-
line, como as plataformas de compartilhamento como Airbnb, Uber, entre outras. É uma
cultura de consumo frequentemente relacionada às startups e à geração Y, também
chamada de millenials (WAGNER et al., 2015), que são pessoas nascidas entre 1982 e
1994, considerados nativos digitais.

Wagner et al. (2015) apontam a necessidade de “massa crítica”, ou seja, de


pessoas que pratiquem ou consumam aquilo que está sendo ofertado, para ativarem
as redes necessárias para que esses negócios sejam escalados. Na colaboração entre
pessoas, é preciso que haja pessoas suficientes buscando por determinado produto ou
serviço para que haja compartilhamento. Já no caso de colaboração pessoa-empresa,
há o desafio de gerar clientes engajados, que confiem e estejam dispostos a participar
da colaboração na geração de valor, como no caso do Airbnb, por exemplo.

INTERESSANTE
Os aplicativos de economia compartilhada têm crescido em variedade e
número de usuários nos últimos anos. Alguns exemplos são o Couchsurfing,
um aplicativo em que os usuários disponibilizam um lugar para dormir,
seja um colchão, ou um sofá, sem custo para os usuários. Outra opção de
compartilhamento é a troca de trabalho por hospedagem, chamada de Work
Exchange e na qual é possível hospedar-se em um hostel, ONG ou pousada,
por exemplo, em troca de horas de trabalho naquele local. Além disso, os
House Carers são hóspedes que trocam a hospedagem pelo cuidado com a
casa e animais de estimação

FONTE: TROCAR trabalho por hospedagem e outras formas de viajar. Viagem


e Turismo, São Paulo, 7 maio 2021. Disponível em: https://viagemeturismo.
abril.com.br/inspira/trocar-trabalho-por-hospedagem-e-outras-formas-de-
viajar/. Acesso em: 25 jan. 2022.

131
Um dos maiores desafios que se implementa nas relações de economia
compartilhada e cultura de colaboração é a questão da construção da confiança.
Segundo estudo publicado em 2015 pelo Instituto Akatu (WAGNER et al., 2015), são
mecanismos de construção de confiança na economia compartilhada:

• contato pessoal entre os usuários: muitas iniciativas se dão em plataformas on-line,


porém, buscam promover a interação social e encontros pessoais entre os usuários, de forma
a possibilitar trocas de experiências sobre aquele produto ou serviço;
• vinculação a redes sociais e meios de comunicação: esta é uma abordagem
utilizada para promoção de transparência entre os usuários, e bastante orientada à geração Y;
• oferta de seguros: no caso de compartilhamento, aluguéis e empréstimos de bens de valor
alto, como apartamentos e carros, o seguro protege os usuários contra perdas financeiras;
• cooperação com empresas grandes: ao estabelecer parcerias com empresas grandes,
renomadas, um dos resultados pode ser a associação do cliente a maior percepção de
confiança sobre a iniciativa de economia compartilhada;
• adoção de sistema de reputação próprio ou gerenciado por terceiros: se você
já acessou sites como Tripadvisor e Reclame Aqui para obter informações sobre uma empresa,
você está utilizando um sistema de reputação. Esse sistema pode estar dentro da própria
plataforma, ou ser um sistema terceirizado, gerenciado por outras empresas. O mesmo pode
ocorrer em relação aos usuários, que recebem uma classificação, como no caso da Uber e
Airbnb, por exemplo.

Desse modo, ao repensar as relações de produção e consumo, a cultura da


colaboração permeia muitos dos conceitos e exemplos que foram abordados nesta
unidade.

132
LEITURA
COMPLEMENTAR
IMPULSIONADO PELA PANDEMIA, CONSUMO CONSCIENTE GANHA ESPAÇO

Luis Felipe Castro

Os novos hábitos, impulsionados pela pandemia, insista-se, aceleraram uma


atitude cada vez mais visível no século XXI: o consumo consciente. “Será que preciso
mesmo de tantas roupas?”, começaram a se questionar as pessoas, trabalhando de
bermuda e chinelos, remotamente, em casa. Outras tantas, desempregadas ou com
a renda reduzida, tiveram de conter suas tentações e gastar apenas o necessário. O
minimalismo está se consolidando até mesmo entre fornecedores — com recursos
limitados, vender muito deixou de ser a meta hegemônica das empresas, como era
no passado. Na decisão de compra, a busca das sociedades evoluídas será agora por
equilíbrio entre satisfação pessoal e compromissos ambientais, sociais e financeiros.

