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LEGISLAÇÃO CRIMINAL ESPECIAL – RENATO BRASILEIRO DE LIMA

JUIZADOS ESPECIAS CRIMINAIS


Juizados Especiais Criminais II
I. Jecrim e Pacote Anticrime
1. Previsão Constitucional.
2. Critérios orientadores e finalidades dos
Juizados.
3. Competência dos Juizados Especiais
Criminais.
4. Infração de menor potencial ofensivo.
5. APLICAÇÃO DA LEI 9.099/95 NA JUSTIÇA
MILITAR.
6. COMPETÊNCIA TERRITORIAL.
7. Termo circunstanciado.
8. Fase preliminar dos Juizados Especiais
Criminais.
Lei 9.099/95

Art. 72. Na audiência preliminar, presente o


representante do Ministério Público, o autor do fato
e a vítima e, se possível, o responsável civil,
acompanhados por seus advogados, o Juiz
esclarecerá sobre a possibilidade da composição
dos danos e da aceitação da proposta de aplicação
imediata de pena não privativa de liberdade.
9. Composição dos Danos Civis.
10. Oferecimento de Representação.
Lei 9099/95

Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis,


será dada imediatamente ao ofendido a
oportunidade de exercer o direito de
representação verbal, que será reduzida a termo.

Parágrafo único. O não oferecimento da


representação na audiência preliminar não implica
decadência do direito, que poderá ser exercido no
prazo previsto em lei.
11. Transação Penal.
Conceito: trata-se de acordo celebrado entre o
titular da ação penal e o autor do fato
delituoso, assistido por seu defensor,
objetivando a aplicação imediata de pena
restritiva de direitos ou de multa.
Lei 9099/95.

Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime


de ação penal pública incondicionada, não sendo caso
de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a
aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou
multas, a ser especificada na proposta.

§1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única


aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
(...)
Art. 76 (...) § 2º Não se admitirá a proposta se ficar
comprovado:

I - ter sido o autor da infração condenado, pela


prática de crime, à pena privativa de liberdade, por
sentença definitiva;

II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no


prazo de cinco anos, pela aplicação de pena
restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social
e a personalidade do agente, bem como os motivos
e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a
adoção da medida.
Art. 76 (...)

§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu


defensor, será submetida à apreciação do Juiz.

§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público


aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena
restritiva de direitos ou multa, que não importará em
reincidência, sendo registrada apenas para impedir
novamente o mesmo benefício no prazo de cinco
anos.
Art. 76 (...)

§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior


caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.

§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º


deste artigo não constará de certidão de
antecedentes criminais, salvo para os fins
previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos
civis, cabendo aos interessados propor ação
cabível no juízo cível.
11.1. Requisitos.
a. Infração de menor potencial ofensivo;
Súmula 536 do STJ: “A suspensão condicional
do processo e a transação penal não se
aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito
da Lei Maria da Penha”. Terceira Seção,
aprovada em 10/6/2015, DJe 15/6/2015.
b. Não ser caso de arquivamento do termo
circunstanciado;
c. Não ter sido o autor da infração condenado,
pela prática de crime, à pena privativa de
liberdade, por sentença definitiva;
d. Não ter sido o agente beneficiado
anteriormente, no prazo de 5 anos, pela
transação penal;
e. Antecedentes, conduta social,
personalidade do agente, bem como os
motivos e circunstâncias do delito favoráveis
ao agente;
f. Reparação do dano ambiental nos crimes
ambientais.
f. Reparação do dano ambiental nos crimes
ambientais.
Lei n. 9.605/98

Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial


ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena
restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da
Lei n. 9.099/95, somente poderá ser formulada desde
que tenha havido a prévia composição do dano
ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo
em caso de comprovada impossibilidade.
11.2. Legitimidade para oferecimento da
proposta de transação.
FONAJE - ENUNCIADO 112: na ação penal de
iniciativa privada, cabem transação penal e a
suspensão condicional do processo, mediante
proposta do Ministério Público (XXVII Encontro
– Palmas/TO).
STJ: “(...) A transação penal, assim como a suspensão condicional
do processo, não se trata de direito público subjetivo do acusado,
mas sim de poder-dever do Ministério Público (Precedentes desta e.
Corte e do c. Supremo Tribunal Federal). II - A jurisprudência dos
Tribunais Superiores admite a aplicação da transação penal às
ações penais privadas. Nesse caso, a legitimidade para formular a
proposta é do ofendido, e o silêncio do querelante não constitui
óbice ao prosseguimento da ação penal. III - Isso porque, a
transação penal, quando aplicada nas ações penais privadas,
assenta-se nos princípios da disponibilidade e da oportunidade, o
que significa que o seu implemento requer o mútuo consentimento
das partes”. (STJ, Corte Especial, Apn 634/RJ, Rel. Min. Felix
Fischer, DJe 03/04/2012).
11.3. Recusa injustificada por parte do titular
da ação penal em oferecer a proposta de
transação penal.

a) Por parte do ofendido nos crimes de ação


penal privada;
b) Por parte do Ministério Público nos crimes
de ação penal pública;
Súmula 696 do STF: “Reunidos os
pressupostos legais permissivos da
suspensão condicional do processo, mas se
recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o
Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao
Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o
art. 28 do Código de Processo Penal”.
11.4. Momento para o Oferecimento da
Proposta de Transação Penal.
Súmula 337 do STJ: “É cabível a suspensão
condicional do processo na desclassificação
do crime e na procedência parcial da
pretensão punitiva”.
CPP
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato
contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe
definição jurídica diversa, ainda que, em
consequência, tenha de aplicar pena mais grave.
§1o Se, em consequência de definição jurídica diversa,
houver possibilidade de proposta de suspensão
condicional do processo, o juiz procederá de acordo
com o disposto na lei.
§2o Tratando-se de infração da competência de outro
juízo, a este serão encaminhados os autos.
11.5. Descumprimento injustificado do acordo
homologado de transação penal.
Súmula vinculante n. 35 do STF: “A
homologação da transação penal prevista no
artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa
julgada material e, descumpridas suas
cláusulas, retoma-se a situação anterior,
possibilitando-se ao Ministério Público a
continuidade da persecução penal mediante
oferecimento de denúncia ou requisição de
inquérito policial”.
12. Análise do procedimento comum
sumaríssimo dos Juizados.
a) Peça acusatória:
Lei 9.099/95

Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública,


quando não houver aplicação de pena, pela
ausência do autor do fato, ou pela não
ocorrência da hipótese prevista no art. 76
desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao
Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver
necessidade de diligências imprescindíveis.
Art. 77 (...) § 1º Para o oferecimento da
denúncia, que será elaborada com base no
termo de ocorrência referido no art. 69 desta
Lei, com dispensa do inquérito policial,
prescindir-se-á do exame do corpo de delito
quando a materialidade do crime estiver
aferida por boletim médico ou prova
equivalente.
Art. 77 (...) § 2º Se a complexidade ou
circunstâncias do caso não permitirem a formulação
da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao
Juiz o encaminhamento das peças existentes, na
forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei.

§ 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá


ser oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar
se a complexidade e as circunstâncias do caso
determinam a adoção das providências previstas no
parágrafo único do art. 66 desta Lei.
b) Citação:
Lei 9.099/95

Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no


próprio Juizado, sempre que possível, ou por
mandado.

Parágrafo único. Não encontrado o acusado


para ser citado, o Juiz encaminhará as peças
existentes ao Juízo comum para adoção do
procedimento previsto em lei.
FONAJE - ENUNCIADO 110: no Juizado
Especial Criminal é cabível a citação com hora
certa (XXV Encontro – São Luís/MA).
c) Defesa preliminar:
Lei 9.099/95

Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra


ao defensor para responder à acusação, após
o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou
queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a
vítima e as testemunhas de acusação e defesa,
interrogando-se a seguir o acusado, se
presente, passando-se imediatamente aos
debates orais e à prolação da sentença.
Art. 81 (...)
§ 1º Todas as provas serão produzidas na
audiência de instrução e julgamento, podendo o
Juiz limitar ou excluir as que considerar
excessivas, impertinentes ou protelatórias.
§ 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado
termo, assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo
breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em
audiência e a sentença.
Art. 81 (...)

