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DOS CRIMES
CONTRA A VIDA
Artigos 121 a 128
DA PERICLITAÇÃO
DAS LESÕES
DA VIDA E DA
CORPORAIS SAÚDE
Artigo 129 Artigos 130 a 136
Constrangimento ilegal
6
• Lei de Segurança Nacional: atentar, por motivos
políticos, contra a liberdade de locomoção do
Presidente da República, do Senado, da Câmara dos
Deputados e do Supremo Tribunal Federal constitui
delito contra a segurança nacional (art. _28 da Lei 7
.170/83).
• Código Penal Militar: o art. 222 do Decreto-lei
1.001/69 pune o constrangimento ilegal praticado na
forma do art. 9° do mesmo diploma.
7
• Código de Defesa do Consumidor: é crime (punido com
detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa) previsto na Lei
8.078/90, utilizar alguém, na cobrança de dívidas, de
ameaça, coação, constrangimento físico ou moral,
afirmações falsas, incorretas ou enganosas ou de
qualquer outro procedimento que exponha o consumidor,
injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu
trabalho, descanso ou lazer (art. 71).
• AÇÃO PENAL – Crime de Ação Penal Pública
incondicionada
• Em razão da pena cominada, aplicam-se os benefícios 8da
Ameaça – é a manifestação idônea da intenção de causar a alguém
qualquer mal injusto e grave. Ataque a liberdade pessoal.
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• Código Penal Militar: o art. 223 do Decreto-lei 1.001/69 pune
a ameaça praticado na forma do art. 9° do mesmo diploma.
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• "Perseguição - stalking
• Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a
integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de
qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade.
• Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
• § 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido:
• I - contra criança, adolescente ou idoso;
• II - contra mulher por razões da condição de sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art.
121 deste Código;
• III - mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas ou com o emprego de arma.
• § 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.
• § 3º Somente se procede mediante representação."
• Art. 3º Revoga-se o art. 65 do Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941 (Lei das
Contravenções Penais).
13
• A Lei 14.132/21 inseriu no Código Penal o art. 147-A, denominado “crime de
perseguição”. Sua finalidade é a tutela da liberdade individual, abalada por
condutas que constrangem alguém a ponto de invadir severamente sua
privacidade e de impedir sua livre determinação e o exercício de liberdades
básicas.
• Até a criação deste crime, a maior parte dos atos de perseguição se inseriam
no art. 65 do Decreto-lei 3.688/41, a contravenção foi revogada e a
perseguição passou a ser punida com reclusão de seis meses a dois anos.
• permite a aplicação de ambos os benefícios da Lei 9.099/95 (transação penal e
suspensão condicional do processo).
• Não se aplica o acordo de não persecução penal, nos exatos termos do art.
28-A, § 2º, inc. I, do CPP, a não ser que, incidente a causa de aumento do § 1º,
o crime não seja praticado no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou
contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, nem consista em
perseguição com ameaça direta à integridade da vítima. 14
• Sujeitos do crime
• O crime é comum, não se exigindo do sujeito
ativo qualquer característica especial.
Tampouco há restrições a respeito do sujeito
passivo.
• Se a vítima é criança, adolescente, idoso ou
mulher perseguida por razões da condição do
sexo feminino, a pena é aumentada de
metade (§ 1º).
15
• CONDUTA
• O verbo perseguir não tem apenas a conotação de ir freneticamente no encalço de
alguém. Há também um sentido de importunar, transtornar, provocar incômodo e
tormento, inclusive com violência ou ameaça. É principalmente com essa
conotação que se tipifica a conduta de perseguir no art. 147-A.