Consumo consciente não é o mesmo que voto de pobreza. Na verdade, em


muitos casos, o cliente aceita pagar mais caro para apoiar a marca que respeita uma
causa importante para ele: preservação de florestas, bem-estar animal e reversão de
parte da renda para causas sociais, apenas para citar alguns exemplos.

A ascensão de brechós virtuais é outro sinal de comportamento que atende


tanto a uma necessidade quanto a um desejo. Pesquisa realizada em 2020 pelo Instituto
Akatu, que mobiliza a sociedade para o consumo consciente, mostrou que mais de 70%
dos consumidores, principalmente os mais jovens, querem que a iniciativa privada pare
de agredir o meio ambiente e estabeleça metas para tornar o mundo melhor.

Algumas marcas acabam fazendo uso desse engajamento de uma forma até
mesmo polêmica, como foi o caso da fabricante californiana de roupas Patagonia, que
anos atrás lançou uma campanha com o slogan “Não compre esta jaqueta”. Entre a
hipocrisia e o real posicionamento da empresa quanto a causas socio­ambientais, venceu
a crença dos clientes na marca: eles compraram do mesmo jeito e, ao que tudo indica,
bem cientes do que estavam fazendo. De todo modo, a Patagonia tornou-se referência
do consumo da nova era.

“Consciência e lucro não são excludentes. Empresas engajadas atraem clientes


fiéis, o que gera mais retorno para seus acionistas a longo prazo”, afirma Hugo Bethlem,
presidente do Instituto do Capitalismo Consciente Brasil, que em 2020 viu dobrar o
número de associados, incluindo gigantes como Magazine Luiza e Natura.

133
Na mesma medida, companhias que insistem em ir na contramão da história —
explorando funcionários, sendo conivente com discriminação e destruindo a natureza
— podem ser alvo de buycott, neologismo que mescla palavras em inglês e significa
“boicote de compra”. Essa ação bloqueadora acabou, por vezes, ingressando no território
de causas menos nobres, como vingança política por parte de grupos sectários em todo
o espectro ideológico, no Brasil e em e em diversos países.

No mundo real, nos assuntos que realmente importam à sociedade, os exemplos


de boas práticas por parte das grandes corporações têm se multiplicado. A anglo-
holandesa Unilever, maior companhia de bens de consumo do planeta, comprometeu-
se a reduzir pela metade o uso de plástico virgem em suas embalagens e excluir do
processo mais de 100.000 toneladas de plástico até 2025. “É crucial que toda a indústria
faça uma transição rápida para a economia circular”, afirmou o CEO da Unilever, Alan
Jope. Na linha de pensamento de Bethlem, nunca a felicidade do consumidor final pode
se dar à custa do sofrimento de outra parte da cadeia, sejam pessoas, animais ou o meio
ambiente. O plástico é uma das maiores ameaças ao ecossistema, pois demora muitos
anos para se decompor — os oceanos estão poluídos com 150 milhões de toneladas do
material.

O Brasil também vem ganhando protagonismo no consumo consciente. Grandes


redes varejistas e processadores de proteína estão trabalhando para banir, até o fim
desta década, a venda de carne suína e de ovos de galinhas oriundos de animais criados
em torturantes celas de gestação e gaiolas. O Banco do Brasil, uma instituição financeira
bicentenária e fundamental no desenvolvimento do agronegócio, foi considerado a
nona empresa mais sustentável do mundo, de acordo com o ranking Global 100, da
Corporate Knights, em razão de seus investimentos em economia verde, redução da
emissão de carbono e inclusão social. Conscientizar significa adquirir conhecimento:
saber o que se está fazendo. Quando a consciência agrega moral e ética, a sociedade
melhora e é mais feliz.

