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Processo Penal III

Procedimento Especial do Tribunal do Júri


1ª fase

Competência: conduta consequente) não são de

A competência é competência do Júri.

CONSTITUCIONAL. Havendo Latrocínio não é de


conexão ou continência, prevalece a competência do Júri, pois se
competência do júri. trata de crime contra

Crimes dolosos contra a vida: patrimônio;

homicídio; induzimento, instigação EXCEÇÃO ao art. 70 do CPP


ou auxilio a suicídio ou a Art. 70. A competência será, de
automutilação; infanticídio; aborto. regra, determinada pelo lugar em que
 Podem ser tentados ou se consumar a infração, ou, no caso
consumados. de tentativa, pelo lugar em que for

A competência também é entendida praticado o último ato de execução.

como mínima (ao menos os crimes O art. 70 trata da teoria do


dolosos contra a vida devem ser resultado quanto ao lugar da
julgados por ele), podendo haver consumação do crime.
ampliação desse rol. Quando apenas o evento morte ocorre
Os crimes CULPOSOS e em outro local, mas a maioria dos
PRETERDOLOSOS (dolo na atos se deu em outro, há um
conduta antecedente e culpa na entendimento de que o melhor lugar
para processar o crime seria o lugar
onde todos os atos anteriores foram É diferente de ampla defesa
praticados. (autodefesa e defesa técnica), pois a

Composição – órgão heterogêneo: plenitude de defesa alcança questões


extrajurídicas e meta jurídicas (teses
 1 juiz de direito;
mais “absurdas”).
 25 jurados (número mínimo –
2. Sigilo das votações;
15 jurados);
 Conselho de sentença – 7 Os jurados não conversam entre si e
jurados; nem com o mundo exterior. A
incomunicabilidade é uma proteção
O júri é um órgão horizontal, pois
constitucional para o jurado.
não há hierarquia entre o juiz de
direito e os jurados. Hoje em dia (depois da reforma) ao
se atingir a maioria dos votos, já para
Heterogêneo, pois é composto de
de contar.
leigos e juiz togados.
3. Soberania dos veredictos;
Além disso, o júri é temporário, sua
composição sempre muda. O que foi decidido pelo júri não pode
ser modificado pelo juiz togado ou
No Brasil vigora o modelo
pelo Tribunal. Quando o Tribunal dá
TRADICIONAL (o julgamento cabe
provimento a uma apelação, ele não
aos jurados – íntima convicção), e
modifica, mas sim manda o caso
não o modelo ESCABINADO
novamente para julgamento.
(composição de juízes leigos e de
carreira que julgam conjuntamente – Exceção: revisão criminal – em que o
competência militar). Tribunal pode alterar a decisão para
absolvição.
O art. 497 do CPP trata de todas as
atribuições do juiz presidente. 4. Competência para julgamento
dos crimes dolosos contra a
Princípios constitucionais do júri:
vida;
1. Plenitude de defesa;
Modelo escabinado X Modelado § 2o A acusação deverá arrolar
escalonado testemunhas, até o máximo de 8

O modelo escalonado se refere ao (oito), na denúncia ou na queixa.

modelo bifásico do nosso júri: §3o Na resposta, o acusado poderá


judicium accusationis (formação de arguir preliminares e alegar tudo que
culpa ou sumário) + judicium causae. interesse a sua defesa, oferecer

Sujeitos da 1ª fase: documentos e justificações,


especificar as provas pretendidas e
 Juiz de direito;
arrolar testemunhas, até o máximo de
 Promotor;
8 (oito), qualificando-as e requerendo
 Querelante (quando se trata de
sua intimação, quando necessário.
ação penal privada subsidiária
O objetivo dessa resposta a acusação
da pública);
é para evitar que o acusado vá para
 Assistente de acusação;
júri popular.
 Réu e sua defesa;
Art. 407. As exceções serão
Art. 406. O juiz, ao receber a
processadas em apartado, nos termos
denúncia ou a queixa, ordenará a
dos arts. 95 a 112 deste Código.
citação do acusado para responder à
acusação, por escrito, no prazo de 10 Art. 408. Não apresentada a resposta

