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Aula 6

PROCEDIMENTOS

1 - Processo x Procedimento: Conceitos e Importância prática

As fontes normativas do processo e do procedimento são diferentes

Ente autorizado a legislar sobre processo: União (CF, art. 22, I) – competência exclusiva

Ente autorizado a legislar sobre procedimento: União, Estados e DF (CF, art. 24, XI) – competência concorrente
(União edita normas gerais e Estados e DF editam normas específicas – condomínio legislativo)

Processo (Dinamarco): O processo é o instrumento pelo qual o Estado exerce a jurisdição, o autor o direito de ação
e o réu a defesa – quatro elementos fundamentais do processo: processo, jurisdição, ação e defesa.

Procedimento: forma como os atos processuais se combinam no tempo e no espaço - o processo é um conjunto de
atos processuais. Sinônimo de “procedimento”: “rito”.

2 – Fases do Processo

a) Postulatória: acusação e reação defensiva à peça acusatória;

b) Instrutória: audiência una de instrução e julgamento (art. 400, CPP);

c) Decisória: alegações orais e sentença;

O que são alegações orais? As alegações finais são a última (derradeira) manifestação das partes no sentido de
influenciar o convencimento do juiz

d) Fase Recursal:

3 – Classificação dos procedimentos penais

a) procedimentos especiais: são procedimentos com regras próprias de tramitação, utilizados a depender da
presença de certas pessoas ou da natureza do delito. Exemplos: Lei de Drogas (Lei 11.343), procedimento originário
nos Tribunais (Lei 8.038/1990);

b) procedimento comum: o procedimento comum tem aplicação subsidiária, ou seja, será aplicado quando não
houver previsão de procedimento especial para o crime praticado.

Procedimento Comum

1 - Previsão legal: Art. 394 e seguintes do CPP

2 – Procedimento comum ordinário, sumário e sumaríssimo

Art. 394. §1º, do CPP


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Ordinário Pena máxima igual ou superior a 4 anos
Sumário Pena máxima inferior a 4 e superior a 2 anos
IMPO – Infração de Menor Potencial Ofensivo
Sumaríssimo (JECRIM)
(Contravenções e crimes com pena máxima não
superior a 2 anos, cumulada ou não com multa)

* Exceção 1: art. 22, caput, da Lei nº 12.850/2013. → Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infrações penais
conexas serão apurados mediante procedimento ordinário previsto no Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941
(Código de Processo Penal), observado o disposto no parágrafo único deste artigo.

* Exceção 2: art. 41 da Lei Maria da Penha (Lei 11.343/2006) → Art. 41. Aos crimes praticados com violência
doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de
setembro de 1995.

* Concurso de crimes, qualificadoras, privilégios, causas de aumento e de diminuição de pena, agravantes e


atenuantes – somente as situações em negrito são levadas em consideração para definição do procedimento
aplicável

* Quando se estiver diante de causas de aumento e de diminuição de pena, há que aplicar sempre o critério que
forneça a sanção máxima cominada ao delito. Assim, quando se estiver diante de uma causa de aumento, aplica-se o
quantum que mais aumenta a pena. Por outro lado, em se tratando de uma causa de diminuição de pena, o raciocínio
é o inverso, aplicando-se o quantum que menos diminui a pena. Ex.: Crime tentado.

* Conexão entre crime um crime submetido ao rito comum/Tribunal do Júri com Juizado Especial: havendo
conexão e/ou continência entre esses delitos, o desacato (Infração de Menor Potencial Ofensivo – art. 331 do CP)
também será julgado pelo juiz singular do roubo (art. 157 do CP), sem prejuízo da aplicação dos institutos
despenalizadores em relação ao desacato.

