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Direito Processual Penal

(Dec. Lei 3.689/41)

JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA

1. JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
A) JURISDIÇÃO: É o poder/dever dos juízes de dizer o direito.
Juris + dictio →Hétero Composição

Dizer Direito

A.1- Princípios da JURISDIÇÃO

→ Investidura; →Aderência ao território; →Indelegabilidade; →Inevitabilidade;


→Inafastabilidade ou Indeclinabilidade; →Juiz natural; →Inércia.

B) COMPETÊNCIA: É o limite da atuação jurisdicional, ou seja, é medida de


jurisdição

Exemplo: um ministro do STJ tem a mesma jurisdição do que um juiz


do TJ, mas o que difere é a competência

“todo juiz possui jurisdição, mas nem todo juiz possui competência”

Obs.: É como se a competência fosse uma pequena medida da jurisdição.

Exemplo: Um juiz eleitoral tem jurisdição, porém não tem competência para julgar
crimes dolosos contra vida, pois é competência absoluta do tribunal do júri.
1.1- DIFERENÇA ENTRE A JUSTIÇA COMUM E ESPECIAL

A) Justiça COMUM: Divide-se entre Justiça Estadual e Federal


 J. Estadual: Competência RESIDUAL
J. Federal: Competência CONSTITUCIONAL(Art. 109, CF: bens, serviços
ou interesses da União, autarquias federais, empresas públicas federais)

B) Justiça ESPECIAL: Justiça ELEITORAL, MILITAR, POLÍTICA(Crimes de


responsabilidade)

2. MECANISMOS DE RESOLUÇÕES DE CONFLITOS


A) AUTOTUTELA
→Uso da força bruta.

→Pode até se caracterizar crime ou até mesmo uma legitima defesa


Ex.: Exercício Arbitrário das próprias razões (Art. 345. Fazer justiça pelas
próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o
permite)

B) AUTOCOMPOSIÇÃO
→As partes resolvem o conflito de forma ordeira

→Harmonia

C) RENÚNCIA
→Abrir mão do direito

D) SUBMISSÃO

→Submeter a vontade do outro

E) TRANSAÇÃO
→Acordo entre as partes

Obs.: Todas essas formas são fora do judiciário


3. PREVISÃO CONSTITUCIONAL
→Art. 5º, XXXVII, CF: não haverá juízo ou tribunal de exceção;

→Art. 5º, LII, CF: não será concedida extradição de estrangeiro por crime político
ou de opinião;

3.1. ORGÃOS JURISDICIONAIS INSTITUÍDOS PELA CF


→ STF (Supremo Tribunal Federal)
→ STJ (Superior Tribunal de Justiça)
→ TRF (Tribunal Regional Federal)
→ TJ (Tribunal de Justiça)
→ JE (Justiça Eleitoral)

4. PREVISÃO PROCESSUAL PENAL

4.1. COMPETÊNCIA JURISDICIONAL (Art.69, CPP)

Determinará a competência jurisdicional:

A) I – O LUGAR DA INFRAÇÃO
 É A REGRA

B) II – O DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU


 É um critério subsidiário

C) III – A NATUREZA DA INFRAÇÃO


 Ex.: CRIME CONTRA VIDA

D) IV – A DISTRIBUIÇÃO
 QUALQUER UMA

E) V – A CONEXÃO OU CONTINÊNCIA

Institutos de prorrogação da competência

F) VI – A PREVENÇÃO
o juiz que primeiro teve contato sobre o fato
G) VII – A PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
 Exemplos das funções que possui:
→PRESIDENTE DA REPÚBLICA
→MINISTROS DE ESTADOS
→DEPUTADOS
→SENADORES
→JUÍZES
→DESEMBARGADORES

4.2. COMPETÊNCIA TERRITORIAL(Art. 70, CPP)


➢ REGRA: Será determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou
seja, o lugar em que ocorreu o fato criminoso. (Teoria do RESULTADO)

➢ EXCEÇÃO: Será determinado pelo lugar em que for praticado o último ato
de execução. (Teoria da AÇÃO)

A) ATOS DE EXECUÇÃO INIADO NO BRASIL E CONSUMADO FORA DO PAÍS


(Art. 70, Ss 1º)
→ Será da competência do lugar em que se tiver praticado o último ato de
execução(Dentro do território nacional).

B) QUANDO OS ATOS DE EXECUÇÃO TIVER INICIADO DENTRO DO BRASIL E O


ÚLTIMO ATO FOR FORA DO PAÍS (Art 70, Ss 2º)
→Será competente o juiz do lugar onde tenha produzido ou deveria se produzir
o resultado.

C) QUANDO INCERTO O LIMITE TERRITORIAL ENTRE JURISDIÇÃO ou QUANDO


INCERTA JURISDIÇÃO POR TER SIDO PRATICADO NA DIVISA DE DUAS OU
MAIS JURISDIÇÕES (Art 70, Ss 3º)
→A competência firmar-se-á pela PREVENÇÃO

Obs.1: Prevenção = O PRIMEIRO JUIZ QUE TIVER CONTATO COM O CASO SE


TORNA COMPETENTE

TRADUZINDO: Havendo confusão territorial entre duas ou mais comarcas ou a


infração consumar-se justamente nos limites de ambas a competência firmar-
se-á pela PREVENÇÃO.
4.2.1- COMPETÊNCIA NOS CRIMES CONTINUADOS OU PERMANENTES

→ A competência firmar-se-á pela PREVENÇÃO

EXEMPLO DE CRIME CONTINUADO: Caixa do supermercado de todos os dias furta


uma pequena quantia em dinheiro do caixa.

Obs.: Crime Continuado: são vários delitos, porém ligados um ao outro devido a
condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, de
forma que os subseqüentes devem ser havidos como continuação do primeiro.

O crime continuado tem como requisitos a pluralidade de condutas, a pluralidade de


crimes da mesma espécie (aqueles protegendo igual bem jurídico), o elo de
continuidade por meio das mesmas condições de tempo, lugar e a mesma maneira de
execução, além de outras circunstâncias semelhantes (quaisquer outras
circunstâncias das quais se possa concluir pela continuidade).

EXEMPLO DE CRIME PERMANTE: Seqüestro(Crime Permanente) praticado em Goiás


com “cativeiro” em Minas Gerais

→CONSUMAÇÃO: Tanto no momento do seqüestro, quanto no momento em que


esteja em cativeiro.

Obs.: Crime Permanente: É aquele cuja consumação se prolonga no tempo.

5. COMPETÊNCIA
As competências podem ser ABSOLUTAS ou RELATIVAS

ESQUEMATIZANDO
COMPETÊNCIA ABSOLUTA COMPETÊNCIA RELATIVA
Não permite prorrogação Permite prorrogação

Interesse público Interesse primordial das partes

Sua violação importa em nulidade Sua violação importa em nulidade


absoluta relativa

Argüida em qualquer tempo e grau de Há momento certo para argüir


jurisdição
A) Competência ABSOLUTA
→ Não permite prorrogação(Ex.: Júri);

→Não se pode prorrogar a competência do júri e mandar para o juízo comum;

→ Interesse público;
Obs.1: As competências absolutas são de interesse público, como por exemplo
o tribunal do júri que foi instituído pela própria constituição.

→Argüida em qualquer tempo e grau de jurisdição;


Obs.2: Significado de ARGUIR: Ato o efeito de IMPUGNAR argumentos
contrários, combatendo-os com novos motivos ou alegações;argumentação.

→ Sua violação importa em nulidade absoluta.

B) Competência RELATIVA
→ Permite prorrogação;

→Interesse primordial das partes;

 Ex.: Domicílio do réu para fixação da competência

→Há momento certo para argüir;

 Normalmente na resposta acusação/defesa do réu

→Sua violação importa em nulidade relativa.

Obs.1: Súmula 33 do STJ: "A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício”
– só para o processo civil

Aplica-se também ao processo penal.

Obs.2: Art. 567 do CPP: incompetência gera anulação dos atos decisórios

Obs.3: HC 83.006/SP STF: possibilidade de ratificação pelo juízo competente inclusive


quanto aos atos decisórios. Tanto a denúncia quanto o seu recebimento, feitos por
autoridades incompetentes ratione materiae, são ratificáveis no juízo competente.

