Você está na página 1de 5

MATERIAL DE APOIO

Disciplina: Direito Administrativo


Professor: Celso Spitzcovsky
Aulas: 01 e 02

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

REGIME JURÍDICO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


1. Aspectos Gerais
2. Princípios

REGIME JURÍDICO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1. Aspectos gerais:

1.1. Objetivo: o único objetivo que a Administração Pública pode perseguir quando atua é o interesse da
coletividade (interesse público primário). A Administração Pública tem como finalidade, portanto,
representar interesses públicos. O papel do Administrador é administrar e preservar os interesses da
coletividade, sob regime jurídico próprio.

1.2. Reflexos:

 Sempre que a Administração agir fora de sua função, configurará desvio de finalidade (ilegalidade).

 Para a preservação do objetivo único, o ordenamento jurídico confere a Administração prerrogativas e


obrigações que não se estendem aos particulares. Esse conjunto de prerrogativas e obrigações chama-
se Regime Jurídico Administrativo (conjunto de regras que incidem sobre o poder público).

 Em respeito ao Principio da Separação entre os Poderes, o Judiciário não trata do mérito/objeto do ato
administrativo.

2. Princípios:

Também possuem como função a preservação dos interesses da coletividade. Incidem somente sobre
aqueles que se encontram dentro da Administração Pública.

São 04 as esferas de governo: federal, estadual, municipal e distrital. Os princípios incidirão sobre a
Administração Direta e Indireta, dentro destas 04 esferas.

Na Estrutura Direta da Administração encontraremos, basicamente, órgãos. Na esfera federal haverá os


ministérios. Nas esferas estaduais e municipais, haverá as Secretarias de Estado. Na esfera municipal haverá
as prefeituras regionais (em São Paulo, por exemplo);

Na Estrutura Indireta da Administração aparecem as pessoas jurídicas, como autarquias, fundações,


empresas públicas e sociedades de economia mista. Também haverá as agências reguladoras.

2.1. Princípios expressos: apresentam expressa previsão constitucional. Estão localizados no art. 37, caput,
da CF/88;

Regular Online
CARREIRAS JURÍDICAS
Damásio Educacional
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

a. Princípio da Legalidade: indica que a Administração só fará o que a lei expressamente determinar.
Há, portanto, uma relação de subordinação, até porque os atos administrativos, em termos de
hierarquia, estão localizados abaixo das leis. Deverá respeitar a lei, sob pena de nulidade.

Reflexos importantes: para que Administração possa editar um ato deverá existir uma lei anterior
autorizando a edição, do contrário, será ilegal. Ademais, o referido ato administrativo não poderá
inovar em relação a lei, podendo apenas melhor especificá-la.

Referências:

 Art. 5º, XXXIX, CF: Princípio da Estrita legalidade. Base do Direito Penal;

 Art. 150/CF: Princípio da Legalidade incidindo sobre o Direito Tributário;

 Art. 5º /CF: Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei;

Em suma, a Administração só poderá impor a coletividade obrigações se houver previsão legal.

Exemplo: edital de concurso se apresenta como simples ato administrativo (natureza jurídica),
subordinado, portanto, à lei.

 Súmula Vinculante nº 44: teste psicotécnico só se legitima se houver anterior previsão legal.

Súmula Vinculante 44: Só por lei se pode sujeitar a exame


psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.

 Art. 5º, XIII: é livre o exercício de qualquer trabalho, oficio ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais previstas em lei. Ou seja, só a lei pode estabelecer exigências para o
ingresso em carreiras públicas ou particulares.

b. Princípio da Impessoalidade: indica que a administração deve praticar um governo neutro, isento,
impessoal, tratando de forma isonômica à todos os administrados, promovendo apenas
discriminações que se justifiquem para a preservação do interesse da coletividade.

Página 2 de5
Discriminar significa tratar uma pessoa de forma diferente das demais. Isso ocorre para privilegiar ou
prejudicar. E isso só poderá ser feito pela Administração para atender ao interesse público.