• O crime é de ação livre em todas as suas formas. O tipo penal se refere à ameaça e
à restrição à capacidade de locomoção cometidas por qualquer meio, e ao
transtorno à esfera de liberdade e à privacidade imposto de qualquer forma. O
agente pode se valer de ligações telefônicas, de mensagens por meios variados
(SMS, WhatsApp, Telegram, Skype etc.), de e-mails, pode se dirigir e permanecer
nos arredores da residência da vítima ou de locais que ela frequenta. A conduta
pode consistir até mesmo no envio insistente de presentes ou de mensagens
aparentemente afetuosas como subterfúgio para na verdade intimidar o
destinatário e lhe provocar a sensação de que está sendo espreitado.
• crime habitual, tendo em vista que o tipo penal é expresso sobre a necessidade de
a perseguição ser praticada reiteradamente.
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• Voluntariedade
• O crime só pode ser cometido com dolo.
• Embora seja comum que os atos de perseguição tenham o propósito de alterar o
estado de ânimo da vítima, de lhe provocar medo e de limitar sua liberdade, o tipo
não pressupõe nenhuma finalidade específica.
• Consumação e tentativa
• Tratando-se de crime habitual, consuma-se com a reiteração dos atos de
perseguição.
• A tentativa é inadmissível em crimes dessa natureza (habitual).
• Majorantes (§ 1º)
• O § 1º aumenta a pena de metade se o crime é cometido:
• a) contra criança, adolescente ou idoso
• b) contra mulher por razões da condição de sexo feminino, nos termos do § 2º-A
do art. 121: o § 2º-A do art. 121 CP
• c) mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas ou com o emprego de arma 17
• Ação penal
• Nos termos do § 3º do art. 147-A, a ação penal é pública condicionada a
representação do ofendido.
• A regra se aplica inclusive nos casos em que incidem as disposições da Lei Maria da
Penha, pois o legislador, embora tenha majorado a pena do crime cometido
segundo a definição do art. 5º daquela lei, não impôs nenhuma exceção à regra da
ação penal no § 3º.
18
• Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a prejudique
e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar
ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e
decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação,
manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização,
limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que
cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação:
(Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
• Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a
conduta não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº
14.188, de 2021)
19
• A chamada “Violência Psicológica” contra a mulher tem sua primeira regulação
legal com o advento da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06), em seu artigo 7º., II.
• Efetivamente, o legislador criminalizou direta e especialmente o que era, até
então, uma descrição ou definição legal de “Violência Psicológica” contra a mulher,
podendo enquadrar-se, conforme o caso, em diversos tipos penais da le
• OBJETIVIDADE JURÍDICA
• O bem jurídico que se pretende tutelar com a norma incriminadora em estudo é a
integridade e a saúde psicológica da mulher, assim como sua liberdade individual e pessoal.
• SUJEITO ATIVO
• A legislação não faz nenhuma distinção, de modo que não se trata de crime próprio e sim de
crime comum, o qual pode ser cometido por qualquer pessoa, inclusive pessoas de ambos os
sexos.
• Também não há exigência de nenhuma relação de parentesco ou convivência de qualquer
espécie entre autor e vítima.
• SUJEITO PASSIVO
• é apenas a mulher.
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• Atualmente, porém, o STJ, por sua 6ª. Turma reconheceu essa aplicabilidade de legislações que protegem a
mulher às mulheres transexuais, de forma muito mais ampla, sem exigência de alteração do registro civil
ou mesmo mudança anatômica do sexo (STJ, Recurso Especial 1977124/SP (2021/0391811-0), 6ª. Turma,
Rel. Ministro Rogério Schietti Cruz, j. 05.04.2022). Ademais, nada mais fez o STJ do que dar o devido
alcance à manifestação do STF, sempre sob os influxos da “Ideologia de Gênero”, quanto aos requisitos
para mudança de registro civil de transexuais, conforme RE 670.422, onde restou estabelecido o seguinte:
• i)O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de
gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, o
qual poderá exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via administrativa;
ii) Essa alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão do termo
‘transgênero’;
• iii) Nas certidões do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a expedição
de certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou por determinação judicial;
• iv) Efetuando-se o procedimento pela via judicial, caberá ao magistrado determinar de ofício ou a
requerimento do interessado a expedição de mandados específicos para a alteração dos demais registros
nos órgãos públicos ou privados pertinentes, os quais deverão preservar o sigilo sobre a origem dos atos.
