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MATERIAL DE APOIO

Disciplina: Direito Processual Penal


Professor: Paulo Henrique Fuller
Aulas: 09 e 10

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

COMPETÊNCIA
1. Competência por prerrogativas de função
2. Competência Territorial

COMPETÊNCIA

1. Competência por prerrogativas de função (continuação)

Cessação da função/mandato: a prerrogativa acompanha a função e não a pessoa. Dessa forma, cessando a
função/mandato, cessa a competência originária dos tribunais. Remete-se, portanto, ao 1º grau. Houve o
cancelamento da antiga Súmula 394/STF, que dizia o oposto. As ADIs 2797 e 2860 declararam
inconstitucionais os §§ 1º e 2º do art. 84 do CPP.

2. Competência Territorial: (ratione locci/competência de foro/ circunscrição territorial). Tratando-se de Justiça


Comum Estadual, fala-se em comarca, e tratando-se de Justiça Comum Federal, fala-se em seção judiciária
(dividindo-se em subseções judiciárias, quando houver).

No processo penal, adota-se como foro geral o local da consumação - art. 70, caput do CPP. Adota-se a
Teoria do Resultado, que elege como critério o local da consumação e não da conduta. Esse critério foi
adotado por uma questão de facilitação de prova (vestígios materiais do fato mais acessíveis, facilita a
realização de prova pericial, exame de corpo de delito, etc.).

Para memorizar: lembrar da expressão LUTA: quanto ao Lugar (jurisdição


brasileira ou estrangeira), adota-se a Teoria da Ubiquidade. Quanto ao
Tempo do crime, adota-se a Teoria da Atividade. DIZ RESPEITO AO DIREITO
PENAL.

Tratando-se PROCESSO PENAL, utiliza-se a Teoria do Resultado para definir


a competência territorial.

Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em


que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em
que for praticado o último ato de execução.

Quando o local da consumação for desconhecido, utiliza-se o foro subsidiário/supletivo, previsto no art. 72
do CPP. Será o domicílio ou residência do réu.

Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência


regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu.

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CARREIRAS JURÍDICAS
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§ 1o Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-
á pela prevenção.
§ 2o Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu
paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento
do fato.

 Atenção: Diferentemente, na ação penal privada exclusiva/propriamente dita, respeita-se o critério do


foro de opção/escolha (não se trata de foro de eleição, da esfera civil). Poderá optar entre o local da
consumação ou, ainda, domicílio ou residência do réu – art. 73/CPP.

“Se se tratar de ação penal privada subsidiária da pública não haverá direito de opção/escolha, pois
nesta deve ser observada a regra de preferencia da ação penal pública (local da consumação)”.

Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá


preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando
conhecido o lugar da infração.

 Crime continuado: casos de infração permanente ou continuada (a consumação é permanente). A


consumação se protrai no tempo. Exemplo: extorsão mediante sequestro (art. 159/CP). Todas as
comarcas onde a consumação se protraiu serão igualmente competentes, respeitado o critério de
prevenção. Art. 71 CPP.

Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente,


praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência
firmar-se-á pela prevenção.

 Questões importantes:

1. Cheques:
 Cheque sem provisão de fundos: (art. 171, §2º, VI, CP): será competente o local da recusa –
Súmula 244/STJ;
 Cheque falsificado (art. 171, caput, CP): será competente o local da obtenção da vantagem –
Súmula 521/STF;

Súmula 244/STJ: Compete ao foro do local da recusa processar e


julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de
fundos.

Súmula 521/STF: O foro competente para o processo e julgamento


dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de
cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do
pagamento pelo sacado.

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Súmula 48/STJ: Compete ao Juízo do local da obtenção da vantagem
ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante
falsificação de cheque.

2. Contrabando ou descaminho: (art. 334 e 334-A do CP) Súmula 151/STJ – a competência será de onde
ocorrer a apreensão dos bens (questão de facilidade de obtenção de provas).
Súmula 151/STJ: A competência para o processo e julgamento por
crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do
Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens.

3. Tráfico de drogas internacional: competência da Justiça Federal. Envolve remessa do exterior pela
via postal. Competência será do local da apreensão.

Súmula 528/STJ: Compete ao juiz federal do local da apreensão da


droga remetida do exterior pela via postal processar e julgar o crime
de tráfico internacional.

4. Homicídio doloso: processa-se no local da conduta e não da consumação. É adotada a Teoria do


Esboço do Resultado. Essa teoria foi construída por Fernando de Almeida Pedroso e é usualmente
empregada em crime de homicídio doloso. Se a morte se esboçou em São Paulo, por exemplo, é
como se ali houvesse se consumado o resultado. O fato de a morte ter se consumado efetivamente
em outra comarca foi algo ocasional, que nada tem a ver com o contexto da infração penal.

3. Competência territorial do JECRIM: próxima aula.

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