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COMPETÊNCIA

CONCEITO DE COMPETÊNCIA E CRITÉRIOS PARA


SUA FIXAÇÃO
 Art. 69.  Determinará a competência jurisdicional:
 I - o lugar da infração:
 II - o domicílio ou residência do réu;
 III - a natureza da infração;
 IV - a distribuição;
 V - a conexão ou continência;
 VI - a prevenção;
 VII - a prerrogativa de função.
Algumas denominações doutrinárias

 Existem certas expressões que são muito comumente utilizadas pela


doutrina e pela jurisprudência para se referir aos mesmos critérios de
fixação de competência mencionados no Código de Processo Penal.
 ratione loci ou competência territorial = competência pelo lugar da infração
 ratione materiae ou competência em razão da matéria = competência pela
natureza da infração
 ratione personae ou competência em razão da pessoa = foro por
prerrogativa de função
Competência absoluta ou relativa

 Competências em razão da pessoa e da matéria são absolutas,


pois é de interesse público, e não apenas das partes, o seu
estrito cumprimento, cujo desrespeito gera nulidade absoluta.
 “A determinação da competência obedece a critérios que buscam
realizar o interesse público. Pode ser arguida em qualquer foro ou
instância em ocorrendo a chamada incompetência absoluta. Ao
contrário, é alcançada pela preclusão a incompetência relativa” (STJ
— RHC 2.225-9 — Rel. Min. Vicente Cernicchiaro — julgado em
22.09.1992).
 Competência territorial é relativa, de modo que, se não
for alegada pela parte interessada até o momento oportuno
da ação penal (fase da resposta escrita), considera se
prorrogada a competência, sendo válido o julgamento
pelo juízo que, em princípio, não tinha competência
territorial

 “Esta Corte Superior de Justiça possui entendimento pacífico no


sentido de que a competência territorial, por ser relativa, não gera
nulidade dos atos processuais, circunstância que reforça a
inexistência de ilegalidade passível de ser sanada na via eleita”
(STJ — RHC 93.161/PB — 5ª Turma — Rel. Min. Jorge Mussi
— julgado em 22.05.2018 — DJe 30.05.2018);
COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO

 Local da consumação
 Art. 70, CPP  A competência será, de regra,
determinada pelo lugar em que se consumar a
infração (...)
 Art. 14, I, CP, Diz-se o crime consumado, quando
nele se reúnem todos os elementos de sua definição
legal;
 HOMICÍDIO DOLOSO

 “o Juízo competente para processar e julgar o acusado de homicídio é o da comarca


de Aimorés, MG, onde a vítima foi alvejada com tiros de revólver que lhe causaram
os ferimentos mortais, e não o Juízo da comarca de Vitória, ES, onde em busca de
melhor assistência médica veio a falecer” (STJ — CC 2.104 — Rel. Min. Edson
Vidigal — RT 678/378);
 “a orientação básica da lei é eleger situações que atendam à finalidade do processo.
Este busca a verdade real. A ação penal, então, deve desenrolar-se no local que
facilite a melhor instrução a fim de que o julgamento projete a melhor decisão. No
caso dos autos, a ação foi praticada em Catalão; a morte, em hospital de Brasília. A
vítima, removida em consequência da extensão da ação delituosa. Evidente que na
espécie o juízo da ação é o local que melhor atende o propósito da lei. Ali se
desenvolveram os atos da conduta delituosa. Agente e vítima moravam no local. A
morte em Brasília foi uma ocorrência acidental. Conflito conhecido e declarado
competente o Juízo de Direito da Comarca de Catalão-GO” (STJ — CC 6.734-1/DF
— Rel. Min. Pedro Acioli — julgado em 01.09.1994)
 HOMICÍDIO CULPOSO

 No sentido de que o julgamento deve efetivamente ocorrer no local da


morte: “competência territorial: homicídio culposo em que a conduta do
agente e a morte da vítima ocorreram em comarcas diferentes do País.
Competência do foro em cujo território, com o resultado fatal, se consumou
o delito” (STF — 1ª Turma — HC 69.088/SP — Rel. Min. Sepúlveda
Pertence — DJ 12.06.1991 — p. 9.029).