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• TIPO OBJETIVO - O verbo do tipo é “causar”. Causar o quê? “Dano emocional à
mulher”. Qualquer dano? Não, aquele que “prejudique e perturbe seu pleno
desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações,
comportamentos, crenças e decisões”.
• VOLUNTARIEDADE – crime doloso
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA - O delito se consuma com o efetivo dano psicológico
ou emocional causado à mulher.
• Ação Penal pública incondicionada
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Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante
sequestro ou cárcere privado:
• Voluntariedade - dolo
• Crime permanente 23
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do
agente ou maior de 60 (sessenta) anos;
Inicialmente vale dizer que a Lei 11.106/2005 revogou o antigo crime de rapto
(arts. 219 a 222) e fez as alterações no art. 148 do CP. Não importa seja o
parentesco legítimo ou ilegítimo. Crime praticado contra cônjuge,
companheiro ou companheira também faz incidir o agravamento em estudo.
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou
hospital;
Trata-se de verdadeira internação simulada (ou fraudulenta), pretexto para privar
a vítima da sua liberdade de locomoção. Só aplica essa qualificadora quando
presente a FRAUDE do agente.
Há no nosso ordenamento jurídico uma lei que regulamenta a internação de
determinadas pessoas que é a Lei 10.216, de 6 de abril de 2001, que dispõe
sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais
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e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
bem como o eventual desespero dos familiares, merecendo
severa reprovação no momento da fixação da pena. O prazo de
quinze dias deve ser contado desde o momento da privação até a
libertação da vítima.
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito)
anos;
A prática do crime contra criança ou adolescente é claramente mais
reprovável, vez que pessoa ainda em formação (física e mental), o
que certamente acarretará à vítima sequelas emocionais muitas
vexes perpétuas.
V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
O inciso V também foi acrescentado ao § 1º do art. 148 por
intermédio da Lei nº 11.106, de 28 de março de 2005, que, além
de alterar a redação de alguns tipos penais constantes do Código
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No que dizia respeito especificamente ao delito de rapto, o revogado tipo penal
do art. 219 exigia, para efeitos de sua configuração, que o sujeito passivo fosse
mulher honesta, bem como que a finalidade especial fosse dirigida à prática de
atos libidinosos. Hoje, com a nova redação constante do inciso V do § 1º do art.
148 do Código Penal, qualquer pessoa poderá figurar como sujeito passivo se o
agente dirigir seu comportamento com o fim de praticar atos libidinosos com a
vítima. Assim, poderá uma mulher, por exemplo, privar um homem de sua
liberdade, com o fim de praticar qualquer ato de natureza libidinosa (conjunção
carnal, relação anal, sexo oral etc.). Não importará, ainda, para efeitos de
aplicação da qualificadora, que estejamos diante de uma relação hetero ou
homossexual, pois ambas se amoldam ao delito em estudo.
Assim, o que importará, na verdade, será a finalidade especial com que atua o
agente. O delito será qualificado pelo inciso V ainda que o agente não pratique
qualquer ato de natureza libidinosa com a vítima. No entanto, se vier a
praticá-lo, haverá o chamado concurso de crimes, respondendo o agente pelo
sequestro qualificado em concurso material com o delito sexual, a exemplo do
estupro.
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da
natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
A qualificadora é composta por vários elementos de natureza
normativa que estão a exigir valoração.