(dez) dias. no prazo legal, o juiz nomeará


defensor para oferecê-la em até 10
§ 1o O prazo previsto no caput deste
(dez) dias, concedendo-lhe vista dos
artigo será contado a partir do efetivo
autos.
cumprimento do mandado ou do
comparecimento, em juízo, do É obrigatória.

acusado ou de defensor constituído, Aqui há uma peculiaridade, a


no caso de citação inválida ou por previsão de um instituto de réplica.
edital.
Art. 409. Apresentada a defesa, o seguida, o acusado e procedendo-se o
juiz ouvirá o Ministério Público ou o debate.
querelante sobre preliminares e § 1o Os esclarecimentos dos peritos
documentos, em 5 (cinco) dias. dependerão de prévio requerimento e
No total, há dois momentos de de deferimento pelo juiz.
absolvição sumária (art. 397 e 415) + O perito não é testemunha. Ele
absolvição do próprio júri. presta apenas esclarecimentos.
Não havendo preenchimento dos § 2o As provas serão produzidas em
requisitos para absolvição o juiz uma só audiência, podendo o juiz
designará a audiência. indeferir as consideradas irrelevantes,
Art. 410. O juiz determinará a impertinentes ou protelatórias.
inquirição das testemunhas e a Prioridade pela audiência una, o
realização das diligências requeridas que não significa que não pode
pelas partes, no prazo máximo de 10 ser dividida.
(dez) dias. Até mesmo o número de
Os 10 dias são para realizar as vitimas a serem ouvidas pode
diligências e para inquirir as ser limitado pelo juiz.
testemunhas em audiência. § 3o Encerrada a instrução probatória,
Art. 411. Na audiência de instrução, observar-se-á, se for o caso, o
proceder-se-á à tomada de disposto no art. 384 deste Código.
declarações do ofendido, se possível, Mutatio e emendatio libelli são
à inquirição das testemunhas institutos que se aplicam na 1ª
arroladas pela acusação e pela defesa, fase do júri.
nesta ordem, bem como os
Debates – parecido com alegações
esclarecimentos dos peritos, às
finais orais:
acareações e ao reconhecimento de
O MP, em regra, requer a pronúncia.
pessoas e coisas, interrogando-se, em
“Pronúncia: O juiz, ao decidir condução coercitiva de quem deva
pronunciar o acusado, admite a comparecer.
imputação feita e a encaminha para  A condução coercitiva do réu
julgamento perante o Tribunal do só não é possível para o
Júri.” interrogatório.
Já a defesa vai requerer a § 8º A testemunha que comparecer
impronúncia, a desclassificação ou será inquirida, independentemente da
absolvição. suspensão da audiência, observada
§ 4o As alegações serão orais, em qualquer caso a ordem
concedendo-se a palavra, estabelecida no caput deste artigo.
respectivamente, à acusação e à § 9º Encerrados os debates, o juiz
defesa, pelo prazo de 20 (vinte) proferirá a sua decisão, ou o fará em
minutos, prorrogáveis por mais 10 10 (dez) dias, ordenando que os autos
(dez). para isso lhe sejam conclusos.
§ 5o Havendo mais de 1 (um) O §9º marca o encerramento da
acusado, o tempo previsto para a primeira fase do júri.
acusação e a defesa de cada um deles
+ art. 412. O procedimento será
será individual.
concluído no prazo máximo de 90
§ 6o Ao assistente do Ministério (noventa) dias.
Público, após a manifestação deste,
Possíveis decisões que encerram a
serão concedidos 10 (dez) minutos,
1ª fase:
prorrogando-se por igual período o
 Pronúncia (dilatória);
tempo de manifestação da defesa.
Art. 413. O juiz, fundamentadamente,
§ 7o Nenhum ato será adiado, salvo
pronunciará o acusado, se convencido
quando imprescindível à prova
da materialidade do fato e da
faltante, determinando o juiz a
existência de indícios suficientes de anteriormente decretada e,
autoria ou de participação. tratando-se de acusado solto,

§ 1º A fundamentação da pronúncia sobre a necessidade da

limitar-se-á à indicação da decretação da prisão ou

materialidade do fato e da existência imposição de quaisquer das

de indícios suficientes de autoria ou medidas previstas no Título IX

de participação, devendo o juiz do Livro I deste Código.