§3º A sentença, dispensado o relatório,


mencionará os elementos de convicção do Juiz.
d) (Des)necessidade de resposta à acusação:
CPP.

Art. 394.

(...)
§4º As disposições dos arts. 395 a 398 deste
Código aplicam-se a todos os procedimentos
penais de primeiro grau, ainda que não
regulados neste Código.
CPP
Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário,
oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar
liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do
acusado para responder à acusação, por escrito, no
prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo
para a defesa começará a fluir a partir do
comparecimento pessoal do acusado ou do defensor
constituído.
e) Possibilidade de absolvição sumária:
CPP

Art. 394.

(...)
§4º As disposições dos arts. 395 a 398 deste
Código aplicam-se a todos os procedimentos
penais de primeiro grau, ainda que não
regulados neste Código.
CPP
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-
A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver
sumariamente o acusado quando verificar:
I - a existência manifesta de causa excludente da
ilicitude do fato;
II - a existência manifesta de causa excludente da
culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade;
III - que o fato narrado evidentemente não constitui
crime; ou
IV - extinta a punibilidade do agente.
13. SISTEMA RECURSAL DOS JUIZADOS.
13.1. Turma Recursal.
Constituição Federal
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os
Estados criarão:
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou
togados e leigos, competentes para a conciliação, o
julgamento e a execução de causas cíveis de menor
complexidade e infrações penais de menor potencial
ofensivo, mediante os procedimentos oral e
sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em
lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas
de juízes de primeiro grau;
13.2. Apelação nos juizados.
Lei n. 9.099/95

Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou


queixa e da sentença caberá apelação, que
poderá ser julgada por turma composta de três
juízes em exercício no primeiro grau de
jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
§1º A apelação será interposta no prazo de 10
dias, contados da ciência da sentença pelo
Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por
petição escrita, da qual constarão as razões e o
pedido do recorrente.

(...)
Apelação no JECRIM Apelação no CPP
Prazo: 10 dias Prazo: 05 dias

A petição de interposição
A petição de interposição
é apresentada no prazo
já deve estar
de 5 dias e as razões
acompanhada das razões
recursais são
recursais
apresentadas em 08 dias.
13.3. Embargos de Declaração.
Lei n. 9.099/95
Art. 83. Cabem embargos de declaração quando, em
sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição
ou omissão.
§1º Os embargos de declaração serão opostos por
escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados
da ciência da decisão.
§ 2o Os embargos de declaração interrompem o prazo
para a interposição de recurso. (Redação dada pelo
novo CPC).
§3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.
13.4. Recurso Extraordinário e Especial.
CF
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal
Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição Federal, cabendo-lhe:
(...)
III – julgar, mediante recurso extraordinário, as
causas decididas em única ou última instância,
quando a decisão recorrida:
(...)
Súmula 640 do STF: “É cabível recurso
extraordinário contra decisão proferida por juiz
de primeiro grau nas causas de alçada, ou por
turma recursal de juizado especial cível e
criminal”.
CF
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de
Justiça:
(...)
III – julgar, em recurso especial, as causas
decididas em única ou última instância pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos
Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando a decisão recorrida:
Súmula 203 do STJ: “Não cabe recurso
especial contra decisão proferida por órgão de
segundo grau dos juizados especiais”.
13.5. “Habeas Corpus”.
Súmula 693 do STF: não cabe "habeas corpus"
contra decisão condenatória a pena de multa, ou
relativo a processo em curso por infração penal
a que a pena pecuniária seja a única cominada.
Súmula n. 690 do STF: “Compete
originariamente ao Supremo Tribunal Federal o
julgamento de habeas corpus contra decisão de
turma recursal de juizados especiais criminais”.
STF: “(...) COMPETÊNCIA - HABEAS CORPUS - ATO DE
TURMA RECURSAL. Estando os integrantes das turmas
recursais dos juizados especiais submetidos, nos crimes
comuns e nos de responsabilidade, à jurisdição do
tribunal de justiça ou do tribunal regional federal,
incumbe a cada qual, conforme o caso, julgar os habeas
impetrados contra ato que tenham praticado”. (STF,
Pleno, HC 86.834, Rel. Min. Marco Aurélio, DJe
09/03/2007).
13.6. Mandado de segurança.
Súmula n. 376 do STJ: “Compete à Turma
Recursal processar e julgar o mandado de
segurança contra ato de juizado especial”.
13.7. Revisão Criminal.
Lei n. 9.099/95