A expressão natureza da detenção refere-se ao modo e condições
objetivas da detenção em si mesma (meter a vítima a ferros ou
no tronco, insalubridade do local, forçada promiscuidade da
vítima com gente de classe muito inferior à sua, exposição da
vítima a males ou perigos que excedem aos da forma simples do
crime)
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Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de
escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a
jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições
degradantes de trabalho, quer restringindo, por
qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida
contraída com o empregador ou preposto:
DIA e NOITE
Flagrante delito (sem ordem), desastre ou para prestar socorro
(inclusive sem consentimento)
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DIA Mandado judicial
• Elemento Objetivo - Condutas: Entrar -Ingressar, invadir por
completo
Permanecer - Não sair em
casa alheia ou em suas dependências
clandestina ou astuciosamente
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§ 4º - A expressão "casa" compreende:
(bares, restaurante)
50
• Crime de mera conduta
• casa habitada
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• Dos crimes contra à inviolabilidade de
correspondência
Mais uma seção do capítulo VI que trata dos Crimes contra a
Liberdade Individual. Nessa seção o CP busca proteger a
liberdade de manifestação de pensamento e de comunicação.
Estabelece o art. 5º, inciso XII, da CF que: “é inviolável o sigilo da
correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e
das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins
de investigação criminal ou instrução processual penal.”
Diante dessa proteção constitucional a quebra do sigilo de
comunicação poderá configurar um dos crimes contra a
• VIOLAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA Art. 151 –Devassar
indevidamente o conteúdo de correspondência fechada, dirigida a outrem:
• Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
OBJ. JURÍDICA – o CP protege a liberdade individual do sigilo de
correspondência. (uma liberdade individual)
SUJEITO ATIVO – é um crime comum, ou seja, qualquer pessoa
pode ser SA. Exclui-se o remetente e o destinatário, a não ser
que, como bem ensina Mirabette, quanto a este último, ocorra
o crime previsto no art. 153 do CP.(divulgação de segredo)
SUJEITO PASSIVO – crime de dupla subjetividade passiva. SP são o
remetente e o destinatário. Estabelece o art. 11 da Lei n.
6538/78 que: “Os objetos postais pertencem ao remetente até
a sua entrega a quem de direito. Quando a entrega não tenha
ELEMENTO OBJETIVO: A conduta consiste no verbo DEVASSAR =
invadir, olhar, tomar conhecimento do conteúdo da
correspondência.
O objeto material do crime é CORRESPONDÊNCIA FECHADA (por
cola, lacre, costura etc) (e dirigida a outrem). Estabelece o art. 47
da Lei 6538/78 que correspondência é: “toda comunicação de
pessoa a pessoa por meio de carta, através da via postal, ou por
telegrama.”
Para a configuração do crime não importa o conteúdo da
correspondência.
O tipo penal possui um elemento normativo = a devassa da
correspondência alheia seja INDEVIDA, que significa que o AS
não tinha autorização para invadir, olhar ou tomar conhecimento
• Para a consumação do crime não é necessário que o SA divulgue ou utilize
o conteúdo da correspondência – nesse caso, poderá configurar o art. 153
do CP.
OBS: questão interessante é a da mulher que lê a correspondência do
marido, sem autorização ou a do marido que lê a correspondência da
mulher.
Pode configurar o crime em estudo? Posições doutrinárias:
1ª – não constitui crime, pois a comunhão de vida que decorre do casamento
(art. 1566, II do CC) não permite que se considere alheia a um dos
cônjuges a correspondência do outro (Nelson Hungria, Damásio e E.
Magalhães Noronha);
2ª – configura o crime do art. 151 ( Celso Delmanto e Heleno Cláudio
Fragoso) e
3ª – Mirabette afirma o seguinte: “Aníbal Bruno parece-nos ter a opinião
mais aceitável, ao afirmar que em condições normais de convivência, é de
• ELEMENTO SUBJETIVO: o crime só é punível a título
de DOLO = vontade livre e consciente de devassar
indevidamente a correspondência alheia. Erro de
tipo afasta o dolo. Exemplo: o agente abre
correspondência supondo ser ele o destinatário.