Podem ser confirmados pelo juízo competente tanto os atos decisórios quanto os
instrutórios.
ESQUEMATIZANDO

→ Fixação da competência: CRIME: Latrocínio praticado em Goiânia

→ Justiça comum ou especial? Justiça COMUM

→ Há foro por prerrogativa de função? Foi praticado por uma pessoa comum

→ Qual o foro competente?  Regra: Local do Fato

 Goiânia Comarca ou circunscrição

→ Qual o juízo competente? Vara Comum de Goiânia

5.1. COMPETÊNCIA MATERIAL


Tem por base as características do caso penal, estando assim organizada:

Ratione Materiae/Razão da Matéria

 Ratione Personae/Razão da Pessoa

Ratione Loci/Razão do lugar

Obs.1: As competências em Razão da MATÉRIA ou da PESSOA são


competências ABSOLUTAS.
Obs.2: A competência em razão do LUGAR, em regra, é RELATIVA

A) Razão da Matéria / Ratione Materiae


➔ Nos permite identificar qual justiça competente, podendo ser da justiça comum
ou especial(eleitoral,militar, política)

A.1- TRIBUNAL DO JÚRI →Juiz togado + Jurados

Competente para julgamento dos crimes dolosos contra vida,tentados ou


consumados.

Exemplos: homicídio, infanticídio, induzimento, instigação ou auxílio a suicídio e


aborto.

Obs.1: É uma Competência residual: justiça comum estadual.

 Se praticado nas hipóteses do art. 109 da CF a competência será da Justiça Federal

Obs.2: SÚMULA VINCULANTE Nº 45: A competência constitucional do Tribunal do


Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente
pela Constituição Estadual. (STF. Plenário. Aprovada em 08/04/2015 - Info
780).
A.2- JUSTIÇA MILITAR →Crimes militares assim definidos em lei.

Obs.1: Se o crime doloso contra vida for praticado por militar contra militar →JUSTIÇA
MILITAR(art. 82 da lei 9299/96)

Obs.2: Doloso contra a vida praticado por militar contra civil → JÚRI ESTADUAL

Se militar federal → JÚRI FEDERAL

Obs.3: Os demais crimes militares praticados contra civil será da competência da


justiça militar, exceto no caso dos crimes dolosos contra vida, que torna da
competência do tribunal do júri.

Obs.4: ABUSO DE AUTORIDADE PRATICADO POR MILITAR é crime da competência da


justiça comum. (súmula 172 do STJ)

é um crime comum

A.3- JURISDIÇÃO POLÍTICA → Crimes de responsabilidade(infração político


administrativa)

→ Julgamento pelo Senado Federal

Art. 52, CF - Compete privativamente ao Senado Federal: I - processar e julgar o


Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem
como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles.

A.4- CRIMES PRATICADOS CONTRA A FAUNA

Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra a fauna?


Errado

→Compete a justiça Estadual!

Crimes contra fauna será de competência da Justiça Estadual!

A.5- CRIME PRATICADO POR INDÍGENA

Súmula 140 do STJ: Compete a justiça comum estadual processar e julgar crime em
que o indígena figure como autor ou vitima.

Obs.: Só sendo um índio como autor ou vítima e não toda comunidade indígena
A.6- CRIMES CONEXOS DE COMPETÊNCIA FEDERAL E ESTADUAL

Súmula 122 do STJ: Compete a justiça federal o processo e julgamento unificado dos
crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78,
II, "a", do Código de Processo Penal.

A.7- CONTRAVENÇÕES PENAIS

Obs.1: Súmula 38 do STJ → CONTRAVENÇÕES PENAIS: “compete a justiça estadual


comum, na vigência da constituição de 1988, o processo por contravenção penal,
ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da união ou de suas
entidades. – Crimes contra bens etc de sociedade de economia mista federal

Justiça federal não julga contravenções

O art. 109 da CF só se aplica aos crimes!

Crimes contra bens etc de sociedade de economia mista federal se praticado


nas hipóteses do art. 109 da CF será da competência da justiça federal

Obs.2: Compete a justiça comum estadual processar e julgar as causas cíveis em que é
parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento.

 competência remanescente da justiça estadual (o art. 109 não falou sobre as


sociedades de economia mista)

B) Ratione Personae/Razão da Pessoa

O Foro por prerrogativa de função (e não privilegiado)

Não é em razão da pessoa e sim da função

JÚRI x FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO

Obs.1: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por


prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela constituição
estadual.(Súmula 721 do STF e Súmula Vinculante Nº 45)

OU SEJA, quando a garantia é prevista no texto constitucional federal, o processo


deverá correr no foro da prerrogativa, entretanto, sendo prevista somente na
Constituição Estadual, a competência para o julgamento é do Tribunal do Júri.
COMPETÊNCIA POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO:

→ Se estabelecida pela CF: prevalece sobre o júri (atenção com julgamento do STF)

→ Se estabelecida pela CE: não prevalece sobre o júri

B.1- COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

INFRAÇÕES PENAIS COMUNS:

→Presidente da república; →Vice-Presidente da reública; →Membros do Congresso


Nacional; →Ministros; →Procurador Geral da República.