 Em sentido contrário: “tendo sido a vítima removida para hospital de outro


Município que não o da ocorrência da infração, não faz o juízo desse
incompetente para o processamento do feito. A competência ratione loci é
determinada pela localidade da ocorrência da infração, e não pelo local da
morte da vítima” (STJ — RHC 793/SP — Rel. Min. Edson Vidigal — RT
667/338).
 CRIMES QUALIFICADOS PELO RESULTADO

 “nos crimes qualificados pelo resultado, fixa-se a competência no lugar onde


ocorreu o evento qualificador, ou seja, onde o resultado morte foi atingido,
assim, tendo os corpos das vítimas do latrocínio sido encontrados na Comarca
de Dourados, e havendo indícios de que lá foram executadas, a competência se
faz pela regra geral disposta nos arts. 69, I e 70, caput, do CPP” (STJ — RHC
22.295/MS, 5ª Turma — Rel. Min. Jane Silva — DJ 17.12.2007 — p. 229);

 “a competência no crime de latrocínio define-se pelo local onde se consumou a


infração, incidindo a regra do foro geral, na falta de disposição expressa
ditando foro especial. E, sendo tal delito complexo, a consumação verifica-se
com o evento morte, devendo a persecução penal ser instaurada no local em
que esta ocorreu” (TJ/SP — CJ 12.491-0 — Rel. Des. Odyr Porto — RT
667/26).
 ROUBO, EXTORSÃO E EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO QUALIFICADOS
POR MORTE DOLOSA
 Súmula n. 603 STF “a competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e
não do Tribunal do Júri”.

 APROPRIAÇÃO INDÉBITA
 “nos crimes do art. 168 do CP, a apropriação indébita é posterior ao recebimento da coisa, logo,
consuma-se no lugar onde o sujeito ativo inverte a posse, demonstrando intenção de dispor da
coisa, ou pela negativa em devolvê-la, e não no local onde deveria restituí-la ao real proprietário”
(STF — CC 1.646 — Rel. Min. Fláquer Scartezzini — RT 679/410).

 CRIME DE EMISSÃO DE CHEQUE SEM FUNDOS (ART. 171, § 2º, VI)


 Súmula n. 521 do Supremo Tribunal Federal: “O foro competente para o processo e
julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem
provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado”.
 Súmula n. 244 do Superior Tribunal de Justiça: “Compete ao foro local da recusa processar e
julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de fundos”.
 CRIME DE ESTELIONATO COMUM COMETIDO MEDIANTE FALSIFICAÇÃO
DE CHEQUE
 Súmula n. 48 do Superior Tribunal de Justiça: “Compete ao juízo do local da obtenção da
vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de
cheque”.

 CRIMES DE ESTELIONATO MEDIANTE REMESSA BANCÁRIA DE VALORES


DE UMA CIDADE PARA OUTRA
 “O prejuízo alheio, apesar de fazer parte do tipo penal, está relacionado à consequência do crime
de estelionato e não à conduta propriamente. De fato, o núcleo do tipo penal é obter vantagem
ilícita, razão pela qual a consumação se dá no momento em que os valores entram na esfera de
disponibilidade do autor do crime, o que somente ocorre quando o dinheiro ingressa efetivamente
em sua conta-corrente” (STJ — CC 139.800/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca — 3ª
Seção — julgado em 24.06.2015 — DJe 01.07.2015
 AgRg no CC 146.524/SC — Rel. Min. Jorge Mussi — 3ª Seção — julgado em 22.03.2017 — Dje
30.03.2017; AgRg no CC 145.119/PR — Rel. Min. Felix Fischer — 3ª Seção — julgado em
10.08.2016 — DJe 17.08.2016; CC 143.621/PR — Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz — 3ª Seção
— julgado em 25.05.2016 — Dje 07.06.2016; CC 142.934/PR — Rel. Min. Nefi Cordeiro — 3ª
Seção — julgado em 14.10.2015 — DJe 30.11.2015.
 FURTO VIA ELETRÔNICA

 USO DE PASSAPORTE FALSO


 Súmula n. 200 do Superior Tribunal de Justiça: “o juízo federal competente para processar e
julgar acusado de crime de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou

 CRIME DE CONTRABANDO E DESCAMINHO


 Súmula n. 151, STJ, segundo a qual “a competência para processo e julgamento por crime de
contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos
bens”
 CRIMES TENTADOS
 Art. 70, CPP  A competência será (...)
determinada (...), no caso de tentativa, pelo
lugar em que for praticado o último ato de
execução.
 Art. 71, CPP  Tratando-se de infração
continuada ou permanente, praticada em
território de duas ou mais jurisdições, a
competência firmar-se-á pela prevenção.
 CRIMES PERMANENTES NO TERRITÓRIO DE
DUAS OU MAIS COMARCAS

