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PROCEDIMENTO COMUM

Nos termos do art. 394 do CPP, a disposição do procedimento comum ocorre da


Seguinte forma:
a) ordinário: pena máxima igual ou superior a quatro anos de pena privativa de
liberdade.
b) sumário: pena máxima cominada maior de dois anos e inferior a quatro anos de pena
privativa de liberdade.
c) sumaríssimo: Pena máxima até 02 anos. Para as infrações de menor potencial
ofensivo, na forma da Lei 9.099/95, por exemplo, crime de lesão corporal leve, previsto
no artigo 129, “caput”, do CP, cuja pena máxima não supera dois anos.

Atenção: Para a definição do procedimento devem ser consideradas as


qualificadoras, bem como as causas de aumento de pena e de diminuição da pena,
porquanto repercutem no montante da pena máxima abstrata prevista na lei.

No caso de concurso de crimes, também devem ser considerados os critérios do cúmulo


material (concurso material e concurso formal impróprio) e da exasperação da pena
(concurso formal perfeito e crime continuado).
No concurso material, nenhum problema se apresenta, já que basta somar as penas. Se a
soma das penas ultrapassar dois anos, não será adotado o rito sumaríssimo, previsto na
Lei 9099/95. Se a soma das penas for superior a quatro anos, o procedimento será o
ordinário, afastando-se a procedimento sumário.

AÇÃO PENAL
1. PÚBLICA
a. INCONDICIONADA – art. 24, primeira parte, CPP.
i. É a regra
ii. Peça inaugural: denúncia

b. CONDICIONADA – art. 24, parte final, CPP


i. À requisição do Ministro da Justiça
1. Condição de procedibilidade
2. Não está sujeita a prazo decadencial
3. Não obriga a propositura da ação penal
4. Peça inaugural: denúncia
5. No tipo penal deve constar a expressão “somente se
procede mediante requisição do Ministro da Justiça” (Ex:
artigo 141, I, do CP c/com artigo 145, p. único do CP)

ii. À representação do ofendido – art. 103, CP e art. 38, CPP


1. Condição de procedibilidade
2. Sujeita a prazo decadencial – 6 meses contados do dia em
que soube da autoria do fato.
a. Prazo de natureza penal (artigo 10 do CP1) –
**inclui o dia do início, exclui o último dia e não
se prorroga.
3. Não obriga a propositura da ação penal
4. A renúncia é irretratável após o oferecimento da denúncia
– art. 102, CP. ATENÇÃO – art. 16 da Lei Maria da
Penha.
5. Peça inaugural: denúncia
6. No tipo penal deve constar a expressão “somente se
procede mediante representação” no tipo penal.
7. Ex: artigo 130 do CP; 147 do CP; 151 do CP; 153 do CP;
140, §3º C/C artigo 145 do CP; e artigo 141, II, c/com
artigo 145, ambos do CP.
2. PRIVADA
a. Propriamente dita (artigo 30, 41 e 44, do Código de Processo Penal, e
artigo 100, §2º, do Código Penal): pode ser proposta pela vítima,
representante legal ou sucessor.
i. Peça inaugural: queixa-crime
ii. No tipo penal deve conter a expressão: “somente se procede
mediante queixa”
iii. Ex: artigo 138 do CP; 139 do CP; 140 do CP (observar o artigo
145 do CP); 163 c/c artigo 167, ambos do CP2
b. Personalíssima: só pode ser proposta pela vítima.
c. Subsidiária da pública (29, 41 e 44 do CPP, artigo 100, §3º, do CP e
artigo 5º, LIX, da CF)
i. Crime de ação penal pública + inércia do membro do Ministério
Público3
ii. **Pode ser oferecida dentro do prazo de 06 meses a partir do
momento que findar o prazo de manifestação do MP e tiver
havido INÉRCIA deste4.
iii. Peça inaugural: queixa-crime subsidiária

1
        Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos
pelo calendário comum.

