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Quando não estiver presente o interesse militar ou não for a conduta inerente
à função militar, a competência da Justiça Militar (Federal ou Estadual) poderá ser
afastada.
O militar estadual que cometa crime doloso contra a vida de civil, será julgado
na justiça comum estadual, no tribunal do júri (art. 125, p.4, da CF).
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Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou
interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no
País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
V- A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema
financeiro e a ordem econômico-financeira;
VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento
provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;
VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os
casos de competência dos tribunais federais;
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça
Militar;
Na esfera penal, interessam os incisos IV e seguintes.
Mas essa interpretação não pode ser exaustiva ou por analogia. Logo, quando
a CF fala em empresa pública, por exemplo, não se pode ampliar para alcançar as
empresas de economia mista. Assim, os crimes praticados em detrimento da Caixa
Econômica Federal, por exemplo, serão julgados na Justiça Federal. Contudo, o mesmo
delito, praticado contra o Banco do Brasil, será julgado na Justiça Estadual, pois se trata
de empresa de economia mista.
Por fim, com relação aos crimes cometidos contra indígenas: como regra geral
a competência é da Justiça Estadual, exceto se houver a afetação a direitos indígenas, sua
organização social, costume, língua, crenças, tradições e direitos ordinários sobre a terra.
Por fim, temos a Justiça mais residual de todas. Um crime somente será
julgado pela Justiça Comum Estadual quando não for de competência das Especiais nem
da comum Federal.
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Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no
caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
para um hospital de Porto Alegre, com mais recursos, onde, dias depois, vem a falecer em
decorrência das lesões sofridas.
Nos crimes praticados fora do território nacional, mas em que incida a regra
da extraterritorialidade da lei penal, será competente o juízo da Capital do Estado onde
houver por último residido o acusado6 e, caso ele nunca tenha residido no Brasil, será
julgado em Brasília, nos termos do art. 88 do CPP. Importante recordar que o simples fato
de o crime ter sido praticado no exterior não significa que será julgado na Justiça Federal.
Todo o oposto. A regra é o julgamento pela Justiça Estadual, salvo se estiver presente
alguma das causas do art. 109 da CF.
Por fim, existe ainda um único caso de eleição de foro no processo penal,
previsto no art. 73 do CPP e somente aplicável no caso de ação penal privada, em que o
querelante poderá optar pelo foro do domicílio ou residência do réu.
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Art. 71. CPP - Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou
mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
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Art. 71 CP - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da
mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os
subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se
idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
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Art. 72. CPP - Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou
residência do réu.
Como identificar o Juízo Competente?
Conexão
Com ela, reúne-se tudo para julgamento no mesmo processo. O problema vai
ser decidir quem irá julgar (Justiça e Órgão) e onde.
Continência
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Art. 76. A competência será determinada pela conexão:
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias
pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por
várias pessoas, umas contra as outras;
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para
conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na
prova de outra infração.
Quando duas ou mais pessoas cometerem um delito, haverá a reunião de todas no
mesmo processo.
3ª Algum dos agentes tem prerrogativa de ser julgado por tribunal? Isso
conduz a aplicação do inciso III do art. 78, pois a jurisdição de maior categoria dos
tribunais prevalece sobre os órgãos de primeiro grau. Há que se considerar aqui a
problemática em torno da competência do Tribunal do Júri.
Por fim, caso algum dos crimes seja de competência do Tribunal do Júri, todos
os crimes praticados irão ao Júri. Mais do que atrair, a competência constitucional do Júri
prevalece sobre os demais órgãos de primeiro grau.
Finalizando esse tópico, caso houverem sido praticados crime conexos nas
cidades “A”, “B” e “C” e, erroneamente, tiver sido instaurado em cada cidade um processo
pelo delito lá praticado, deverá o juiz avocar8 os demais processos para valer a regra do
julgamento simultâneo.
Cisão Processual
Com relação ao inciso I, com a alteração do art. 9º do CPM por conta da Lei
n. 13/491/2017, a regra agora é a reunião de todos os crimes na justiça militar. Ou seja, a
militar prevalece. Somente haverá a cisão quando, excepcionalmente, não houver o
preenchimento das condições previstas no art. 9 do CPM, situação em que a Justiça
Militar julgará os crimes por ela afeto e haverá cisão em relação ao restante.
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Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos diferentes, a
autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros
juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva.
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Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo:
§ 1o Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum co-réu, sobrevier
o caso previsto no art. 152.
§ 2o A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu foragido que não
possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461.
presença, ou ainda, quando um dos réus é citado e outro não. No processo penal,
diferentemente do processo civil, o procedimento jurisdicional não pode ocorrer à revelia
de um dos corréus.
Por fim, prevê o art. 80 a separação facultativa dos processos nos casos de
crimes praticados em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando, pelo
número excessivo de acusados e para não prolongar a prisão provisória, o juiz reputar
conveniente.