Você está na página 1de 17

Direito Penal

Prof. Nidal Ahmad


Queridos alunos,

Cada material da Revisão Turbo foi preparado com


muito carinho para que você possa absorver, de forma
rápida, conteúdos de qualidade!

Lembre-se: o seu sonho também é o nosso!


Esperamos você durante as aulas da Revisão Turbo!

Com carinho,
Equipe Ceisc ♥
Revisão Turbo TJ-SP
Direito Processual Penal

Direito Processual Penal


Prof. Alejandro Rayo

Sumário

1. Competência no Processo Penal ............................................................................................. 4


2. Citação ..................................................................................................................................... 6
3. Juizado Especial Criminal ...................................................................................................... 10
4. Prisão e outras medidas cautelares ....................................................................................... 11
5. Prazos .................................................................................................................................... 12
6. Suspeição dos Servidores ..................................................................................................... 13

3
Revisão Turbo TJ-SP
Direito Processual Penal

1. Competência no Processo Penal

1.1. Competência pelo lugar da Infração


Cumpre aqui descobrir qual o local em que deverá tramitar o processo penal.
O principal critério de fixação da competência em razão do lugar é a prevista no art. 70 do
CPP:
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a
infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.

Nota-se que não importa onde ocorreu a prisão do agente, mas, sim, o local em que se
consumou a infração ou, no caso de tentativa, onde foi praticado o último ato executório. Adota-
se aqui a teoria do resultado.
Em caso de homicídio (ou em caso de crimes plurilocais, de uma forma geral), em
que a ação ocorre em um local e o resultado em outro, há uma exceção ao disposto no
art. 70 do CPP. Nesses casos, prevalece o entendimento jurisprudencial no sentido de que a
competência territorial deve ser determinada pelo local em que a conduta foi praticada.
Se o crime é iniciado no território nacional e se consuma fora dele, a competência
será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução (art.
70, § 1º, CPP). Se ocorrer o contrário, ou seja, quando o último ato de execução for praticado
fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente,
tenha produzido ou devia produzir seu resultado (art. 70, § 2º, CPP).
Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta
a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção (art. 70, § 3º, CPP).
Atentar para a novidade trazida pela Lei 14.155/21, a qual incluiu o § 4º no art. 70 do
CPP: Nos crimes previstos no art. 171 do Código Penal (estelionato), quando praticados
mediante depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder

4
Revisão Turbo TJ-SP
Direito Processual Penal

do sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a competência


será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a
competência firmar-se-á pela prevenção.
Quando for crime continuado ou permanente em comarcas diferentes, define-se a
competência pela prevenção, conforme art. 71 do CPP: Tratando-se de infração continuada ou
permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela
prevenção.

1.2. Competência pelo Domicílio ou Residência do Réu


Além da regra do art. 70 do CPP, há outra regra de fixação da competência territorial,
prevista nos arts. 72 e 73 do mesmo diploma processual, que tem como critério o domicílio do
réu.
O art. 72 define que será competente o local do domicílio ou residência do réu quando não
conhecido o lugar da infração. Ex: crime de furto praticado em um ônibus intermunicipal sem que
se saiba o momento exato da subtração.
Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção (art. 72,
§ 1º, CPP). Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente
o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato (art. 72, § 2º, CPP).
Ainda, se for ação penal exclusivamente privada ou ação penal privada
personalíssima, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu,
ainda quando conhecido o lugar da infração (art. 73, CPP). Esse dispositivo não se aplica à ação
penal privada subsidiária da pública.

1.3. Da Competência pela Natureza da Infração


O art. 74 do CPP afirma que a competência pela natureza da infração será regulada pelas
leis de organização judiciária
Isso não se aplica ao Júri, que tem competência estabelecida na Constituição Federal. A
previsão constitucional está prevista também no § 1º do citado art. 74. Compete ao Tribunal do
Júri o julgamento dos crimes dolosos contra vida, ou seja, homicídio doloso, instigação,
induzimento ou auxílio ao suicídio, infanticídio e aborto.
Caso o processo tenha início perante um juiz e houver a desclassificação para infração
da competência de outro juiz, a este será remetido o processo, salvo se mais graduada for a
jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua competência prorrogada (art. 70, § 2º, CPP).

