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QUEIXA CRIME

Prof. Me. Neuribertson Leite


(COSTA, Anderson Pinheiro da. Manual de Prática Penal I, 2014)
Quem
contratou Já existe
sim processo?
você foi a
vítima?

O crime é de QUEIXA-
NÃO
sim ação penal CRIME
privada?
Quem QUEIXA
contratou sim SUBSIDIÁRIA
você foi a DA PÚBLICA
vítima?

O MP
SIM FICOU
INERTE?
É certo que a provocação de procedimento criminal por informação que sabe ser
falsa configura o crime de denunciação caluniosa, previsto no art. 339 do CP:

ART. 339. Dar causa, instauração de investigação policial, de processo judicial,


instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade
administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente:
(Redação dada pela Lei n. 10.028, de 2000)
Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa.

Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar
do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo
quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente
requeridas no juízo criminal.
O art. 44 acima transcrito possui um erro de semântica. No lugar de "querelante"
(sublinhamos no texto), devemos ler "querelado". Não há dúvidas de que esta era a
intenção do legislador.
LOCAL E DATA
REGRA GERAL
QUEIXA SUBSIDIÁRIA
FUNDAMENTO CPP - ArtS. 30 e 41
DA QUEIXA CP - Art. 100, § 2º
Lembre-se: CPP - Arts. 29, 41 e 44
CPP - art. 44 CP - Art. 100, § 3º
(Procuração) CF - art. 5º, LIX
CPP - art 31 (CADI) CPP – Art. e 31 (CADI)
PEDIDOS - JUÍZO COMUM:

Recebimento da Queixa

Citação do Querelado

Julgamento procedente do pedido para condenar o


Querelado nas penas do art. XXX

Fixação indenização na forma do art. 387, IV, CP

Intimação do MP e das testemunhas arroladas


A CONTAR DO
PRAZO: CONHECIMENTO DA SUBSIDIÁRIA 06
AUTORIA (ART.38, MESES DA
06 MESES INÉRCIA DO MP
CPP C/C ART. 10 E
103, CP
Disponibilidade
LOCAL E DATA
ATENÇÃO: aspectos da QUEIXA-CRIME:

COMPETÊNCIA (Juízo)

Procuração com poderes


especiais

Legitimidade
ATENÇÃO: aspectos da QUEIXA-CRIME:
PRAZO
DECADENCIAL ( 6
MESES) PZ PENAL
PEDIDO (atenção para
o art. 387,IV, CPP)
• Foro de eleição: a competência territorial é de escolha do ofendido
quando do oferecimento da queixa. A vítima/ofendido poderá escolher
entre oferecer a queixa no lugar da infração ou no domicílio do réu (art.
73 do CPP).
• Competência em razão da natureza da infração: os crimes de ação penal
privada são hoje, em maioria, infrações com pena máxima de até dois
anos, portanto, é muito provável a competência dos Juizados Especiais
Criminais.

• Legitimidade para o exercício do direito de queixa

A vítima maior e capaz - 18 (dezoito) anos.


Vítima menor ou incapaz - seu representante legal.
Vítima falecida - um dos sucessores (CADI).
LEI 9.279/1996 – CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INDUSTRIAL (Art. 199)
Crimes de ação penal pública condicionada do Código Penal
• parágrafo único do art. 145 do CP)

Atenção súmula 714, STJ

parágrafo único do art. 145 do CP)


OBS 1: a exigência da
representação- pacote
anticrime-norma benéfica-
retroage;

OBS 2: Exceção: §5º, do at. 171


Pública condicionada-.
LEI Nº 13.718, DE 24 DE SETEMBRO DE 2018.

OBS: Art. 225. Nos crimes


definidos nos Capítulos I e II
deste Título, procede-se
mediante ação penal pública
incondicionada.
(Redação dada pela Lei nº 13.7
18, de 2018)
• EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA … VARA CRIMINAL DA COMARCA …
• Observações: se o crime for de menor potencial ofensivo (art. 61 da Lei 9.099/95), enderece a peça ao “Juiz
de Direito do … Juizado Especial Criminal da Comarca …”.

• Ademais, fique sempre atento à competência da Justiça Federal (CF, art. 109).

• MARIANA, estado civil …, profissão …, endereço …, vem, por seu advogado (procuração com poderes especiais
anexada, conforme art. 44 do CPP), com fundamento nos arts. 30 e 41 do CPP e 100, § 2º, do CP, oferecer
QUEIXA-CRIME contra MARCOS, estado civil …, profissão …, endereço …, pelos fatos a seguir expostos:

