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LEI nº 9.

099/1995
LEI DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL (arts. 60/97)

PREVISÃO CONSTITUCIONAL:

“Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:


I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos,
competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de
menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os
procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a
transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau”.

Nesse sentido, de forma similar prescreve o art. 60 da Lei nº 9.099/95:

“Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e
leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das
infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e
continência”.

DEFINIÇÃO DE INFRAÇÃO PENAL DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO:

“Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os


efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena
máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa”.

Analisando uma infração penal isolada, não há dificuldade na identificação da


competência do JECRIM. No entanto, tratando-se de concurso de crimes, as penas máximas
deverão ser somadas (concurso material), ou exasperadas (concurso formal e crime
continuado). Na hipótese de exasperação, sempre será aplicada a maior fração. Na hipótese de
causa de diminuição, adota-se a pena máxima do crime, reduzindo-a da fração mínima (Teoria
da Pior das Hipóteses).
Questão:

(VUNESP - 2018 - PC-SP - Agente Policial) Nos termos da Lei Federal n° 9.099/1995 (Lei dos
Juizados Especiais Criminais), consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo
A) somente as contravenções penais a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois)
anos, cumulada ou não com multa.
B) somente os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada
ou não com multa.
C) as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois)
anos, cumulada ou não com multa.
D) as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena mínima não superior a 2 (dois)
anos, cumulada ou não com multa.
E) as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena mínima não superior a 3 (três)
anos, cumulada ou não com multa.

(VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) Para os efeitos da Lei n.º 9.099/1995, com as
alterações da Lei n.º 11.313/2006 (Lei dos Juizados Especiais Criminais), consideram-se
infrações penais de menor potencial ofensivo as contravenções penais e os crimes a que a lei
comine pena
A) máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
B) exclusivamente de multa.
C) mínima de 1 (um) ano e máxima de 3 (três) anos, cumulada ou não com multa.
D) de detenção ou multa.
E) restritiva de direitos.

# - Quando a Lei nº 9.099/95 é inaplicável?


R: É inaplicável na Justiça Militar (art. 90-A) e perante os crimes praticados com
incidência da Lei nº11.340/06 (Lei Maria da Penha, art. 41).

Diligências:
“Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário
noturno e em qualquer dia da semana, conforme dispuserem as normas de
organização judiciária”.

AÇÃO PENAL PARA LESÃO CORPORAL LEVE E CULPOSA.

Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá
de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e
lesões culposas.

Questão:

(VUNESP - 2018 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) Nos termos da Lei n° 9.099/95, com as
alterações feitas pela Lei n° 11.313/06 (Lei dos Juizados Especiais Criminais), é correto afirmar
que
A) além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a
ação penal relativa aos crimes de lesões corporais dolosas e lesões culposas leves.
B) consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo os crimes a que a lei comine
pena máxima não superior a um ano, prevendo ou não a lei procedimento especial.
C) consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo as contravenções penais a que
a lei comine pena máxima não superior a um ano, prevendo ou não a lei procedimento
especial.
D) além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a
ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
E) a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves independe de representação da
vítima lesionada, entretanto, se o crime for de lesão corporal culposa, há necessidade da
representação.

PROCEDIMENTO: AUDIÊNCIA, PROVIDÊNCIAS E CONSEQUÊNCIA.

MAPA DE TODO PROCEDIMENTO:


Termo circunstanciado de ocorrência: A autoridade policial lavrará o termo e
encaminhará ao Juizado o autor do fato e a vítima, requisitando os exames periciais
necessários (art. 69). Vedada, ao menos em regra, a prisão em flagrante ou imposição de fiança
(art. 69, parágrafo único).
O TCO é encaminhado ao juízo do JECrim. O juízo encaminha ao MP. O MP requer a
vinda da folha de antecedentes. Estando tudo em ordem, o MP requer ao juiz a designação de
AUDIÊNCIA PRELIMINAR DE COMPOSIÇÃO DE DANOS e TRANSAÇÃO PENAL. Essa audiência
precede a qualquer providência no sentido de processamento do agente – é uma fase
extrajudicial – denominação do agente: suposto autor do fato.

