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- Pessoa com idade entre 14 anos e 18 anos incompletos. Nessa fase, a capacidade
de discernimento e de resistência, embora existente, ainda não é completa. Com
relação à vítima menor de 14 anos, reputa-se ausente o grau de discernimento
necessário para compreensão das consequências do ato e oferecimento de
resistência. Tanto que, no âmbito sexual, a lei não considera válido o
consentimento emanado de tais pessoas (art. 217-A). Logo, a prática das condutas
descritas no art. 122 contra pessoa menor de 14 anos dá lugar ao crime de
homicídio.
- Pessoa menor de 18 anos, devendo-se analisar a capacidade de discernimento
e resistência no caso concreto.
Por fim, os §§ 4º e 5º, do art. 122 do Código Penal trazem punição aumentada para os
casos em que o crime seja realizado por meio de rede de computadores, de rede social
ou transmitida em tempo real. Assim, pela leitura dos referidos parágrafos, podemos
concluir que a pena deve ser aumentada até o dobro para aqueles sujeitos que
participam do evento criminoso e aumentada em dobro e com acréscimo de metade
para os sujeitos que encabecem a liderança da empreitada criminosa.
No duelo americano, são utilizadas duas armas, uma municiada, outra não. Cada
participante escolhe uma arma, mira contra si próprio e aciona o gatilho. Nesses
casos, havendo ou não o resultado morte ou lesão corporal, os demais
participantes responderão pelo crime do art. 122 do Código Penal. Porém, se
algum dos participantes mirar contra outro e disparar, o crime passará a ser de
homicídio, consumado ou tentado, conforme o caso.
Existem diversas variações desses “jogos”, nas quais o participante que perde tem
de se submeter a algum tipo de asfixia. Em geral, a execução dessas condutas
ocorre por meio da rede mundial de computadores, onde determinadas pessoas
eram influenciadas a concretizar os “desafios”, chegando à autolesão e até ao
suicídio.
5. INFANTICÍDIO
Infanticídio
Conceito de infanticídio – É a morte provocada pela mãe contra o próprio filho, agindo
sob a influência do estado puerperal, durante o parto ou logo após. É o verdadeiro
homicídio privilegiado, tipificado de modo autônomo e de forma especial pelo legislador.
Objeto jurídico – Vida humana do nascente ou recém-nascido.
No caso de erro quanto à pessoa, aplicam-se as regras do art. 20, § 3º, do Código Penal.
Assim, se a genitora, nas circunstâncias do art. 123, voltar-se contra outra criança,
acreditando ser seu filho, responderá por infanticídio (alguns denominam esta hipótese
de “infanticídio putativo”).
Núcleo do tipo: matar – A configuração do delito pressupõe que a criança esteja viva
quando o ato é praticado.
A vida pode ser comprovada pelos batimentos cardíacos, pela circulação sanguínea ou
qualquer outro critério admitido pela ciência médica (Bitencourt, Tratado de direito
penal, 2, p. 145).
Se a conduta for cometida contra natimorto haverá crime impossível, por absoluta
impropriedade do objeto. Da mesma forma, haverá crime impossível se o feto for
anencéfalo, em consonância com a decisão do STF na ADPF 54 (vou explicar mais
quando chegarmos ao crime de aborto).
A conduta pode ser comissiva (ex.: sufocação, fratura do crânio, estrangulamento etc.)
ou omissiva (deixar de alimentar; não retirar secreções da mucosa oral do neonato,
causando sufocação etc.).
O tipo penal exige que o infanticídio ocorra durante o parto ou logo após.
Assim:
- Se a conduta for praticada ANTES do parto (ou seja, antes da fase da dilatação), não há
infanticídio, mas sim aborto.
- Se a conduta for praticada muito tempo após o parto, o crime passa a ser de homicídio.
Estado puerperal – Situação transitória enfrentada pela mulher durante ou após parto,
ensejadora de alterações de ordem física e psíquica que podem ocasionar abalo em suas
faculdades mentais, reduzindo-lhe a capacidade de discernimento.
O terceiro que toma parte no delito praticado pela genitora responderia por homicídio
ou por infanticídio?
Ex.: Maria, durante o parto e sob influência do estado puerperal, por estar muito fraca,
pede que João a ajude a eliminar a vida do nascente, o que é atendido por ele. Maria
responde por infanticídio. Mas por qual crime responde João?
Há duas correntes:
Admite-se a tentativa.
a) a genitora que mata o neonato, sob o estado puerperal e logo após o parto, responderá
por homicídio duplamente qualificado pelo recurso que dificultou a defesa da vítima e
por meio insidioso.
b) para configuração do homicídio privilegiado, previsto no art. 121, § 1º, do Código Penal,
basta que o agente cometa o crime sob o domínio de violenta emoção.
c) nas lesões culposas verificadas entre os mesmos agentes, é possível aplicar a
compensação de culpas.
d) o feminicídio, previsto no art. 121, § 2º, inciso VI, do Código Penal, exige que o crime seja
praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino envolvendo violência
doméstica ou familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher.