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Estelionato
(Doutrina e Jurisprudência)
2019
São Paulo, Brasil
O Autor
Estelionato
(Doutrina e Jurisprudência)
2019
São Paulo, Brasil
Sumário
I. Introito............................................................................................11
O Autor
(1) José de Sá Nunes, Aprendei a Língua Nacional, 1938, vol. II, p. 221.
Ementário Forense
(Votos que, em matéria criminal, proferiu o Desembargador
Carlos Biasotti, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Veja a íntegra dos votos no Portal do Tribunal de Justiça:
http://www.tjsp.jus.br).
• Estelionato
(Art. 171 do Cód. Penal)
Voto nº 9978
–“Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação
ou para a defesa” (art. 563 do Cód. Proc. Penal).
– Salvo prova em contrário, a cargo de quem o alegar, entende-se emitido
como ordem de pagamento o cheque, e não como garantia de dívida, pois
aquela é sua característica específica. Ele não garante, solve o débito.
“É um quase-dinheiro, que traduz uma ordem de pagamento que se exaure com o
recebimento do seu valor” (Paulo Restiffe Neto, Lei do Cheque, 1973, p. 39).
– A conduta de quem, ilaqueando a fé a terceiro, mantém-no em erro e,
mediante falsa promessa de pagamento, obtém vantagem econômica
indevida, constitui, à evidência, a figura típica do art. 171 do Código Penal.
– As palavras firmes e coerentes da vítima, conjugadas a inverossímil
explicação do réu, conferem ao acervo probatório a certeza de que necessita
o julgador para proferir condenação.
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Voto nº 4541
Voto nº 4472
Voto nº 10.876
– Comete estelionato (art. 171 do Cód. Penal) o sujeito que vende veículo, sob
promessa de entregar o respectivo documento ao comprador tanto que
efetue o pagamento do preço da transação, mas não desempenha sua
palavra por não possuir título de propriedade do bem.
– A mentira verbal, desde que apta a induzir em erro a vítima e causar-lhe
prejuízo, constitui meio fraudulento do estelionato.
Voto nº 9939
Voto nº 252
Voto nº 411
Voto nº 530
– Comete o crime do art. 171 do Cód. Penal quem adquire bens com cheque
falso, ante a manifesta intenção de locupletamento ilícito.
–“A pena traduz, primacialmente, um princípio humano por excelência, que é o da justa
recompensa: cada um deve ter o que merece” (Nélson Hungria, Novas Questões
Jurídico-Penais, p. 131).
– Lei nº 9.099/95: no concurso de crimes devem as penas ser consideradas
isoladamente (Ada Pellegrini Grinover et alii, Juizados Especiais Criminais, 2a.
ed., p. 241).
Voto nº 613
Voto nº 678
Voto nº 694
– Não configura o delito do art. 171, § 2º, nº VI, do Cód. Penal a emissão de
cheque sem fundos para substituir outro, pois que o título substituto não
foi poderoso a alterar o patrimônio da vítima.
Voto nº 701
– Perpetra o crime do art. 171 do Cód. Penal aquele que, para obter vantagem
ilícita, em prejuízo alheio, induz outrem a erro, por meio fraudulento
(falsificação de cheque).
– Maus antecedentes, geralmente falando, são os fatos concretos da vida do
acusado, reveladores de “hostilidade franca, ou militante incompatibilidade em
relação à ordem jurídico-social” (José Frederico Marques, Curso de Direito Penal,
1956, vol. III, p. 74).
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Voto nº 706
Voto nº 743
Voto nº 758
Voto nº 772
Voto nº 773
Voto nº 781
– Comete estelionato aquele que, mediante fraude, induz outrem a erro, com
o intuito de obter vantagem ilícita, em prejuízo alheio.
– A reparação do dano pelo agente, no estelionato, máxime após a
instauração da ação penal, “não exclui o delito nem leva à forma privilegiada (art.
171, § 1º, do Cód. Penal), podendo funcionar como circunstância judicial (art. 59),
atenuante genérica (art. 65, III, b) ou causa da redução da pena (art. 16)” (Damásio
E. de Jesus, Código Penal Anotado, 5a. ed., p. 549).
– Crime de dano que é, somente se configura o estelionato quando
comprovado o prejuízo da vítima. Não está, portanto, no caso quem, para
pagamento de corretagem, emite cheque sem suficiente provisão de fundos
em poder do sacado. É que, título executivo extrajudicial (art. 585 do Cód.
Proc. Civil), o cheque habilita o credor a promover, a todo tempo, na esfera
cível, execução contra o seu emitente. O fato é penalmente atípico.
Voto nº 947
Voto nº 994
Voto nº 998
Voto nº 5208
Voto nº 1039
Voto nº 1157
Voto nº 1171
Voto nº 1172
– Comete estelionato (art. 171 do Cód. Penal) o sujeito que falsifica cheque de
terceiro e o dá em pagamento de mercadorias, pois sobre lesar o
beneficiário, obra com inescusável má-fé.
– A necessidade não conhece leis (“necessitas non habet legem”); mas, para que
atue como descriminante legal, é mister se prove, cumpridamente, a
existência do perigo atual, involuntário e inevitável, além da “inexigibilidade
de sacrifício do interesse ameaçado” (cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal
Anotado, 1998, pp. 92-93).
– Em caso de pena de curta duração, não é defeso conceder ao condenado
reincidente o benefício do regime semiaberto (cf. art. 33, § 2º, letra c, do
Cód. Penal).
–“Não há furto sem efetivo desfalque do patrimônio alheio” (Nélson Hungria,
Comentários ao Código Penal, 1980, vol. VII, p. 23).
–“De minimis non curat praetor”, reza a parêmia latina: o pretor não olha para
bagatelas. As conchas da balança de Têmis não se destinam a pesar fumaça!
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Voto nº 1189
Voto nº 1226
– Viola o art. 171, § 2º, nº III, do Código Penal (defraudação de penhor) quem
aliena, a qualquer título, coisa objeto de garantia indispensável, sem o
consentimento do credor.
– Será forçosa a condenação do réu se, além de provada a existência do crime
e respectiva autoria, demonstram os elementos de convicção reunidos nos
autos que obrou com a consciência da ilicitude de seu ato.
Voto nº 1203
Voto nº 1243
Voto nº 1254
Voto nº 1299
Voto nº 2101
Voto nº 9526
Voto nº 5268
– Está acima de crítica a sentença que condena, por estelionato (art. 171,
“caput”, do Cód. Penal), sujeito que obtém para si vantangem ilícita, em
prejuízo de terceiro (pessoa idosa e viúva), induzindo-o em erro mediante
fraude, consistente em mentir-lhe, sem pejo nem escrúpulo, sobre as
qualidades e condições de plano de convênio de assistência médica. A razão
é que, nesse caso, a mentira verbal não faz as vezes somente de artifício
retórico –– licença com que pelo comum, exageram os vendedores os
atributos de suas coisas –– senão crime, por implicar fraude e lesão
patrimonial.
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Voto nº 3685
Voto nº 1541
Voto nº 9972
Voto nº 3804
Voto nº 10.719
Voto nº 5243
Voto nº 8563
Voto nº 12.148
Voto nº 4054
–“A palavra da vítima é a viga mestra da estrutura probatória, e a sua acusação, firme e
segura, em consonância com as demais provas, autoriza a condenação” (Rev. Tribs.,
vol. 750, p. 682).
– Pratica estelionato em seu tipo fundamental o agente que, em proveito
próprio e mediante falsificação, emite cheque de terceiro, causando-lhe
prejuízo (art. 171, “caput”, do Cód. Penal).
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Voto nº 4174
Voto nº 4019
Voto nº 5374
Voto nº 4081
Voto nº 4104
Voto nº 3536
Voto nº 3500
Voto nº 3544
Voto nº 4337
– Comete estelionato (art. 171 do Cód. Penal) o sujeito que falsifica cheque de
terceiro e o dá em pagamento de mercadorias, pois sobre lesar o
beneficiário, obra com inescusável má-fé.
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Voto nº 4214
Voto nº 8161
Voto nº 4469
Voto nº 3551
Voto nº 5309
Voto nº 4777
Voto nº 7799
–“As atribuições do Ministério Público, bem compreendidas, são as mais belas que
existem” (De Molénes; apud J.B. Cordeiro Guerra, A Arte de Acusar, 1a. ed.,
p. 99).
– Segundo a comum opinião dos doutores e a jurisprudência de nossos
Tribunais, não comete crime de estelionato o acadêmico de Direito que,
por festejar a data comemorativa da instituição dos cursos jurídicos no
País — 11 de agosto —, pratica a denominada “pendura”, isto é: dirige-se a
uma casa de pasto e, após comer à tripa forra e entrar galhardamente pelas
bebidas, chama a seu pé o dono do estabelecimento e comunica-lhe, em
discurso de pompa e circunstância, que aquele troço de estudantes quer
homenageá-lo como a amigo e benfeitor da velha e gloriosa Academia de
Direito do Largo de São Francisco, além de significar-lhe eterna gratidão
pelo “oferecimento” do memorável banquete.
– Em escólio ao art. 176 do Código Penal escreveu Damásio E. de Jesus:
“Entendeu-se haver mero ilícito civil e não penal, uma vez que o tipo exige que o sujeito
não possua recursos para o pagamento dos serviços” (Código Penal Anotado, 17a.
ed., p. 674).
– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará
prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
–“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a
situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).
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Voto nº 11.183
–“A palavra da vítima é a viga mestra da estrutura probatória, e a sua acusação, firme e
segura, em consonância com as demais provas, autoriza a condenação” (Rev. Tribs.,
vol. 750, p. 682).
– Pratica estelionato em seu tipo fundamental o agente que, em proveito
próprio e mediante falsificação, emite cheque de terceiro, causando-lhe
prejuízo (art. 171, “caput”, do Cód. Penal).
Voto nº 7963
Voto nº 4580
Voto nº 8006
Voto nº 3680
Voto nº 8160
Voto nº 4795
Voto nº 9535
Voto nº 4813
– Desde a mais alta antiguidade, a confissão foi reputada a rainha das provas
(“regina probationum”), porque repugna à natureza afirme alguém contra si
fato que não saiba verdadeiro.
–“A confissão do delito vale não pelo lugar onde é prestada, mas pela força de
convencimento que nela se contém” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, p. 564; rel.
Min. Cordeiro Guerra).
– Configura hipótese de “ante factum” impunível o furto de talonário de
cheques para a prática de estelionato, de que é apenas crime-meio e, por
isso, por ele absorvido, conforme o princípio da consunção.
Voto nº 3698
– Comete estelionato (art. 171 do Cód. Penal) o sujeito que falsifica cheque de
terceiro e o dá em pagamento de mercadorias, pois sobre lesar o
beneficiário, obra com inescusável má-fé.
–“Todos os que contribuem para a integração do delito cometem o mesmo crime”
(Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 9a. ed., p. 121).
– É o regime semiaberto compatível com a condição do réu condenado a
pena de curta duração, que, no entanto, revela personalidade empedernida
pelo atrito constante com a prática de crimes contra o patrimônio.
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Voto nº 21
Voto nº 26
–“A suspensão condicional do processo possui também natureza penal. E a lei penal nova
deve retroagir para alcançar fatos ocorridos antes de sua vigência” (Luiz Flávio
Gomes, Suspensão Condicional do Processo Penal, 1995, p. 152).
– Tratando-se de novação legislativa que favorece o acusado, força é aplicá-la
aos fatos anteriores, conforme a teoria do Código Penal (art. 2º, parág. único).
