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Aula 02 – Competência

Generalidades
Jurisdição: capacidade de dizer o direito de forma definitiva. Capacidade abstrata,
genérica. Todo órgão capaz de dizer o direito de forma definitiva tem jurisdição. Não é
atribuída exclusivamente ao judiciário, é possível que o legislativo e executivo, em
caráter atípico, excepcional, digam o direito de forma definitiva, sem nenhuma
possibilidade de recurso para outros órgãos. Característica fundamental da jurisdição:
definitiva.
Ex.: impeachment é julgado pelo congresso nacional, feito pelo poder legislativo com
natureza jurisdicional, com caráter de definitividade.
Senado julga presidente da republica e ministro do supremo no tocante a crime de
responsabilidades, art. 52, I e II da CF.
De acordo com a CF vivemos o federalismo: o principal órgão investido de jurisdição é
um órgão nacional, o poder judiciário é um órgão só.
Todo juiz tem jurisdição de forma genérica.
No modelo processual do Novo CPC a decisão proferida por juiz incompetente não é
invalida, até que o juiz competente diga que é invalida.
Quando um juiz federal decide algo que é da justiça estadual, enquanto o juiz estadual
não falar que é invalida, ela vai produzir efeitos, porque todo juiz tem jurisdição.
Decisões judiciais tem caráter nacional, mundial: divorcio declarado em SP. É valido
em GO, Inglaterra, etc...
Competência: também é a capacidade de dizer o direito no caso concreto, de forma
definitiva. Acaba com o caráter genérico, para cada tipo de processo existe apenas 01
juiz competente.
Competência: divisão administrativa do exercício da jurisdição.
Previsão legal
Novo CPC, Art. 44. Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição Federal, a
competência é determinada pelas normas previstas neste Código ou em legislação
especial, pelas normas de organização judiciária e, ainda, no que couber, pelas
constituições dos Estados.
Encontra na CF, disciplina o que cada tribunal julga; tratados internacionais (convenção
de havana, protocolo de Buenos Aires); leis federais (NCPC, leis extravagantes, tais
como CDC, lei 9.099, lei da ACP); legislação estadual e do distrito federal que trata de
competência (constituições estaduais e leis de organização judicial).
Divisão
A doutrina costuma chamar de divisão da competência.
Competência internacional (“jurisdição internacional”)
Na verdade a nomenclatura correta deveria ser jurisdição internacional, o que vai se
determinar é se o Brasil julga genericamente. Se a resposta for positiva ele (o Brasil)
tem jurisdição, aí sim entra no estudo da competência interna (quem no Brasil julga).
Pressuposto para passar pra próxima fase.
De um modo geral todos os países adotam esses 03 critérios:
a) Efetividade: normalmente os Estados aceitam casos que são capazes de executar.
Possibilidade de fazer valer suas decisões. Não faz sentido Brasil julgar acidente
de transito que tenha acontecido em Boston (motoristas americanos);
b) Interesse: sem prejuízo da efetividade há o critério do interesse, em regra os
Países aceitam jurisdição aquilo que eles acham importante que eles julguem,
que é de interesse nacional; a Espanha adota muito essa regra, já julgou Pinochet
no Chile, tem processo aberto para julgar a guerrilha do Araguaia no Brasil, está
entre seus interesses julgar crimes de “lesa a humanidade”.
c) Submissão: relacionado ao Código de Bustamante. De ordinário os países
respeitam a vontade das partes na escolha do foro internacional, ou foro de
competência internacional. Arts. 22, III+25 NCPC).
O Brasil adota os 03 critérios, mas o foco é efetividade.
Competência internacional exclusiva (art. 23 NCPC)
O professor entende que é melhor falar em jurisdição internacional exclusiva ou
nacional exclusiva. Com base nos 03 critérios (efetividade, interesse e submissão), por
questões ligadas a soberania nacional, não aceita outra jurisdição. São temas que o
Brasil atribui a si com absoluta exclusividade.
a) imóveis situados no BR
b) sucessão de bens situados no BR
c) partilha de bens situados no BR
Competência internacional concorrente (arts. 21/22 NCPC)
a) réu domiciliado no BR (efetividade)
b) BR como local de cumprimento (efetividade)