Reflexos:

 Impessoalidade para a contratação de pessoas: necessidade de abertura de concurso público –


art. 37, II, CF/88;

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
(...)
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)

 Impessoalidade para a contratação de serviços: necessidade de abertura de licitação – art. 37,


XXI, CF/88;

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
(...)
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo
de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de
pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos
da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica
e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações. (Regulamento)

 Impessoalidade para realizar propagandas de governo: obrigatória e para preservação do


interesse público – art. 37, §1º, CF/88. Não poderão aparecer nomes, imagens e símbolos que
representem promoção pessoal do administrador;

Art. 37 (...)

Página 3 de5
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas
dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de
orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou
imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
servidores públicos.

 Impessoalidade do pagamento de credores: ocorrerá pela expedição de precatórios - art.


100/CF. respeito à ordem cronológica de apresentação;

Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal,


Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária,
far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos
precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação
de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos
adicionais abertos para este fim. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 62, de 2009). (Vide Emenda Constitucional nº 62,
de 2009)

 Súmula Vinculante nº 13 – Cargos em comissão – Súmula antinepotismo.

Súmula Vinculante 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou


parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau,
inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa
jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para
o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função
gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos
poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
Constituição Federal.

 Reclamação 6650/PR:

Decisão: 1. Trata-se de reclamação, com pedido de medida liminar,


ajuizada por Eduardo Requião de Mello e Silva, irmão do Governador
do Paraná, Roberto Requião de Mello e Silva, contra decisão prolatada
pelo Juízo de Direito da 1ª Vara da Fazenda Pública, Falências e
Concordatas do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de
Curitiba/PR nos autos da Ação Popular 2.424/2008. A decisão
impugnada na presente reclamação suspendeu, em 11 de setembro de
2008, o ato de nomeação do reclamante para o cargo de Secretário
Estadual de Transportes (Decreto Estadual 3.348/2008). O reclamante
sustentou, em síntese, a ocorrência de afronta à Súmula Vinculante nº
13, porquanto os secretários estaduais são, em verdade, agentes
políticos, razão pela qual o seu caso não se subsumiria às hipóteses
preconizadas na referida súmula. 2. O eminente Ministro Cezar Peluso,

Página 4 de5
nos termos do art. 38, I, do RISTF, com fundamento na jurisprudência
desta Corte, deferiu, em 24 de setembro de 2008, o pedido de liminar
(fls. 67-69). 3. Dessa decisão foi interposto agravo regimental por José
Rodrigo Sade (fls. 90-101), em que requereu a reconsideração da
decisão ou a imediata submissão do recurso ao Plenário do Supremo
Tribunal Federal. 4. O Plenário do Supremo Tribunal, por maioria de
votos, negou provimento ao agravo regimental (DJE 21.11.2008). 5. O
Ministério Público Federal, às fls. 283-284, manifestou-se pela perda
de objeto da presente reclamação, uma vez que o Decreto Estadual
3.348/2008, por meio do qual o Governador Roberto Requião de Mello
e Silva promoveu a nomeação de seu irmão Eduardo Requião de Mello
e Silva para o cargo de Secretário de Estado de Transportes e, também,
designou-o para responder, cumulativamente, sem remuneração, pela
autarquia denominada Administração dos Portos de Paranaguá e
Antonina – APPA, foi revogado pelo Decreto Estadual 4.106/2009,
tendo o Governador nomeado o seu irmão para exercer o cargo de
Secretário da Representação do Estado do Paraná em Brasília. 6.
Entendo que assiste razão ao Ministério Público Federal, dado que a
propositura da presente reclamação se deu contra a decisão prolatada
pelo Juízo de Direito da 1ª Vara da Fazenda Pública, Falências e
Concordatas do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de
Curitiba/PR nos autos da Ação Popular 2.424/2008, que afastou o ora
reclamante do cargo de Secretário de Estado dos Transportes. Todavia,
o Decreto 3.348/2008, ato atacado na Ação Popular 2.424/2008, foi
revogado pelo Decreto Estadual 4.106/2009. 7. Ante o exposto, com
fundamento no art. 267, VI, do Código de Processo Civil, extingo o
presente processo, sem resolução de mérito, por perda superveniente
do interesse processual do reclamante. Publique-se e arquive-se.
Brasília, 3 de agosto de 2009. Ministra Ellen Gracie Relatora.

c. Princípio da Moralidade:

d. Princípio da Publicidade:

Próximas aulas
e. Princípio da Eficiência:

2.2. Princípios implícitos:

Página 5 de5

Você também pode gostar