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CARREIRA JURÍDICA
Direito Penal – Aula 06
Rogério Sanches
(B) sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles Os vereadores, por força do art. 29, VIII, da CF/88,
receberam informações. desfrutam somente de imunidade absoluta, desde
que as suas opiniões, palavras e votos sejam profe-
Embora a testemunha tenha o dever de comparecer ridos no exercício do mandato (nexo material) e na
quando intimados pelo juízo para prestar seu de- circunscrição do Município (critério territorial).
poimento, o artigo 221 do Código de Processo Pe-
nal estabelece que os deputados e senadores terão Foro por prerrogativa de função x Tribunal do Júri
a prerrogativa de ajustar dia, horário e local com O foro por prerrogativa de função, previsto na
essa finalidade. CF/88, prevalece sobre a competência constitucio-
nal do Tribunal do Júri (é a Carta Maior excepcio-
Imunidades parlamentares e o estado de sítio nando-se a si mesma). Dentro desse espírito, caso
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores pratique crime doloso contra a vida, o congressista
subsistirão durante o estado de sítio, só podendo será julgado perante o STF, enquanto que o parla-
ser suspensas mediante o voto de dois terços dos mentar estadual, pelo Tribunal de Justiça (ou Tribu-
membros da Casa respectiva, nos casos de atos nal Regional Federal, se o caso).
praticados fora do recinto do Congresso Nacional,
que sejam incompatíveis com a execução da me- Súmula Vinculante nº 45:
dida.
“A competência constitucional do tribunal do
CONCLUSÃO: júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de fun-
As imunidades subsistem, ainda que durante o es- ção estabelecido exclusivamente pela constituição
tado de sítio. Nos termos do artigo 53, §8º da CF/88, estadual”.
as imunidades de deputados e senadores somente
serão suspensas se houver votação da Casa res- INFRAÇÃO PENAL(CRIME/CONTRAVENÇÃO
pectiva, com votação de dois terços pela suspen- PENAL)
são. O conceito de infração penal varia conforme o enfo-
que.
Imunidades do parlamentar licenciado Sob o enfoque formal, infração penal é aquilo que
Caso o parlamentar se licencie do cargo para o qual assim está rotulado em uma norma penal incrimina-
foi eleito com o objetivo de exercer outro, por exem- dora, sob ameaça de pena.
plo, Ministro de Estado, não manterá sua imunidade Num conceito material, infração penal é comporta-
(que não é pessoal, mas da função), salvo no que mento humano causador de relevante e intolerável
toca ao foro especial lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado,
A 1ª Turma concedeu habeas corpus para cassar passível de sanção penal.
decreto de prisão expedido por juiz de direito contra O conceito analítico leva em consideração os ele-
deputado estadual. Entendeu-se que, ante a prerro- mentos estruturais que compõem infração penal,
gativa de foro, a vara criminal seria incompetente prevalecendo fato típico, ilícito e culpável.
para determinar a constrição do paciente, ainda que
afastado do exercício parlamentar”. (STF – Info nº Infração penal é gênero, podendo ser dividida em
628 – HC 9548 – Rel. Min. Marco Aurélio – DJe crime (ou delito) e contravenção penal.
24/05/2011) Obs1:
Obs2:
Imunidades dos deputados estaduais Obs3:
As imunidades estudadas, por força do mandamen-
to insculpido no artigo 27, §1º, CF/88, também de- Diferenças entre crime e contravenção penal
vem ser aplicadas aos deputados estaduais.
Obs: Apesar de ontologicamente idênticos (aplicando-se
às contravenções as regras gerais do CP), crime e
contravenção possuem algumas diferenças trazidas
pela própria lei:
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ples ou de multa, ou ambas alternativa ou cumulati- 1ª corrente: a pessoa jurídica não pode praticar
vamente”. crimes, nem ser responsabilizada penalmente. A
empresa é uma ficção jurídica, um ente virtual, des-
Porte de droga para uso próprio é crime ou con- provido de consciência e vontade. A intenção do
travenção penal? Constituinte não foi criar a responsabilidade penal
da pessoa jurídica. O texto do § 3º do art. 225, da
Quanto à espécie de ação penal CF apenas reafirma que as pessoas naturais estão
Art. 17 da LCP: sujeitas a sanções de natureza penal, e que as pes-
“A ação penal é pública, devendo a autoridade pro- soas jurídicas estão sujeitas a sanções de natureza
ceder de ofício”. administrativa.