• Não há forma culposa.
• CONSUMAÇÃO – a consumação ocorre no momento
que o agente toma conhecimento, ainda que
parcialmente, do conteúdo da correspondência
fechada.
• TENTATIVA – possível quando o agente é
SONEGAÇÃO OU DESTRUIÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA § 1º - Na mesma pena
incorre:
I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, embora não
fechada e, no todo ou em patê, sonega ou destroi
É o crime de sonegação ou destruição de
correspondência. Esse dispositivo também foi revogado
pelo art. 40, § 1º da Lei 6538/78 que estabelece: “
Incorre nas mesmas penas quem se apossa
indevidamente de correspondência alheia, embora não
fechada para sonegá-la ou destruí-la, no todo ou em
parte.
É um crime formal.
ELEMENTO OBJETIVO: A conduta consiste no verbo APOSSAR =
reter, apoderar-se da correspondência alheia.
Crime de ação livre.
Não se pune o conhecimento indevido do conteúdo da
correspondência por terceiros (como no caput). Pune-se o
apoderamento indevido da correspondência para o fim de
sonegá-la ou destruí-la, independentemente do SA ter
conseguido ler seu conteúdo.
Objeto material do crime = pode ser correspondência aberta ou
fechada. Caso a correspondência tenha valor econômico a sua
sonegação caracterizará o crime de furto e sua destruição o
crime de dano (Nelson Hungria)
Elemento normativo do tipo = apossamento indevido. Esse
SONEGAR = ocultar, impedir que a correspondência chegue a seu
destinatário, desviar uma coisa de seu destino. DESTRUIR = rasgar,
danificar, inutilizar, tornar a correspondência imprestável.
OBS: Fernando Capez explica que: se o agente se apossa de
correspondência fechada, devassa seu conteúdo e a sonega ou
destrói posteriormente, há o crime único de sonegação ou
destruição de correspondência, e não concurso material com o
crime de violação de correspondência.
ELEMENTO SUBJETIVO – dolo = vontade livre e consciente de
apossar indevidamente da correspondência alheia + um fim
específico = sonegar ou destruir a correspondência alheia.
Não há forma culposa.
CONSUMAÇÃO – sendo um crime formal, consuma-se no59
VIOLAÇÃO DE COMUNICAÇÃO TELEGRÁFICA, RADIOELÉTRICA OU TELEFÔNICA
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusivamente
comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação
telefônica entre outras pessoas ;
OBJ. JURÍDICA – liberdade individual do sigilo de comunicação de
pessoa a pessoa.
SUJEITO ATIVO e PASSIVO – comentário do caput.
ELEMENTO OBJETIVO: conduta consiste nos verbos: 1 –
DIVULGAR comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a
terceiro = levar ao conhecimento público o conteúdo da
comunicação; 2 – TRANSMITIR = atividade de comunicar, dar
ciência, notificar o conteúdo da mensagem, ainda que
reservadamente, a uma ou mais pessoas determinadas e 3 –
UTILIZAR = usar a comunicação obtida para qualquer fim. Sendo o
Elemento normativo do tipo : a) quem INDEVIDAMENTE
divulga, transmite a outrem o conteúdo da comunicação =
quem divulga ou transmite sem autorização legal ou sem
autorização do SP; b) quem utiliza ABUSIVAMENTE do
conteúdo da comunicação = pratica atos abusivos.
ELEMENTO SUBJETIVO – dolo = vontade livre e consciente
de praticar uma das condutas + elemento normativo do
tipo.
Não há forma culposa
CONSUMAÇÃO – é um crime material. A consumação
ocorre no momento em que ocorre a divulgação,
transmissão da comunicação a outrem ou do momento da61
III - quem impede a comunicação ou a conversação referidas no número
anterior ;
Conduta – IMPEDIR = colocar obstáculo, interromper.