O procedimento comum ordinário no Código de Processo Penal é regido pelos artigos 394 a 405 do referido código
e compreende as seguintes fases:

Oferecimento da denúncia/queixa (MP/querelante)  Recebimento da denúncia/queixa-crime pelo juiz 


citação do acusado  Defesa prévia  Audiência de instrução e julgamento  Sentença

Recebimento da denúncia ou queixa-crime pelo juiz:


Nesta fase, o juiz recebe a denúncia ou queixa-crime oferecida pelo Ministério Público ou pelo ofendido,
respectivamente, e determina a citação do acusado para apresentar defesa.

Defesa prévia:
O acusado, citado, apresenta sua defesa prévia, por meio de advogado constituído ou nomeado pela Defensoria
Pública.

Audiência de instrução e julgamento:


É a fase em que se realiza a produção de provas, como o interrogatório do acusado, oitiva das testemunhas, perícias,
juntada de documentos, entre outros. Nesta fase, também são realizados os debates orais entre a acusação e a defesa.

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Sentença:
Após a realização da audiência de instrução e julgamento, o juiz profere sua sentença, absolvendo ou condenando o
acusado.

Apelação:
Caso haja condenação, o acusado poderá recorrer da sentença por meio de apelação, que será julgada por um
tribunal.

Recurso especial e extraordinário:


Caso a apelação seja negada, ainda é possível recorrer aos tribunais superiores, por meio dos recursos especial e
extraordinário, respectivamente.

Execução da pena:
Caso a condenação seja mantida, o acusado inicia o cumprimento da pena imposta pelo juiz.

3 – Juízo de Admissibilidade da peça acusatória (denúncia ou queixa)

3.1 – Momento do recebimento da denúncia

Logo após o oferecimento da peça acusatória, antes da citação (art. 396 do CPP).

3.2 – Rejeição da peça acusatória (art. 395 do CPP)

Conceito: trata-se de um juízo negativo de admissibilidade da peça acusatória.

I) Inépcia da peça acusatória: ocorre que quando não são preenchimento dos requisitos obrigatórios da peça
acusatória previstos no art. 41 do CPP.

II) Ausência dos pressupostos processuais ou das condições da ação

Pressupostos processuais

Espécies de pressupostos processuais:

- Pressupostos processuais de existência

1º Demanda: Peça acusatória


2º Órgão investido de jurisdição
3º Partes que possam estar em juízo

- Pressupostos processuais de validade

1º Originalidade da demanda (ausência de litispendência ou de coisa julgada)


2º Ausência de vícios processuais

III) Falta de justa causa para o exercício da ação penal

Justa causa (conceito): lastro probatório mínimo para a instauração de um processo penal.

* Recurso cabível contra rejeição da peça acusatória: RESE (CPP, art. 581) ou apelação (Jesp, art. 82)

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* Recurso cabível contra o recebimento da peça acusatória: não há.

Obs.: O trancamento do processo poderá ser buscado por Habeas Corpus, se houver risco à liberdade de locomoção,
ou por um mandado de segurança, se não houver risco à liberdade de locomoção.

3.3 – Rejeição da Peça acusatória

Conceito: trata-se de um juízo positivo de admissibilidade da peça acusatória.

3.4 – Interrupção da prescrição

CP. Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;

STF: “(...) O recebimento da denúncia, quando efetuado por órgão judiciário absolutamente incompetente, não se
reveste de eficácia interruptiva da prescrição penal, eis que decisão nula não pode gerar a consequência jurídica a
que se refere o art. 117, I, do Código Penal”. (STF, Pleno, Inq. 1.544 QO/PI, Rel. Min. Celso de Mello, DJ
14/12/2001).

4 – Citação do acusado

Tema trabalhado na aula sobre comunicação dos atos processuais.

Oferecimento da peça acusatória *  Juízo de Admissibilidade  Recebimento da peça acusatória  Citação 


Resposta à Acusação

Material complementar

* para alguns procedimentos especiais, à parte é oportunizado oferecer defesa prévia entre o oferecimento da peça
acusatória e o recebimento da peça acusatória:

- Procedimento originário dos Tribunais (art. 4º da Lei n. 8.038/90)


- Lei de Drogas (art. 55 da Lei n. 11.343/2006)
- JECRIM, onde pode ser apresentada inclusive oralmente (art. 81 Lei 9.099/95)
- Crimes Funcionais Afiançáveis (CPP, Art. 514)

5 – Resposta à acusação

Previsão legal:

CPP, art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa,
oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e
requerendo sua intimação, quando necessário.
§ 1º A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código. (Incluído pela Lei nº
11.719, de 2008).
§ 2º Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará
defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias.

