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MATERIAL DE APOIO

Disciplina: Direito Administrativo


Professor: Celso Spitzcovsky
Aulas: 03 e 04

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

REGIME JURÍDICO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


1. Princípios

REGIME JURÍDICO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1. Princípios:

1.1. Princípios expressos: continuação

a. Princípio da Legalidade:
Aulas 01 e 02
b. Princípio da Impessoalidade:

c. Princípio da Moralidade: o Administrador é obrigado a praticar um governo honesto, probo, ético.

A Constituição se refere à moralidade administrativa, ou seja, aquela intimamente relacionada ao


interesse público.

Atos imorais são sinônimos de atos inconstitucionais. Existe uma espécie qualificada de imoralidade,
denominada de improbidade administrativa.

Improbidade é sinônimo de desonestidade na esfera administrativa. O dolo é elemento em comum


de todos os atos de improbidade.

d. Princípio da Publicidade: trata-se da obrigação atribuída à Administração de manter transparência


em relação a todos os seus atos e a todas as informações armazenadas em seus bancos de dados.

Art. 5º, XXXIII/CF: dispõe que todos possuem o direito de receber dos órgãos públicos as informações
de seu interesse particular/coletivo/geral, que serão prestadas nos prazos legais, sob pena de
responsabilidade, salvo nos casos de informações sigilosas. Vejamos:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(....)
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações
de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que

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serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado;

A Lei de Acesso às Informações Públicas (Lei 12.527/11) complementa o dispositivo constitucional


acima citado:
 Art. 10: trata da legitimidade para solicitar as informações;
 Art. 11: estabelece prazo para a prestação das informações (prazo imediato);
 Art. 32 e 33: trata da responsabilidade por prestação de informações ineficiente ou fora do
prazo. Nestas situações, se configurado dolo, gera situação de improbidade administrativa;
 Art. 24: informações ultrassecretas (25 anos), secretas (15 anos) e reservadas (05 anos).

Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de acesso a


informações aos órgãos e entidades referidos no art. 1o desta Lei,
por qualquer meio legítimo, devendo o pedido conter a identificação
do requerente e a especificação da informação requerida.
§ 1o Para o acesso a informações de interesse público, a
identificação do requerente não pode conter exigências que
inviabilizem a solicitação.
§ 2o Os órgãos e entidades do poder público devem viabilizar
alternativa de encaminhamento de pedidos de acesso por meio de
seus sítios oficiais na internet.
§ 3o São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos
determinantes da solicitação de informações de interesse público.

Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou conceder o


acesso imediato à informação disponível.
§ 1o Não sendo possível conceder o acesso imediato, na forma
disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o pedido deverá,
em prazo não superior a 20 (vinte) dias:
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta, efetuar
a reprodução ou obter a certidão;
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou parcial,
do acesso pretendido; ou
III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for do seu
conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda,
remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o
interessado da remessa de seu pedido de informação.
§ 2o O prazo referido no § 1o poderá ser prorrogado por mais 10
(dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual será cientificado o
requerente.
§ 3o Sem prejuízo da segurança e da proteção das informações e do
cumprimento da legislação aplicável, o órgão ou entidade poderá
oferecer meios para que o próprio requerente possa pesquisar a
informação de que necessitar.
§ 4o Quando não for autorizado o acesso por se tratar de informação
total ou parcialmente sigilosa, o requerente deverá ser informado
sobre a possibilidade de recurso, prazos e condições para sua

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interposição, devendo, ainda, ser-lhe indicada a autoridade
competente para sua apreciação.
§ 5o A informação armazenada em formato digital será fornecida
nesse formato, caso haja anuência do requerente.
§ 6o Caso a informação solicitada esteja disponível ao público em
formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro meio de acesso
universal, serão informados ao requerente, por escrito, o lugar e a
forma pela qual se poderá consultar, obter ou reproduzir a referida
informação, procedimento esse que desonerará o órgão ou entidade
pública da obrigação de seu fornecimento direto, salvo se o
requerente declarar não dispor de meios para realizar por si mesmo
tais procedimentos.

Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam responsabilidade


do agente público ou militar:
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos desta Lei,
retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornecê-la
intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa;
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, inutilizar,
desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, informação que
se encontre sob sua guarda ou a que tenha acesso ou conhecimento
em razão do exercício das atribuições de cargo, emprego ou função
pública;
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de acesso à
informação;
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir acesso
indevido à informação sigilosa ou informação pessoal;
V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou de
terceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido por si ou
por outrem;
VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente
informação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou em prejuízo
de terceiros; e
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos
concernentes a possíveis violações de direitos humanos por parte de
agentes do Estado.
§ 1o Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa e do
devido processo legal, as condutas descritas no caput serão
consideradas:
I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças Armadas,
transgressões militares médias ou graves, segundo os critérios neles
estabelecidos, desde que não tipificadas em lei como crime ou
contravenção penal; ou
II - para fins do disposto na Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990,
e suas alterações, infrações administrativas, que deverão ser
apenadas, no mínimo, com suspensão, segundo os critérios nela
estabelecidos.

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§ 2o Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou agente
público responder, também, por improbidade administrativa,
conforme o disposto nas Leis nos 1.079, de 10 de abril de 1950, e
8.429, de 2 de junho de 1992.

Art. 33. A pessoa física ou entidade privada que detiver informações


em virtude de vínculo de qualquer natureza com o poder público e
deixar de observar o disposto nesta Lei estará sujeita às seguintes
sanções:
I - advertência;
II - multa;
III - rescisão do vínculo com o poder público;
IV - suspensão temporária de participar em licitação e impedimento
de contratar com a administração pública por prazo não superior a 2
(dois) anos; e
V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
administração pública, até que seja promovida a reabilitação perante
a própria autoridade que aplicou a penalidade.
§ 1o As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão ser aplicadas
juntamente com a do inciso II, assegurado o direito de defesa do
interessado, no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias.
§ 2o A reabilitação referida no inciso V será autorizada somente
quando o interessado efetivar o ressarcimento ao órgão ou entidade
dos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada
com base no inciso IV.
§ 3o A aplicação da sanção prevista no inciso V é de competência
exclusiva da autoridade máxima do órgão ou entidade pública,
facultada a defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo
de 10 (dez) dias da abertura de vista.

Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem diretamente


pelos danos causados em decorrência da divulgação não autorizada
ou utilização indevida de informações sigilosas ou informações
pessoais, cabendo a apuração de responsabilidade funcional nos
casos de dolo ou culpa, assegurado o respectivo direito de regresso.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à pessoa física ou
entidade privada que, em virtude de vínculo de qualquer natureza
com órgãos ou entidades, tenha acesso a informação sigilosa ou
pessoal e a submeta a tratamento indevido.

Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades públicas,


observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à
segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada como
ultrassecreta, secreta ou reservada.
§ 1o Os prazos máximos de restrição de acesso à informação,
conforme a classificação prevista no caput, vigoram a partir da data
de sua produção e são os seguintes:
I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos;

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II - secreta: 15 (quinze) anos; e
III - reservada: 5 (cinco) anos.
§ 2o As informações que puderem colocar em risco a segurança do
Presidente e Vice-Presidente da República e respectivos cônjuges e
filhos(as) serão classificadas como reservadas e ficarão sob sigilo até
o término do mandato em exercício ou do último mandato, em caso
de reeleição.
§ 3o Alternativamente aos prazos previstos no § 1o, poderá ser
estabelecida como termo final de restrição de acesso a ocorrência de
determinado evento, desde que este ocorra antes do transcurso do
prazo máximo de classificação.
§ 4o Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o evento
que defina o seu termo final, a informação tornar-se-á,
automaticamente, de acesso público.
§ 5o Para a classificação da informação em determinado grau de
sigilo, deverá ser observado o interesse público da informação e
utilizado o critério menos restritivo possível, considerados:
I - a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e do
Estado; e
II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que defina seu
termo final.

Art. 5º, LXXII/CF: dispõe sobre a utilização de habeas data para obtenção de informações
pessoais/personalizadas negadas;

Art. 5º, LXIX/CF: para obtenção de informações de cunho coletivo ou geral negadas não se utiliza
habeas data, e sim mando de segurança.