5
Revisão Turbo TJ-SP
Direito Processual Penal

O mesmo se aplica se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à


competência de juiz singular. No entanto, se a desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do
Júri, a seu presidente caberá proferir a sentença (art. 492, § 2º, CPP).

2. Citação

2.1. Introdução
Fundamental ato, uma vez que citação é o ato pelo qual se dá ciência ao acusado acerca
da acusação que é feita contra ele, para que ele possa se defender. Geralmente a citação
ocorre após o recebimento da denúncia, como ocorre no procedimento ordinário e sumário
(art. 396 do CPP (artigo que consta do edital): Nos procedimentos ordinário e sumário,
oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a
citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias).
Abro um parêntese para citar outro dispositivo que é conteúdo que pode ser cobrado na
prova:
Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que
interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas
pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando
necessário.
§ 1º A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código.
§ 2º Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir
defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10
(dez) dias.

Com a citação o réu é cientificado da existência de uma ação para que possa exercer
o contraditório e ampla defesa. Com a citação fica angularizada a relação processual (juiz,
acusador e acusado). Nesse sentido o art. 363, caput, do CPP.

Art. 363. O processo terá completada a sua formação quando realizada a citação do
acusado.

Este ato é tão importante que a sua ausência leva a uma nulidade absoluta (art. 564, III,
“e”, do CPP).
O réu será citado apenas uma vez. Após ele será intimado/notificado para os demais atos
do processo.

6
Revisão Turbo TJ-SP
Direito Processual Penal

2.2. Espécies de Citação


A citação pode ser real ou ficta.

2.2.1. Citação real


Pode ocorrer por mandado, por carta precatória, por carta de ordem, por carta rogatória e
por requisição. A citação por mandado, por precatória e por requisição estão expressamente
previstas no Edital.
a) Citação por mandado: quando o acusado estiver em local certo e sabido no
território sujeito à jurisdição do juiz que houver ordenado a citação (art. 351 do CPP).
Mandado é uma ordem escrita assinada pelo juiz competente a ser cumprida por Oficial de
Justiça. Os requisitos estão nos arts. 352 do CPP (requisitos intrínsecos) e 357 do CPP
(requisitos extrínsecos).
Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território sujeito à
jurisdição do juiz que a houver ordenado.

Art. 352. O mandado de citação indicará:


I - o nome do juiz;
II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa;
III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos;
IV - a residência do réu, se for conhecida;
V - o fim para que é feita a citação;
VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer;
VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.

Art. 357. São requisitos da citação por mandado:


I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se mencionarão
dia e hora da citação;
II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou recusa.

b) Citação por carta precatória. Ocorrerá quando o acusado estiver no território nacional,
em local certo e sabido, mas fora do âmbito da jurisdição do juiz que ordenar a citação (art.
353 do CPP). O art. 354 do CPP indica o que a precatória deve conter. Uma vez recebida a
precatória pelo juízo deprecado, o magistrado deprecado determinará a expedição de mandado
de citação, para o que deverão ser cumpridos os requisitos dos arts. 352 e 357 do CPP. Caso o
Oficial de Justiça verifique que o réu está em território de outra comarca, deverá o magistrado
deprecado encaminhar a precatória para o magistrado competente para o território em que o réu
se encontra (precatória itinerante – art. 355, § 1º, do CPP).

Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz processante, será
citado mediante precatória.

7
Revisão Turbo TJ-SP
Direito Processual Penal

Cuidado com o art. 355, § 2º, do CPP uma vez que ele faz menção ao art. 362 do CPP, o
qual prevê a citação por edital. Com efeito, atualmente, após a reforma de 2008 (Lei
11.719/2008), se o réu se oculta para não ser citado, a sua citação será feita por hora certa, e
não por edital.
c) Citação por requisição (citação do militar da ativa): a sua citação far-se-á por meio
do chefe do respectivo serviço, a fim de preservar a hierarquia e a disciplina. Ou seja, o Oficial
de Justiça não ingressará nas dependências militares atrás do acusado, mas, sim, do seu chefe,
entregando-lhe ofício que será repassado ao acusado (art. 358 do CPP).