Pune-se tanto a ação daquele que impede o início da
comunicação ou conversação quanto a daquele que
interrompe a comunicação ou conversação já iniciada.
Segundo Fernando Capez: a ação pode dar-se de
diversas formas: cortando os fios do telefone,
produzindo ruídos no aparelho, interferindo na
frequência das ondas etc.
Inciso não foi revogado pela Lei n. 9296/96, já que essa62
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, sem
observância de disposição legal.
Crime de instalação ou utilização de estação ou aparelho radioelétrico, sem
observância de disposição legal.
O inciso IV foi revogado pelo art. 70 da Lei n. 4.117/62 que institui o Código
Brasileiro de Telecomunicações, com a redação que lhe deu o Decreto-lei n.
236/67. O art. 70 prevê: “Constitui crime punível com a pena de detenção de
1 (um) a 2 (dois) anos, aumentada da metade se houver dano a terceiro, a
instalação ou utilização de telecomunicações, sem observância do disposto
nesta Lei e nos regulamentos. Parágrafo único. Precedendo ao processo
penal, para os efeitos referidos neste artigo, será liminarmente procedida a
busca e apreensão da estação ou aparelho ilegal.”
As condutas são: INSTALAR (montar uma estação ou aparelho radioelétrico
sem autorização legal) qualquer meio de telecomunicação ou UTILIZAR (fazer
uso da estação ou aparelho radioelétrico já instalados sem autorização legal)
63
um já existente, sem que o SA esteja devidamente autorizado para essa
É um crime formal e estará consumado independemente da
ocorrência de dano a terceiro, caso o dano esteja caracterizado,
a lei determina que a pena seja aumentada da metade. A lei
prevê a busca e apreensão do aparelho ilegal.
§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem.
É uma causa de aumento de pena que só é aplicável aos crimes
ainda regulados pelo CP.
§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço postal,
telegráfico, radioelétrico ou telefônico: Pena - detenção, de um a três anos.
É uma qualificadora. Continua em vigor.
§ 4º - Somente se procede mediante representação, salvo nos casos do § 1º,
IV, e do § 3º
A ação penal é pública condicionada a representação do64
CORRESPONDÊNCIA COMERCIAL
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de estabelecimento
comercial ou industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair
ou suprimir correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo:
Pena - detenção, de três meses a dois anos. Parágrafo único - Somente se
procede mediante representação.
OBJ. JURÍDICA – protege-se a liberdade de correspondência comercial.
SUJEITO ATIVO – é um delito próprio. Só pode ser praticado pelo sócio ou
empregado do estabelecimento comercial ou industrial remetente ou
destinatário.
SUJEITO PASSIVO – o estabelecimento comercial ou industrial remetente ou
destinatário.
ELEMENTO OBJETIVO:
Crime de ação múltipla. A conduta consiste nos verbos: a) DESVIAR = dar à
correspondência destino diverso; b) SONEGAR = ocultar, omitir ou deixar de65
É necessário que haja, para a existência do crime, pelo menos,
possibilidade de dano patrimonial ou moral na conduta do SA.
(posição de Nelson Hungria).
Objeto material do crime = correspondência comercial = carta,
faz, balancetes, faturas.
ELEMENTO SUBJETIVO – dolo = vontade de violar o sigilo da
correspondência comercial por meio de qualquer condutas já
estudadas.
Não há forma culposa
CONSUMAÇÃO – ocorre com a prática de uma das condutas
TENTATIVA – possível
AÇÃO PENAL – conforme prevê o parágrafo único a ação é66
SEÇÃO IV DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS
SEGREDOS - Divulgação de segredo Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa
causa, conteúdo de documento particular ou de correspondência confidencial,
de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a
outrem:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º Somente se procede mediante representação. (Parágrafo único
renumerado pela Lei nº 9.983, de 2000)
OBJ. JURÍDICA - protege-se a liberdade individual de manter segredos
que podem produzir dano a outra pessoa. Segundo Mirabette é
assegurado ao indivíduo o sigilo da vida íntima contra a indiscrição de
terceiros.