declarar o dispositivo legal em que Essa decisão não pode ser de

julgar incurso o acusado e especificar oficio.

as circunstâncias qualificadoras e as In dubio pro societate não pode ser


causas de aumento de pena + causa utilizado como justificativa para
de diminuição. decisão de pronúncia (decisão

1. Materialidade; recente).

2. Indício de autoria e "O fato de não se exigir um juízo de


participação; certeza quanto à autoria nessa fase
3. Capitulação (dispositivo não significa legitimar a aplicação da
praticado); máxima in dubio pro societate – que
4. Fiança: § 2o Se o crime for não tem amparo no ordenamento
afiançável, o juiz arbitrará o jurídico brasileiro – e admitir que
valor da fiança para a concessão toda e qualquer dúvida autorize
ou manutenção da liberdade uma pronúncia".
provisória. Hearsay rule/ hearsay testimony –
5. Situação prisional: § 3o O juiz não é possível haver pronúncia com
decidirá, motivadamente, no base, SOMENTE, em testemunho
caso de manutenção, revogação que se baseia em “ouvir dizer”.
ou substituição da prisão ou
Excesso de linguagem e eloquência
medida restritiva de liberdade
acusatória – o juiz não pode, na
pronúncia, exacerbar a linguagem de indícios suficientes de autoria ou
para dizer que o réu é culpado. Se o de participação, o juiz,
fizer, a decisão deve ser ANULADA, fundamentadamente, impronunciará o
determinando-se que outra seja acusado.
prolatada, não bastando o Parágrafo único. Enquanto não
desentranhamento e envelopamento. ocorrer a extinção da punibilidade,
Art. 420. A intimação da decisão de poderá ser formulada nova denúncia
pronúncia será feita: ou queixa se houver prova nova.

I – Pessoalmente ao acusado, ao A decisão de impronúncia não faz


defensor nomeado e ao Ministério coisa julgada material, mas sim
Público; formal.

II – Ao defensor constituído, ao Há uma análise de standard


querelante e ao assistente do probatório para declarar a
Ministério Público, na forma do impronúncia.
disposto no § 1o do art. 370 deste Recurso cabível: apelação.
Código.
 Desclassificação (dilatória);
Parágrafo único. Será intimado por
Art. 419. Quando o juiz se
edital o acusado solto que não for
convencer, em discordância com a
encontrado.
acusação, da existência de crime
Recurso cabível: RESE. diverso dos referidos no § 1º do art.
 Impronúncia (peremptória); 74 deste Código e não for competente

É uma decisão em que o juiz constata para o julgamento, remeterá os autos

que NÃO há indícios de autoria ou de ao juiz que o seja.

materialidade. Parágrafo único. Remetidos os autos

Art. 414. Não se convencendo da do processo a outro juiz, à disposição

materialidade do fato ou da existência deste ficará o acusado preso.


A desclassificação é diferente quando I – Provada a inexistência do fato;
ocorre na 1ª fase e quando ocorre na II – Provado não ser ele autor ou
2ª. partícipe do fato;
Desclassificar não significa “aliviar” III – O fato não constituir infração
para crime mais leve, mas sim apenas penal;
classificar para crime diverso ou não
IV – Demonstrada causa de isenção
doloso contra a vida.
de pena ou de exclusão do crime.
Desclassificação própria:
Parágrafo único. Não se aplica o
desclassifica para crime não doloso
disposto no inciso IV do caput deste
contra a vida. Ex. homicídio para
artigo ao caso de inimputabilidade
latrocínio.
prevista no caput do art. 26 do
Desclassificação imprópria: Decreto-Lei no 2.848, de 7 de
desclassifica para outro crime doloso dezembro de 1940 – Código Penal,
contra a vida. Ex. infanticídio para salvo quando esta for a única tese
aborto. defensiva.
Recurso cabível: RESE Art. 417. Se houver indícios de
(desclassificação própria). autoria ou de participação de outras
 Absolvição sumária; pessoas não incluídas na acusação, o

A primeira hipótese de absolvição juiz, ao pronunciar ou impronunciar o

sumária, para alguns seria a do art. acusado, determinará o retorno dos

397 do CPP – pós réplica, segundo o autos ao Ministério Público, por 15

art. 394, §4º do CPP. (quinze) dias, aplicável, no que


couber, o art. 80 deste Código.
A segunda seria a do art. 415 do CPP:
Semelhante a mutatio libelli.
Art. 415. O juiz,
fundamentadamente, absolverá desde Art. 418. O juiz poderá dar ao fato

logo o acusado, quando: definição jurídica diversa da


constante da acusação, embora o
acusado fique sujeito a pena mais
grave.