 Art. 71, CPP  Tratando-se de infração continuada


ou permanente, praticada em território de duas ou
mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela
prevenção.
 CRIMES À DISTÂNCIA
 São aqueles cometidos parte no território nacional e
parte no estrangeiro:
 Crime iniciado no Brasil e consumação no exterior.
 art. 70, § 1º, do CPP Se, iniciada a execução no território nacional, a
infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo
lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.
 Último ato de execução no exterior para produzir resultado
em território brasileiro.
 art. 70, § 2º, do CPP, Quando o último ato de execução for praticado fora
do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime,
embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado.
 CRIMES PRATICADOS FORA DO TERRITÓRIO NACIONAL
 Art. 7º , CP Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
 I - os crimes: 
 a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
 b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída
pelo Poder Público;
 c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
 d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; 

 II - os crimes: 
 a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
 b) praticados por brasileiro; 
 c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 

 Art. 88, CPP  No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será
competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se
este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República.
 CRIMES COMETIDOS A BORDO DE EMBARCAÇÃO OU AERONAVE QUE SE
APROXIMA OU SE AFASTA DO TERRITÓRIO NACIONAL

Art. 89, CPP  Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas


territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de
embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça
do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando
se afastar do País, pela do último em que houver tocado.
Art. 90, CPP  Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do
espaço aéreo correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de
aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao território
nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território
se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a
aeronave.
 CRIME PRATICADO EM LOCAL INCERTO NA DIVISA DE
DUAS OU MAIS COMARCAS
 Art. 70 § 3o CPP Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais
jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração
consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a
competência firmar-se-á pela prevenção.

 CRIME PRATICADO EM LOCAL CERTO, HAVENDO


INCERTEZA QUANTO A PERTENCER A UMA OU OUTRA
COMARCA
 Art. 70 § 3o CPP Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais
jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração
consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a
competência firmar-se-á pela prevenção
COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU
RESIDÊNCIA DO RÉU
 Art. 72, CPP:  Não sendo conhecido o lugar da
infração, a competência regular-se-á pelo
domicílio ou residência do réu.

 Art. 70, CC: O domicílio da pessoa natural é o


lugar onde ela estabelece a sua residência com
ânimo definitivo.
 Réu com duas ou mais residências
 Art. 72, § 1º, CPP.

 Réu com residência ignorada ou cujo paradeiro é


desconhecido
 Art. 72, § 2º, CPP.

 Foro pelo domicílio do querelado nos crimes de ação


privada exclusiva
 Art. 73 , CPP.
COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA
INFRAÇÃO
 Art. 69, CPP:  Determinará a competência jurisdicional:
 I - o lugar da infração:
 II - o domicílio ou residência do réu;
 III - a natureza da infração;
 IV - a distribuição;
 V - a conexão ou continência;
 VI - a prevenção;
 VII - a prerrogativa de função.
 JUSTIÇA MILITAR

 Art. 124, CF. À Justiça Militar compete processar e


julgar os crimes militares definidos em lei. Parágrafo
único. A lei disporá sobre a organização, o
funcionamento e a competência da Justiça Militar.

 Próprios: a insubordinação, a deserção etc.


 Impróprios: estupro, roubo, homicídio, estelionato e
inúmeros outros.
 Crimes praticados por militares, que não se inserem na competência da Justiça
Militar
 Art. 125, § 4º, CF: Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados,
nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares,
ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente
decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. 

 Art. 9º, § 2º, do Código Penal Militar, os crimes dolosos contra a vida e cometidos por
militares das Forças Armadas contra civil serão da competência da Justiça Militar da
União, se praticados no contexto:
 I — do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República ou
pelo Ministro de Estado da Defesa;
 II — de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que não
beligerante; ou
 III — de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de
atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da Constituição
Federal.
 Art. 9º, II, do Código Penal Militar, prevê que também são de competência da Justiça
Militar os crimes previstos no próprio Código Militar e também os previstos na
legislação penal, quando praticados:
 a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou
assemelhado;
 b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar,
contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
 c) por militar em serviço, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do
lugar sujeito a administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou
civil;
 d) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em
formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou
reformado, ou civil;
 e) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou
reformado, ou assemelhado, ou civil;
 f) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração
militar, ou a ordem administrativa militar.
 Súmula n. 172 STJ: “Compete à Justiça Comum processar
e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda
que praticado em serviço”;
 Súmula n. 75 STJ : “Compete à Justiça Comum Estadual
processar e julgar o policial militar por crime de promover
ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal”.