c) fundamento seja fato o ato no BR (interesse)
d) alimentos de credor no BR (novidade no Novo CPC)
e) alimentos de devedor com vínculos no BR
f) consumidor domiciliado no BR
g) foro de eleição internacional ou submissão voluntária
Critério de prevalência das sentenças estrangeiras na competência concorrente (art. 24
NCPC)
DUAS OBSERVAÇÕES
a) litispendência (não há)
Litispendência é um instituto de direito nacional. Existindo 02 ações em andamento as
duas vão prosseguir (no caso de jurisdição concorrente), a que transitar em julgado
primeiro é que terá validade.
Sentença estrangeira só é considerada transitada em julgado quando homologada pelo
STJ.
b) qual vale então? A que primeiro transitar em julgado, sendo que a sentença
estrangeira é considerada transitada em julgada somente quando homologada pelo STJ.
Critérios (44 NCPC) (Chiovenda)
Agora entramos propriamente no estudo da competência.
Divisão chiovendiana de competência interna. Existem outras classificações para a
competência. Professor gosta da chiovendiana. Ele divide em 04 grandes critérios:
funcional/hierárquico/acessoriedade/dependência; material; valorativo; territorial.
Ultrapassado o critério funcional, superado o funcional hierárquico entra-se no material,
definido o critério material (critério que define qual justiça competente: eleitoral,
trabalhista, militar, federal e estadual) passa-se ao valorativo e só ao final busca-se o
critério territorial.
Se chegar no critério territorial e ainda existir mais de 01 juízo competente existe a
ferramenta final que é a distribuição.
1. Hierárquico ou funcional (ratione personae)
Leva em consideração a pessoa do processo. Esse critério serve para definir as hipóteses
de ações originárias e foros privilegiado e para identificar situações de acessoriedade e
dependência.
a) Ações originárias e foros privilegiados
- MS, HD e HI
- Ação civil de improbidade administrativa
Art. 102, I; art. 105, I da CF: existem certas demandas que são de competência
originárias do STF e do STJ.
Ex.: ADI, ADC e ADPF só o STF julga. O STJ homologa sentença estrangeira, há,
portanto, nessa temática competência funcional, pois se trata de ações originárias.
Foro privilegiado: em virtude da função que desempenha a pessoa tem direito que
determinados tipos de processos já comecem em instâncias superiores.
CF estabelece no âmbito cível foro privilegiado nesses 03 tipos de demanda: MS, HD e
MI. Em qualquer outra ação cível contra autoridade pública vai para a primeira
instância.
Ação popular, ACP contra presidente da república: primeira instância, não tem foro
privilegiado cível.
Ação civil de improbidade administrativa, lei 8.429/92 – situação controvertida.
ACP de improbidade administrativa é coletiva, só entidade pública pode propor, MP,
administração direta e indireta; objeto é só a probidade administrativa, tutela direito
difuso.
Ação civil de improbidade administrativa X Ação civil pública de improbidade
administrativa.
Ação civil de improbidade administrativa: ação cível que tem caráter
sancionatório administrativo, visa a aplicação das penas do artigo 12 (suspensão
política, afastamento do cargo, proibição de contratar com poder público, etc).
Tem natureza cível ou criminal?
Jurisprudência atual: STJ usa 02 pesos e 02 medidas, para prefeito e vereador é sempre
primeira instancia, puxam para o lado cível. Quando se tratar de autoridades estaduais e
federais, utiliza-se o padrão do crime, com foro privilegiado, competência
constitucional decorrente/implícita.
b) Relação de acessoriedade ou dependência (art. 286 NCPC)
Em certas situações a ação que se propõe é acessória, dependente de uma que já foi
proposta. Ex.: ação e reconvenção; execução e embargos, etc...
Art. 286 estabelece hipóteses de distribuição por dependência. Se existir relação de
acessoriedade ou dependência é hipótese de competência funcional.
Chegando à conclusão de que não incide o critério hierárquico ou funcional pode-se
chegar a 02 conclusões: ação será na primeira instancia e se precisar distribuir, a
distribuição vai ser livre.
Já sei que vai ser na primeira instância e que a distribuição vai ser livre.
2. Material (professor entende ser 04 órgãos, excluiu a militar por ele não