48
Voto nº 252
Voto nº 411
Voto nº 613
Voto nº 678
Voto nº 694
– Não configura o delito do art. 171, § 2º, nº VI, do Cód. Penal a emissão de
cheque sem fundos para substituir outro, pois que o título substituto não
foi poderoso a alterar o patrimônio da vítima.
Voto nº 1494
Voto nº 1527
Voto nº 1570
Voto nº 1571
Voto nº 1596
Voto nº 1621
Voto nº 1627
Voto nº 1635
– É réu de estelionato (art. 171 do Cód. Penal) aquele que falsifica cheque de
terceiro e dá-o em pagamento de dívida, ilaqueando a fé da vítima para
obter vantagem ilícita.
– Não só o agente incide nas penas do estelionato, mas também o que lhe
falsifica cheque empregado como meio fraudulento para a obtenção de
vantagem patrimonial, em prejuízo alheio, pois ambos conspiraram, pela
comunhão de suas vontades, para a prática do crime.
54
Voto nº 1788
–“As escusas de doença são sempre suspeitas” (Plínio Barreto, Crônicas Forenses,
1911, p. 173).
– À prisão preventiva — “ato de verdadeira tirania” (Carrara) — somente é
lícito recorrer, em nome da ordem pública, nos casos absolutamente
necessários, em face da periculosidade do réu (art. 312 do Cód. Proc. Penal).
Voto nº 1859
– Feita em Juízo, a confissão do réu tem valor absoluto, que não pode ser
postergado, exceto em casos anormais, que se não presumem.
–“É sumamente tranquilizador para a consciência do Juiz ouvir dos lábios do réu uma
narrativa convincente do fato criminoso com a declaração de havê-lo praticado” (Hélio
Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. I, p. 381).
– O agente que, para pagamento de mercadoria, emite cheque de terceiro,
falsificando-lhe o nome, comete o crime de estelionato em seu tipo
fundamental (art. 171 do Cód. Penal).
– O réu que confessa em Juízo seu delito revela qualidade sumamente
elogiável, pois demonstra haver aborrecido a vida criminosa e descobre seu
propósito de emenda; por isso, ainda que reincidente, desde que não
superior a 4 anos sua pena, tem jus ao benefício do regime semiaberto
(art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).
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Voto nº 93
–“A lei penal não tutela como cheque o que não for emitido como meio de pagamento,
mas para garantia de dívida” (Rev. Tribs., vol. 266, p. 131).
–“O Estado só deve recorrer à pena quando a conservação da ordem jurídica não se possa
obter com outros meios de reação, isto é, com os meios próprios do direito civil (ou de
outro ramo de direito que não o penal). A pena é um mal, não somente para o réu e sua
família, senão também, sob o ponto de vista econômico, para o próprio Estado”
(Nélson Hungria, Comentários ao Código Penal, 1978, vol. I, t. II, p. 29.
Voto nº 159
Voto nº 172
– Como o apelante recusou a proposta que lhe fez o Ministério Público, nos
moldes do art. 89 da Lei nº 9.099/95, não há repeti-la, que isto equivaleria
a contrariar de frente o instituto da preclusão, criado para desempecer
os trâmites do processo, conforme lição do erudito Eliézer Rosa: “O
legislador empregou as preclusões como expediente para imprimir ordem, precisão e
rapidez ao processo” (Dicionário de Processo Civil, 2a. ed., p. 324).
– Se o réu furta cheque para cometer estelionato, a subtração fica por este
absorvida. “A jurisprudência não aceita a tese da existência de dois crimes sob o
impulso de uma justa preocupação: a louvável intenção de suavizar a aspereza das
normas sobre o concurso de delitos” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado,
1995, p. 553).
Voto nº 1557
Voto nº 326
Voto nº 2341
– Feita em Juízo, a confissão do réu tem valor absoluto, que não pode ser
postergado, exceto em casos anormais, que se não presumem.