Questão:

(VUNESP - 2014 - PC-SP - Desenhista Técnico-Pericial) Lei n.º 9.099/1995, artigo 69:
“________que tomar conhecimento da ocorrência lavrará _____ e o encaminhará
imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições
dos exames periciais necessários”.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto
A) O juiz leigo ... termo de registro criminal
B) A autoridade policial ... termo circunstanciado
C) A autoridade administrativa ... sindicância
D) O promotor de justiça ... inquérito civil
E) Qualquer policial ... auto de infração penal

Audiência Preliminar: durante a audiência preliminar, poderá haver a oportunidade


para a aplicação de algumas medidas despenalizadores. Vejamos:

Composição Civil de Danos: Trata-se de acordo celebrado entre a Dupla Penal (autor
dos fatos e vítima). Havendo acordo em crime de ação privada ou pública condicionada à
representação, o juiz homologa em sentença irrecorrível e o ofendido renuncia ao direito de
queixa ou representação. Art. 74 e parágrafo único:

“Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo
Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo
civil competente.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação
penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a
renúncia ao direito de queixa ou representação”.

Em crime de ação pública incondicionada pode evitar demanda no âmbito cível,


seguindo o procedimento em comento. Sem acordo, passa-se ao segundo instituto
despenalizador.

Transação Penal
1 – Conceito: A transação penal consiste em um acordo celebrado entre o MP (ou
Querelante) e o autor do fato criminoso, por meio do qual é proposta a aplicação imediata de
pena restritiva de direitos ou multas, evitando-se, assim, a instauração do processo.
2 – Natureza Jurídica: Direito público subjetivo do réu que depende de proposta do
MP. Se o MP se recusar, aplica-se o art. 28 do CPP, por analogia (hipótese em que o juiz,
discordando, poderá remeter ao procurador-geral, e este oferecerá a proposta, designará outro
órgão do MP ou insistirá na negativa da oferta, ao qual o juiz estará obrigado a atender). Se o
querelante se recusar, deve oferecer queixa oral.
3 – Vedação da proposta:

“Art. 76, §2º: Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:


I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa
de liberdade, por sentença definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela
aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da
medida”.

4 – Aceitação da proposta: lavratura do acordo a ser homologado por sentença.

5 – Sentença da TP: Sentença homologatória de natureza condenatória imprópria e


que faz lei entre as partes, da qual cabe apelação (art. 76, § 5º), impondo o cumprimento da
pena imposta e impedindo nova transação no prazo de cinco anos. Não gera efeito civil,
devendo o interessado ajuizar ação de conhecimento para fazer valer seu direito.

Oferecimento de denúncia oral: Caso não seja aceita a proposta ou o autor do fato
não preencha os requisitos legais, o MP oferecerá a petição inicial acusatória, na forma oral,
que será reduzida a escrito, sendo o denunciado citado e intimado para a audiência de
instrução e julgamento.

Oferecimento da queixa-crime oral: caso o querelante não apesente proposta de


transação penal, deverá apresentar queixa oralmente, sendo a mesma reduzida a termo,
entregando-se cópia ao acusado (querelado), que ficará citado e imediatamente cientificado da
designação de dia e hora para a audiência de instrução e julgamento (art. 76).

Audiência de Instrução e Julgamento:


1º passo. Se durante a audiência preliminar não houve possibilidade de composição
civil de danos ou de transação penal, tentar-se-á a aplicação dos institutos despenalizadores, a
fim de se evitar a ação penal (art. 79).
2º passo. A defesa responde à denúncia ou queixa e, em seguida, o juiz proferirá
despacho de recebimento ou rejeição da inicial. Se rejeitar, cabe apelação (art. 82).
3º passo. Recebendo a inicial, o juiz questiona ao MP sobre eventual proposta
suspensão condicional do processo - art. 89 da referida lei:

“Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um
ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia,
poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o
acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro
crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da
pena (art. 77 do Código Penal).
§1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este,
recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a
período de prova, sob as seguintes condições:
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II - proibição de frequentar determinados lugares;
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e
justificar suas atividades.
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a
suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser
processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação
do dano.
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no
curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição
imposta.
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade.
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo
prosseguirá em seus ulteriores termos.”.

Não sendo o caso, o juiz ouvirá a vítima, as testemunhas de acusação e de defesa e


interrogará o acusado. Em seguida, em debates, as partes se manifestam e o feito é
sentenciado. Os embargos de declaração podem ser opostos oralmente e decididos de plano.
4º passo. Da sentença admite-se apelação, em peça única, no prazo de dez dias a ser
julgada por Turma Recursal (composta por 3 (três) juízes togados, em exercício no primeiro
grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado).

EXECUÇÃO DA PENA:

Cabe ao JECrim executar apenas a pena de multa. Nos demais casos, caberá ao juízo
da Vara de Execução Criminal acompanhar a execução, pois o JECrim não tem estrutura para
tanto (artigo 84 e 86).

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