Art. 59. Não se admitirá ação rescisória nas causas


sujeitas ao procedimento instituído por esta Lei.
STJ: “(...) Apesar da ausência de expressa previsão
legal, mostra-se cabível a revisão criminal no âmbito
dos Juizados Especiais, decorrência lógica da
garantia constitucional da ampla defesa,
notadamente quando a legislação ordinária vedou
apenas a ação rescisória, de natureza processual
cível. É manifesta a incompetência do Tribunal de
Justiça para tomar conhecimento de revisão
criminal ajuizada contra decisum oriundo dos
Juizados Especiais. (...)
(...) A falta de previsão legal específica para o processamento
da ação revisional perante o Colegiado Recursal não impede
seu ajuizamento, cabendo à espécie a utilização subsidiária
dos ditames previstos no Código de Processo Penal. Caso a
composição da Turma Recursal impossibilite a perfeita
obediência aos dispositivos legais atinentes à espécie,
mostra-se viável, em tese, a convocação dos magistrados
suplentes para tomar parte no julgamento, solucionando-se a
controvérsia e, principalmente, resguardando-se o direito do
agente de ver julgada sua ação revisional. Competência da
Turma Recursal”. (STJ, 3ª Seção, CC 47.718/RS, Rel. Min. Jane
Silva, DJe 26/08/2008).
13.8. Conflito de competência entre Juizados
Especiais Criminais e Juízo Comum.
Súmula n. 348 do STJ: “Compete ao Superior
Tribunal de Justiça decidir os conflitos de
competência entre Juizado Especial Federal e
Juízo Federal, ainda que da mesma Seção
Judiciária”.
Súmula n. 428 do STJ: “Compete ao Tribunal
Regional Federal decidir os conflitos de
competência entre Juizado Especial Federal e
Juízo Federal da mesma Seção Judiciária”.
14. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO
PROCESSO.
Lei 9.099/95
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada
for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por
esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a
denúncia, poderá propor a suspensão do processo,
por dois a quatro anos, desde que o acusado não
esteja sendo processado ou não tenha sido
condenado por outro crime, presentes os demais
requisitos que autorizariam a suspensão condicional
da pena (art. 77 do Código Penal).
Art. 89 (...) § 1º Aceita a proposta pelo acusado e
seu defensor, na presença do Juiz, este,
recebendo a denúncia, poderá suspender o
processo, submetendo o acusado a período de
prova, sob as seguintes condições:

I - reparação do dano, salvo impossibilidade de


fazê-lo;

II - proibição de frequentar determinados lugares;


III - proibição de ausentar-se da comarca onde
reside, sem autorização do Juiz;

IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo,


mensalmente, para informar e justificar suas
atividades.
(...)
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a
que fica subordinada a suspensão, desde que
adequadas ao fato e à situação pessoal do
acusado.

§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do


prazo, o beneficiário vier a ser processado por
outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado,
a reparação do dano.
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o
acusado vier a ser processado, no curso do
prazo, por contravenção, ou descumprir
qualquer outra condição imposta.

§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz


declarará extinta a punibilidade.
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo
de suspensão do processo.