INFRAÇÕES PENAIS COMUNS E NOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE

→Ministros de Estado; →Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica(ressalvado


o disposto no art. 52, I, CF); →Membros dos Tribunais Superiores; →Membros do
Tribunal de Contas da UNIÃO; →Chefes de Missão Diplomática de Caráter Permanente.

B.2- COMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

CRIMES COMUNS:

→Governadores dos Estados e do Distrito Feral(julgados pelas assembléias)

CRIMES COMUNS E DE RESPONSABILIDADE:

→Desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal;


→Membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal; →Membros
dos Tribunais Regionais Federais; →Membros dos Tribunais Regionais Eleitorais e do
Trabalho; →Membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e
→Membros do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais.

EXEMPLIFICANDO

QUEM TRABALHA NA CAPITAL DOS ESTADOS É JULGADO PELO STJ

QUEM TRABALHA NA CAPITAL DO PAÍS É JULGADO PELO STF


Obs.1: O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos
durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas.

Obs.2: Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de


intimação para apresentação de alegações finais, a competência para processar e
julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar
outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo.

 (Questão de Ordem na AP 937/STF)

B.3- COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL(art. 108, CF)

NOS CRIMES COMUM

→ Juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça


do Trabalho.

NOS CRIMES COMUNS E DE RESPONSABILIDADE

→Membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça


Eleitoral.

TRF – art. 108, CF:

Compete aos Tribunais Regionais Federais:

I - processar e julgar, originariamente: a) os juízes federais da área de sua jurisdição,


incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de
responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a
competência da Justiça Eleitoral; b) as revisões criminais e as ações rescisórias de
julgados seus ou dos juízes federais da região; c) os mandados de segurança e
os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; d) os habeas corpus,
quando a autoridade coatora for juiz federal; e) os conflitos de competência entre
juízes federais vinculados ao Tribunal;

II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos


juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição.

B.4- COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

→Membros do MP do estado; → Juízes Estaduais; → Deputados Estaduais nos crimes


comuns; →PGE; → Defensor Geral
OBSERVAÇÕES GERAIS

Obs.1: Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de
verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal. (Súmula 208 do STJ)

A justiça Federal se a prestação de conta for o TCU

Obs.2: Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba
transferida e incorporada ao patrimônio municipal.( Súmula 209 do STJ)

Competente a justiça ESTADUAL

 As duas súmulas acima somente interpretou o art. 109, CF

C) Ratione Loci/Razão do lugar

→Local da consumação do crime(Art. 69, I, CPP)

→Em caso de tentativa será do lugar do último ato de execução(Art. 70, CPP)

DELITOS PLURILOCAIS → ação ocorre em um lugar e resultado em outro

Teoria do resultado (CPP) É uma competência residual

Obs.1: SÚMULA 521 do STF: O foro competente para o processo e julgamento dos
crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão
de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.

Obs.2: SÚMULA 48 do STJ: Compete ao Juízo do local da obtenção da vantagem


ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de
cheque

EXEMPLO ESQUEMATIZADO DA COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO LUGAR:

1º Atos se deram em RONDÔNIA 2º Resultado morte se deu em SP

→REGRA DO CPP: São Paulo –Teoria do resultado

→EXCEÇÃO: Competência de Rondônia →pela facilitação das provas.


RESUMO

→ Delitos de espaço máximo/Crime a distância – teoria da ubiquidade

→ Crimes de menor potencial ofensivo – art. 63 da lei 9099 – teoria da atividade

Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração
penal.

→ Se não souber o local da infração – art. 72 do CPP – domicílio ou residência do réu

→ Exceção – art. 73 do CPP – ação penal privada exclusiva – querelante pode preferir
o domicílio do réu (alternativamente)

Obs.: Delitos de espaço máximo/Crime a distância é aquele em que a conduta e o


resultado ocorrem em países distintos, gerando um conflito de competência
internacional.

6. CASOS DE CONEXÃO E CONTINÊNCIA


IMPRORROGABILIDADE da competência, exceto quando a competência é em razão do
lugar.

Obs.: A conexão e continência não são critério de fixação de competência, mas sim
de motivos que ensejam a modificação/alteração de competência.