Momento: Depois do recebimento da peça acusatória e após a citação do acusado.

Prazo: 10 dias. Se não for apresentada no prazo legal, o juiz nomeará um defensor para oferecê-la, concedendo-lhe
vista por 10 dias (§2º, art. 396-A)

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Objetivo: convencer o juiz acerca da presença de causa de absolvição sumária (art. 397 do CPP) ou opor exceções,
juntar documentos, especificar provas, apresentar rol de testemunhas, apresentar justificações etc. (art. 396-A CPP).

Indispensabilidade da resposta à acusação:

Revelia: contumácia. Hipótese que citado, o acusado não apresenta resposta à acusação

Consequência:

Efeitos da revelia: Desnecessidade de intimação do acusado para os demais atos processuais, salvo em se tratando
de sentença condenatória ou absolutória imprópria.

CPP
Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato,
deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência, não comunicar o novo
endereço ao juízo.

6 – Absolvição sumária no procedimento comum

CPP. Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver
sumariamente o acusado quando verificar: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade;
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou
IV - extinta a punibilidade do agente.

* Momento: no procedimento comum (art. 397), a absolvição sumária se dá depois da resposta à acusação e antes
da audiência.

Oferecimento da denúncia/queixa (MP/querelante)  Recebimento da denúncia/queixa-crime pelo juiz  Citação


do acusado  Defesa prévia *  Audiência de instrução e julgamento

* Para a absolvição sumária do réu, o juiz deverá ter certeza quanto a uma dessas causas prevista no art. 397 do
CPP.  Já no final do processo, para absolver, basta que o juiz tenha dúvida quanto tipicidade, ilicitude ou
culpabilidade (in dubio pro reo).

Coisa julgada material: A decisão que absolve sumariamente o acusado faz coisa julgada material. Há
enfrentamento do mérito.

Cuidado! No caso de rejeição de peça acusatória, não há coisa julgada material, mas apenas coisa julgada formal,
uma vez que as questões analisadas para a rejeição são de natureza processual (Ex.: inépcia, ausência de
pressupostos, ausência de condições, ausência de justa causa).

Recurso adequado: Como a absolvição sumária é uma verdadeira sentença absolutória, o recurso adequado é a
apelação (art. 593, I), salvo na hipótese do inciso IV, pois, como exposto, a extinção da punibilidade não é
absolvição, sendo o recurso adequado, neste caso, o RESE (art. 581, VIII).

7 – Audiência de Instrução e Julgamento

7.1 – Prazos

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Procedimento comum ordinário: 60 dias (art. 400, CPP)
Procedimento comum sumário: 30 dias (art. 531, CPP)

7.2 – Princípio da Oralidade

Deve se dar preponderância à palavra falada sobre a escrita, sem que esta seja excluída.

7.2.1 – Desdobramentos do princípio da oralidade

a. Concentração: Seria a tentativa de redução do procedimento a uma única audiência.

b. Imediatismo: O juiz deve proceder à colheita de todas as provas, mantendo o contato imediato com elas. O
contato pode ser real ou remoto (videoconferência).

c. Irrecorribilidade das interlocutórias: É necessária para se evitar interrupções no procedimento. Não há como
se realizar uma audiência una se, para toda decisão interlocutória proferida nessa audiência, couber recurso, quiçá
com efeito suspensivo.

Obs.: A irrecorribilidade é apenas no momento da decisão, pois, caso o juiz profira uma decisão teratológica
(absurda), é possível atacá-la em preliminar de futura e eventual apelação. Por isso, importante que se faça constar
em ata o indeferimento. Ainda, podem ser cabíveis os “remédios heroicos” (habeas corpus e mandado de
segurança).

d. Identidade física do Juiz: O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença (art. 399, § 2º, do CPP).