FONTE: CASTRO, L. F. Impulsionado pela pandemia, consumo consciente ganha espaço. Veja, São Paulo, 8
jan. 2021. Disponível em: https://veja.abril.com.br/cultura/impulsionado-pela-pandemia-consumo-conscien-
te-ganha-espaco Acesso em: 27 jan. 2022.

134
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A colaboração implica em apoio a uma pessoa, indivíduo ou empresa sob o princípio


da dádiva, sem que se espere reciprocidade, mas podendo gerar benefícios mútuos
aos envolvidos.

• Várias iniciativas baseadas na cultura da colaboração estão conectadas com o


capitalismo consciente, empresas horizontalizadas, economia compartilhada,
cocriação, empreendedorismo e tecnologias de informação, criando nichos
específicos de consumo.

• Entre os desafios da economia compartilhada e da cultura da colaboração estão os


mecanismos para construção da confiança entre os envolvidos.

• Iniciativas como Couchsurfing, Worldpackers e House carers, entre outras, são


exemplos de cultura da colaboração em que não há geração de ganho financeiro
direto para os envolvidos, mas há benefícios mútuos claros, orientados por um
propósito maior.

135
AUTOATIVIDADE
1 Ao se adotar uma cultura colaborativa, a ação de colaborar implica em realizar apoio
e geração de benefício a indivíduos, projetos ou empresas, fundamentando-se pelo
princípio da dádiva. Na economia compartilhada, a cultura colaborativa pode ser
utilizada para gerar ganhos financeiros, sociais e ambientais para todos os envolvidos,
tais como os propostos no capitalismo consciente. Sobre cultura da colaboração,
assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A dádiva é um princípio que reflete a colaboração sem que se espere reciprocidade


na ação realizada.
b) ( ) Na cultura colaborativa, a contrapartida é esperada e calculada por todos os
envolvidos.
c) ( ) A dádiva é a ação de calcular o retorno sobre o investimento.
d) ( ) A cultura da colaboração é um dos princípios do capitalismo tradicional.

2 A iniciativa baseada na cultura da colaboração tem transformado a economia e gerado


novos nichos de mercado. Com o advento da tecnologia, os projetos independentes
têm tido possibilidade de se financiar por meio de iniciativas on-line, ganhando
visibilidade e apoiadores em sites e redes sociais. O Catarse é uma plataforma de
crowdfunding que abriga projetos com diferentes objetivos, desde projetos criativos,
como livros independentes, aplicativos e jogos virtuais, até projetos sociais, que
visam melhorias coletivas em comunidades, organizações não governamentais
(ONGs), entre outros. Sobre o termo que melhor descreve o tipo de serviço oferecido
pela plataforma Catarse, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Financiamento coletivo.
b) ( ) Assinatura digital.
c) ( ) Ambiente virtual de aprendizagem.
d) ( ) Investimento digital.

3 A economia compartilhada é uma forma de realizar trocas em que está presente


a cultura da colaboração. Um conceito que está relacionado a esses termos e,
consequentemente, à mudança na relação entre produtor e consumidor, é o de
“cocriação de valor”. A cocriação está mais presente em iniciativas realizadas on-
line, mas também pode ser encontrada em iniciativas que mesclam o on-line e o
off-line, como as plataformas de compartilhamento como Airbnb, Uber, entre outras.
Desse modo, se expressam na cultura de colaboração nas relações entre empresas
x pessoas, empresas x empresas e pessoas x pessoas. Um aspecto muito relevante
nesse tipo de relação é a construção de confiança. Há uma série de mecanismos
de construção de confiança na economia compartilhada, logo, assinale a alternativa
CORRETA:

136
a) ( ) Boicote às empresas grandes.
b) ( ) Estímulo ao distanciamento pessoal entre os usuários.
c) ( ) Adoção de sistemas de reputação.
d) ( ) Responsabilização do usuário pelas falhas do sistema.

4 A sociedade atual tem registrado a presença paralela entre iniciativas de capitalismo


tradicional e de capitalismo consciente. A cultura da colaboração é um dos elementos
que vem promovendo uma mudança no paradigma capitalista. Disserte brevemente
sobre essa mudança desde as sociedades primitivas até a cultura da colaboração no
capitalismo atualmente.