–“É sumamente tranquilizador para a consciência do Juiz ouvir dos lábios do réu uma
narrativa convincente do fato criminoso com a declaração de havê-lo praticado” (Hélio
Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. I, p. 381).
– O agente que, para pagamento de mercadoria, emite cheque de terceiro,
falsificando-lhe o nome, comete o crime de estelionato em seu tipo
fundamental (art. 171 do Cód. Penal).
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Voto nº 7935
Voto nº 8074
Voto nº 5249
Voto nº 5479
Voto nº 5402
Voto nº 8441
– Pratica estelionato (art. 171, “caput”, do Cód. Penal) o sujeito que vende linha
telefônica e recebe do comprador de boa fé o preço total da transação, mas,
usando de meio fraudulento, protela a transferência da assinatura perante a
empresa concessionária e, sobre isso, aliena o bem a terceiro.
– Na esfera dos crimes contra o patrimônio, cometidos sem violência a
pessoa, tem relevância apenas a lesão jurídica de valor econômico, pois
segundo a velha fórmula do direito romano, “de minimis non curat praetor”
(Dig. 4,1,4).
– Aplicado inconsideradamente, o princípio da insignificância representa
violação grave da lei, a qual manda punir o infrator; destarte, subtrair a seu
rigor o culpado, sem relevante razão de direito, fora escarnecer da Justiça,
que dispensa a cada um o que merece. Em verdade, conforme aquilo de
Alberto Oliva, “todo homem deve saber do fundo de seu coração o que é certo e o que
é errado” (apud Ricardo Dip e Volney Corrêa de Moraes, Crime e Castigo,
2002, p. 3; Millennium Editora).
61
Voto nº 2262
– Incorre nas sanções do art. 171, § 2º, nº V, do Código Penal o sujeito que,
levando a mira em receber o valor do seguro, faz à autoridade policial
comunicação falsa de roubo de veículo que ocultara.
– A finalidade do “sursis” é ensejar ao condenado primário não-perigoso
desconte sua pena longe do convívio de criminosos irrecuperáveis, em
regime de liberdade, ainda que sob os olhos da Justiça Punitiva (art. 77 do
Cód. Penal).
Voto nº 2273
– Comete estelionato (art. 171 do Cód. Penal) o sujeito que vende veículo, sob
promessa de entregar o respectivo documento ao comprador tanto que
efetue o pagamento do preço da transação, mas não desempenha sua
palavra, por não possuir título de propriedade do bem.
– A mentira verbal, desde que apta a induzir em erro a vítima e causar-lhe
prejuízo, constitui meio fraudulento do estelionato.
62
Voto nº 8445
Voto nº 1863
Voto nº 1874
Voto nº 1894
– A lei não tutela como cheque o que não for emitido como ordem de
pagamento à vista. A prova, no entanto, da deturpação de sua finalidade
competirá a quem o alegar, sob pena de caracterizar-se o crime do art. 171,
§ 2º, do Cód. Penal.
– O argumento de que o réu padecia reveses financeiros, por isso emitiu o
cheque sem provisão de fundos, é contraproducente: o homem avisado
nunca subestima as consequências da prática de ato ilegal.
Voto nº 1895
Voto nº 1933
– De muito sutil, graves autores não fazem distinção entre o ilícito civil e o
penal. Trata-se — como lhes chamou Giuriati — de zona cinzenta entre o
reino branco do direito civil e o reino sombrio da delinquência: “la zona
grigia fra il regno bianco del diritto civile e il regno nero della criminalità” (apud
Nélson Hungria, Comentários ao Código Penal, 1980, vol. VII, p. 191). A
melhor doutrina, contudo, reputa configurada fraude penal quando o
sujeito põe o intento num fim ilícito.
– Comete estelionato (art. 171 do Cód. Penal) o agente que falsifica
documentos para obter vantagem ilícita, mediante financiamento de
contrato de compra e venda de veículos automotores, em prejuízo da
instituição-vítima.
– Não se procede à substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos, se isto equivaleria a sancionar a impunidade de sujeito
que se abalizou na vida do crime, dela fazendo profissão.