SUJEITO ATIVO – é a pessoa destinatária do documento particular ou da
correspondência confidencial. Também é SA o detentor da
ELEMENTO OBJETIVO: A conduta consiste no verbo: DIVULGAR = contar para
outra pessoa, narrar o fato sigiloso.
Divulgação = pode ser praticada por qualquer meio.
É necessário que o segredo seja divulgado para mais de uma pessoa.
Objeto material do crime é: a) conteúdo de documento particular e b)
correspondência confidencial.
Elemento normativo do tipo = SEM JUSTA CAUSA = contrária ao ordenamento
jurídico.
O assunto da correspondência deve ser confidencial = secreto, privado.
ELEMENTO SUBJETIVO – dolo = vontade livre e consciente de divulgar o
segredo sem justa causa. O SA deve saber que está agindo ilegalmente e que
o conteúdo é confidencial, podendo produzir dano a uma pessoa.
CONSUMAÇÃO – crime formal. A consumação ocorre com a divulgação do
segredo a um número indeterminado de pessoas. Independe da produção de
dano. 68
DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES SIGILOSAS OU RESERVADAS
§ 1o -A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas,
assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de informações ou
banco de dados da Administração Pública: (Incluído pela Lei nº 9.983, de
2000)
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000)
§ 2o Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação penal
será incondicionada. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
É um crime comum.
O SP é o Estado. Informações sigilosas ou reservadas assim definidas em lei =
art. 23 da Lei n. 8159/91, regulamentada pelo Decreto n. 4553/02.
Havendo justa causa para a divulgação de informações sigilosas ou
reservadas = o fato deixa de ser típico.
69
OBJ. JURÍDICA – protege-se a liberdade individual de manter segredos cuja
SUJEITO PASSIVO – é a pessoa que possa sofrer dano com a
divulgação do segredo profissional.
ELEMENTO OBJETIVO: A conduta consiste no verbo: REVELAR =
mostrar, declarar, fazer conhecer, trasmitir a outrem segredo de
que tem ciência em razão da atividade que exerce e que possa
produzir dano a outrem.
O SA pode conhecer o segredo por meio de diversas formas.
Para configurar o crime = o segredo seja revelado a uma única
pessoa Objeto material do crime = segredo
O CP não exige a efetiva produção do dano (moral ou material) ,
mas tão somente a possibilidade de sua ocorrência.
Elemento normativo do tipo = sem justa causa
70
ELEMENTO SUBJETIVO – dolo = vontade livre e consciente de
revelar o segredo sem justa causa. O SA tem que saber que o
fato é secreto.
CONSUMAÇÃO – crime formal. A consumação ocorre com a
revelação do segredo a uma única pessoa. Não se leva em
consideração a produção de dano.
TENTATIVA – só é possível na forma de revelação escrita do
segredo.
AÇÃO PENAL – conforme o parágrafo único, é um crime de ação
penal pública condicionada à representação
71
ALTERAÇÃO LEGISLATIVA - Lei 14.155 de 27 de maio
de 2021
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes
alterações:
•“Art. 154-A. Invadir dispositivo informático de uso alheio,
conectado ou não à rede de computadores, com o fim de
obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem
autorização expressa ou tácita do usuário do dispositivo ou72
• ....................................................................................................
• § 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços)
se da invasão resulta prejuízo econômico.
• § 3º ..........................................................................................
• Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
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O § 1º do art. 154-A pune com a mesma pena, reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
anos, e multa, quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou
programa de computador com o intuito de permitir a prática da conduta definida no
“caput”.
Neste caso, sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, e não somente o comerciante,
industrial ou técnico na área de informática ou de produção de “softwares”,
“malwares”, vírus em geral etc.
§ 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se da invasão resulta
prejuízo econômico