7.3 – Instrução probatória em Audiência

CPP Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias,
proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e
pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos
peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado.
(Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). (...)

7.3.1 - Declarações do ofendido:

Lembre-se: o ofendido não é testemunha, motivo pelo qual não presta compromisso legal de dizer a verdade. Assim,
o ofendido não responde pelo crime de falso testemunho. O ofendido pode responder por outros delitos, como
denunciação caluniosa e calúnia, por exemplo.

7.3.2 - Testemunha da acusação/defesa:

Em regra, procede-se, primeiro, à oitiva de testemunhas da acusação e, depois, à oitiva das testemunhas da defesa.
O Código não autoriza a inversão, salvo quando houver necessidade de precatória (art. 222).

7.3.3 - Esclarecimentos dos Peritos

O laudo pericial deve ser juntado com pelo menos 10 dias de antecedência da audiência una, exatamente porque
esse é o prazo previsto, por lei, para que seja feito o requerimento da oitiva dos peritos.

7.3.4 - Acareações

É um confronto entre quaisquer indivíduos (entre ofendido e testemunhas; entre testemunhas de acusação; entre
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testemunhas de defesa; entre testemunhas e acusado; entre os próprios acusados).

7.3.5 - Interrogatório do acusado

Lembre-se: Aos olhos do Supremo, esse momento para realização do interrogatório deve ser aplicado para todos os
procedimentos legais.

A referida sequência deve ser observada, não apenas no procedimento comum ordinário, mas também em todos os
demais procedimentos.

Para quem quiser aprofundar no tema

A inversão da ordem prevista no art. 400 do CPP, que trata do interrogatório e da oitiva de testemunhas de
acusação e de defesa, não configura nulidade quando o ato for realizado por carta precatória, cuja expedição
não suspende o processo criminal.
Essa tese está parcialmente superada porque os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa exigem
que o interrogatório do réu seja o último ato de instrução.
Nesse sentido:
(...) ao dispor que a expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal, o § 1º do art. 222 do CPP não
autorizou, no meu sentir, a realização de interrogatório do réu em momento diverso do disposto no art. 400 do CPP,
vale dizer, ao final da instrução. Oportuno ressaltar que o art. 222 do CPP está inserido em capítulo do Código de
Processo Penal voltado ao procedimento relacionado às testemunhas (Capítulo VI do Código de Processo Penal -
Das Testemunhas), e não com o interrogatório do acusado.
6. Outrossim, a redação do art. 400 do CPP elenca, claramente, a ordem a ser observada na audiência de instrução e
julgamento, de forma que a alusão expressa ao art. 222, em seu texto, apenas indica a possibilidade de inquirição
de testemunhas, por carta precatória, fora da ordem estabelecida, não permitindo o interrogatório do
acusado antes da inquirição de testemunhas. (...) STJ. 3ª Seção. HC 585.942/MT, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, julgado em 09/12/2020.
 
Assim, o § 1º do art. 222 do CPP até permite a inversão da ordem de inquirição das testemunhas (testemunhas de
defesa podem acabar sendo eventualmente ouvidas antes que as arroladas pela acusação). No entanto, esse
dispositivo não autoriza que o interrogatório seja feito antes da oitiva das testemunhas. Mesmo se aplicarmos o §
1º do art. 222 do CPP, o interrogatório deve ser o último ato de instrução:
A exceção permitida pelo art. 222 do CPP somente se refere à inquirição das testemunhas mediante carta precatória,
não tendo aplicação sobre a colheita do interrogatório do réu, o qual deve ser realizado ao final da instrução de
acordo com o procedimento descrito no art. 400 do CPP. STJ. 5ª Turma. RHC 137.339/MG, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, julgado em 15/12/2020.