5 Os modelos de gestão horizontal e vertical são distintos. No modelo vertical, há presença


de uma hierarquia clara e rígida, cadeias de comando de cima para baixo, relações de
autoridade e submissão entre chefes e subordinados, e a centralização das informações
e das tomadas de decisão. Durante a pandemia da covid-19, muitas empresas tiveram que
se reinventar, inclusive em relação ao modelo de gestão adotado, de forma a flexibilizar as
relações de trabalho. A cultura da colaboração e as ferramentas colaborativas estão mais
presentes em organizações com modelos de gestão mais horizontalizadas. Disserte sobre
como a cultura da colaboração e as ferramentas colaborativas podem ter influenciado
sobre a transição das pessoas que saíram de ambientes organizacionais empresariais
para realizar seus trabalhos de forma remota (home office).

137
REFERÊNCIAS
A EVOLUÇÃO do ESG no Brasil. Rede Brasil do Pacto Global, [s. l.], abr. 2021.
Disponível em https://conteudos.stilingue.com.br/estudo-a-evolucao-do-esg-no-
brasil. Acesso em 26 jan. 2022.

ABSTARTUPS – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE STARTUPS. Guia do marco legal


das startups. São Paulo: ABS, 2021. Disponível em: https://abstartups.com.br/wp-
content/uploads/2021/08/Guia-Marco-Legal-Startups.pdf. Acesso em: 20 jan. 2022.

AGÊNCIA BRASIL. Instituto orienta para consumo consciente durante a Black Friday.
Época Negócios, São Paulo, 24 nov. 2021. Disponível em: https://epocanegocios.
globo.com/Um-So-Planeta/noticia/2021/11/instituto-orienta-para-consumo-
consciente-durante-black-friday.html.
Acesso em: 27 jan. 2022.

ALVES, P. H. et al. Desmistificando blockchain: conceitos e aplicações. In:


MACIEL, C.; VITERBO, J. (org.). Computação e sociedade: a tecnologia -
volume 3. Cuiabá-MT: EdUFMT Digital, 2020. p. 166-197. [E-book]. Disponível
em: https://f3286f62-e14d-4952-ad27-eac5c2feb473.usrfiles.com/ugd/
f3286f_0d05c8a24e7b4611bb2ec83dbf981a7c.pdf.
Acesso em: 27 jan. 2022.

APRÍGIO, M. Mercado de usados cresce quase 50% na pandemia, fazendo brechós se


espalharem pelo Brasil. JC Jornal Digital, [s. l.], 11 dez. 2021. Disponível em: https://
jc.ne10.uol.com.br/economia/2021/12/14919840-mercado-de-usados-cresce-quase-
50-na-pandemia-fazendo-brechos-se-espalharem-pelo-brasil.html. Acesso em: 23
jan. 2021.

BEGNINI, S. et al. Capitalismo consciente: uma análise netnográfica em grupos da rede


social Linkedin. Cadernos EBAPE, Rio de Janeiro, v. 17, n. 2, abr./jun. 2019.

Black Friday 2021: faturamento no comércio eletrônico foi de R$ 5,4 bilhões. G1,
Economia, Rio de Janeiro, 28 nov. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/
economia/black-friday/2021/noticia/2021/11/28/black-friday-2021-faturamento-no-
comercio-eletronico-foi-de-r-54-bilhoes.ghtml Acesso em: 27 jan. 2022.

BRASIL. Lei nº 10.831, de 23 de dezembro de 2003. Dispõe sobre a agricultura


orgânica e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2003.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.831.htm. Acesso
em: 20 jan. 2022.

BRASIL. Lei Complementar nº 167, de 24 de abril de 2019. Dispõe sobre a


Empresa Simples de Crédito (ESC) e altera a Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998
(Lei de Lavagem de Dinheiro), a Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, e a Lei
Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 (Lei do Simples Nacional), para
regulamentar a ESC e instituir o Inova Simples. Brasília, DF: Presidência da República,
2019. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-complementar-n-182-
de-1-de-junho-de-2021-323558527. Acesso em: 20 jan. 2022.