ter competência cível)
Qual justiça será competente?
a) Justiça Eleitoral (art. 121 da CF + C. Eleitoral – lei ordinária, houve recepção como
lei complementar por conta da necessidade do 121, lei muito antiga, década de 60)
(causa de pedir – fundamentos de fato e de direito)
- Sufrágio – consulta popular: eleições, plebiscitos e referendos, ações daí decorrentes
são da competência da justiça eleitoral, ex.: registro de eleitor, condutas inadequadas,
ação para anular multa de quem não compareceu pra votar (é questão de sufrágio).
- Questões político-partidárias: assuntos relacionados à atuação e funcionamento dos
partidos políticos, ex.: fidelidade partidária; se o partido pode ser criado, fundido;
contas do partido, etc...
Justiça da União, mas na primeira instancia é desempenhada pelos juízes estaduais (CF
assim determina). A CF fez isso pois a justiça estadual é ampla, a federal não, ainda não
tem em todas as cidades.
b) Justiça do Trabalho (art. 114 CF) (causa de pedir) EC – 45: sofreu alargamento de
sua competência, antes de 2004 ficava restrita a relações salariais. É justiça da União
especializada, mas exercida por juízes de carreira, existe o juiz do trabalho.
* servidor público (ADI 3395 e 3684)
Competência para julgar servidor público. O servidor público tem relação de trabalho.
Não havia a segunda parte na EC-45, foi o senado que acrescentou, então tem uma
inconstitucionalidade formal.
Servidor público pode ser detentor de emprego público e de cargo público.
CEF : emprego público, CLT; prefeituras de um modo geral CLT.
Cargo público: vinculo de direito administrativo, estatutário, nesses casos a relação não
é propriamente trabalhista e sim de direito administrativo.
Emprego público: justiça do trabalho (existe relação de trabalho).
Cargo público: competência da justiça comum, federal ou estadual, a depender se
se trata de funcionário público federal, estadual ou municipal.
* greve/sindical
Greve de metroviário, regidos pela CLT, vai pra justiça do trabalho.
Se for emprego público, mesmo nos casos de greve e sindicato vai pra justiça do
trabalho. Se for cargo publico, justiça comum.
Brigas entre sindicatos, pra estabelecer limite territorial: justiça do trabalho.
* indenização derivada da relação de trabalho
Art. 114 estabelece, no inciso VI, compete à justiça do trabalho julgar. 03 ações mais
comuns: indenização por assédio sexual, por assédio moral e por acidente do trabalho.
Assédio sexual: exigência em virtude de vínculos hierárquicos de favores sexuais para
preservação do cargo. Decorre da relação de trabalho. Servidor celetista: justiça do
trabalho.
Assédio moral: humilhação, ofensa. Se for celetista: competência da justiça do trabalho.
Acidente do trabalho: empregado celetista tem 02 ordens de pretensões: contra o
empregador (é ação ajuizada, desde que o empregado seja celetista, na justiça do
trabalho); contra o INSS com a finalidade de obter um benefício acidentário, auxilio
doença, etc...nesses casos a competência não é da federal, é da estadual, porque a CF diz
expressamente isso no art. 109, I da CF.
A doutrina chama essa ação de acidentária típica, a atípica é contra o empregador.
* residual (possessória pelo término da relação de trabalho), art. 114, IX fala em
qualquer relação derivada da relação de trabalho.
Empregado utilizava carro, casa da empresa. O empregador ajuíza perante a justiça do
trabalho uma possessória para retomar o carro, casa. A decorrência é em virtude do
termino da relação de emprego.
MS contra prefeito que não permite férias de funcionário: justiça do trabalho.
STJ pacificou o entendimento de que a justiça do trabalho não é competente para ações
relacionadas a prestação de serviço sem vínculo laboral. Precisa existir subordinação
entre empregador e empregado. Ex.: contrato de honorários advocatícios, honorários
médicos, prestação de serviço de jardinagem, competência será sempre da justiça
comum.
O que fundamenta a competência da justiça trabalhista é a causa de pedir, o porquê do
processo.
Conflito de competência entre trabalhista, federal e estadual – STJ julga.
c) Justiça Federal (art. 109 da CF)
Assentada em 02 elementos da ação:
* parte: mais comum, qualquer ação que tenha como parte União, autarquias federais e
empresas públicas federais (CEF e Correios). Não interessa o assunto, tem essas partes é
justiça federal.
* causa de pedir: ação ser fundada na aplicação de tratado ou convenção internacional.
Direito dos povos dos índios. Nesse caso não interessa a parte: povo indígena, aplicação
de tratado ou convenções internacionais, etc.
Art. 109, I da CF (União, autarquias federais e empresas públicas federais)
Sumula 42 STJ e 556 do STF: não compete à justiça federal julgar sociedade de
economia mista federal. Ex.: Banco do Brasil, Petrobrás, etc...mesmo que a sociedade
de economia mista tenha a maior parte de capital da União.
Operação lava-jato: está na federal porque é crime. Mas a parte cível é da justiça
comum (opinião do prof. Gajardoni). Improbidade administrativa contra Petrobrás e
diretores da Petrobrás deveria correr na estadual.
O art. 109 traz 04 exceções, que estão também no art. 45, I do novo CPC: “de
recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho”. Nesses casos
apesar da parte no processo ser União, autarquia e empresa federal, a competência não
vai ser do juízo federal, vão para o juízo estadual.
Trabalhista, eleitoral, falência e recuperação judicial (sempre da justiça estadual e um
dos maiores credores geralmente é INSS, União, empresa quando está falindo para de
pagar tributos em geral), insolvência civil e acidentária típica (decorrente de acidente de
trabalho, contra o INSS, competência da justiça estadual).
Tem vários incisos que são referentes à parte e outros referentes à matéria.
* Súmulas 150 e 224 STJ (art. 45 e § 3º, NCPC)
O novo CPC ratifica o vigor dessas duas sumulas.
Súmula: 150, compete a justiça federal decidir sobre a existência de interesse jurídico
que justifique a presença, no processo, da união, suas autarquias ou empresas públicas.
Súmula: 224, excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz Estadual a
declinar da competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar conflito.
Ex.: rio que corta 02 estados (MG/SP), rio é da União. MP estadual ingressa com ação
de reparação de danos causados em sua margem. Nem sempre vai ser na justiça federal,
porque o dano pode ser localizado, não tem repercussão para o bem comum, etc...
Então, mesmo o rio sendo da União, vai correr na justiça estadual. No exemplo do
professor ele sempre intima o IBAMA para saber se ele tem interesse, se o IBAMA
falar que não tem interesse o juiz estadual toca o processo. Se por um acaso o IBAMA
falar que tem interesse o juiz estadual envia para o federal e o juiz federal vai deliberar
se existe ou não interesse da União. Nesse caso o juiz federal pode ou não entender que
existe interesse da União. Se o juiz federal excluir a União do processo o juiz federal
envia de novo o processo para o juiz estadual.
Se o IBAMA não gostar da decisão do juiz federal poderia agravar. Mas agora não tem
incompetência no rol do agravo. Aguarda para apelar como terceiro interessado,
rescisória, etc....
* cumulação de pedidos de competência da estadual e federal e vice-versa.
Ex. MPF e Defensoria Pública da União. São competentes para investigar causas de
competência da justiça federal. Querendo ampliar sua legitimidade entravam com ação
para garantir aos poupadores expurgos inflacionários do ano de 1989. Entravam contra a
Caixa Econômica Federal, colocavam no polo passivo em litisconsórcio Banco do
Brasil Bradesco, Itaú...na concepção deles por ter um ente da federal atraia a
competência dos demais. Isso não pode. Juiz deve indeferir o processo, julgar sem
julgamento do mérito os entes particulares e mandar cópia do processo para defensoria
estadual.
Juiz estadual julga sua matéria e federal julga a dele. Art.45, § 2o Na hipótese do § 1o, o
juiz, ao não admitir a cumulação de pedidos em razão da incompetência para apreciar
qualquer deles, não examinará o mérito daquele em que exista interesse da União, de
suas entidades autárquicas ou de suas empresas públicas.
d) Justiça Estadual (residual)
Competência material delegada (delegação de competência material: da federal para a
estadual e da trabalhista para a estadual).