Art. 5º (...)
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito
líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data,
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;
(...)
LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa
do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de
entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por
processo sigiloso, judicial ou administrativo;

e. Princípio da Eficiência: a Administração esta obrigada a manter/ampliar a qualidade dos serviços que
presta e das obras que executa, sob pena de responsabilidade. É exemplo do Princípio da Eficiência
na área econômica o art. 37, XI, CF, que define o teto de remuneração dos servidores – Ministros do
STF;

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1.2. Princípios implícitos: Lei 9.784/99- Lei federal que dispõe sobre processos administrativos.

a. Princípio da Supremacia do Interesse Público Sobre o do Particular: justifica o sacrifício de direitos


alheios, sem que seus titulares tenham cometido quaisquer ilícitos, por exemplo, no caso de
desapropriação.

b. Princípio da motivação: a cada ato que a Administração edita é obrigada a pontar as razões que
deram origem a ele. Caso contrário, o ato será invalido, pois a motivação é requisito de validade.

Teoria dos motivos determinantes: não só a Administração se obriga a motivar seus atos, como
também se obriga a ser fiel a estes motivos, que passam a determinar a conduta a ser seguida pelo
Administrador daquele momento em diante.

Se a Administração se afasta dos motivos, configura desvio de finalidade, que é uma forma de
ilegalidade, exceto para preservar interesse público.

Comissões de concursos também são obrigadas a motivar cada ato. Art. 50 da Lei 9.784/99 + Súmula
684/STF.
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção
pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou
discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de
ato administrativo.
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo
consistir em declaração de concordância com fundamentos de
anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste
caso, serão parte integrante do ato.
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser
utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das
decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos
interessados.
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou
de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito.

Súmula 684/STF: É inconstitucional o veto não motivado à


participação de candidato a concurso público.

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c. Princípio da Razoabilidade: a Administração esta proibida de fazer qualquer exigência ou aplicar
qualquer sanção em medida superior aquela necessária para preservação do interesse público. Pena
desarrazoada é pena ilegal.

É exemplo de aplicação do referido princípio o art. 37, II, CF, que determina, em suma, que provas de
concursos públicos só serão razoáveis se respeitarem natureza e complexidade dos cargos.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
(...)
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)

Exemplo de falta de razoabilidade: exigência em edital de o candidato possuir, no mínimo, 20 dentes


na boca.

A Súmula 683/STF dispõe que a exigência de idade em concurso público só se justifica quando
necessária em razão das atribuições do cargo.

Súmula 683/STF: O limite de idade para a inscrição em concurso


público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição,
quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a
ser preenchido.

d. Princípio da Autotutela: Administração esta legitimada a rever os seus atos quando estes forem
ilegais ou revoga-los por razões de conveniência e oportunidade. Poderá anulá-los ou revogá-los

Súmula 473/STF: A administração pode anular seus próprios atos,


quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque dêles não se
originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em
todos os casos, a apreciação judicial.

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ANULAÇÃO REVOGAÇÃO

Conveniência e
FUNDAMENTO Ilegalidade
oportunidade
Administração Pública
LEGITIMIDADE Administração
ou Judiciário

DECISÃO Efeitos ex tunc Efeitos ex nunc

05 anos - art.54 da Lei


PRAZO X
9.784/99

e. Princípio da Segurança das Relações Jurídicas: art. 2º da Lei 9.784/99 – fica proibida qualquer
interpretação retroativa de lei para situações já consolidadas ao longo do tempo.

Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos


princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados,
entre outros, os critérios de:
I - atuação conforme a lei e o Direito;
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou
parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei;
III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a
promoção pessoal de agentes ou autoridades;
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as
hipóteses de sigilo previstas na Constituição;
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações,
restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente
necessárias ao atendimento do interesse público;
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que
determinarem a decisão;
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos
dos administrados;
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado
grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados;
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações
finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos
processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio;
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as
previstas em lei;
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da
atuação dos interessados;

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XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor
garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada
aplicação retroativa de nova interpretação.

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