Art. 798.  Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo


por férias, domingo ou dia feriado.
        § 1o Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento.
2
CALÚNIA: imputação de fato (determinado) definido como crime + ofensa à honra objetiva
INJÚRIA: imputação de fato ofensivo à reputação + ofensa à honra subjetiva
DIFAMAÇÃO: ofensa à dignidade ou decoro `+ ofensa à honra objetiva
3
A inércia se configura quando o MP, dentro do prazo do artigo 46 do CPP, não solicita o arquivamento
do IP, não requisita diligencia e não oferece denúncia.
4
O MP, via de regra, tem o prazo de 05 dias, estando o indiciado preso, e de 15 dias, estando o
indiciado solto, para oferecer denúncia, conforme o artigo 46 do CPP
d. REQUISITOS/ESTRUTURA DA QUEIXA-CRIME (ARTIGO 41
DO CPP)5
i. Base-legal: artigos 30, 41 e 44, todos do CPP e artigo 100, §2º,
do CP
ii. Observar a competência
1. Artigo 73 do CPP6
2. Lei 9.099/95 (JECRIM)7
iii. Identificação de ambas as partes (querelante e querelado)
iv. Procuração com poderes especiais (artigo 44 do CPP)8
v. Legitimidade
1. Regra: ofendido ou representante (artigo 30 do CPP)
2. Observar o artigo 31 do CPP
vi. Descrição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias
1. Mencionar o fato de forma clara e objetiva, mencionando
o autor da ação (querelante) e o ofensor (querelado), a
data, o local do fato, os meios e instrumentos empregados,
a forma como foram praticados o crime e o motivo.
2. Mencionar que a conduta do querelado constitui crime de
ação penal privada, destacando e descrevendo, ainda,
eventuais agravantes, qualificadoras ou causas de
aumento de pena (inclusive mencionar acerca da
existência de concurso formal ou material – artigos 69 e
70)
3. Na hipótese de concurso de agentes, a queixa deve
especificar a conduta de cada um.
vii. Pedido de recebimento da queixa-crime com posterior citação do
(s) querelados.
viii. O valor da reparação do dano (artigo 387, IV, do CPP)
ix. Rol de testemunhas
1. Sumário máximo 05 (artigo 535 CPP)
2. Ordinário máximo 08 (artigo 401 CPP)
x. Pedido de produção de provas
xi. Pedido de condenação dos querelados como incurso nas penas
dos artigos específicos, bem como condenação ao pagamento de
custas e demais despesas do processo.
xii. Observar a especificidade de alguns procedimentos:
1. Crimes contra a honra: procedimento do artigo 519 e
seguintes do CPP (incluir no pedido a designação da
audiência de conciliação prevista no artigo 520 do CPP)9
5
Art. 41.  A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias,
a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime
e, quando necessário, o rol das testemunhas.
6
 Art. 73.  Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da
residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.
7
Art. 61.  Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada
ou não com multa.   
8

9
 Art. 519.  No processo por crime de calúnia ou injúria, para o qual não haja outra forma estabelecida em
lei especial, observar-se-á o disposto nos Capítulos I e III, Titulo I, deste Livro, com as modificações
2. Juizados especiais criminais: Se o enunciado deixar a
entender que ainda não houve a audiência preliminar,
incluir, nos pedidos, a designação de audiência preliminar
do artigo 72 da Lei 9.099/95.10
xiii. Observar o prazo decadencial (artigo 38 do CPP c/com artigo 103
do CP) e lembrar que ele começa a correr a partir do
conhecimento da autoria delitiva (ainda que o inquérito policial
respectivo não tenha sido concluído/encerrado).

Questões procedimentais

A queixa-crime é INDIVISÍVEL, de modo que se deve perseguir todos os


autores do crime, art. 48 e 49 do CPP.

O PERDÃO é INDIVISÍVEL – art. 52, CP.

Tanto a renúncia como o perdão poderão se dar de maneira expressa ou tácita.

PEREMPÇÃO - Art. 60.  Nos casos em que somente se procede mediante queixa,


considerar-se-á perempta a ação penal:

I - Quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo


durante 30 dias seguidos;

II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em


juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das
pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;

 III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do


processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas
alegações finais;

IV - Quando, sendo a querelante pessoa jurídica, está se extinguir sem deixar sucessor.

Todas são causas de extinção de punibilidade, como consta no art. 107, IV e V, CP.

constantes dos artigos seguintes.

        Art. 520.  Antes de receber a queixa, o juiz oferecerá às partes oportunidade para se reconciliarem,


fazendo-as comparecer em juízo e ouvindo-as, separadamente, sem a presença dos seus advogados, não se
lavrando termo.

10
Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor do fato e a
vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a
possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não
privativa de liberdade.
ESTRUTURA DA QUEIXA-CRIME11

a) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da …Vara Criminal da Comarca ........