* Da justiça Federal (arts. 109, § 3º, CF)
Art. 109, § 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos
segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência
social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se
verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também
processadas e julgadas pela justiça estadual.
Nos locais onde não haja vara federal as ações contra o INSS que deveriam ser julgadas
na justiça federal PODERÃO ser julgadas na justiça estadual – o recurso vai para o
TRF.
Somente benefício previdenciário contra o INSS.
(114 da Lei 13.043/2014, revogando/alterando o art. 15 da Lei 5.010/66)
Era possível ingressar na justiça estadual com execução fiscal federal contra pessoa
domiciliada onde não houvesse justiça federal (de acordo com o art. 15 da lei 5.010/66).
A União podia ingressar com execução fiscal de IR por exemplo na justiça estadual
onde não houvesse justiça federal.
Lei 13.043/2014, revogou, não existe mais hoje essa hipótese de competência
material delegada.
Saiu esse entrou outra:
Novo CPC 381, § 4o O juízo estadual tem competência para produção antecipada de
prova requerida em face da União, de entidade autárquica ou de empresa pública federal
se, na localidade, não houver vara federal (outro exemplo de competência material
delegada).
Competência material delegada atualmente no Brasil: previdenciário (na CF e no novo
CPC) e produção antecipada de provas (novo CPC). O recurso cabível vai para o
TRF.
* Da justiça do Trabalho (art. 112, CF).
Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não
abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o
respectivo Tribunal Regional do Trabalho. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004).
A norma do 112 não é autoaplicável. Precisa de uma lei falando na região “tal” os juízes
estaduais serão competentes para julgar trabalhista. No estado de SP não existe essa lei.
No estado de SP nenhum juiz estadual julga trabalhista, pois não tem lei complementar
regulamentado. O art. 112 não é autoaplicável, precisa de lei regulamentando. Se
houver a lei delegando, recurso será para o respectivo TRT.
3. Valorativo (JEF, JEFP e JEC)
* JEC (Lei 9.099/95) – até 40 SM, manejo do juizado é facultativo, opção do autor,
justiça estadual ou juizado.
* JEF e JEFP (Lei 10.259/2001 e 12.153/2009) – até 60 SM. Aqui NÃO é facultativo,
onde existir juizado federal e da fazenda pública trata-se de hipótese de competência
absoluta.
4. Territorial (arts. 42 a 63 do CPC/2015)
Existem leis extravagantes que tratam do tema.
* direito pessoal e ações de direito real fundada em bem móvel – 46. Domicilio do réu;
vários domicílios: qualquer um deles; réu não mora no Brasil, domicilio do autor.
* ações fundadas em direito real e possessórias imobiliárias – 47. É cogente nesses
casos, é obrigatório a situação da coisa em direito real sobre imóvel e possessórias
imobiliárias.
Foro de situação da coisa: hipótese de competência obrigatória, absoluta.
Direito real sobre imóvel: alguns tipos de ação são fundadas em direito obrigacional, ex:
rescisão de contrato c/c reintegração de posse (fundada em direito obrigacional), pode
ter foro de eleição e não respeitar a regra do 47.
* arrecadação e sucessão – 48: novidade. Muda a regra de inventário, partilha,
arrolamento, enfim de sucessão causa mortis. A regra era domicilio do falecido; vários
domicílios: local dos bens; local do falecimento.
Novo CPC: 1º: último domicilio; 2º: local dos bens imóveis (antes era local dos bens);
3º vários locais de bens imóveis: qualquer lugar. O local do óbito para o Novo CPC é
irrelevante.
* ausente – 49: foro do último domicilio, ausência pode levar à morte presumida.
* incapaz – 50: foro do domicilio do seu representante ou assistente.
* ações contra União – 51 (art. 109, §§ 1º e 2º, da CF)
Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a
União.
Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de
domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de
situação da coisa ou no Distrito Federal.
(Desde que tenha justiça federal nesses locais, essa regra vale para autarquias também
de acordo com o professor, mas não vale para as empresas públicas. CEF entra na regra
geral).