Voto nº 2014
Voto nº 2161
Voto nº 2249
– Comete estelionato (art. 171 do Cód. Penal) o sujeito que falsifica cheque de
terceiro e o dá em pagamento de mercadorias, pois sobre lesar o
beneficiário, obra com inescusável má-fé.
– É o regime semiaberto compatível com a condição do réu condenado a
pena de curta duração, que, no entanto, revela personalidade empedernida
pelo atrito constante com a prática de crimes contra o patrimônio.
67
Voto nº 2291
– Pratica estelionato (art. 171, “caput”, do Cód. Penal) o sujeito que vende linhas
telefônicas e recebe do comprador de boa-fé o preço total da transação,
mas não lhas transfere sob o argumento de não haver nenhuma disponível.
É manifesto o dolo (“animus laedendi”) de quem assim procede, pois dá à
venda o que não tem.
– Incorre nas penas do art. 67 da Lei nº 8.078/90 (Cód. Consumidor), por delito de
propaganda enganosa, aquele que, no intento de vender produtos e prestar
serviços, apregoa-lhes, para conciliar clientela, atributos que não possuem,
ou não respondem à verdade.
Voto nº 2300
Voto nº 2334
Voto nº 2337
– Comete estelionato (art. 171 do Cód. Penal) o sujeito que falsifica cheque de
terceiro e o dá em pagamento de mercadorias, pois sobre lesar o
beneficiário, obra com inescusável má-fé.
– Benefício legal que é, a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei
nº 9.099/95) não pode prescindir do requisito subjetivo (bons antecedentes).
69
Voto nº 2579
Voto nº 2882
– A liberdade de requerer das partes “não deve degenerar em abuso por forma a
paralisar a marcha do processo, com o propósito de retardar a administração da justiça
ou tumultuar a ordem processual” (Bento de Faria, Código de Processo Penal, 1960,
vol. II, p. 210).
– Não configura nulidade a falta de apreciação de tese da Defesa, quando a
sentença, em sua fundamentação, abraça entendimento oposto ao do réu,
que a essa conta fica implicitamente rejeitado.
– Pratica estelionato em seu tipo fundamental o agente que, em proveito
próprio e mediante falsificação, emite cheque de terceiro, causando-lhe
prejuízo (art. 171, “caput”, do Cód. Penal).
– Se primário o réu e cometida a infração penal sem violência nem ameaça à
pessoa, é obra de louvável política criminal substituir-lhe pela pena
restritiva de direito a privativa de liberdade não superior a 4 anos (art. 44
do Cód. Penal).
70
Voto nº 2972
Voto nº 3057
Voto nº 3086
Voto nº 3113
– Comete estelionato (art. 171 do Cód. Penal) o sujeito que falsifica cheque de
terceiro e o dá em pagamento de mercadorias, pois sobre lesar o
beneficiário, obra com inescusável má-fé.
– Para os efeitos penais, reputa-se delito-meio (e, pois, “ante factum” impunível)
o furto de talonário, perpetrado com o intuito de obter vantagem ilícita,
em prejuízo alheio, pela emissão de cheques, o que constitui a figura típica
do estelionato (art. 171 do Cód. Penal).
– É o regime semiaberto compatível com a condição do réu condenado a
pena de curta duração, que, no entanto, revela personalidade empedernida
pelo atrito constante com a prática de crimes contra o patrimônio.
72
Voto nº 3202
Voto nº 3266
Voto nº 3271
Voto nº 3333
Voto nº 3378
Voto nº 3408
Voto nº 3536
Voto nº 3538
Voto nº 3588
Agravo em Execução nº 1.293.483/5
Art. 171 do Cód. Penal;
art. 112, parág. único, da Lei de Execução Penal
Voto nº 3680
Voto nº 3815
– De muito sutil, graves autores não fazem distinção entre o ilícito civil e o
penal. Trata-se — como lhes chamou Giuriati — de zona cinzenta entre o
reino branco do direito civil e o reino sombrio da delinquência: “la zona
grigia fra il regno bianco del diritto civile e il regno nero della criminalità” (apud
Nélson Hungria, Comentários ao Código Penal, 1980, vol. VII, p. 191). A
melhor doutrina, contudo, reputa configurada fraude penal quando o
sujeito põe o intento num fim ilícito.