Art. 358. A citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do respectivo serviço.

IMPORTANTE!! HÁ DOIS CASOS ESPECIAIS QUE DEVE SER DADO ESPECIAL


ATENÇÃO:

• Citação de funcionário público: ele deverá ser citado pessoalmente, por mandado
ou por carta precatória. Mas, em caso de necessidade de comparecimento em
juízo, o chefe de sua repartição será comunicado, como forma de não prejudicar o
andamento do serviço público.
Art. 359. O dia designado para funcionário público comparecer em juízo, como acusado,
será notificado assim a ele como ao chefe de sua repartição.

• Citação do réu preso: Caso o imputado esteja preso, sua citação será pessoal, por
mandado ou precatória (art. 360 do CPP). Quando houver a necessidade de o preso
comparecer em juízo, como no caso de uma audiência, além da intimação pessoal, o
juízo encaminhará à casa prisional uma requisição para que leve o acusado (art. 399,
§ 1º).
Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado.

Atenção!
Súmula 351 do STF: É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da
federação em que o juiz exerce a sua jurisdição.

8
Revisão Turbo TJ-SP
Direito Processual Penal

2.2.2. Citação ficta


Pode ser com hora certa e por edital.
a) Citação com hora certa: O art. 362 do CPP permite a citação por hora certa no
processo penal. Aplicam-se os arts. 252 a 254 do CPC, por expressa disposição do citado art.
362 do CPP(fazia referência os artigos do CPC de 1973).
Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará
a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a
229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer,
ser-lhe-á nomeado defensor dativo.

Art. 252. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em
seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação,
intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil
imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar.
Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso,
será válida a intimação a que se refere o caput feita a funcionário da portaria responsável
pelo recebimento de correspondência.

Art. 253. No dia e na hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo


despacho, comparecerá ao domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a
diligência.
§ 1º Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões
da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra
comarca, seção ou subseção judiciárias.
§ 2º A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho
que houver sido intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou
o vizinho se recusar a receber o mandado.
§ 3º Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa
da família ou vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome.
§ 4º O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência de que será nomeado
curador especial se houver revelia.

Art. 254. Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu,
executado ou interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do
mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo
ciência.

Ocorrerá quando o oficial de justiça procurar o réu por 2 vezes em seu domicílio e
verificar que ele se oculta para não ser citado, intimará qualquer pessoa da família, ou, em
sua falta, qualquer vizinho, que, no dia imediato voltará a fim de efetuar a citação na hora que
designar, independente de decisão judicial. No dia e hora designado, o oficial de justiça
comparecerá no local. Caso o réu esteja, cita-o pessoalmente. Caso não estiver, o oficial dará
por realizada, mesmo que o familiar ou vizinho esteja ausente ou que estes se recusem a assinar.
Feita a citação, o chefe de secretaria ou escrivão enviará carta, em 10 dias, dando ciência ao
réu.
O STF entendeu constitucional essa modalidade de citação no processo penal (RE

9
Revisão Turbo TJ-SP
Direito Processual Penal

635.145).

b) Citação por edital: ocorre quando o acusado não é encontrado (art. 361 do CPP).
Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de 15 (quinze)
dias.

Caso tenha ocorrido a situação do art. 361, o juiz determinará a citação editalícia, com
prazo de 15 dias (art. 361 do CPP). A citação, como regra, será para apresentar resposta à
acusação no prazo de 10 dias, prazo que inicia a contar com o término do prazo de 15 dias do
edital.
Caso não apresente defesa escrita e não constitua defensor, aplica-se o disposto no art.
366, suspendendo-se o processo e o curso do prazo prescricional.
Caso o réu compareça a qualquer tempo, deverá ter prosseguimento o processo
A Súmula 366 do STF dispõe que não é nula a citação por edital que indica o dispositivo
da lei penal, embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se
baseia.