* ações contra o Estado ou DF – 52


Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor
Estado ou o Distrito Federal.
Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser
proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a
demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado.

Facilita o acesso à justiça.


* regras especiais – 53. Foi feito para os hipossuficientes.
* divórcio/separação/reconhecimento – 53, I
* sede da serventia – 53, III, “f”
Art. 53. É competente o foro:
I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou
dissolução de união estável:
a) de domicílio do guardião de filho incapaz;
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal;
II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem
alimentos;
III - do lugar:
a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica;
b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica
contraiu;
c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou associação sem
personalidade jurídica;
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o
cumprimento;
e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no respectivo
estatuto;
f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano por
ato praticado em razão do ofício;
IV - do lugar do ato ou fato para a ação:
a) de reparação de dano;
b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios;
V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano
sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves.

Art. 53, III, “f”: professor entende que é inconstitucional, a serventia não é parte
hipossuficiente. Aqui protegeram quem tem dinheiro, regra incompatível com
proporcionalidade e razoabilidade.
Regime jurídico da competência interna (quadro)
Competência absoluta: existe uma interpretação de que os critérios absolutos foram
criados para proteger o interesse público.
Competência relativa: moldados sob a ótica do interesse privado.
MS (cível): foro privilegiado do STF. Regra de foro privilegiado é para proteger
interesse público.
Material: permite uma melhor organização da justiça, de novo protege-se o interesse
público.
Regime jurídico da Absoluta Relativa
competência
Critérios Funcional/hierárquico e Valorativo e territorial
material (Regra geral)* (Regra geral)*
Previsão legal Art. 64 e parágrafos Art. 65
(parágrafos 2º a 4º também
valem para a relativa)
Interesse protegido Público Privado
Conhecimento pelo juiz De ofício, em qualquer Só mediante alegação da
momento e grau de parte ou MP (Sumula 33
jurisdição, desde que STJ e art. 65, p.u. CPC.
observado, todavia o que
aponta o art. 10 do CPC.
Derrogabilidade Não (art. 62 do CPC). Sim, foro de eleição (art.
(partes podem acordar Aqui não é aplicável o art. 63, prorrogação (art. 65) e
coisa diferente) 190 do CPC (negócio conexão e continência
processual). (arts. 55 e 56) **
Momento e Modo para Preliminar de contestação Preliminar de contestação,
alegação (art. 64, sob pena de? O sob pena de prorrogação.
professor entende que
pode ser condenado por
litigância de má-fé) ou a
qualquer momento (64,
parágrafo 1º)
Violação Preservação dos atos Preservação dos atos
decisórios até decisórios até
remessa/decisão do juiz remessa/decisão do juiz
competente (sem extinção, competente (sem extinção,
art. 64, parágrafo 3º) *** art. 64, parágrafo 3º)
Cabe ação rescisória (art. Prorrogação de
966, II). competência (art. 65)
Não cabe rescisória.

* Cuidado: existem regras que são valorativas e territoriais (relativas) mas que por
protegerem o interesse público mudam de categoria, deixam de ser relativas e passam a
ser absolutas.
Regra do art. 47 do CPC: ação será ajuizada na situação da coisa. Local do imóvel.
Regra para proteger o interesse público, quer que o juiz da causa tenha melhores
condições de saber o que está acontecendo na área.
Art. 3º, da lei 10.259/01: juizados especiais federais. Onde houver juizado federal a
parte é obrigada a ingressar com ação no juizado (até 60 S.M.), a competência será
absoluta, regra que favorece a organização da justiça, de novo interesse público. Apesar
de valorativo segue a regra de competência absoluta.
Art. 2º da lei da ACP (7.347/85): competência que apesar de ser territorial será absoluta,
pois é para proteger interesse público, ACP deve ser proposta no local onde aconteceu o
fato ou ato atacado pela ACP. Permite que o juiz do local tenha melhor condições para
aferir o dano.
** Conexão e continência só cabem em casos de competência relativa.
*** traslatio iudicis: atos praticados pelo juiz incompetente podem ser preservados. A
decisão é válida até que o juiz competente ratifique ou não. Antes de ser competente o
juiz tem jurisdição, portanto a decisão dada pelo juiz incompetente é válida até que se
declare o contrário.
Cargo em comissão: não há vinculo celetista, é vinculo administrativo.
Doutrina chama de competência territorial absoluta, competência valorativa absoluta.
Das decisões do juiz que deliberem sobre competência/incompetência, seja relativa ou
absoluta, o recurso cabível é, de acordo com o art. 1.015 do CPC, é irrecorrível pelo
Agravo de Instrumento. A parte pode apelar depois da sentença.
Art. 1.015, III o que se discute é jurisdição. Portanto não cabe o A.I. por analogia.
Deveria existir uma hipótese para decisões do juiz sobre competência/incompetência.
MAS não tem.
Causas modificativas de competência
Perpetuatio jurisdictionis (43, NCPC)
Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da
petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito
ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a
competência absoluta.
Dispositivo importante para estabilização do processo. Se foi ajuizado o processo no
lugar certo, esse juiz “toca” o processo da inicial até a satisfação da obrigação. Desde
que competente é o mesmo juiz que acompanha do começo ao fim. Ex.: partes podem
mudar de cidade, etc...Onde começa, acaba o processo.
Exceções: hipóteses de prorrogação legal de competência ou causas modificativas de
competência. Exceções à regra da perpetuatio.
Prorrogação legal (04)/causas modificativas de competência.
a) Supressão do órgão judiciário (43 NCPC)
Órgão judiciário suprimido, acabou a vara, foi extinta.
b) Alteração da competência absoluta (43 NCPC)
Varas que tenham a competência alterada. Ex.: criar uma vara somente de sucessões em
Uberlândia. Aplica-se para casos de mudança constitucional de competência. Ex.:
prefeito de Curitiba, MS está no TJ/PR. O prefeito vira presidente da república, o MS
vai ser encaminhado para o STF.
c) IDC (art. 109-V-A e §5º, da CF)
Incidente de deslocação de competência: casos de grave violação de direito humanos,
em que não houver a movimentação do caso pelo juízo competente, e desde que o Brasil
tenha se comprometido por tratados internacionais a investigar e punir este tipo de
conduta, é possível, mediante requerimento do procurador geral da república, transferir
da estadual para federal. Ex.: Irmã Dorothy (foi rejeitado). O PGR pede para o STJ e o
STJ defere ou não. No caso da irmã Dorothy o processo estava caminhando.
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá
suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou
processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
d) Conexão (55 NCPC – critério materialista) e continência (56/57 NCPC). Critérios de
unificação 58/59 NCPC
Ocorre identidade parcial dos elementos da ação. Quando os 03 elementos são idênticos
tem-se a litispendência. Extingue o que ingressou por último. Na situação em que existe
identidade parcial a consequência é a reunião de processos.
Identidade de pedido ou causa de pedir: conexão. Ex.: acidente de carro envolvendo 04
carros. Todos os processos serão fundados na mesma causa de pedir.
Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido
ou a causa de pedir.
§ 1o Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um
deles já houver sido sentenciado.
§ 2o Aplica-se o disposto no caput:
I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato
jurídico;
II - às execuções fundadas no mesmo título executivo.
§ 3o Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de
prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente,
mesmo sem conexão entre eles.

