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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL

Art. 122 – Participação em Suicídio ou Automutilação


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ART. 122 – PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO OU AUTOMUTILAÇÃO

CÓDIGO PENAL

Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação (Redação dada pela Lei


n. 13.968, de 2019). A inclusão da automutilação na lei foi publicada e entrou em vigor no dia
26 de dezembro de 2019. Como se trata de uma nova lei, considera-se que essa conduta é
praticada só a partir dessa data.
Automutilação é qualquer comportamento intencional praticado pelo agente que busca
gerar lesão à sua integridade física, é uma pessoa que não pretende praticar suicídio, mas
quer infringir na sua pessoa alguma dor ou algum tipo de lesão à sua integridade física. A
automutilação não é, necessariamente, a mutilação de seus próprios membros, pois inclui
qualquer conduta que venha prejudicar a sua integridade física.
Suicídio, tentativa de suicídio, automutilação e tentativa de automutilação não são crimes.
A lei incrimina a atitude daquele que induz, instiga ou presta um auxílio material para que
alguém pratique suicídio ou automutilação.
5m O princípio da alteridade dispõe que só existe infração penal no Direito Penal Brasileiro se
a conduta atingir bens jurídicos alheios.

Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio
material para que o faça:

Os atos de induzir ou instigar são chamados pela doutrina de participação moral, porque
o crime do art. 122 é chamado, pela doutrina, de participação em suicídio ou automutilação. E
prestar auxílio é a participação material.
Induzir é criar a ideia na mente da vítima, e instigar é reforçar uma ideia preexistente.
O auxílio material precisa ser: auxílio secundário e auxílio eficaz. Secundário porque
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aquele que presta o auxílio não pode praticar a conduta principal; e eficaz porque precisa ser
o auxílio efetivamente usado pela vítima.
Caso o agente induza, mas preste o auxílio a vítima, ele exerceu dois verbos-núcleos do
Direito Penal, mas praticou apenas um crime do art. 122. A classificação desse artigo é um tipo
misto alternativo, isto é, ainda que mais de uma conduta seja praticada, se ele for praticado no
mesmo contexto fático contra a mesma vítima, há somente um crime.
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A doutrina entende que essas condutas do art. 122 devem ser praticadas contra pessoas
determinadas.
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Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.

Trata-se de crime de menor potencial ofensivo, porque a pena máxima não é superior a
dois anos.
Antes da alteração do art. 122, ele era chamado de crime condicionado à produção do
resultado naturalístico, isto é, o agente que praticava induzimento, instigação ou auxílio ao
suicídio somente respondia por esse crime se a vítima efetivamente morresse ou se sofresse
lesão corporal grave ou gravíssima da tentativa de suicídio praticada por ela. De acordo com
a antiga redação do art. 122, se o agente induzisse uma vítima a praticar suicídio, mas essa
vítima não tentasse o suicídio, não havia crime.
No entanto, agora ele passa a ser, na sua modalidade simples, um crime formal, ou seja,
se um agente induz, instiga ou presta auxílio a alguém para praticar suicídio ou automutila-
ção, mas essa vítima jamais tenta praticar esses atos, o agente responderá por esse crime na
modalidade consumada. Tentativa é possível.
Esse crime só existe, independente da sua modalidade, mediante dolo.
Os parágrafos 1º e 2º são modalidades qualificadoras do induzimento, instigação ou auxí-
lio ao suicídio ou automutilação.

§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou


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gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.

Os §§ 1º e 2º, do art. 129, definem o que é lesão corporal de natureza grave ou gravíssima.
E aqui há um crime médio potencial ofensivo, porque a pena mínima não é superior a um ano
e é cabível a aplicação da suspensão condicional do processo.
Os §§ 1º e 2º são crimes materiais, só haverá essas hipóteses qualificadoras se houver
um efetivo resultado produzido.

§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte:


Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
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Aqui há um crime de alto ou elevado potencial ofensivo.

§ 3º A pena é duplicada:
I – se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
II – se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.

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O inciso II, ao mencionar o "menor", significa que se aplica às pessoas de 14 a 17 anos, e
não se aplica para menores de 14 anos, porque a Legislação Brasileira entende que o menor
de 14 anos é vulnerável, ou seja, não tem discernimento para a prática de diversos atos.
A alteração do art. 122 se deu por conta de um jogo na internet chamado Baleia Azul.

§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores,
de rede social ou transmitida em tempo real.
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.
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§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é
cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência men-
tal, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não
pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código.
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou
contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra
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causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do
art. 121 deste Código.

Caso o agente pratique induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou automutilação contra


um menor de 14 anos e, dessa tentativa, gere uma lesão corporal grave, o agente responderia
somente pelo art. 122, § 1º. É o que leva a entender a Legislação, mas ela não foi clara.
A roleta-russa é um jogo no qual as pessoas pegam um revólver e colocam uma munição,
gira o tambor e são enfileiradas. Cada uma delas aperta o gatilho contra sua própria cabeça,
até que uma acaba morrendo, porque atira contra si. Os participantes que permanecem vivos
são responsáveis e responderão pelo art. 122.
No Duelo americano, duas armas de fogo são colocadas em cima de uma mesa, mas só
uma está municiada. Duas pessoas pegam uma arma cada e atiram contra a própria cabeça,
a que sobrevive também pode responder pelo art. 122.
No caso do Desafio da Baleia Azul (Blue Whale), há os administradores do jogo, os res-
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ponsáveis, os demais participantes que instigam, todos vão responder pelo art. 122. Caso
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haja vítimas menores de 14 anos que cometam suicídios, os administradores, responsáveis e


outros participantes deveriam responder pelo crime de homicídio, em razão da vulnerabilidade
da vítima.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Érico Palazzo.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura
exclusiva deste material.
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