Vias de fato é perseguida mediante ação penal 2ª corrente: apenas pessoa física pratica crime.
pública incondicionada? Entretanto, nos crimes ambientais, havendo relação
objetiva entre o autor do fato típico e ilícito e a em-
Quanto à admissibilidade da tentativa presa (infração cometida por decisão de seu repre-
Art. 4º. LCP: sentante legal ou contratual, ou de seu órgão cole-
“Não é punível a tentativa de contravenção”. giado, no interesse ou benefício da entidade), admi-
te-se a responsabilidade penal da pessoa jurídica.
Quanto à extraterritorialidade da lei penal brasileira Conclusão:
Art. 2º da LCP:
“A lei brasileira só é aplicável à contravenção prati- 3ª corrente: a pessoa jurídica é um ente autônomo e
cada no território nacional”. distinto dos seus membros, dotado de vontade pró-
pria. Pode cometer crimes ambientais e sofrer pena.
Quanto à competência para processar e julgar A CF/88 autorizou a responsabilidade penal do ente
Art. 109, CF/88: coletivo, objetiva ou não. Deve haver adaptação do
“ Aos juízes federais compete processar e julgar: juízo de culpabilidade para adequá-lo às caracterís-
IV - os crimes políticos e as infrações penais prati- ticas da pessoa jurídica criminosa. O fato de a teoria
cadas em detrimento de bens, serviços ou interesse tradicional do delito não se amoldar à pessoa jurídi-
da União ou de suas entidades autárquicas ou em- ca, não significa negar sua responsabilização penal,
presas públicas, excluídas as contravenções e res- demandando novos critérios normativos. É certo,
salvada a competência da Justiça Militar e da Justi- porém, que sua responsabilização está associada à
ça Eleitoral”. atuação de uma pessoa física, que age com ele-
mento subjetivo próprio (dolo ou culpa).
Quanto ao limite das penas
Art. 10 da LCP: O STF vem decidindo que a responsabilização pe-
“A duração da pena de prisão simples não pode, em nal da pessoa jurídica independe da pessoa física.
caso algum, ser superior a 5 anos (...)”. Argumentou-se que a obrigatoriedade de dupla im-
Sujeitos (ativo e passivo) do crime putação caracterizaria afronta ao art. 225, § 3º, da
Constituição Federal, pois condicionaria a punição
Sujeito ativo do crime: da pessoa jurídica à condenação simultânea da
Pessoa jurídica pode figurar como sujeito ativo de pessoa física: (RE 548.181, Primeira Turma, Rel.
crime? Min. Rosa Weber, DJe 19/06/2013).
A CF/88, no art. 225, § 3º, anuncia: “As condutas e Pessoa jurídica de direito público pode ser respon-
atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sabilizada penalmente por delito ambiental?
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas,
a sanções penais e administrativas, independente- Classificação do crime quanto ao sujeito ativo:
mente da obrigação de reparar os danos causados”
(grifos aditados). O sujeito passivo:
Seguindo o mandado constitucional de criminaliza-
ção, nasceu a Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambien- O sujeito passivo classifica-se em:
tais). Reza seu art. 3º, caput: “As pessoas jurídicas A) sujeito passivo constante (mediato, formal, geral
serão responsabilizadas administrativa, civil e pe- ou genérico):
nalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos B) sujeito passivo eventual (imediato, material, par-
em que a infração seja cometida por decisão de seu ticular ou acidental):
representante legal ou contratual, ou de seu órgão
colegiado, no interesse ou benefício da sua entida- Classificação doutrinária quanto ao sujeito passivo:
de”. Crimes de dupla subjetividade passiva?
Morto pode ser vítima de crime?
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E os animais?
Objetos (material e jurídico) do crime material
Objeto material é a pessoa ou coisa sobre a qual
recai a conduta criminosa.
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