§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta


prevista neste artigo, o processo prosseguirá
em seus ulteriores termos.
14.1. Requisitos.
a) Crimes (ou contravenções penais) com
pena mínima igual ou inferior a 1 ano:
CP.

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa


alheia móvel:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.


Obs. 1: atenção para crimes com pena de
multa cominada de maneira alternativa;
Lei 8.137/90.

Art. 7° Constitui crime contra as relações de


consumo:

(...) Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou


multa.
STF: “(...) Previsão alternativa de multa. Suspensão
condicional do processo. Admissibilidade. Recusa de
proposta pelo Ministério Público. Constrangimento ilegal
caracterizado. HC concedido para que o MP examine os
demais requisitos da medida. Interpretação do art. 89 da
Lei nº 9.099/95. Quando para o crime seja prevista,
alternativamente, pena de multa, que é menos gravosa
do que qualquer pena privativa de liberdade ou restritiva
de direito, tem-se por satisfeito um dos requisitos legais
para a suspensão condicional do processo”. (STF, 2ª
Turma, HC 83.926/RJ, Rel. Min. Cezar Peluso, DJe 101
13/09/2007).
Obs. 2. Concurso de crimes:
Súmula 723 do STF: não se admite a
suspensão condicional do processo por crime
continuado, se a soma da pena mínima da
infração mais grave com o aumento mínimo de
um sexto for superior a um ano.
Súmula 243 do STJ: O benefício da suspensão
do processo não é aplicável em relação às
infrações penais cometidas em concurso
material, concurso formal ou continuidade
delitiva, quando a pena mínima cominada, seja
pelo somatório, seja pela incidência da
majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano.
Obs. 3. Violência doméstica e familiar contra a
mulher:
Lei 11.340/06

Art. 41. Aos crimes praticados com violência


doméstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista, não se
aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de
1995.
Súmula 536 do STJ: “A suspensão condicional
do processo e a transação penal não se
aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito
da Lei Maria da Penha”. Terceira Seção,
aprovada em 10/6/2015, DJe 15/6/2015.
b) Não estar sendo processado ou não ter sido
condenado por outro crime:
C) Presença dos demais requisitos que
autorizam a suspensão condicional da pena:
CP.

Art. 77 - A execução da pena privativa de


liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser
suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde
que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

I - o condenado não seja reincidente em crime


doloso; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
(...)
Art. 77 (...)

II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta


social e personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias autorizem a
concessão do benefício;(Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Art. 77 (...)

III - Não seja indicada ou cabível a substituição


prevista no art. 44 deste Código. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

(...)
14.2. Cabimento da Suspensão em Crimes de
Ação Penal Privada.
14.3. Iniciativa da Proposta de Suspensão.
Súmula 696 do STF: reunidos os pressupostos
legais permissivos da suspensão condicional
do processo, mas se recusando o promotor de
justiça a propô-la, o juiz, dissentindo, remeterá
a questão ao procurador-geral, aplicando-se
por analogia o art. 28 do código de processo
penal.
14.4. Momento para o Oferecimento.
Súmula 337 do STJ: é cabível a suspensão
condicional do processo na desclassificação
do crime e na procedência parcial da
pretensão punitiva.
14.5. Condições da Suspensão Condicional do
Processo.
STJ: “(...) Não há óbice a que se estabeleçam, no
prudente uso da faculdade judicial disposta no art.
89, § 2º, da Lei n. 9.099/1995, obrigações
equivalentes, do ponto de vista prático, a sanções
penais (tais como a prestação de serviços
comunitários ou a prestação pecuniária), mas que,
para os fins do sursis processual, se apresentam tão
somente como condições para sua incidência. (STJ,
3ª Seção, Resp 1.498.034/RS, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, j. 25/11/2015, DJe 02/12/2015).
14.7. Revogação da suspensão.

a) Revogação obrigatória:

b) Revogação facultativa:
14.8. Extinção da Punibilidade.
STJ: “(...) Se descumpridas as condições impostas
durante o período de prova da suspensão condicional
do processo, o benefício poderá ser revogado, mesmo
se já ultrapassado o prazo legal, desde que referente a
fato ocorrido durante sua vigência. (STJ, 3ª Seção,
Resp 1.498.034/RS, Rel. Min. Rogerio Schietti
Cruz, j. 25/11/2015, DJe 02/12/2015).
14.9. Suspensão Condicional do Processo em
Crimes Ambientais.
Lei 9.605/98.

Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099,


de 26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes
de menor potencial ofensivo definidos nesta Lei,
com as seguintes modificações:
I - a declaração de extinção de punibilidade, de
que trata o § 5° do artigo referido no caput,
dependerá de laudo de constatação de reparação
do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade
prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo;
II - na hipótese de o laudo de constatação
comprovar não ter sido completa a reparação, o
prazo de suspensão do processo será prorrogado,
até o período máximo previsto no artigo referido
no caput, acrescido de mais um ano, com
suspensão do prazo da prescrição;
III - no período de prorrogação, não se aplicarão as
condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo
mencionado no caput;

(...)
IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à
lavratura de novo laudo de constatação de
reparação do dano ambiental, podendo, conforme
seu resultado, ser novamente prorrogado o
período de suspensão, até o máximo previsto no
inciso II deste artigo, observado o disposto no
inciso III;
V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a
declaração de extinção de punibilidade dependerá
de laudo de constatação que comprove ter o
acusado tomado as providências necessárias à
reparação integral do dano.
15. Quadro comparativo entre o CPP (CP) e a Lei n.
9.099/95.
Código de Processo Penal Juizados Especiais Criminais

Investigação preliminar: Investigação preliminar:


Art. 4º A polícia judiciária será
exercida pelas autoridades Art. 69. A autoridade policial que
policiais no território de suas tomar conhecimento da
respectivas circunscrições e terá ocorrência lavrará termo
por fim a apuração das infrações circunstanciado e o encaminhará
penais e da sua autoria. imediatamente ao Juizado, com o
Parágrafo único. A competência autor do fato e a vítima,
definida neste artigo não excluirá providenciando-se as requisições
a de autoridades administrativas, a dos exames periciais necessários.
quem por lei seja cometida a
mesma função.
STF: “(...) AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
ESTADUAL. SERVIÇO PÚBLICO. POLÍCIA MILITAR.
ATRIBUIÇÃO PARA LAVRAR TERMO
CIRCUNSTANCIADO. LEI 9.099/95. ATIVIDADE DE
POLÍCIA JUDICIÁRIA. ACÓRDÃO RECORRIDO EM
HARMONIA COM O ENTENDIMENTO DO SUPREMO.
(...)”. (STF, 1ª Turma, RE 702.617 AgR/AM, Rel. Min. Luiz
Fux, j. 26/02/2013, Dje 54 20/03/2013).
Código de Processo Penal Juizados Especiais Criminais

Prisão em flagrante:
Prisão em flagrante: Art. 69. (...)
Art. 302. Considera-se em flagrante delito Parágrafo único. Ao autor do fato que, após
quem: a lavratura do termo, for imediatamente
I – está cometendo a infração penal; encaminhado ao juizado ou assumir o
II – acaba de cometê-la; compromisso de a ele comparecer, não se
III – é perseguido, logo após, pela imporá prisão em flagrante, nem se exigirá
autoridade, pelo ofendido ou por qualquer fiança. Em caso de violência doméstica, o
pessoa, em situação que faça presumir ser juiz poderá determinar, como medida de
autor da infração;
IV – é encontrado, logo depois, com cautela, seu afastamento do lar, domicílio
instrumentos, armas, objetos ou papéis que ou local de convivência com a vítima.
façam presumir ser ele autor da infração. (Redação dada pela Lei nº 10.455, de
13.5.2002)
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Competência Territorial: Competência territorial:


Art. 70. A competência será, de
regra, determinada pelo lugar em Art. 63. A competência do Juizado
que se consumar a infração, ou, no será determinada pelo lugar em
caso de tentativa, pelo lugar em que foi praticada a infração penal.
que for praticado o último ato de
execução
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Princípio da discricionariedade
Princípio da obrigatoriedade: regrada, controlada, mitigada ou
limitada:
Art. 24. Nos crimes de ação
pública, esta será promovida por Art. 76. Havendo representação ou
denúncia do Ministério Público, tratando-se de crime de ação
mas dependerá, quando a lei o penal pública incondicionada, não
exigir, de requisição do Ministro sendo caso de arquivamento, o
da Justiça, ou de representação Ministério Público poderá propor
do ofendido ou de quem tiver a aplicação imediata de pena
qualidade para representá-lo. restritiva de direitos ou multas, a
ser especificada na proposta.
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Recebimento de indenização do dano Composição dos danos civis: é causa de


causado pelo crime: não implica em renúncia ao direito de queixa ou de
renúncia tácita ao direito de queixa (CP, representação (Lei n. 9.099/95, art. 74,
art. 104, parágrafo único); parágrafo único);
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Citação: Citação:

Art. 351. A citação inicial far-se-á Art. 66. A citação será pessoal e
por mandado, quando o réu far-se-á no próprio Juizado,
estiver no território sujeito à sempre que possível, ou por
jurisdição do juiz que a houver mandado.
ordenado. Parágrafo único. Não encontrado
Art. 361. Se o réu não for o acusado para ser citado, o Juiz
encontrado, será citado por edital, encaminhará as peças existentes
com o prazo de 15 dias. ao Juízo comum para adoção do
Art. 362. Citação por hora certa. procedimento previsto em lei.
FONAJE - ENUNCIADO 110: no Juizado
Especial Criminal é cabível a citação com hora
certa (XXV Encontro – São Luís/MA).
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Defesa preliminar:
Resposta à acusação:
Art. 81. Aberta a audiência, será dada a
Art. 396. Nos procedimentos palavra ao defensor para responder à
ordinário e sumário, oferecida a acusação, após o que o juiz receberá,
denúncia ou queixa, o juiz, se não ou não, a denúncia ou queixa; havendo
recebimento, serão ouvidas a vítima e
a rejeitar liminarmente, recebê-la-á as testemunhas de acusação e defesa,
e ordenará a citação do acusado interrogando-se a seguir o acusado, se
para responder à acusação, por presente, passando-se imediatamente
escrito, no prazo de 10 (dez) dias. aos debates orais e à prolação da
sentença.
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Sentença: Sentença:

Art. 81. (...)


-Relatório; §3º A sentença, dispensado o
-Fundamentação; relatório, mencionará os
-Dispositivo. elementos de convicção do juiz.
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Rejeição da peça acusátória: Rejeição da peça acusatória:

Art. 581. Caberá recurso, no Art. 82. Da decisão de rejeição da


sentido estrito, da decisão, denúncia ou queixa e da sentença
despacho ou sentença: caberá apelação, que poderá ser
julgada por turma composta de
I – que não receber a denúncia ou três juízes em exercício no
primeiro grau de jurisdição,
a queixa; reunidos na sede do Juizado.
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Prazo e razões recursais da Prazo e razões recursais da


apelação: apelação:
Art. 593. Caberá apelação, no prazo Art. 82. (...)
de 5 (cinco) dias: §1º A apelação será interposta no
Art. 600. Assinado o termo de prazo de 10 (dez) dias, contados da
apelação, o apelante e, depois dele, o ciência da sentença pelo MP, pelo
apelado, terão o prazo de 8 (oito) réu e seu defensor, por petição
dias cada um para oferecer razões, escrita, da qual constarão as razões
salvo nos processos de e o pedido do recorrente.
contravenção, em que o prazo será
de 3 (três) dias.
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Recurso Extraordinário e Recurso Recurso Extraordinário e Recurso


Especial: são cabíveis, desde que Especial:
preenchidos os requisitos
constitucionais e legais; Súmula n. 203 do STJ: “Não cabe
recurso especial contra decisão
proferida por órgão de segundo grau
dos Juizados Especiais”.

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