Semelhante a emendatio libelli.


Pronuncia corrigindo a
capitulação jurídica.

Recurso cabível: apelação.

Art. 421. Preclusa a decisão de


pronúncia, os autos serão
encaminhados ao juiz presidente do
Tribunal do Júri.

§ 1o Ainda que preclusa a decisão de


pronúncia, havendo circunstância
superveniente que altere a
classificação do crime, o juiz
ordenará a remessa dos autos ao
Ministério Público.

Ex. ocorre toda a primeira fase como


tentativa de homicídio, mas ao chegar
ao final a vítima morre.

§ 2o Em seguida, os autos serão


conclusos ao juiz para decisão.

Preparação para o julgamento


2ª fase

Art. 422. Ao receber os autos, o II – Fará relatório sucinto do


presidente do Tribunal do Júri processo, determinando sua inclusão
determinará a intimação do órgão do em pauta da reunião do Tribunal do
Ministério Público ou do querelante, Júri.
no caso de queixa, e do defensor, Podemos entender como uma
para, no prazo de 5 (cinco) dias, decisão de saneamento.
apresentarem rol de testemunhas que
Feito o relatório a próxima etapa é
irão depor em plenário, até o máximo
mandar para o julgamento. Há uma
de 5 (cinco), oportunidade em que
preferência entre aqueles que serão
poderão juntar documentos e requerer
julgados (art. 429 do CPP):
diligência.
1. Presos;
Prazo: 5 dias;
2. Dentre os presos, aqueles que
Número de testemunhas: 5 para cada estiverem há mais tempo na
réu e cada fato. prisão;
Art. 423. Deliberando sobre os 3. Em igualdade de condições,
requerimentos de provas a serem os precedentemente
produzidas ou exibidas no plenário do pronunciados.
júri, e adotadas as providências O assistente de acusação deve se
devidas, o juiz presidente: habilitar no prazo de 5 dias antes da
I – Ordenará as diligências sessão (art. 430 do CPP).
necessárias para sanar qualquer Art. 438. A recusa ao serviço do júri
nulidade ou esclarecer fato que fundada em convicção religiosa,
interesse ao julgamento da causa; filosófica ou política importará no
dever de prestar serviço alternativo,
sob pena de suspensão dos direitos Requisitos: interesse de ordem
políticos, enquanto não prestar o pública (tumulto); duvida sobre a
serviço imposto. imparcialidade do júri; duvida sobre a

§ 1o Entende-se por serviço segurança pessoal do acusado;

alternativo o exercício de atividades excesso de serviço, se o júri não

de caráter administrativo, assistencial, puder ser realizado no prazo de 6

filantrópico ou mesmo produtivo, no meses contado da preclusão da

Poder Judiciário, na Defensoria decisão de pronúncia (art. 428).

Pública, no Ministério Público ou em A última hipótese é uma


entidade conveniada para esses fins. possibilidade, não significa que

§ 2o O juiz fixará o serviço alternativo por conta de tal motivo haverá

atendendo aos princípios da desaforamento.

proporcionalidade e da razoabilidade. Os sujeitos passiveis de requerer o

Desaforamento: desaforamento são: o MP; o


assistente; o querelante; acusado; juiz
Art. 427. Se o interesse da ordem
competente.
pública o reclamar ou houver dúvida
sobre a imparcialidade do júri ou a Quem julga o desaforamento NÃO é

segurança pessoal do acusado, o o juiz de direito, mas sim o Tribunal

Tribunal, a requerimento do respectivo.