3. Juizado Especial Criminal

Competência do JECRIM: Segundo o art. 60 da Lei 9.099/95, o Juizado Especial


Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o
julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as
regras de conexão e continência.
Infrações de Menor Potencial Ofensivo (IMPO): Diz o art. 61 da Lei 9.099/95. que são
infrações penais de menor potencial ofensivo as contravenções penais e os crimes a que a lei
comine pena máxima não superior a 2 anos, cumulada ou não com multa.
Princípios do JECRIM: Oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e
celeridade (art. 62 da Lei 9.099/95).
Objetivos do JECRIM: Sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima
e a aplicação de pena não privativa de liberdade (art. 62 da Lei 9.099/95).
Citação no JECRIM: Conforme art. 66 da Lei 9.099/95, a citação será pessoal e far-se-á
no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado.

10
Revisão Turbo TJ-SP
Direito Processual Penal

Atenção!
No Juizado Especial Criminal não há citação por edital. Assim, caso não encontrado o
acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção
do procedimento previsto em lei (art. 66, parágrafo único, da Lei 9.099/95).

Intimação no JECRIM: Diz o art. 67 do CPP que a intimação far-se-á por


correspondência, com aviso de recebimento pessoal. Se for pessoa jurídica ou firma individual
que será intimada, pode ocorrer mediante entrega ao encarregado da recepção, que será
obrigatoriamente identificado. Ainda, sendo necessário, a intimação será feita por oficial de
justiça, independentemente de mandado ou carta precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo
de comunicação.
Conforme art. 68 da Lei 9.099;95, do ato de intimação do autor do fato e do mandado de
citação do acusado, constará a necessidade de seu comparecimento acompanhado de
advogado, com a advertência de que, na sua falta, ser-lhe-á designado defensor público.

4. Prisão e Outras Medidas Cautelares

Algumas informações importantes sobre esse tema:


a) não é possível decretação de prisão cautelar ou de outra medida cautelar pelo juiz de
ofício. É necessário que haja pedido, por exemplo, do Ministério Público. Nesse sentido o art.
282, § 2º, do CPP: As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes
ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou
mediante requerimento do Ministério Público.
b) Deve haver, como regra, o contraditório prévio quando se trata de pedidos relativos à
prisão cautelar ou outras medidas cautelares. Somente quando houver urgência ou perigo de
ineficácia da medida é que não precisa ocorrer esse contraditório prévio:

Art. 282, § 3º, do CPP. Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da


medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte
contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia do
requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo, e os casos de
urgência ou de perigo deverão ser justificados e fundamentados em decisão que contenha
elementos do caso concreto que justifiquem essa medida excepcional.

c) Caso haja o descumprimento de medida cautelar diversa da prisão, o juiz pode substituir
a medida ou mesmo decretar a prisão cautelar. No entanto, o juiz não pode fazer isso de ofício:

11
Revisão Turbo TJ-SP
Direito Processual Penal

Art. 282, § 4º, do CPP. No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas,
o juiz, mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante,
poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a
prisão preventiva, nos termos do parágrafo único do art. 312 deste Código.

d) Caso o juiz queria revogar a medida cautelar ou substituir por outra, aí ele pode de
ofício:
Art. 282, § 5º, do CPP. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida
cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como
voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.

e) Pode o executor do mandado de prisão ir para o território de outro município ou comarca


e lá prender o indivíduo, se fizer isso em perseguição:
Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou comarca,
o executor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o
imediatamente à autoridade local, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de
flagrante, providenciará para a remoção do preso.
§ 1º Entender-se-á que o executor vai em perseguição do réu, quando:
a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, embora depois o tenha perdido
de vista;
b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha passado, há pouco
tempo, em tal ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for no seu encalço.

f) São espécies de flagrante previstas no art. 302 do CPP:


Flagrante próprio (ou perfeito): quando o agente está cometendo a infração penal ou
acaba de cometê-la;
Flagrante impróprio (ou imperfeito): quando o sujeito é perseguido, logo após, pela
autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da
infração;
Flagrante ficto (ou presumido): quando o indivíduo é encontrado, logo depois, com
instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.