138
BRASIL. Lei Complementar nº 182, de 1º de junho de 2021. Institui o marco legal
das startups e do empreendedorismo inovador; e altera a Lei nº 6.404, de 15 de
dezembro de 1976, e a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Brasília,
DF: Presidência da República, 2021a. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/
dou/-/lei-complementar-n-182-de-1-de-junho-de-2021-323558527. Acesso em: 20
jan. 2022.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria nº 52, de 15


de março de 2021. Estabelece o Regulamento Técnico para os Sistemas Orgânicos
de Produção e as listas de substâncias e práticas para o uso nos Sistemas Orgânicos
de Produção. Brasília, DF: MAPA, 2021b. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/
dou/-/portaria-n-52-de-15-de-marco-de-2021-310003720. Acesso em: 20 jan. 2022.

CAETANO, R. Contra o consumismo, empresas apostam em 'Black Friday sustentável'.


Exame, São Paulo, 26 nov. 2021. Disponível em: https://invest.exame.com/esg/contra-
o-consumismo-empresas-apostam-em-black-friday-sustentavel Acesso em: 27 jan.
2022.

CARDOSO, R. C. G.; BATISTA, J. A. A. Modelos organizacionais: um estudo da gestão


horizontal. South American Development Society Journal, [s. l.], v. 1, n. 3, 2015.

CHARLEAUX, L. Crypto art: nova forma de comprar obras de arte on-line. Tecmundo,
Curitiba, 16 mar. 2021. Disponível em https://www.tecmundo.com.br/produto/212846-
crypto-art-nova-forma-comprar-obras-arte-online.htm. Acesso em 20 jan. 2022.

COMÉRCIO justo. World Fair Trade Organization Latin America – WFTO-LA, [s.
l.], c2022. Disponível em https://www.wfto-la.org/comerciojusto. Acesso em: 23 jan.
2022.

COSTA, B. G. Procuram-se colaboradores, recompensa-se bem: a trama da


colaboração nos sites de crowdfunding. 2013. 100 f. Dissertação (Mestrado em
Psicologia Social e Institucional) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2013.

COSTA, V. C. S.; GUEDES, C. A. M. A Empresa Social Grameen Danone: uma experiência


pioneira. In: SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO – SEMEAD, 14., 2011, São Paulo. Anais
[...]. São Paulo: USP, 2011.

FABI, M. J. S.; LOURENÇO, C. D. S.; SILVA, S. S. Consumo consciente: a atitude do


cliente perante o comportamento socioambiental empresarial. In: ENCONTRO DE
MARKETING DA ANPAD, 4.,2010, Florianópolis. Anais […]. Florianópolis: ANPAD, 2010.

FARIA, A. O que devo fazer para gerenciar de forma efetiva minha startup? ABStartup,
São Paulo, 24 nov. 2020. Disponível em: https://abstartups.com.br/o-que-devo-fazer-
para-gerenciar-de-forma-efetiva-minha-startup. Acesso em: 23 jan. 2022.

FREEMAN, R. E. et al. Stakeholder theory: the state of the art. Cambridge: Cambridge
University Press, 2010.

FORMIGONI FILHO, J. R.; BRAGA, A. M.; LEAL, R. L. V. Tecnologia Blockchain: uma visão
geral. Harvard Business Review, v. 6, n. 2, p. 1-30, 2017. Disponível em: https://www.
cpqd.com.br/wp-content/uploads/2017/03/cpqd-whitepaper-blockchain-impresso.

139
pdf. Acesso em: 24 jan. 2022.

GOMES, D. V. Educação para o consumo ético e sustentável. Revista Eletrônica do


Mestrado em Educação Ambiental, Rio Grande, v. 16, p. 18-31, jan./jun. 2006.

GOMES, L. c.; KLIEMANN, F. J. Métodos colaborativos na gestão de cadeia de


suprimentos: desafios de implementação. Revista de Administração de Empresas,
São Paulo, v. 55, n. 5, p. 563-577, set./out. 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1590/
S0034-759020150508. Acesso em: 25 jan. 2021.

