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PROCEDIMENTO

SUMARÍSSIMO
PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO (LEI 9.099/95)

Competência (em razão da matéria – Art. 61)

Julgar infrações de menor potencial ofensivo (contravenções penais ou crimes com pena máxima

igual ou inferior a 02 anos)

OBS: No caso de concursos de crimes, estes não são analisados individualmente (mas sim em

conjunto) para fins de fixação da competência do JECrim.

Competência Territorial

Ao contrário do CPP que adota a Teoria do Resultado (como regra), para fins de fixação da

competência, o JECrim. adota a Teoria da Atividade (art. 63, Lei 9.099 – A competência do

Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal).
Princípios Norteadores

Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios

da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando,

sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação

de pena não privativa de liberdade.


OBS: Possui como objetivo, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena

não privativa de liberdade (por isso há os institutos despenalizadores).

OBS: Como se vê, nos JECRIM’s há uma flexibilização dos direitos e garantias individuais, mas busca a não

imposição de pena privativa de liberdade. Trata-se de exaltação do direito penal de 2ª velocidade.

Conexão ou Continência

Se a infração de menor potencial ofensivo for praticada em conexão ou continência com crime de competência do

juízo comum ou do tribunal do júri, será este ultimo o órgão competente para o julgamento de ambas as infrações.

No entanto, mesmo sendo neste segundo juízo, será possível a aplicação da composição civil dos danos e da

transação penal para a infração de menor potencial ofensivo.


PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO (LEI 9.099/95)
Artigo 64 e 65 - Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno e em
qualquer dia da semana.

Artigo 64 e 65 - Todavia, caso haja atos processuais em outras comarcas, a sua realização poderá ser
solicitada por qualquer meio hábil de comunicação, dispensando a expedição de carta precatória.

Artigo 66 - A citação nos JECRIM’s deve ser feita de modo pessoal.


Não se admite citação por edital. Se não for encontrado, os autos deverão ser remetidos ao juízo
comum, o qual seguirá o rito sumário (artigo 538, CPP).
Há uma divergência sobre a possibilidade de citação por hora certa. Há uma tendência no sentido de se
admitir, como vem ocorrendo nos fórum dos juizados. É a posição que prevalece no âmbito dos
Juizados Especiais, havendo o Enunciado 110 do FONAJE nesse sentido, o qual estabelece que, no
Juizado Especial Criminal é cabível a citação com hora certa.
PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO (LEI 9.099/95)
Fase preliminar:
Termo Circunstanciado de Ocorrência – TCO (art. 69)
Nas infrações de competência do JECrim. Não há inquérito policial, mas sim o TCO. É uma investigação
simplificada, com resumo das declarações das pessoas envolvidas e das testemunhas, e eventualmente com a
juntada de exame de corpo de delito para os crimes que deixem vestígios. Objetiva-se, como se infere, compilar
elementos que atestem a autoria e materialidade delitivas, ainda que de forma sintetizada

Prisão em flagrante e fiança


Se o autor do fato for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer,
não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Se não firmar o termo, não restará outra alternativa
senão lavrar o auto de prisão em flagrante.
Composição Civil dos Danos (art. 74)
Chegando ao JECRIM’s, é realizada a audiência preliminar, devendo o juiz indagar
se é possível a composição civil dos danos, existindo a possibilidade de reparação.
Caso haja essa celebração, poderá a composição gerar extinção da punibilidade ou
não, a depender da espécie de ação penal.
Tendo em vista o JECrim. ter por objetivo a composição civil dos danos, é marcada uma
audiência para esse fim (pode ser feita por conciliador)
OBS: sentença irrecorrível.
OBS: o acordo homologado acarreta em renúncia ao direito de queixa (ação penal
privada) ou de representação (ação penal condicionada à representação).
Art. 74 – A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo
juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título executivo a ser
executado no juízo civil competente.
Parágrafo único – tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal
pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao
direito de queixa ou representação.
Ação penal pública condicionada à representação: É possível que o sujeito não faça composição
civil, hipótese em que, havendo representação, o MP poderá propor transação penal.

Ação penal privada: Embora não haja composição civil, o ofendido poderá propor transação
penal, ainda que a lei seja silente. Este é o entendimento do STJ e da doutrina majoritária.