– O sujeito que adquire a terceiro estabelecimento comercial (padaria) e
dá-lhe em pagamento imóvel penhorado e notas promissórias, que não
resgata, demais de dilapidar o novo patrimônio, incorre nas penas de
estelionato (art. 171, “caput”, do Cód. Penal), por seu claro propósito de,
mediante fraude, obter vantagem ilícita em prejuízo alheio.
– Não se procede à substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos, se isto equivale a sancionar a impunidade de sujeito
que se abalizou na vida do crime, dela fazendo profissão.
Voto nº 3850
Voto nº 3859
Voto nº 3873
Voto nº 3899
–“A confissão livre é, sem contradição, prova a mais peremptória, aquela que esclarece,
convence e satisfaz, no mais alto grau, a consciência do Juiz: Omnium probationum
maxima” (Cons. Vicente Alves de Paula Pessoa, Código do Processo Criminal,
1882, p. 157).
– Há estelionato continuado se o réu, presentes as circunstâncias de tempo,
lugar e “modus operandi”, obtém vantagem ilícita, em prejuízo de vítimas, que
induz em erro mediante fraude ao dar-lhes em pagamento cheques falsos
por verdadeiros (arts. 71 e 171, “caput”, do Cód. Penal).
Voto nº 3915
Voto nº 3920
Voto nº 3923
Voto nº 4329
– É réu de estelionato (art. 171 do Cód. Penal) e digno do rigor da lei o sujeito
que, inculcando-se agente credenciado a vender unidades de fictício
condomínio residencial, induz em erro pessoas simples e obtém-lhes
indevida vantagem patrimonial.
– Tem a jurisprudência dos Tribunais conferido especial relevo à palavra da
vítima, entre os meios de prova. Salvo caso de comprovada má-fé ou erro
(que se não presumem), há de receber-se por expressão da verdade; figura
central dos crimes de estelionato, a vítima possui, sobre todos, interesse na
fiel apuração dos fatos e na realização da justiça.
Voto nº 4650
Voto nº 4802
Voto nº 4808
Voto nº 4811
Voto nº 5007
Voto nº 5118
Voto nº 5125
Voto nº 5209
– Não cai sob a rubrica das nulidades nem viola direito das partes o
despacho que, no prazo do art. 499 do Cód. Proc. Penal, indefere a realização
de diligência que não é cabal nem imprescindível à decisão da causa.
– O réu que é deveras inocente não hesita em afirmá-lo desde o primeiro
instante. Se, na fase policial, preferiu remeter-se a obliterado silêncio, nisto
mesmo deu a conhecer sua culpa. É que ninguém, exceto se não estiver
em seu acordo e razão, permanece calado, quando deveria falar para
defender-se de acusação injusta e infame.
– Nada alegar, ou não provar o alegado, tudo é um (“allegare nihil, et allegatum
non probare paria sunt”).
– Pratica estelionato (art. 171, “caput”, do Cód. Penal) o funcionário de serventia
extrajudicial que, animado do propósito de obter ilícita vantagem
econômica, solicita a terceiro, que o procurara para regularizar escritura
pública, dinheiro para pagamento de multa fictícia, causando-lhe, destarte,
prejuízo mediante fraude.
86
Voto nº 5375
Voto nº 6613
Voto nº 8315
Voto nº 8317
Voto nº 11.435
– Comete estelionato (art. 171 do Cód. Penal) o sujeito que vende veículo, sob
promessa de entregar o respectivo documento ao comprador tanto que
efetue o pagamento do preço da transação, mas não desempenha sua
palavra, por não possuir título de propriedade do bem.
