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A condenação é o ato no qual o juiz define a pena ao sujeito que infringiu a norma,
transformando em concreto a sanção estabelecida em lei (Liebman).
EFEITOS PRINCIPAL
O primeiro efeito de qualquer condenação penal é a imposição de uma sanção penal, seja
ela privação da liberdade (reclusão, detenção ou prisão simples), restrição de direitos,
multa ou medida de segurança. Esse é o chamado efeito primário da condenação.
(SOUZA e JAPIASSÚ, 2018)
EFEITOS SECUNDARIOS
Capez (2011) ainda pontua que são três os tipos de bens que podem ser apreendidos,
sendo eles:
a) produtos do crime (art. 60): é a vantagem direta obtida com a prática criminosa. Por
exemplo: o dinheiro recebido com a venda da droga;
b) proveito auferido (art. 60): é a vantagem indireta, conseguida a partir do produto, por
exemplo, um carro comprado com a venda da droga;
c) veículos, embarcações, aeronaves, maquinários, instrumentos e objetos de qualquer
natureza, utilizados para a prática de crimes previstos na referida lei (art. 62).
Produto é a vantagem direta auferida pela prática do crime (p. ex.: o relógio furtado);
proveito é a vantagem decorrente do produto (p. ex.: o dinheiro obtido com a venda do
relógio furtado). Na realidade, o produto do crime deverá ser restituído ao lesado ou ao
terceiro de boa-fé, somente se realizando o confisco pela União se permanecer ignorada
a identidade do dono ou não for reclamado o bem ou o valor. (CAPEZ,2011)
São aqueles que não decorrem meramente da condenação, exigindo a lei requisitos
específicos. Além disso, é necessário que o juiz justifique a aplicação de tais efeitos na
sentença, não sendo, assim, automáticos. (ESTEFAM e GONÇALVES, 2020)
São eles:
a) Perda do cargo, função pública ou mandato eletivo
Conforme o art. 92, I, do CP, são também efeitos da condenação, a perda do cargo, função
pública ou mandato eletivo decorrente de duas hipóteses: a) quando aplicada pena
privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, quando o ilícito for praticado
com abuso de poder ou violação dos deveres funcionais; ou b) quando aplicada pena de
prisão por tempo superior a quatro anos, nos demais casos.
Na primeira hipótese, a perda do cargo, função pública ou mandato eletivo abrange não
somente os chamados delitos funcionais (arts.312 e segs., do CP), mas, igualmente, todo
e qualquer delito no qual o agente tenha abusado de seus poderes ou descumprido seus
deveres de servidor público, como, por exemplo, no estelionato praticado em detrimento
da própria administração pública (art.171, §3°, do CP).Na segunda hipótese em razão da
aplicação de uma sanção elevada, o servidor torna-se indigno para exercer o cargo, a
função ou mandato eletivo custeado pelo contribuinte brasileiro. Diante disso, não terá
condições de conciliar o expediente normal na repartição pública com a privação da
liberdade imposta na sentença condenatória. (SOUZA e JAPIASSÚ, 2018)
b) Incapacidade para o exercício do poder familiar, tutela ou curatela, nos crimes
dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou
curatelado.
Esse dispositivo foi alterado pela Lei n° 13.715/18
A decretação de referida incapacitação pressupõe quatro requisitos:
1) Que o crime tenha sido praticado contra outrem igualmente titular do mesmo
poder familiar, filho, filha ou outro descendente (neto, neta) ou contra tutelado ou
curatelado;
2) Que trate de crime doloso;
3) Que trate de crime apenado de reclusão;
4) Que o juiz entenda ser necessária referida inabilitação em razão da gravidade dos
fatos e pela incompatibilidade gerada em relação ao exercício do poder familiar,
tutela ou curatela (art. 92, parágrafo único, do CP).
c) Inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de
crime doloso.
Esta inabilitação somente é aplicada quando o veículo é utilizado como
instrumento para a prática de crime doloso, como, por exemplo, quando o agente
atropela intencionalmente alguém com o intuito de matá-lo ou lesioná-lo. Nos
casos de participação em competição não autorizada em via pública (“pegas”,
“rachas”), das quais decorra morte ou lesões em terceiro, a jurisprudência firmou
entendimento no sentido da configuração de crimes de homicídio ou lesões
corporais dolosas (dolo eventual). Em tais hipóteses, portanto, será cabível o
efeito em tela, uma vez que o texto legal não restringe o instituto aos casos de dolo
direto. A incidência deste dispositivo também não é automática, devendo ser
motivadamente declarada na sentença. Trata-se de efeito que só pode ser afastado
após a reabilitação criminal, de modo que só depois disso o condenado poderá
novamente obter sua habilitação para conduzir veículos. Nos crimes de homicídio
culposo e lesão corporal culposa cometidos na direção de veículo automotor, a
suspensão e a proibição de obter a habilitação ou permissão para dirigir veículo
constituem pena prevista no próprio tipo penal, e não efeito da condenação (arts.
302 e 303 do CTB). (ESTEFAM e GONÇALVES, 2020)
REFERÊNCIAS
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, volume 1, parte geral 15. ed. São
Paulo: Saraiva, 2011.