 Súmula n. 6 STF: “Compete à Justiça Comum Estadual


processar e julgar delito decorrente de acidente de trânsito
envolvendo viatura de Polícia Militar, salvo se autor e
vítima forem policiais militares em situação de atividade”.
 Art. 79, I, CPP.  A conexão e a continência
importarão unidade de processo e julgamento,
salvo no concurso entre a jurisdição comum e a
militar;

 Súmula n. 90 STJ: “Compete à Justiça Estadual


Militar processar e julgar o policial militar pela
prática do crime militar, e à Comum pela prática
do crime comum simultâneo àquele”.
 JUSTIÇA ELEITORAL

 Art. 121, CF. Lei


complementar disporá sobre a
organização e competência
dos tribunais, dos juízes de
direito e das juntas eleitorais.

 Art. 109, IV, CF. Aos juízes


federais compete processar e
julgar  os crimes políticos e as
infrações penais praticadas em
detrimento de bens, serviços
ou interesse da União ou de
suas entidades autárquicas ou
empresas públicas, excluídas
as contravenções e ressalvada
a competência da Justiça
Militar e da Justiça Eleitoral;
 JUSTIÇA FEDERAL

 Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:


 IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou
interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
 V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no
País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
 V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;
 VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o
sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;
 VII - os habeas corpus , em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento
provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;
 IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça
Militar;
 X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória,
após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à
nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
 Crimes políticos (art. 109, IV, 1ª parte)
 Art. 1º, Lei n. 7.170/83 Esta Lei prevê os crimes que lesam ou expõem a
perigo de lesão:
 I - a integridade territorial e a soberania nacional;
 Il - o regime representativo e democrático, a Federação e o Estado de Direito;
 Ill - a pessoa dos chefes dos Poderes da União.

 Infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou


interesse da União, de suas entidades autárquicas ou empresas
públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência
da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral (art. 109, IV, 2ª parte)
 Súmula n. 140 STJ, “Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar
crime em que o indígena figure como autor ou vítima”,
 Sobre crimes contra a flora: “A competência da Justiça Federal, nos crimes ambientais,
restringe-se ao processamento e julgamento dos crimes praticados em detrimento de bens,
serviços ou interesses diretos da União, ou de suas autarquias ou empresas públicas (art.
109, inciso IV, da CF/88). 3. Quando a área desmatada era particular à época do delito, e,
posteriormente, transformada em área de preservação por Decreto Presidencial, a
competência para processar e julgar a causa é da Justiça Estadual, perpetuando-se a
jurisdição”

 Sobre os crimes contra a fauna: “compete em regra, à Justiça Estadual, o processo e


julgamento de feitos que visam à apuração de crimes ambientais. — A competência da
Justiça Federal é restrita aos crimes ambientais perpetrados em detrimento de bens,
serviços ou interesses da União, ou de suas autarquias ou empresas públicas. — Tratando-
se de possível pesca predatória em rio interestadual, que banha mais de um Estado da
federação, evidencia-se situação indicativa da existência de eventual lesão a bens ou
serviços da União, a ensejar a competência da Justiça Federal” (STJ — CC 39.055/RS —
Rel. Min. Paulo Medina — DJ 11.04.2005 — p. 176).
 Súmula n. 208 “Competirá à justiça comum federal
processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba
sujeita a prestação de conta perante o órgão federal”;
 Súmula n. 209 do STJ “Competirá à justiça comum
estadual processar e julgar prefeito municipal por desvio
de verba transferida e incorporada ao patrimônio
municipal”.