Ação penal pública incondicionada: Se a ação penal é pública incondicionada, o sujeito que
recebeu a composição civil prosseguirá no feito como investigado, dando-se a palavra ao MP
para que possa propor transação penal. Por conta disso, poderá o MP propor a transação penal, e
o sujeito concordar com ela, hipótese em que o juiz homologará o acordo. Dessa sentença do juiz
que homologou a transação, caberá recurso de apelação.
Procedimento Sumaríssimo Propriamente Dito
Não sendo o caso de composição civil, nem de transação penal (se houve composição
civil na ação penal pública incondicionada e o feito prossegue de qualquer modo):
São etapas do procedimento comum sumaríssimo – a partir do artigo 77:
 Oferecimento oral da denúncia ou da queixa-crime, na própria audiência
preliminar: para alguns o número máximo é sempre o de 3 testemunhas, aplicando-
se analogicamente o art. 34 da Lei n. 9.099/95, que trata do Juizado Especial Cível.
Outros, porém, entendem ser necessário consultar o procedimento sumário, o qual
traz a hipótese de no máximo 5 testemunhas.
 Se o sujeito estiver presente na audiência, será imediatamente citado da denúncia
oral, recebendo a cientificação da data da audiência de instrução e julgamento.
 Se o sujeito não compareceu à audiência preliminar, é preciso fazer a citação
pessoal quanto a data da audiência de instrução e julgamento, advertindo-se de
que será ele quem deverá levar as testemunhas. Caso deseje, poderá o sujeito
requerer ao juiz para que elas sejam intimadas.
Aberta a audiência de instrução, o sujeito tem contra si uma denúncia do MP.
No entanto, vale lembrar que esta denúncia ainda não foi recebida. Nesta audiência
de instrução e julgamento, a primeira coisa facultada à defesa é a apresentação da
resposta à acusação.
A partir da resposta à acusação, o juiz decidirá se receberá ou não a denúncia
formulada pelo MP.
Caso receba a inicial acusatória, o juiz irá inquirir o ofendido, as testemunhas, e,
por último, proceder a interrogatório do réu.
Após, são feitos os debates orais.
Por último, a sentença, a qual dispensa o relatório, contendo apenas a fundamentação e o
dispositivo.
RECURSOS CRIMINAIS NOS JUIZADOS (LEI 9099/95)
 Da composição civil dos danos: IRRECORRÍVEL;
 Da homologação da transação penal: APELAÇÃO;
 Da rejeição da denúncia: APELAÇÃO;
 Da sentença final do procedimento, seja absolutória ou condenatória: APELAÇÃO.
 OBS: O prazo da APELAÇÃO é de 10 dias (peça de interposição + razões recursais). As contrarrazões
são no mesmo prazo de 10 dias. Tal recurso é dirigido às Turmas Recursais, composta por 03 juízes.
 OBS: É possível, também, a interposição de embargos de declaração, no prazo de 05 dias (lembrar que
no CPP o prazo é de 02 dias). A oposição de embargos de declaração interrompe o prazo de recurso
próprio. Ressalte-se, porém, que erros materiais podem ser corrigidos de ofício pelo juiz.
 OBS: Importante notar que no procedimento do JECrim., somente há APELAÇÃO e EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO (não há RESE).
 Parte da doutrina entende que não fica excluída a possibilidade do recurso em sentido estrito, uma vez
que o Código de Processo Penal se aplica subsidiariamente à legislação especial. Ex.: contra a decisão
que reconhecer a prescrição de infração de menor potencial ofensivo no Juizado (art. 581, IX, do CPP).
 Recurso extraordinário: É cabível o recurso extraordinário quando a decisão de primeira ou segunda
instância contrariar dispositivo da Constituição Federal. Nesse sentido, a Súmula 640 do Supremo
Tribunal Federal: “É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro
grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal”.
 Recurso especial: Atente-se que o recurso especial é incabível, posto que a Carta Magna, em seu art.
105, III, somente o admite contra decisões de tribunais, e não de turmas recursais. A confirmar tal
assertiva existe a Súmula 203 do Superior Tribunal de Justiça: “Não cabe recurso especial contra
decisão proferida por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais”.
 O não comparecimento do autor do fato à audiência preliminar e o subsequente
oferecimento da denúncia oral não impede que posteriormente haja a composição
civil, ou que posteriormente se proponha a transação penal (doutrina majoritária).
 O juiz não pode de ofício, e à revelia do MP, efetuar a proposta de transação penal.
Neste caso, o juiz deverá aplicar o art. 28 do CPP, remetendo os autos ao
Procurador Geral de Justiça.
 Súmula Vinculante nº. 35: a homologação da transação penal prevista no artigo 76
da Lei 9.099/95 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas,
retorna-se a situação anterior, possibilitando-se ao MP a continuidade da persecução
penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.
Observações
 Não se aplicam as disposições da Lei 9.099 no âmbito da Justiça Militar (art. 90-A); por consequência,
institutos como transação penal e suspensão condicional do processo não se aplicam na justiça militar.
Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça Militar.
 Não é permitida a aplicação da Lei 9.099 aos casos da Lei Maria da Penha; STF em sede de controle
concentrado de constitucionalidade, portanto, com efeito vinculante (ADI 4424 e ADC 19).
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099/95.
Súmula 536 – A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese
de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
Transação Penal