(se crime da competência da Justiça Estadual)
b) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da .....Vara Criminal da Seção Judiciária
de ........(se crime da competência da Justiça Federal)12
c) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do Juizado Especial Criminal da
Comarca de ........(se a infração for de menor potencial ofensivo – Lei 9.099/95)

FULANO DE TAL, nacionalidade..., estado civil, profissão, RG..., residente e


domiciliado...., por seu procurador infra-assinado, mediante procuração com poderes
especiais em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, oferecer
QUEIXA-CRIME, com base nos artigos 30, 41 e 44, ambos do Código de Processo
Penal, e artigo 100, § 2º, do Código Penal, contra CICLANO DE TAL, nacionalidade...,
estado civil..., profissão..., RG..., residente e domiciliado..., pelos fatos e fundamentos
jurídicos a seguir expostos:

I)DOS FATOS13

1º Parágrafo: localizar (data, hora, local)14 e verbo nuclear do tipo


2º Parágrafo: descrever como foi praticado o delito
3º Parágrafo: eventuais agravantes, causas de aumento de pena ou qualificadoras

II) DO DIREITO

Mencionar o fato e atribuir o respectivo tipo penal.

III) PEDIDO
11
OBS 1: Se for ajuizada a queixa-crime perante o Juizado Especial Criminal, formular pedido também
de designação de audiência preliminar ou de conciliação, conforme constou no XV Exame, quando caiu
queixa-crime.

OBS 2: Como regra, a competência para processar e julgar os crimes contra a honra será do Juizado
Especial Criminal (pois a pena máxima é a do crime de calúnia e não supera 2 anos), seguindo o rito lá
disposto;

OBS 3: contudo, havendo concurso de crimes entre calúnia e difamação e/ou injúria será excedida a
competência do JECCrim (a pena máxima superará dois anos), devendo o processo seguir o rito
estabelecido nos arts. 519 e seguintes do CPP.

OBS 4: Jamais esquecer de apresentar o rol de testemunhas (sem inventar nomes e dados. Colocar
somente os fornecidos pelo enunciado).
12
Art. 109 da CF/88 – Competência da Justiça Federal
13
Deve-se narrar o fato criminoso de forma clara, objetiva e detalhada, com todas suas circunstâncias,
sem inventar dados e somente reproduzir o enunciado da questão.
14
Se o enunciado disponibilizar essas informações.
Ante o exposto, requer o querelante:

a) o recebimento da queixa-crime;
b) a citação do querelado;
c) produção de provas, com a oitiva das testemunhas arroladas;
d) a procedência do pedido, com a consequente condenação do querelado nas
penas dos artigos ...do CP;
e) a fixação de valor mínimo de indenização, nos termos do artigo 387, IV, do
CPP.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., data...

ADVOGADO...,
OAB...

ROL DE TESTEMUNHAS: (somente dados fornecidos no enunciado)

1. Nome...
2. Nome...

ESTRUTURA DA QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA

a) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da …Vara Criminal da Comarca


de ........ (Se crime da competência da Justiça Estadual)
b) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da …Vara Criminal da Seção Judiciária
de ........ (se crime da competência da Justiça Federal)15
c) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do …Juizado Especial Criminal da
Comarca de ........(se a infração for de menor potencial ofensivo – Lei 9.099/95)

FULANO DE TAL, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG..., residente


e domiciliado...., por seu procurador infra-assinado, mediante procuração com poderes
especiais em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, oferecer
QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA, com base nos artigos 29, 41 e 44, todos do Código
de Processo Penal, artigo 100, § 3º, do Código Penal e art. 5º, LIX, da Constituição
Federal/88, contra CICLANO DE TAL, nacionalidade..., estado civil..., profissão...,
RG..., residente e domiciliado..., pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos:

15
Art. 109 da CF/88 – Competência da Justiça Federal
I)DOS FATOS1617

1º Parágrafo: localizar e verbo nuclear do tipo


2º Parágrafo: descrever como foi praticado o delito
3º Parágrafo: eventuais agravantes, causas de aumento de pena ou qualificadoras

II) DO DIREITO

Mencionar o fato e atribuir o tipo penal respectivo.

III) PEDIDO

Ante o exposto, requer o querelante:

a) o recebimento da queixa-crime;
b) a citação do querelado;
c) produção de provas, com a oitiva das testemunhas arroladas;
d) a procedência do pedido, com a consequente condenação do querelado nas penas dos
artigos ...do CP;
e) a fixação de valor mínimo de indenização, nos termos do artigo 387, IV, do CPP.

Nestes termos,
Pede deferimento

Local... e data...
______________________
ADVOGADO... OAB...

ROL DE TESTEMUNHAS: (somente dados fornecidos no enunciado)


1. Nome....
2. Nome....

16
Deve-se narrar o fato criminoso de forma clara, objetiva e detalhada, com todas suas circunstâncias,
sem inventar dados e somente reproduzir o enunciado da questão.
17
Fazer referência à inércia do MP

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