Ministério Público, do assistente, do O pedido de desaforamento possui


querelante ou do acusado ou preferencia de julgamento. O relator
mediante representação do juiz PODE determinar a suspensão do
competente, poderá determinar o julgamento, se acreditar que há
desaforamento do julgamento para motivos relevantes.
outra comarca da mesma região, onde Procedimento:
não existem aqueles motivos,
preferindo-se as mais próximas.
§ 1o O pedido de desaforamento será Não é possível a escolha da Comarca
distribuído imediatamente e terá no pedido de desaforamento.
preferência de julgamento na Câmara Acolhido o pedido, a competência
ou Turma competente. será deslocada para outra Comarca da
§ 2o Sendo relevantes os motivos mesma região.
alegados, o relator poderá determinar, No âmbito da Justiça Estadual, não é
fundamentadamente, a suspensão do possível determinar o desaforamento
julgamento pelo júri. para outro Estado.
§ 3o Será ouvido o juiz presidente, O que seria o reaforamento? É
quando a medida não tiver sido por possível? Seria o retorno dos autos a
ele solicitada. Comarca de origem, em razão de ter
§ 4º Na pendência de recurso contra a cessado os motivos que levaram ao
decisão de pronúncia ou quando desaforamento.
efetivado o julgamento, não se A resposta é NÃO, não há previsão
admitirá o pedido de desaforamento, legal pra isso (doutrina minoritária
salvo, nesta última hipótese, quanto a defende).
fato ocorrido durante ou após a
O julgamento em plenário:
realização de julgamento anulado.
Quando o MP não comparece:
Há entendimento de que se deve
Art. 455. Se o Ministério Público não
ouvir a parte contraria acerca do
comparecer, o juiz presidente adiará o
pedido de desaforamento.
julgamento para o primeiro dia
Súmula 712 do STF: é nula a decisão
desimpedido da mesma reunião,
que determina o desaforamento de
cientificadas as partes e as
processo da competência do Júri sem
testemunhas.
audiência da defesa.
Parágrafo único. Se a ausência não
for justificada, o fato será
imediatamente comunicado ao Art. 457. O julgamento não será
Procurador-Geral de Justiça com a adiado pelo não comparecimento do
data designada para a nova sessão. acusado solto, do assistente ou do

Quando o advogado não advogado do querelante, que tiver

comparece: sido regularmente intimado.

Art. 456. Se a falta, sem escusa Quando o acusado preso não

legítima, for do advogado do comparecer:

acusado, e se outro não for por este § 1o Os pedidos de adiamento e as


constituído, o fato será imediatamente justificações de não comparecimento
comunicado ao presidente da deverão ser, salvo se comprovado
seccional da Ordem dos Advogados motivo de força maior, previamente
do Brasil, com a data designada para submetidos à apreciação do juiz
a nova sessão. presidente do Tribunal do Júri.

§ 1o Não havendo escusa legítima, o § 2o Se o acusado preso não for


julgamento será adiado somente uma conduzido, o julgamento será adiado
vez, devendo o acusado ser julgado para o primeiro dia desimpedido da
quando chamado novamente. mesma reunião, salvo se houver

§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo, pedido de dispensa de

o juiz intimará a Defensoria Pública comparecimento subscrito por ele e

para o novo julgamento, que será seu defensor.

adiado para o primeiro dia Exceção.


desimpedido, observado o prazo Quando a testemunha não
mínimo de 10 (dez) dias. comparece:
Quando o acusado solto não Art. 461. O julgamento não será
comparecer: adiado se a testemunha deixar de
comparecer, salvo se uma das partes
tiver requerido a sua intimação por Art. 462. Realizadas as diligências
mandado, na oportunidade de que referidas nos arts. 454 a 461 deste
trata o art. 422 deste Código, Código, o juiz presidente verificará se
declarando não prescindir do a urna contém as cédulas dos 25
depoimento e indicando a sua (vinte e cinco) jurados sorteados,
localização. mandando que o escrivão proceda à

Cláusula de chamada deles.

imprescindibilidade. Art. 463. Comparecendo, pelo

§ 1o Se, intimada, a testemunha não menos, 15 (quinze) jurados, o juiz

comparecer, o juiz presidente presidente declarará instalados os

suspenderá os trabalhos e mandará trabalhos, anunciando o processo que

conduzi-la ou adiará o julgamento será submetido a julgamento.

para o primeiro dia desimpedido, A complementação dos jurados por


ordenando a sua condução. outros jurados de plenários do mesmo

§ 2o O julgamento será realizado Tribunal não enseja nulidade.

mesmo na hipótese de a testemunha Recusas:


não ser encontrada no local indicado,  Motivadas – não possuem
se assim for certificado por oficial de limite. Ex. “a acusação recusa,
justiça. pois, o jurado é amigo íntimo
Não havendo a cláusula de do réu”. Arts. 252 a 254 do
imprescindibilidade e a testemunha CPP.
tiver faltado, prossegue-se o rito.  Peremptórias, ex. “A acusação
recusa”.