São Hipóteses de modificação de competência:


→ Prorrogação voluntária

→ Prorrogação necessária – conexão e continência


6.1- CONEXÃO(Art. 76, CPP) Conexão é sinônimo de relação, nexo, de forma que,
somente resta configurada quando houver algum liame entre uma e outra infração
penal.

De acordo com a doutrina, a conexão se divide em três espécies: a) intersubjetiva; b)


objetiva; c) instrumental.

A) CONEXÃO INTERSUBJETIVA: São infrações praticadas com vínculo em razão dos


seus autores (76, inciso I, CPP)

 Por simultaneidade - art. 76, I, primeira parte: se, ocorrendo duas ou mais
infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas
Ex.: Briga por futebol →Vai juntar os processos

 Por concurso – art. 76, I, segunda parte: ou por várias pessoas em concurso,
embora diverso o tempo e o lugar

Exemplo de Tourinho Filho: com o objetivo de roubar um banco, um agente furta um


veículo para fuga, outro adquire armas e outro ingressa no banco.
Quando há um vínculo subjetivo entre os réus

 Por reciprocidade – art. 76, I, parte final: infrações cometidas por duas ou por
várias pessoas, umas contra as outras

Ex.: Art. 137, CP - Rixa (é a conduta praticada por três pessoas ou mais, na qual todas
se encontram em uma briga na qual não é possível diferenciar quem são os autores ou
a vítima do crime).

B) CONEXÃO OBJETIVA, LÓGICA ou TELEOLÓGICA

II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as
outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;

Finalidade do crime praticado

C) CONEXÃO INSTRUMENTAL, PROBATÓRIA ou PROCESSUAL

III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias


elementares influir na prova de outra infração.
6.2- CONTINÊNCIA(Art. 77, CPP) Ocorre quando um fato criminoso contém outros, o
que impõe que o julgamento de todos seja realizado em conjunto.

→ Diversamente da conexão, tem-se um só crime

Por cumulação subjetiva – art. 77, inciso I – duas ou mais pessoas acusadas pela
mesma infração

Por cumulação objetiva – art. 77, inciso II, CPP: concurso formal de crimes (70, CP)
erro na execução (art. 73, CP) e resultado diverso do pretendido (art. 74, CP)

OBSERVAÇÕES
Obs.1: Note-se que na CONEXÃO, o agente comete dois ou mais infrações mediante
várias ações.

Obs.2: Já a CONTINÊNCIA tem dois diferenciais, várias pessoas comentem o mesmo


crime OU há pluralidade de infrações em uma única conduta.

Obs.3: A conexão se revela como instrumento de unificação de processos que


guardam, entre, si algum vínculo. Já a continência, como o próprio nome indica, ocorre
quando um fato criminoso contém outros, o que impõe que o julgamento de todos
seja realizado em conjunto.

6.3- CONSEQUÊNCIAS DA CONEXÃO OU CONTINÊNCIA

→Reunião dos processos/Simultaneus processos

→Atrai os demais processos/Vis attractiva

→A jurisdição do primeiro juiz que decidiu sobre aquele caso se perpetua/Perpetuatio


jurisdicionis

Obs.: Súmula 704 STF: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do
devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do coréu ao
foro por prerrogativa de função de um dos denunciados.
TÍTULO V

DA COMPETÊNCIA

Art. 69. Determinará a competência jurisdicional:

I - o lugar da infração:

II - o domicílio ou residência do réu;

III - a natureza da infração;

IV - a distribuição;

V - a conexão ou continência;

VI - a prevenção;

VII - a prerrogativa de função.

CAPÍTULO I

DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO

Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se


consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o
último ato de execução.

§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora


dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil,
o último ato de execução.

§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional,


será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido
ou devia produzir seu resultado.

§ 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando


incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou
mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em


território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

• Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo
domicílio ou residência do réu.

• § 1o Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela


prevenção.
• § 2o Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será
competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato. →Prevenção full

• Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de
domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.

CAPÍTULO II

DA COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU

Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência


regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu.

§ 1o Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á


pela prevenção.

§ 2o Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro,


será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato.

Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá


preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o
lugar da infração.

CAPÍTULO III

DA COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO

Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas


leis de organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri.

§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos


nos arts. 121, §§ 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do
Código Penal, consumados ou tentados. (Redação dada pela Lei nº
263, de 23.2.1948)

§ 2o Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação


para infração da competência de outro, a este será remetido o processo, salvo
se mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua
competência prorrogada.