 O art. 109, IV, 2ª parte, CF prevê também competência da


Justiça Federal os crimes que afetem bens, serviços ou
interesses de entidades autárquicas da União ou de suas
empresas públicas.
 Crimes previstos em tratado ou convenção
internacional quando, iniciada a execução no país, o
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro
ou reciprocamente (art. 109, V)
 Art. 70, Lei 11.343/06. O processo e o julgamento dos crimes
previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito
transnacional, são da competência da Justiça Federal.
 Decreto n. 5017/04: Promulga o Protocolo Adicional à
Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado
Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do
Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças
 Casos de grave violação de direitos humanos, se houver necessidade de assegurar o cumprimento de
obrigações decorrentes de tratados internacionais sobre direitos humanos dos quais o Brasil seja parte
(art. 109, V-A)

 Crimes contra a organização do trabalho (art. 109, VI, 1ª parte)


 “Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes contra a organização do trabalho, quando tenham por objeto a
organização geral do trabalho ou direitos dos trabalhadores considerados coletivamente (Súmula n. 115 do extinto
Tribunal Federal de Recursos). 2. A infringência dos direitos individuais de trabalhadores, sem que configurada lesão ao
sistema de órgãos e instituições destinadas a preservar a coletividade trabalhista, afasta a competência da Justiça Federal
(AgRg no CC 64.067/MG — Rel. Min. Og Fernandes — 3ª Seção — DJe 08.09.2008)” (STJ — CC 135.924/SP — Rel.
Min. Nefi Cordeiro — 3ª Seção — julgado em 22.10.2014 — Dje 31.10.2014).

 Redução a condição análoga à de escravo (art. 149 do CP)


 A Constituição de 1988 traz um robusto conjunto normativo que visa à proteção e efetivação dos direitos fundamentais do
ser humano. A existência de trabalhadores a laborar sob escolta, alguns acorrentados, em situação de total violação da
liberdade e da autodeterminação de cada um, configura crime contra a organização do trabalho. Quaisquer condutas que
possam ser tidas como violadoras não somente do sistema de órgãos e instituições com atribuições para proteger os
direitos e deveres dos trabalhadores, mas também dos próprios trabalhadores, atingindo-os em esferas que lhes são mais
caras, em que a Constituição lhes confere proteção máxima, são enquadráveis na categoria dos crimes contra a
organização do trabalho, se praticadas no contexto das relações de trabalho. Nesses casos, a prática do crime prevista no
art. 149 do Código Penal (Redução à condição análoga a de escravo) se caracteriza como crime contra a organização do
trabalho, de modo a atrair a competência da Justiça federal (art. 109, VI da Constituição) para processá-lo e julgá-lo”
(STF — RE 398.041/PA — Pleno — Rel. Min. Joaquim Barbosa — 30.11.2006).
 Crimes contra o sistema financeiro e a ordem econômica nos casos
determinados por lei (art. 109, VI, 2ª parte)
 Art. 26, 7.492/86. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será
promovida pelo Ministério Público Federal, perante a Justiça Federal.
 Art. 2º, III, 9.613/98: O processo e julgamento dos crimes previstos nesta
Lei:
 são da competência da Justiça Federal:
 a) quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, ou em
detrimento de bens, serviços ou interesses da União, ou de suas entidades autárquicas ou
empresas públicas;
 b) quando a infração penal antecedente for de competência da Justiça Federal

 Habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o


constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam
diretamente sujeitos a outra jurisdição (art. 109, VII)
 Crimes cometidos a bordo de navio ou
aeronave, ressalvada a competência da Justiça
Militar (art. 109, IX)

 Crimes de ingresso ou permanência irregular de


estrangeiro (art. 109, X)
 JUSTIÇA ESTADUAL

 Em primeira instância, o julgamento é feito pelos juízes


estaduais, nas Varas Criminais Comuns, nos Juizados
Especiais Criminais ou da Violência Doméstica ou
Familiar Contra a Mulher, ou pelo Tribunal do Júri.