 É uma mitigação ao princípio da obrigatoriedade da ação penal (discricionariedade

regrada; obrigatoriedade regrada);


 O MP oferece quando entende presentes materialidade e indícios de autoria. Se não,

pede arquivamento.
 Constitui-se em verdadeiro poder-dever do MP, no sentido de que, uma vez

preenchidos os requisitos exigidos por lei, deverá oferecer a proposta ao agente (STJ –

HC APn 634/RJ). No âmbito estadual, caso o MP não ofereça a proposta, poderá o

juiz invocar a sistemática do artigo 28 do CPP (não pode conceder de ofício).


 O agente do delito, porém, não está obrigado a aceitar a transação penal, podendo recusar ou oferecer

contraproposta. Caso aceite, não funciona como confissão de culpa, ficando registrada apenas para a não

concessão do mesmo benefício dentro do prazo de 5 anos.


 Se o juiz homologa, cabe apelação. Se o juiz rejeita a homologação do acordo, cabe apelação, ou HC, ou MS

em matéria criminal.
 Se cumprida a transação penal, extingue a punibilidade do agente.
 Súmula vinculante 35 STF: a homologação da transação penal prevista no artigo 76 da lei 9099 não faz coisa

julgada material e, descumpridas suas clausulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao MP a

continuidade da persecução penal mediante o oferecimento de denúncia ou requisição do inquérito policial.


PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO (LEI 9.099/95)
Suspensão condicional do processo
 É mitigação do princípio da disponibilidade da ação penal;
 Em que pese tal benefício estar previsto na Lei 9.099, ele é cabível nos crimes cuja
pena mínima for igual ou inferior a 01 ano (ex: furto);
 Antes do oferecimento de tal benefício, deve ser concedida a oportunidade de
apresentação e análise da resposta à acusação, pois, sendo julgada, é possível a
absolvição sumária antes mesmo do oferecimento da suspensão condicional do
processo ( o que é mais benéfico ao réu);
 A aceitação do benefício da suspensão condicional do processo não obsta a análise de Habeas
Corpus impetrado para trancar tal ação penal;
 Constitui-se em verdadeiro poder-dever para o MP, no sentido de que, preenchidos os requisitos
exigidos por lei, deverá oferecer a proposta ao agente delitivo. É esse o posicionamento do STJ
(HC 218785/PA). Assim, no âmbito estadual, caso o MP não ofereça a proposta, poderá o juiz
aplicar o artigo 28 do CPP (não podendo conceder de ofício (Súmula 696 STF);
PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO (LEI 9.099/95)

Suspensão condicional do processo


 Súmula 536 STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de

delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha;


 Súmula 243 STJ: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais

cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada,

seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano;
 Súmula 723 STF: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da

pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a 01 (um) ano;
Suspensão condicional do processo
 Aceito o benefício, mas descumpridas as condições impostas durante o período de prova (ainda que tenham sido
descobertas após o período), o benefício será ou poderá ser revogado, marcando uma AIJ para se proceder à
instrução do processo:

O Benefício SERÁ revogado (art. 89, O Benefício PODERÁ SER


§3º) revogado (art. 89, §4º)

 Se o Beneficiário vier a ser processado  Se o Beneficiário vier a ser processado


por outro crime; por contravenção;
 Não efetuar, sem motivo justificado, a  Descumprir qualquer outra condição
reparação do dano. imposta no acordo.
Súmula 337 do STJ: é cabível a suspensão condicional do processo na
desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva.

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