§ 3o Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída


à competência de juiz singular, observar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a
desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu presidente caberá
proferir a sentença (art. 492, § 2o).
CAPÍTULO IV

DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO

Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na


mesma circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente.

Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de


fiança ou da decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior
à denúncia ou queixa prevenirá a da ação penal.

CAPÍTULO V

DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA

Art. 76. A competência será determinada pela conexão:

I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao


mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em
concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas
contra as outras;

II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou


ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a
qualquer delas;

III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas


circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.

Art. 77. A competência será determinada pela continência quando:

I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração;

II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51,


o
§ 1 , 53, segunda parte, e 54 do Código Penal.

Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência,


serão observadas as seguintes regras: (Redação dada pela Lei nº 263,
de 23.2.1948)

I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da


jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri; (Redação
dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria:


(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais


grave; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de
infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade;
(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos;


(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de


maior graduação; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá


esta. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e


julgamento, salvo:

I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;

II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.

§ 1o Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação


a algum co-réu, sobrevier o caso previsto no art. 152.

§ 2o A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver


co-réu foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese
do art. 461.

Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as


infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar
diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não Ihes
prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar
conveniente a separação.

Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência,


ainda que no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a
proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que
não se inclua na sua competência, continuará competente em relação aos
demais processos.

Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por


conexão ou continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou
impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua a competência do
júri, remeterá o processo ao juízo competente.

Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados


processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os
processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com
sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará,
ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas.
CAPÍTULO VI

DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO

Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que,


concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição
cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do
processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da
denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c).

CAPÍTULO VII

DA COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA DE FUNÇÃO

Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo


Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais
Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal,
relativamente às pessoas que devam responder perante eles por crimes
comuns e de responsabilidade. (Redação dada pela Lei nº
10.628, de 24.12.2002)

§ 1o A competência especial por prerrogativa de função, relativa a atos


administrativos do agente, prevalece ainda que o inquérito ou a ação judicial
sejam iniciados após a cessação do exercício da função pública. (Incluído
pela Lei nº 10.628, de 24.12.2002) (Vide ADIN nº 2797)
§ 2 A ação de improbidade, de que trata a Lei no 8.429, de 2 de junho de
o

1992, será proposta perante o tribunal competente para processar e julgar


criminalmente o funcionário ou autoridade na hipótese de prerrogativa de foro
em razão do exercício de função pública, observado o disposto no §
1o. (Incluído pela Lei nº 10.628, de 24.12.2002) (Vide
ADIN nº 2797)

Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem
querelantes as pessoas que a Constituição sujeita à jurisdição do Supremo
Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, àquele ou a estes caberá o
julgamento, quando oposta e admitida a exceção da verdade.

Art. 86. Ao Supremo Tribunal Federal competirá, privativamente,


processar e julgar:

I - os seus ministros, nos crimes comuns;

II - os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com os do


Presidente da República;

III - o procurador-geral da República, os desembargadores dos Tribunais


de Apelação, os ministros do Tribunal de Contas e os embaixadores e ministros
diplomáticos, nos crimes comuns e de responsabilidade.
Art. 87. Competirá, originariamente, aos Tribunais de Apelação o
julgamento dos governadores ou interventores nos Estados ou Territórios, e
prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários e chefes de Polícia,
juízes de instância inferior e órgãos do Ministério Público.

CAPÍTULO VIII

DISPOSIÇÕES ESPECIAIS

Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro,


será competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o
acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da
Capital da República.

Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas


territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de
embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela
justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime,
ou, quando se afastar do País, pela do último em que houver tocado.

Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do


espaço aéreo correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo
de aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao território
nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo
território se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver
partido a aeronave.

Art. 91. Quando incerta e não se determinar de acordo com as normas


estabelecidas nos arts. 89 e 90, a competência se firmará pela prevenção.

CÓDIGO PENAL

Art. 70, CP→ Concurso formal: Quando o agente, mediante uma só ação ou
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais
grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada,
em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto,
cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes
resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do
art. 69 deste Código.

Art. 73→ Erro na execução : Quando, por acidente ou erro no uso dos meios
de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender,
atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra
aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de
ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a
regra do art. 70 deste Código.

Art. 74→ Resultado diverso do pretendido: Fora dos casos do artigo


anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém
resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é
previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-
se a regra do art. 70 deste Código.

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