• Observações: a qualificação na queixa-crime merece cuidado. Por estar acostumado com outras peças,
onde apenas o cliente é qualificado, é muito comum o examinando esquecer de qualificar o querelado. No
XV Exame de Ordem, havia um quesito específico nesse sentido. Além disso, fique esperto quanto à
procuração com poderes especiais. Em relação à fundamentação da peça, quando cobrou a queixa, a FGV
exigiu o art. 41 do CPP OU o art. 100, § 2º, do CP OU o art. 30 do CPP. Na dúvida, cite os três.
• DOS FATOS
• No dia 20 de março de 2017, Marcos publicou em uma rede social que Mariana é “garota
de programa”. Disse, ainda, que ela estaria oferecendo bebida alcoólica aos adolescentes
da vizinhança. Por fim, afirmou que, embora casada, a querelante estaria tendo um caso
extraconjugal com Manoel, amigo do seu marido. Em razão da publicação, Mariana
perdeu o emprego e o seu casamento foi desfeito.
• Observações: a descrição dos fatos é importantíssima em uma queixa-crime. Quando
estiver advogando, tenha muita atenção quanto a isso. No Exame de Ordem, no
entanto, limite-se a resumir o enunciado. Embora a FGV tenha atribuído pontuação à
descrição dos delitos no XV Exame de Ordem, penso que seja interessante fazê-la no
tópico “do direito”, quando sustentar a tese condenatória.
• DO DIREITO
• Conforme relatado acima, está evidente a justa causa para a ação penal. Além disso, a
querelante é parte legítima para a propositura da ação, com fundamento no art. 30 do CP.
Ademais, a queixa foi oferecida dentro do prazo decadencial, segundo o art. 38, “caput”, do
CP, devendo ser recebida, pois ausentes as hipóteses do art. 395 do CPP.
• Observações: no XV Exame de Ordem, a FGV não pediu nada disso. No entanto, são teses
que podem surgir em uma prova futura, quando a banca voltar a pedir queixa-crime. Na
segunda fase, procure alegar o máximo possível de teses. Digo isso porque o examinador
simplesmente ignora o que não está no gabarito. Não há prejuízo à nota por pedir além. O
problema é deixar de alegar algo.
• O querelado praticou o delito de injúria (CP, art. 140, “caput”) ao dizer que a querelada é
“garota de programa”. A publicação teve o inegável objetivo de ofender a dignidade de
Mariana.
• Também houve a prática do crime de calúnia (CP, art. 138, “caput”) quando o querelado
afirmou que a querelante oferece bebida alcoólica a adolescentes, crime previsto no art. 243
do ECA. A querelante jamais praticou tal conduta. A informação não passa da fantasia
inventada por Marcos, que falsamente imputou à querelante fato definido como crime.
• O querelado praticou, ainda, o crime de difamação (CP, art. 139), ao imputar à
querelante fato ofensivo à sua reputação, quando disse que ela estaria tendo um
caso extraconjugal com Manoel.
• Os fatos ocorreram em publicação em uma rede social, meio que,
indubitavelmente, facilita a divulgação da calúnia, da injúria e da difamação,
devendo incidir a causa de aumento de pena prevista no art. 141, III, do CP.
• Por derradeiro, da forma como os crimes foram praticados, deve ser punido o
querelado nos termos do art. 70 do CP, pois se trata de concurso formal de crimes.
• Observações: por mais que a peça tenha muitas teses, procure ser o mais
objetivo possível em suas alegações. Se quiser deixar a peça ainda mais
organizada, pode até dividi-la em mais tópicos (ex.: “1. Da Injúria”).
• PEDIDOS
• Diante do exposto, requer:
• a) a designação de audiência preliminar ou de conciliação (CPP, art. 520);
• b) o recebimento da queixa-crime;
• c) a citação do querelado
• d) a oitiva das testemunhas ao final arroladas;
• e) a condenação do querelado pela prática dos crimes de calúnia (CP, art. 138), difamação (CP, art. 139) e injúria (CP, art. 140),
com o aumento de pena do art. 141, III, do CP, em concurso formal de crimes (CP, art. 70);
• f) a fixação de valor mínimo de indenização, com fundamento no art. 387, IV, do CPP.
• Observações: procure memorizar os pedidos que devem ser feitos na queixa-crime. Eles são pontuados individualmente pela
banca. Ao pedir a condenação, não se esqueça de mencionar todos os dispositivos já citados no “do direito”. No XV Exame de
Ordem, a injúria, a difamação, a causa de aumento e o concurso formal foram pontuados duas vezes – uma vez no “do
direito” e uma vez no “pedido” -, totalizando 2,8 pontos. Mais da metade da nota.
• Diante do exposto, pede deferimento.
• Comarca …, data ….
• Advogado (OAB/…).
• Rol de Testemunhas
• 1. Nome …, endereço ….
• 2. Nome …, endereço ….
REMIÇÕES
• Art. 100, § 4º, CP- (CADI)
• Art. 103, CP (DECADÊNCIA)
• Art. 104 e 105,CP (PERDÃO)
• Art. 107, V,CP (EXTINÇÃO)
• Art. 161, § 2º, II, CP (Esbulho possessório)
• Art. 167, CP -
• Art. 145, CP (RETRATAÇÃO)
• Art.236, CP (Induzimento a erro essencial)
• Art. 345, parágrafo único, CP – Exercício arbitrário de próprias razões
• Art.184, CP- Violação direitos autorais
• Art.179, parágrafo único, CP- fraude à execução

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