Para que se reconheça a nulidade pela inobservância da regra do art. 400 do CPP (interrogatório como
último ato da instrução) é necessária a comprovação de prejuízo? *SIM*. É o entendimento da *5ª Turma do
STJ*: No que tange à pretensão de reconhecimento da nulidade da instrução processual, desde o interrogatório, por
suposta violação do art. 400, do CPP, a 5ª Turma do STJ consolidou o entendimento de que, para se reconhecer
nulidade pela inversão da ordem de interrogatório, é necessário: • que o inconformismo da Defesa tenha sido
manifestado tempestivamente, ou seja, na própria audiência em que realizado o ato, sob pena de preclusão; e • que
seja comprovada a ocorrência de prejuízo que o réu teria sofrido com a citada inversão. STJ. 5ª Turma. AgRg no
AREsp 1573424/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 08/09/2020. *NÃO*. Existe julgado da *6ª
Turma do STJ* nesse sentido: É desnecessária a comprovação de prejuízo para o reconhecimento da nulidade
decorrente da não observância do rito previsto no art. 400 do CPP, o qual determina que o interrogatório do acusado
seja o último ato a ser realizado. Embora, em regra, a decretação da nulidade de determinado ato processual requeira
a comprovação de prejuízo concreto para a parte - em razão do princípio do pas de nullité sans grief -, o prejuízo à
defesa é evidente e corolário da própria inobservância da máxima efetividade das garantias constitucionais do
contraditório e da ampla defesa. STJ. 6ª Turma. REsp 1808389-AM, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
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20/10/2020 (Info 683). *Obs: penso que prevalece a primeira corrente, havendo decisões da própria 6ª Turma do
STJ também exigindo a comprovação do prejuízo* (STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1617950/MG, Rel. Min.
Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 03/11/2020).

A nulidade decorrente da inversão da ordem do interrogatório, prevista no art. 400 do CPP, está sujeita à preclusão e
demanda a demonstração de prejuízo, sendo esta a orientação do Supremo Tribunal Federal. STJ. 3ª Seção. RvCr n.
5.663/DF, relator Ministro Joel Ilan Paciornik, julgado em 11/5/2022.

7.4 – Indeferimento da prova pelo juiz

CPP. Art. 400. (…) § 1o As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as consideradas
irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.

Prova irrelevante: aquela que, apesar de tratar do objeto da demanda, não possui aptidão de influenciar no
julgamento da causa.

Prova impertinente: aquela que não diz respeito ao objeto da causa.

Prova protelatória: aquela que visa apenas ao retardamento do processo.

Renato Brasileiro: O §1º do art. 400 do CPP nada mais é do que o Poder de Polícia do qual é investido o
Magistrado durante o curso do processo. O Poder de Polícia está relacionado ao domínio e ao controle que o juiz
deve exercer na audiência, haja vista que não pode ser um mero expectador, pois, caso contrário, ocorreriam abusos
por parte dos envolvidos no processo, como, por exemplo, desrespeito, atos impertinentes, protelatórios e
irrelevantes. O art. 251 dispõe que “ao juiz incumbirá prover a regularidade do processo”. Portanto, por um lado o
juiz tem que tomar cuidado para não praticar nulidades, por outro, deverá ter o controle do processo, evitando
provas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.

* O indeferimento deve ser fundamentado, para que não haja nulidade. Além disso, o indeferimento deve constar da
ata.

8 – Alegações orais

Conceito (Renato Brasileiro): consistem em ato postulatório das partes que precede a sentença final, no qual o
Ministério Público, o querelante, o advogado do assistente e o defensor devem realizar minuciosa análise dos
elementos probatórios constantes dos autos (...) com o objetivo de influenciar o convencimento do juiz no sentido
da procedência ou improcedência de eventual pedido de condenação do acusado, fornecendo-lhe subsídios para a
sua decisão – Manual de Processo Penal, p. 1.330.

Previsão legal: art. 403 do CPP (regra: forma oral; exceção: forma escrita)

9 - Sentença

Matéria da aula 3

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