Composição do conselho de Art. 468. À medida que as cédulas


sentença: forem sendo retiradas da urna, o juiz
presidente as lerá, e a defesa e, depois
dela, o Ministério Público poderão
recusar os jurados sorteados, até 3 se, e, com ele, todos os presentes, fará
(três) cada parte, sem motivar a aos jurados a seguinte exortação:
recusa. Em nome da lei, concito-vos a
examinar esta causa com
imparcialidade e a proferir a vossa
decisão de acordo com a vossa
Estouro de urnas:
consciência e os ditames da justiça.
Art. 469. Se forem 2 (dois) ou mais
Os jurados, nominalmente chamados
os acusados, as recusas poderão ser
pelo presidente, responderão:
feitas por um só defensor.
Assim o prometo.
§ 1o A separação dos julgamentos
somente ocorrerá se, em razão das Parágrafo único. O jurado, em

recusas, não for obtido o número seguida, receberá cópias da pronúncia

mínimo de 7 (sete) jurados para ou, se for o caso, das decisões

compor o Conselho de Sentença posteriores que julgaram admissível a


acusação e do relatório do processo.
§ 2o Determinada a separação dos
julgamentos, será julgado em Após:

primeiro lugar o acusado a quem foi 1. Tomada de declaração do


atribuída a autoria do fato ou, em ofendido, se possível;
caso de co-autoria, aplicar-se-á o 2. Testemunhas de acusação (5);
critério de preferência disposto no art. 3. Testemunhas de defesa (5);
429 deste Código. 4. Acareações;

Após, formado o Conselho de 7 5. Reconhecimento de pessoas e

jurados, ocorrerá: coisas;


6. Esclarecimentos dos peritos;
Art. 472. Formado o Conselho de
7. Leitura de peças (não é mais
Sentença, o presidente, levantando-
obrigatório – sendo necessário
que essas peças se refiram às § 2o Os jurados formularão perguntas
provas colhidas por carta por intermédio do juiz presidente.
precatória e às provas § 3o Não se permitirá o uso de
cautelares, antecipadas ou não algemas no acusado durante o
repetíveis); período em que permanecer no
8. Interrogatório do réu. plenário do júri, salvo se
Direct examination: exceto no absolutamente necessário à ordem
interrogatório, as partes perguntam dos trabalhos, à segurança das
direto para a parte questionada. Por testemunhas ou à garantia da
último, se for o caso, o juiz integridade física dos presentes.
complementa. Do respeito à dignidade:
No interrogatório do réu é o juiz que Art. 474-A. Durante a instrução em
deve começar perguntando. plenário, todas as partes e demais
Os jurados somente perguntam por sujeitos processuais presentes no ato
intermédio do juiz presidente (art. deverão respeitar a dignidade da
473, §3º do CPP). vítima, sob pena de responsabilização

Art. 474. A seguir será o acusado civil, penal e administrativa, cabendo

interrogado, se estiver presente, na ao juiz presidente garantir o

forma estabelecida no Capítulo III do cumprimento do disposto neste

Título VII do Livro I deste Código, artigo, vedadas:

com as alterações introduzidas nesta I – A manifestação sobre


Seção. circunstâncias ou elementos alheios

§ 1o O Ministério Público, o aos fatos objeto de apuração nos

assistente, o querelante e o defensor, autos;

nessa ordem, poderão formular, II - A utilização de linguagem, de


diretamente, perguntas ao acusado. informações ou de material que
ofendam a dignidade da vítima ou de Havendo mais de um
testemunhas. defensor/acusador para o mesmo

Dos debates: acusado:

Tempo: 1 hora e meia para cada. O tempo será dividido. Será de 2


horas e meia – dividido entre o
O MP pode pedir a
acusador ou defensor (art. 474, §1º).
absolvição/desclassificação nessa
fase, não cabendo ao juiz declarar a Somente se não houver acordo

sociedade indefesa. entre eles é que o juiz deverá


dividir o tempo.
Os limites da acusação são decididos
pela decisão de pronúncia. Havendo mais de um acusado:

Art. 476. Encerrada a instrução, será O tempo para acusação e defesa será

concedida a palavra ao Ministério acrescida de uma hora (2 horas e

Público, que fará a acusação, nos meia) e elevado o dobro da réplica (2

limites da pronúncia ou das decisões horas) e da tréplica (2 horas) (art.

posteriores que julgaram admissível a 474, §2º do CPP).

acusação, sustentando, se for o caso, Art. 478. Durante os debates as


a existência de circunstância partes não poderão, sob pena de
agravante. nulidade, fazer referências:

§ 1o O assistente falará depois do I – À decisão de pronúncia, às


Ministério Público. decisões posteriores que julgaram

Réplica e tréplica: admissível a acusação ou à

o
determinação do uso de algemas
§ 4 A acusação poderá replicar e a
como argumento de autoridade que
defesa treplicar, sendo admitida a
beneficiem ou prejudiquem o
reinquirição de testemunha já ouvida
acusado;
em plenário.

Tempo: 1 hora para réplica e tréplica.


II – Ao silêncio do acusado ou à antecedência mínima de 3 (três) dias
ausência de interrogatório por falta de úteis, dando-se ciência à outra parte.
requerimento, em seu prejuízo. Parágrafo único. Compreende-se na
A decisão de pronúncia ou o uso de proibição deste artigo a leitura de
algemas não pode ser utilizada como jornais ou qualquer outro escrito, bem
argumento de autoridade. como a exibição de vídeos,

O réu possui direito ao silêncio, gravações, fotografias, laudos,

portanto, não pode ser utilizado para quadros, croqui ou qualquer outro

prejudicá-lo (art. 198 CPP não foi meio assemelhado, cujo conteúdo

recepcionado pela CF/88). versar sobre a matéria de fato


submetida à apreciação e julgamento
Portanto, podemos extrair alguns
dos jurados.
limites:
Após esse momento se iniciará a
1. Utilização da pronúncia como
fase de produção dos quesitos.
elemento de autoridade;
2. Uso de algemas quando não Os jurados são perguntados somente

necessário; sobre matérias de fato (ex. se o crime

3. Silêncio do réu ou ausência no ocorreu ou não), bem como se o réu

interrogatório como maneira de pode ser absolvido.

prejudicá-lo. Art. 482. O Conselho de Sentença

Apesar da soberania dos veredictos e será questionado sobre matéria de

da íntima convicção o debate DEVE fato e se o acusado deve ser

respeitar esses limites. absolvido.

Art. 479. Durante o julgamento não Parágrafo único. Os quesitos serão

será permitida a leitura de documento redigidos em proposições afirmativas,

ou a exibição de objeto que não tiver simples e distintas, de modo que cada

sido juntado aos autos com a um deles possa ser respondido com
suficiente clareza e necessária
precisão. Na sua elaboração, o § 1o A resposta negativa, de mais de 3
presidente levará em conta os termos (três) jurados, a qualquer dos quesitos
da pronúncia ou das decisões referidos nos incisos I e II
posteriores que julgaram admissível a do caput deste artigo encerra a
acusação, do interrogatório e das votação e implica a absolvição do
alegações das partes. acusado.

Ex. no dia X a vítima foi atingida por Quesitos I e II não são cumulativos!
tiro? Primeiro será sempre a Se mais de 3 respondem NÃO ao
materialidade, depois a autoria. primeiro quesito, se encerra a

Art. 483. Os quesitos serão votação, o mesmo ocorre com o

formulados na seguinte ordem, quesito II.

indagando sobre: Se o réu responde a vários crimes

I – A materialidade do fato; será feita várias séries de quesitos.