 Em segunda instância, o julgamento dos recursos


criminais fica a cargo dos Tribunais de Justiça ou das
Turmas Recursais (no caso das infrações de menor
potencial ofensivo).
PREVENÇÃO E
DISTRIBUIÇÃO
 Verificar-se-á a prevenção se um
juiz adiantar-se aos demais na
prática de algum ato do processo
ou de medida a este relativa,
ainda que anterior ao
oferecimento da denúncia ou
queixa, passando este, portanto, a
ser o competente.
 Súmula n. 706 STF, “é relativa a
nulidade decorrente da
inobservância da competência
penal por prevenção”.
 Hipóteses em que a prevenção é critério norteador da competência
 Mais de uma vara para a qual o inquérito pode ser direcionado, mas, antes da distribuição,
algum juiz se antecipa e fica prevento. Art. 83 do CPP:
 Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais
juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido
aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que
anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa
 Crime permanente no território de duas ou mais comarcas. Art. 71 do CPP:
 Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou
mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
 Crime continuado no território de duas ou mais comarcas. Art. 71 do CPP:
 Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou
mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
 Crime cometido em local incerto entre duas ou mais comarcas. Art. 70, § 3º, do CPP:
 Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a
jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
 Crime cometido em lugar que não se tem certeza se pertence a uma ou outra comarca. Art.
70, § 3º, do CPP:
 Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a
jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
 Desconhecido o lugar da infração e o réu tiver duas residências. Art. 72, § 1º, do CPP:
 Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será
competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou
devia produzir seu resultado.
 Conexão quando não houver foro prevalente, por serem os delitos da mesma categoria de
jurisdição e tiverem as mesmas penas. Art. 78, II, c, do CPP:
 Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as
seguintes regras:  no concurso de jurisdições da mesma categoria firmar-se-á a
competência pela prevenção, nos outros casos;  
CONEXÃO E CONTINÊNCIA

 CONEXÃO, quando existe algum vínculo, algum


elo entre dois delitos
 CONTINÊNCIA: quando uma conduta está
contida na outra
 AVOCAÇÃO
 Art. 82.  Se, não obstante a conexão ou continência, forem
instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição
prevalente deverá avocar os processos que corram perante os
outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva.
Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente,
para o efeito de soma ou de unificação das penas.

 Súmula n. 235 do Superior Tribunal de Justiça: “A conexão não


determina a reunião de processos, se um deles já foi julgado”.
 SEPARAÇÃO DE PROCESSOS
 Apesar da existência da conexão ou continência, a lei estabelece algumas hipóteses em
que deverá ocorrer a separação de processos. Essa separação pode ser obrigatória ou
facultativa.

 (OBRIGATÓRIA) Art. 79, CPP.  A conexão e a continência importarão


unidade de processo e julgamento, salvo:
 I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;
 II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.
  § 1o  Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a
algum co-réu, sobrevier o caso previsto no art. 152.
 § 2o  A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu
foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461.
 
 (FACULTATIVA) Art. 80, CPP.  Será facultativa a
separação dos processos quando as infrações tiverem sido
praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar
diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados
e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro
motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação.
Prerrogativa de Função
 Supremo Tribunal Federal — nos termos do art. 102, I, b e c da
Constituição Federal, julga, originariamente, por crimes
comuns:
 o Presidente e o Vice – Presidente da República.
 os Deputados Federais e os Senadores da República.
 os próprios Ministros do Supremo Tribunal Federal.
 o Procurador-Geral da República.
 os Ministros de Estado.
 o Comandante da Marinha, do Exercito e da Aeronáutica
 os membros dos Tribunais Superiores (STJ, TSE , TST e STM).
 os membros dos TCU.
 os chefes de missão diplomática de caráter permanente.
 Superior Tribunal de Justiça — de acordo com o art.
105, I, a, da Constituição Federal, julga,
originariamente, nos crimes comuns:
 os Governadores dos Estados e do Distrito Federal.
 os Desembargadores.
 os Membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do
Distrito Federal.
 os Membros dos Tribunais Regionais (Federais, Eleitorais
e do Trabalho).
 os Membros dos Tribunais de Contas dos Municípios.
 os Membros do Ministério Público da União que oficiem
perante tribunais.
 Tribunais Regionais Federais — nos termos
do art. 108, a, da Constituição Federal,
julgam, originariamente, nos crimes comuns,
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral:
 os juízes federais de sua área de jurisdição.
 os juízes militares federais de sua área de
jurisdição.
 os juízes do trabalho de sua área de jurisdição.
 os Membros do Ministério Público da União
que oficiem junto à 1ª instância.
 Tribunais de Justiça — julgam
originariamente, nos crimes comuns:
 a) os Prefeitos Municipais (art. 29, X, da CF).
 b) os juízes estaduais e do Distrito Federal,
inclusive os da Justiça Militar Estadual,
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral
(art. 96, III, da CF).
 c) os membros do Ministério Público estadual e
do Distrito Federal, ressalvada a competência
da Justiça Eleitoral (art. 96, III, da CF).

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