5. Prazos

Os prazos no Processo Penal são contínuos e peremptórios, não se interrompendo por


férias, domingo ou dia feriado (art. 798 do CPP).
Salvo os casos expressos, os prazos correrão (art. 798, § 5º, do CPP):
a) da intimação;
b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a
parte;

12
Revisão Turbo TJ-SP
Direito Processual Penal

c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou


despacho.
Importante ficar atento ao art. 798-A do CPP, novidade trazida pela Lei 14.365/2022:
Art. 798-A. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20
de dezembro e 20 de janeiro, inclusive, salvo nos seguintes casos:
I - que envolvam réus presos, nos processos vinculados a essas prisões;
II - nos procedimentos regidos pela Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da
Penha);
III - nas medidas consideradas urgentes, mediante despacho fundamentado do juízo
competente.
Parágrafo único. Durante o período a que se refere o caput deste artigo, fica vedada a
realização de audiências e de sessões de julgamento, salvo nas hipóteses dos incisos I, II
e III do caput deste artigo.

6. Suspeição dos Servidores

Sobre o tema, deve-se atentar para o art. 274 que diz que as prescrições sobre suspeição
dos juízes (art. 252 a 254 do CPP) estendem-se aos serventuários e funcionários da justiça, no
que for aplicável.
Sobre a temática, importante estar atento ao art. 112 do CPP, que também está no edital:
Art. 112. O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou funcionários de justiça
e os peritos ou intérpretes abster-se-ão de servir no processo, quando houver
incompatibilidade ou impedimento legal, que declararão nos autos. Se não se der a
abstenção, a incompatibilidade ou impedimento poderá ser argüido pelas partes,
seguindo-se o processo estabelecido para a exceção de suspeição.

13
Caderno de Questões – Direito Processual Penal
Alejandro Rayo

2
Caderno de Questões – Direito Processual Penal
Alejandro Rayo

1) VUNESP – 2019 – TJ/AC – Juíz de Direito Substítuto


Assinale a alternativa correta quanto à competência e o seu regramento previsto no Código de Processo Penal.

A) Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada
pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.
B) Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a
infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pelo princípio
da extraterritorialidade.
C) Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pela prevenção.
D) Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu,
salvo conhecido o lugar da infração

2) VUNESP - 2023 – TJ/SP – Escrevente


Nos termos do artigo 361 do CPP, o réu que não for encontrado:

A) será declarado revel, com nomeação de defensor público para exercício de sua defesa.
B) terá nomeado defensor dativo, que velará por sua defesa.
C) será citado por carta precatória ou rogatória.
D) será citado por edital, com prazo de 15 (quinze) dias.
E) será citado por hora certa, de acordo com as regras do CPC.

3) VUNESP - 2015 – TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário


Em que momento a lei processual penal (CPP, art. 363) considera que o processo completa sua formação?

A) Constituição de defensor após a citação


B) Citação do acusado
C) Recebimento da denúncia.
D) Apresentação de resposta escrita.
E) Juntada do mandado de citação aos autos.

4) VUNESP - 2019 – TJ/SP – Titular de Serviços de Notas e de Registros


Nos estritos termos do art. 63 da Lei nº 9.099/95, a competência dos Juizados Especiais Criminais é determinada

A) pelo lugar em que a ocorrência policial foi registrada.


B) pelo lugar do domicílio do acusado ou da vítima.
C) pelo lugar em que foi praticada a infração penal.
D) pela matéria.
E) pela prevenção.

5) VUNESP - 2023 – Câmara de Marília/SP – Procurador Jurídico


Sobre as medidas cautelares previstas no Código de Processo Penal, assinale a alternativa correta.

A) Podem ser decretadas de ofício pelo Juiz na fase processual e a requerimento das partes ou representação da
autoridade policial na fase investigativa.
B) Em hipótese de descumprimento de qualquer medida cautelar imposta, o Juiz poderá, de ofício ou a requerimento,
substituir a medida, impor outra em cumulação ou mesmo decretar a prisão preventiva.
C) Constatada a falta de motivo para que subsista, o Juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida
cautelar decretada ou substituí-la por outra, podendo voltar a decretá-la, se sobrevier razões que a justifiquem.
D) Somente serão aplicadas a crimes que sejam apenados com pena privativa de liberdade máxima superior a 4
anos.
E) Somente serão aplicadas a crimes dolosos que sejam apenados com pena privativa de liberdade máxima superior
a 4 anos.

3
Caderno de Questões – Direito Processual Penal
Alejandro Rayo

Gabaritos das Questões:

1-A 2-D 3-B 4-C 5-C

Você também pode gostar