HUNK, C. Three reasons why CSR and ESG matter to businesses. Forbes,
[s. l.], 23 set. 2021. Disponível em: https://www.forbes.com/sites/
forbesbusinesscouncil/2021/09/23/three-reasons-why-csr-and-esg-matter-to-
businesses/?sh=4e5eecf439b9. Acesso em: 23 jan. 2022.

INSTITUTO AKATU. Pesquisa AKATU 2018 - Panorama do consumo consciente


no Brasil: desafios, barreiras e motivações. São Paulo: Akatu, 2018. Disponível
em: https://www.akatu.org.br/wp-content/uploads/2018/11/pdf_versao_final_
apresenta%C3%A7%C3%A3o_pesquisa.pdf. Acesso em: 24 jan. 2022.

KAMIYA, A. et al. A Importância do apego à marca para o engajamento em causas de


responsabilidade social corporativa. Revista de Administração de Empresas, São
Paulo, v. 58, n. 6, p. 264-275, nov./dez. 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/
S0034-759020180605. Acesso em: 23 jan. 2022.

KAUFLIN, J. Shares of digital bank Nubank rise 15% in IPO, valuing the company at
$45 billion and minting a new female billionaire cofounder. Forbes, [s. l.], 9 dez. 2021.
Disponível em: https://bit.ly/3NjfJXQ. Acesso em: 20 jan. 2022.

LIMA, C. R. M.; SANTINI, R. M. Produção colaborativa na sociedade da informação.


Rio de Janeiro: E-papers, 2008.

LOPES, Y. C. A percepção dos gestores do bairro Bom Fim, de Porto Alegre,


sobre a utilização de criptomoedas/criptoativos. 2018. 70 f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Bacharelado em Administração) – Universidade do Rio dos Sinos,
São Leopoldo, 2018.

MACHADO FILHO, C. P. Responsabilidade social e governança: o debate e as


implicações. São Paulo: Cengage Learning, 2020.

MACKEY, J.; SISODIA, R. Capitalismo consciente: como libertar o espírito heroico dos
negócios. Rio de Janeiro: HSM Editora, 2013.

MAS AFINAL, o que são startups? Abstartups, São Paulo, c2021. Disponível em:
https://abstartups.com.br/definicao-startups. Acesso em: 20 jan. 2022.

MENDES, J. T. G. Economia: fundamentos e aplicações. 2. ed. São Paulo: Pearson


Prentice Hall, 2009.

INTRODUCING meta: a social technology company. Meta, [s. l.], 28 out. 2021.
Disponível em: https://about.fb.com/news/2021/10/facebook-company-is-now-meta.
Acesso em: 27 jan. 2022.

140
MORATO, A. F.; COSTA, A. Avaliação e estratégia na formação educacional
cooperativista. In: MACEDO, K. B. Cooperativismo na era da globalização. Goiânia:
Unimed GO/TO. 2001.

NAKAMOTO, S. Bitcoin: um sistema de dinheiro eletrônico peer-to-peer. Tradução


de Rodrigo Silva Pinto. [S. l.]: Bitcoin, 2008. Disponível em: https://bitcoin.org/files/
bitcoin-paper/bitcoin_pt_br.pdf. Acesso em: 24 jan. 2022.

NICOCELI, A. Criptomoedas, blockchain e multiverso: jogos on-line abraçam


tecnologias como mecanismo de incentivo. Forbes, 30 set. 2021. Disponível em:
https://bit.ly/3uttIBV. Acesso em: 27 jan. 2022.

ONU – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Nosso futuro comum [Relatório


Brundtland]. Genebra: Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,
1987.

PACÍFICO, M. Dois imóveis de luxo na Madeira comprados em criptomoedas.


DNoticias, 21 out. 2021. Disponível em: https://www.dnoticias.pt/2021/10/21/281960-
dois-imoveis-de-luxo-na-madeira-comprados-em-criptomoedas/. Acesso em: 21 jan.
2022.

PAREDES, J. J. Q. Estudio de la implantación de herramientas colaborativas en


la administración pública. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Oviedo, 2020.

PEREIRA, C. O ESG é uma preocupação que está tirando seu sono? Calma, nada
mudou. Exame, São Paulo, 8 out. 2020. Disponível em: https://exame.com/blog/carlo-
pereira/esg-o-que-e-como-adotar-e-qual-e-a-relacao-com-a-sustentabilidade/.
Acesso em: 23 jan. 2022.

PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6. ed. São Paulo: Pearson, 2006.

POR QUE CONSUMO consciente. Akatu, São Paulo, c2022. Disponível em: https://
akatu.org.br/por-que-consumo-consciente. Acesso em: 24 jan. 2022.

PRAHALAD, C. K. Bottom of the pyramid as a source of breakthrough innovations.


Journal of Production Innovation Management, [s. l.], v. 29, n. 1, p. 6-12, 2012.

PORTER, M. E.; KRAMER, M. R. Creating shared value. Harvard Business Review, [s.
l.], v. 89, n. 1-2, p. 62-77, 2011.

SANTI, R. de Blockchain e a cidade inteligente. LinkedIn, [s. l.], 7 out. 2020. Disponível
em: https://www.linkedin.com/pulse/blockchain-e-cidade-inteligente-rodolfo-de-
santi/?originalSubdomain=pt. Acesso em: 24 jan. 2022.

SILVA, R. F. Estudos sobre o capitalismo consciente: uma análise da produção


científica. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Administração) –
Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2017.

SELO Procel. Procel Info, [s. l.], c2006. Disponível em: http://www.procelinfo.com.br/
main.asp?TeamID={88A19AD9-04C6-43FC-BA2E-99B27EF54632}. Acesso em: 23 jan
2022.

141
RIBEIRO, L.; MENDIZABAL, O. Introdução à blockchain e contratos
inteligentes: apostila para iniciante. Florianópolis: UFSC, 2019. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/221495/RT-INE2021-1.
pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 20 jan. 2022.

RIES, E. A startup enxuta: como os empreendedores atuais utilizam a inovação


contínua para criar empresas extremamente bem-sucedidas. São Paulo: Lua de Papel,
2012.

SANTOS, D. A. G. dos. A influência do ecossistema de empreendedorismo no


comportamento dos empreendedores. 2017. 202 f. Dissertação (Mestrado em
Administração) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017.

SARACENI, S. Cocriação de valor no relacionamento empresa-cliente: um estudo


exploratório. 2015. 212 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade de
São Paulo, São Paulo, 2015.

SCHUBERT, C. How to evaluate creative destruction: reconstructing Schumpeter’s


approach. Cambridge Journal of Economics, [S. l.], n. 37, 2013.

SOUZA, E.; MEDEIROS, M. L. Criptomoedas e suas aplicações no mercado turístico.


Marketing & Tourism, Belo Horizonte, v. 5, n. 1, 2020.

TESTES em animais: entenda por que essa moda já passou. Linus, São Paulo, 7 jul.
2021. Disponível em: https://uselinus.com.br/blogs/li-na-linus/testes-em-animais.
Acesso em: 24 jan. 2022.

TROCAR trabalho por hospedagem e outras formas de viajar. Viagem e Turismo, São
Paulo, 7 maio 2021. Disponível em: https://viagemeturismo.abril.com.br/inspira/trocar-
trabalho-por-hospedagem-e-outras-formas-de-viajar/. Acesso em: 25 jan. 2022.

TUDO O QUE você precisa saber sobre startups. Abstartups, São Paulo, 5 jul. 2017.
Disponível em: https://abstartups.com.br/o-que-e-uma-startup. Acesso em: 23 jan.
2022.

WAGNER, T. et al. Escutando iniciativas de economia compartilhada. São Paulo:


Akatu, 2015. Disponível em: https://akatu.org.br/wp-content/uploads/2021/03/
EconomiaCompartilhada_Vertical_AF171113.pdf. Acesso em: 24 jan. 2022.

WINCKLER, N. C.; MOLINARI, G. T. Competição, colaboração, cooperação e coopetição:


revendo os conceitos em estratégias interorganizacionais. Revista ADMPG Gestão
Estratégica, Ponta Grossa, v. 4, n. 1., 2011.

ZYLBERSZTAJN, D. Organização de cooperativas: desafios e tendências. Revista de


Administração de Empresas, São Paulo, v. 29, n. 3 p. 23-32, jul./set. 1994.

142

Você também pode gostar