– A mentira verbal, desde que apta a induzir em erro a vítima e causar-lhe
prejuízo, constitui meio fraudulento do estelionato.
89
Voto nº 9045
Voto nº 9936
– Não cai sob a rubrica das nulidades nem viola direito das partes o
despacho que, no prazo do art. 499 do Cód. Proc. Penal, indefere a realização
de diligência que não é cabal nem imprescindível à decisão da causa.
– A confissão, máxime se feita perante o Magistrado, tem o caráter de prova
ilustríssima; segundo o famoso Ulpiano, equipara-se não menos que à
coisa julgada: “Confessio habet vim rei judicatae”.
–“A confissão judicial tem valor absoluto e, ainda que seja o único elemento de prova,
serve como base à condenação” (Rev. Tribs., vol. 744, p. 573).
– Tem a palavra da vítima importância capital nos crimes contra a
liberdade sexual. Se ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja
condenação: ao cabo de contas, ninguém se reputa mais apto a discorrer
das circunstâncias e autoria do crime que a pessoa que lhe padeceu
diretamente os agravos físicos e morais (art. 213 do Cód. Penal).
– O aumento especial de pena previsto no art. 9º da Lei nº 8.072/90 (Lei dos
Crimes Hediondos) para os crimes de estupro e atentado violento ao
pudor, somente é aplicável se ocorrer lesão corporal grave ou morte
(cf. STJ; 5a. Turma, rel. Min. José Dantas; cf. Rev. Tribs., vol. 721, p. 548).
– A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos
(Lei nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de
cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado
já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais,
faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).
91
Voto nº 11.614
Voto nº 12.414
Voto nº 8701
– Pratica estelionato (art. 171, “caput”, do Cód. Penal) o sujeito que, após
induzir em erro a vítima por meio fraudulento, dela recebe dinheiro em
pagamento de coisa que lhe não entrega e, pois, causa vultoso prejuízo.
– Há fraude penal “quando o sujeito visa a um fim ilícito, extravasando os limites da
esperteza comercial” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed.,
p. 650).
Casos Especiais
(Reprodução integral do voto)
PODER JUDICIÁRIO
1
TRIBUNAL DE ALÇADA CRIMINAL
Voto nº 1894
Relator
É o relatório.
Carlos Biasotti
Relator
PODER JUDICIÁRIO
2
TRIBUNAL DE ALÇADA CRIMINAL
Voto nº 2972
Relator
É o relatório.
102
Carlos Biasotti
Relator
PODER JUDICIÁRIO
3
TRIBUNAL DE ALÇADA CRIMINAL
Voto nº 5208
Relator
É o relatório.
Com efeito:
Carlos Biasotti
Relator
PODER JUDICIÁRIO
4
TRIBUNAL DE ALÇADA CRIMINAL
Voto nº 1933
Relator
É o relatório.
a) GM/Vectra: R$ 36.000,00;
117
b) Volkswagen/Pointer: R$ 19.424,00;
c) Ford/Escort: R$ 15.120,00;
d) GM/Kadett: R$ 20.000,00.
Carlos Biasotti
Relator
PODER JUDICIÁRIO
5
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Voto nº 9939
Relator
É o relatório.
Vem aqui a ponto, por isso, a alta lição de Rui: “Se o réu é
confesso, não há perder tempo em levar adiante o exame da prova. Parte
confessa é parte condenada” (Obras Completas, vol. XXIV, t. II,
p. 270).
“A confissão do delito vale não pelo lugar em que é prestada, mas pela
força de convencimento que nela se contém” (Rev. Trim. Jurisp.,
vol. 95, p. 564; rel. Min. Cordeiro Guerra).
128
6
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Voto nº 7799
Relator
É o relatório.
136
“Entendeu-se haver mero ilícito civil e não penal, uma vez que o tipo
exige que o sujeito não possua recursos para o pagamento dos
serviços” (Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 674).