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TÍTULO I: DOS CRIMES

CONTRA A PESSOA
CAPÍTULO I – DOS CRIMES
CONTRA A VIDA
MATÉRIA DE HOJE: ARTS. 122 A 128, CP
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação (Redação dada
pela Lei nº 13.968, de 2019)
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou
prestar-lhe auxílio material para que o faça: Pena - reclusão, de 6 meses a 2 anos.
§1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de

INDUZIMENTO, natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§1º e 2º do art. 129 deste Código:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: Pena - reclusão, de
INSTIGAÇÃO, OU 2 (dois) a 6 (seis) anos.
§3º A pena é duplicada: I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;

AUXÍLIO A II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de


resistência.

SUICÍDIO E A §4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de
computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.
§5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou
AUTOMUTILAÇÃO de rede virtual.
§6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza
(ART. 122 DO CP) gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a
prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência,
responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código.
§7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14
(quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do
ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o
agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO...
(ART. 122 DO CP)

- Um dos piores tipos existentes no Código Penal em matéria de


redação e de ausência de metodologia legislativa adequada;
- Matar-se não é crime. O Direito não pune o atentado contra os
próprios direitos; e não temos o direito de dispor da própria vida,
porque ela não é propriedade nossa. Hein?!
- Bem jurídico penalmente tutelado: a vida humana. Problema:
automutilação é necessariamente vontade de se matar?;
- Sujeito ativo: qualquer pessoa, menos o suicida/automutilador;
- Sujeito passivo: a pessoa suicida/automutiladora que tenha
discernimento e que possa oferecer resistência (pois, do contrário, o
crime é homicídio  art. 122, §7º);
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO...
(ART. 122 DO CP)
- Questão controversa sobre o sujeito passivo: deve ser pessoa certa e
determinada, não sendo admissível o crime praticado contra um coletivo de
pessoas desconhecidas (ex.: livro que apoia suicídio coletivo). Parte da
doutrina entende, porém, que o §4º abre a possibilidade do crime destinado
a pessoas incertas e indeterminadas quando praticado por computador.
Será?!
- Elemento subjetivo: dolo direto ou até mesmo o dolo eventual. Não admite
a culpa;
- Induzir: criar, colocar certo pensamento na cabeça de alguém;
- Instigar: apoiar, provocar o pensamento que já existia;
- Auxiliar: providenciar apoio material;
- Não tem relevância a atuação do agente se o suicídio ou a automutilação
não forem pelo menos tentados;
- Crime de ação penal pública incondicionada.
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO...
(ART. 122 DO CP)
- Formas qualificadas:
 Crime que resulta em lesão corporal de natureza grave ou gravíssima (estudaremos em
breve!);
 Crime que resulta em morte.
- Causas de aumento de pena:
 Crime praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
 Crime cuja vítima é menor de idade ou tem sua capacidade de resistência reduzida por
qualquer motivo;
 Crime praticado por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em
tempo real;
 Crime praticado por líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.
- Não será o artigo 122 se...:
 A tentativa de suicídio ou automutilação resulta em lesão corporal de natureza
gravíssima em menor de 14 anos, pessoa sem discernimento ou que não pode oferecer
resistência;
 Se a morte é de pessoa menor de 14 anos, ou de pessoa sem discernimento ou que não
pode oferecer resistência.
- Crime comum: pode ser praticado por qualquer
pessoa;
- Crime simples: tutela apenas um bem jurídico (a vida
humana); CLASSIFICAÇÃO
- Crime de dano: o elemento subjetivo do tipo busca
causar ofensa concreta ao bem jurídico; DOUTRINÁRIA
- Crime instantâneo: se esgota com a ocorrência do
resultado, não se prolonga no tempo; DO CRIME DE
- Crime de conteúdo variado ou de ação múltipla:
prevê várias condutas possíveis, porém, ainda que seja
praticada mais de uma, o agente responderá por
INDUZIMENTO,
apenas um delito;
- Crime formal (no caput): não exige a ocorrência do
INSTIGAÇÃO...
resultado para sua consumação. PORÉM... (ART. 122, CP)
- Crime material: somente é consumado com a
ocorrência do resultado.
DICA CULTURAL
DA SEMANA:
“A ORIGEM”
(2010)
SOBRE INDUÇÃO DE PENSAMENTOS
Infanticídio
INFANTICÍDIO Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio
filho, durante o parto ou logo após:
(ART. 123 DO CP)
Pena - detenção, de dois a seis anos.
INFANTICÍDIO
(ART. 123 DO CP)

- Bem jurídico penalmente tutelado: a vida humana do nascente e do


recém-nascido;
- Sujeito ativo: a mãe, sob a influência do estado puerperal, que aja
durante o parto ou logo após;
- Sujeito passivo: “o próprio filho”;
- O elemento subjetivo é o dolo, seja direto ou eventual. Não se
admite a modalidade culposa;
- O crime se dá por consumado com a morte do nascente ou do
recém-nascido nas situações ali indicadas, sendo possível a tentativa;
- Crime de ação penal pública incondicionada;
INFANTICÍDIO
(ART. 123 DO CP)
Vamos conhecer os elementos que compõem o tipo formal:
- Matar: a ação nuclear a mesma do homicídio, podendo ser praticada de
várias formas;
- Sob a influência: já vimos a diferença entre “influência” e “domínio”. Aqui,
a agente age apenas influenciada. E se ela estivesse “dominada”? Seria
capaz?
- Do estado puerperal: “resguardo”, condição existente em toda mãe capaz
de causar-lhe alterações físicas, psíquicas e emocionais. Aqui, a perturbação
psíquica é tamanha que leva a mãe a matar o filho;
- O próprio filho: necessariamente o “parido” (?);
- Durante o parto ou logo após: a doutrina adota interpretação ampla por
ser mais benéfica à agente
JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - DENÚNCIA POR HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO -


PRONÚNCIA POR INFANTICÍDIO - MANUTENÇÃO - CIRCUNSTÂNCIAS E CONDIÇÕES QUE
INDICAM TER AGIDO SOB INFLUÊNCIA DE SINTOMAS DO ESTADO PUERPERAL. -Havendo nos
autos indícios suficientes no sentido de que a ré, ao ceifar a vida da filha logo após o parto, agiu
sob influência do estado puerperal, mantém-se a sentença que determinou seu julgamento pelo
Tribunal do Júri pelo crime de infanticídio, tipificado no art. 123, do CP. (TJMG. Rec em Sentido
Estrito n. 1.0024.05.647636-9/001. Relator(a): Des.(a) Amauri Pinto Ferreira. Data de Julgamento:
10/02/2015. Data da publicação da súmula: 25/02/2015).
JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - HOMICÍDIO QUALIFICADO - DESCLASSIFICAÇÃO PARA
INFANTICÍDIO - IMPOSSIBILIDADE ANTE A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO IN DUBIO PRO SOCIETATE -
DECOTE DAS QUALIFICADORAS - INVIABILIDADE - MANUTENÇÃO DA SENTENÇA DE PRONÚNCIA
- RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. I - O simples fato de matar a filha, logo após o parto,
não autoriza dizer que foi sob a influência do estado puerperal. Necessário que haja provas de
que a recorrente estivesse sob forte perturbação psíquica e hormonal, sendo incapaz de discernir e
de se autodeterminar, sem forças para inibir o seu animus necandi. Contudo, havendo documentos
médicos que atestem a higidez mental da acusada, deve-se deixar a cargo do Conselho de
Sentença decidir se a vítima agiu ou não sob influência do estado puerperal, eventualmente
desclassificando o crime de homicídio para o delito de infanticídio e, caso prevaleça a tese
acusatória, também a questão relativa às qualificadoras deve ser submetida à apreciação do
Tribunal do Júri. II – Omissis. (TJMG. 8 - Processo: Rec em Sentido Estrito n. 1.0028.15.000219-
5/001. Relator(a): Des.(a) Corrêa Camargo. Data de Julgamento: 16/12/2015. Data da
publicação da súmula: 22/01/2016).
JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. PRONÚNCIA. HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DE INFANTICÍDIO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE PROVAS
SUFICIENTES QUE ATESTEM A INFLUÊNCIA DO ESTADO PUERPERAL NA CONDUTA. DÚVIDA SOBRE
O ANIMUS NECANDI. PRINCÍPIO IN DUBIO PRO SOCIETATE. MATÉRIA AFETA AO TRIBUNAL DO
JÚRI. PRONÚNCIA MANTIDA. DECOTE QUALIFICADORAS. INVIABILIDADE. AS QUALIFICADORAS
SÓ PODEM SER EXCLUÍDAS QUANDO MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTES, SEM QUALQUER
APOIO NOS AUTOS. DÚVIDA. NECESSIDADE DE SUBMISSÃO AO JÚRI. DECISÃO MANTIDA.
RECURSO DEPROVIDO. - Restando comprovado que a acusada, ao ceifar a vida de seu filho
recém-nascido, não agiu sob influência do estado puerperal, não há que se falar em
desclassificação para o delito de infanticídio. - A tese de desclassificação do delito por influência
do estado puerperal não merece prosperar, uma vez que nos autos não há prova firme no sentido
de apontar que a ação da ré se deu por influência deste estado, de modo que a deliberação
acerca da desclassificação, inclusive com a produção de novas provas, deve ser reservada aos
jurados, por esses serem competentes para os julgamentos dos crimes contra a vida. – Omissis.
(TJMG. Rec em Sentido Estrito n. 1.0080.15.002796-1/001. Relator(a): Des.(a) Doorgal Borges de
Andrada. Data de Julgamento: 01/06/2016. Data da publicação da súmula: 08/06/2016).
INFANTICÍDIO – QUESTÃO PARA DEBATE
(ART. 123 DO CP)

Quem concorre para a prática do


infanticídio responde por qual crime?
A influência do estado puerperal é
condição comunicável?
“Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de
caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.”
- Crime próprio: praticado por pessoa específica;
- Crime simples: tutela apenas um bem jurídico (a
vida humana);
- Crime de forma livre: a agente escolhe o modo
CLASSIFICAÇÃO
de cometimento; DOUTRINÁRIA
- Crime de dano: o elemento subjetivo do tipo
busca causar ofensa concreta ao bem jurídico;
DO CRIME DE
- Crime instantâneo: se esgota com a ocorrência INFANTICÍDIO
do resultado, não se prolonga no tempo; (ART. 123, CP)
- Crime material: somente é consumado com a
ocorrência do resultado.

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