II – A autoria ou participação; § 2o Respondidos afirmativamente


por mais de 3 (três) jurados os
III – Se o acusado deve ser absolvido;
quesitos relativos aos incisos I e II
(Quesito genérico – apesar do
do caput deste artigo será formulado
crime ter existido e a autoria ter
quesito com a seguinte redação:
sido confirmada, o réu pode ser
O jurado absolve o acusado?
absolvido aqui).
Esse quesito é o ápice da íntima
IV – Se existe causa de diminuição de
convicção.
pena alegada pela defesa;
§ 3º Decidindo os jurados pela
V – Se existe circunstância
condenação, o julgamento prossegue,
qualificadora ou causa de aumento de
devendo ser formulados quesitos
pena reconhecidas na pronúncia ou
sobre:
em decisões posteriores que julgaram
admissível a acusação.
I – Causa de diminuição de pena Ao terminar de formular os
alegada pela defesa; quesitos, o juiz deve ler para as

II – Circunstância qualificadora ou partes e perguntar se estão de

causa de aumento de pena, acordo (art. 484 do CPP).

reconhecidas na pronúncia ou em Parágrafo único. Ainda em plenário,


decisões posteriores que julgaram o juiz presidente explicará aos
admissível a acusação; jurados o significado de cada quesito.

Desclassificação feita no Depois da formulação dos quesitos


julgamento pelos jurados: os jurados serão dirigidos a sala

§ 4o Sustentada a desclassificação da especial a fim de ser procedida a

infração para outra de competência votação. Na falta de sala especial o

do juiz singular, será formulado juiz determinará que o público se

quesito a respeito, para ser retire, não sendo permitida

respondido após o 2o (segundo) ou qualquer intervenção que possa

3o (terceiro) quesito, conforme o influenciá-los (art. 485, §1º e 2º).

caso. Art. 486. Antes de proceder-se à

Alegada a desclassificação o juiz votação de cada quesito, o juiz

também deve quesitar sobre isso. Ex. presidente mandará distribuir aos

assim agindo, o réu quis matar a jurados pequenas cédulas, feitas de

vítima? papel opaco e facilmente dobráveis,


contendo 7 (sete) delas a palavra sim,
§ 6o Havendo mais de um crime ou
7 (sete) a palavra não.
mais de um acusado, os quesitos
serão formulados em séries distintas. Votação:

Art. 489. As decisões do Tribunal do


Júri serão tomadas por maioria de
votos.
Art. 490. Se a resposta a qualquer c) imporá os aumentos ou
dos quesitos estiver em contradição diminuições da pena, em atenção às
com outra ou outras já dadas, o causas admitidas pelo júri;
presidente, explicando aos jurados em  Inconstitucionalidade do
que consiste a contradição, submeterá dispositivo 492, e.
novamente à votação os quesitos a
Absolutório – art. 492, segunda parte:
que se referirem tais respostas.
a) mandará colocar em liberdade o
Parágrafo único. Se, pela resposta
acusado se por outro motivo não
dada a um dos quesitos, o presidente
estiver preso;
verificar que ficam prejudicados os
b) revogará as medidas restritivas
seguintes, assim o declarará, dando
provisoriamente decretadas;
por finda a votação.
c) imporá, se for o caso, a medida de
Não se pode permitir a
segurança cabível;
contradição.
Em caso de desclassificação:
Sentença:
§ 1o Se houver desclassificação da
Há a possibilidade de o júri ser:
infração para outra, de competência
Condenatório: relatório + decisão
do juiz singular, ao presidente do
soberana dos jurados + dosimetria da
Tribunal do Júri caberá proferir
pena.
sentença em seguida, aplicando-se,
Critério trifásico – art. 492 do CPP: quando o delito resultante da nova
a) fixará a pena-base; tipificação for considerado pela lei

b) considerará as circunstâncias como infração penal de menor

agravantes ou atenuantes alegadas potencial ofensivo, o disposto

nos debates; nos arts. 69 e seguintes da Lei


no 9.099, de 26 de setembro de 1995.
§ 2o Em caso de desclassificação, o no entanto, se for na 2ª fase, o próprio
crime conexo que não seja doloso juiz presidente deverá julgar.
contra a vida será julgado pelo juiz Súmula 160 do STF: é nula a decisão
presidente do Tribunal do Júri, do Tribunal que acolhe, contra o réu,
aplicando-se, no que couber, o nulidade não arguida no recurso da
disposto no § 1o deste artigo. acusação, ressalvados os casos de
Se a desclassificação ocorre na 1ª recurso de ofício.
fase o juiz remete para a vara comum,

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