Não é necessária uma perfeita identidade dos elementos da ação, se houver identidade
da relação material, e se for conveniente, os processos serão reunidos.

Ex.: ação de execução de cheque e ação de anulação do cheque (não bate causa de pedir
ou pedido, mas existe prejudicialidade, é conveniente reunir).
Ação de despejo. Réu apresenta usucapião do imóvel. Não tem como julgar o despejo
antes da usucapião, é conveniente, para evitar decisões contraditórias, a reunião de
processos.

Só pode reunir se as ações ainda não tiverem sentença. Só julga enquanto os processos
ainda não foram julgados.

Continência: identidade de partes, identidade de causa de pedir, mas o pedido de uma é


maior do que a outra.
Ex.: Indenização contra companhia aérea pela perda da conexão do voo. Outra contra
mesma companhia, pelo mesmo fato, pedindo todos os danos materiais decorrente da
perda da viagem.
Junção dos processos para julgamento em conjunto só vai acontecer nas situações em
que o pedido menor veio primeiro do que o maior. O contrário é caso de litispendência.
Art. 57. Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta
anteriormente, no processo relativo à ação contida será proferida sentença sem
resolução de mérito, caso contrário, as ações serão necessariamente reunidas.
Mesma comarca: despacho positivo (cite-se). Comarcas diferentes citação (CPC/73).
Novo CPC: a prevenção se dá pela propositura da ação, nos casos em que houver
registro ou distribuição da petição inicial. Critério da distribuição.
Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo.
e) Cumprimento de sentença (516, parágrafo, NCPC)
O credor/autor pode requerer a modificação para o atual domicílio do réu, ou local onde
se encontre os bens do réu. Depende de requerimento do autor.
Conflito de competência
Quando 02 juízes não se entendem quanto a quem tem competência.
Positivo (66, I, NCPC): os 02 querem.
Negativo (66, II, NCPC): os 02 não querem.
Quem suscita (66, parágrafo, NCPC): quem suscita é quem não concordou com a
decisão anterior. Quem não acolheu a competência declinada. Ex.: juiz de franca manda
para o de SP. Se o juiz de SP não concordar ele suscita o conflito.
Quem julga: sempre a autoridade que é superior aos dois. Dois juízes do mesmo Estado,
é o TJ, 02 juízes federais, é do TRF, entre juiz federal e estadual, vai para o STJ.
Juiz comum e juiz do juizado especial cível: TJ (pacificado pelo STJ).
Juiz federal e juiz do juizado especial federal: TRF.

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