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DIREITO ADMINISTRATIVO

Professores: Patrícia, Celso e Flávia

Aula de hoje: Professora Patrícia

Blog: www.profapatriciacarla.com.br

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1ª fase: 6 questões

1. Introdução

- Relação do Estado com o particular;

- Relação desigual: o Estado fica em posição de superioridade em razão do Interesse Público.

- O único objetivo que a Administração pode perseguir quando atua é a preservação dos interesses da coletividade,
sendo assim toda vez que a Administração praticar um ato que não preserva o interesse público, ela praticará desvio
de finalidade, que é uma forma de ilegalidade.

- O Poder Judiciário exerce o controle de legalidade dos atos da Administração.

- Se a Administração pratica atos que atingem o interesse de particulares, estes atos não serão ilegais se
preservarem o interesse da coletividade. Um exemplo disso é a desapropriação.

2. Princípios

2.1. Princípios implícitos

- Regime jurídico administrativo é formado por 2 grandes princípios, os quais são implícitos (criação doutrinária –
Celso Antonio Bandeira de Melo e Maria Zanella di Pietro).

(i) Princípio da Supremacia do Interesse Público em detrimento do interesse do particular: em havendo o


conflito de interesses, prevalecerá o interesse público, ou seja, o interesse do Estado (prerrogativas: o
Estado para poder observar o interesse coletivo, precisa de vantagens).

Ex: Desapropriação, cláusulas exorbitantes dos contratos administrativos (clausula exorbitante é aquela
que exorbita, que ultrapassa o comum dos contratos e está prevista no art. 58, Lei 8.666/93).
(ii) Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público: o interesse público é coletivo e, portanto, é
indisponível (restrições: por esse princípio, o Estado encontra limitações, restrições do Estado).

Ex: concurso público (o art. 37, II da CF, exige o concurso público para ocupação de cargo público),
licitação.

2.2. Princípios Básicos, Explícitos, Expressos, Constitucionais

- Art. 37, caput da CF/881: a Administração Pública Direta e Indireta de todos os poderes deve atender aos princípios
da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

LIMPE

- Legalidade: obediência à lei. O administrador só pode fazer aquilo que a lei autoriza, que a lei permite. A legalidade
não se restringe apenas à violação à lei, mas também aos princípios. A legalidade de que estamos falando aqui é
uma legalidade em sentido amplo e não estrita.

- Impessoalidade: Ex: artigo 37, § 1º da CF2 (a promoção pessoal com dinheiro público viola o princípio da
impessoalidade. O STF diz que homenagens somente serão feitas a políticos mortos). Ainda com relação à
impessoalidade, temos que para a preservação do interesse público, a Administração está proibida de discriminar de
forma gratuita, só podendo fazê-lo visando atingir o interesse público (discriminar = privilegiar/prejudicar). O STF, na
Súmula Vinculante nº 13 (nepotismo) proibiu o Administrador de nomear, para cargos em comissão, parentes até o
3º grau3.

- Moralidade: é um princípio, enquanto probidade é um dever. Lei 8.429/92 (LIA – Lei de Improbidade
Administrativa, a qual trouxe a definição de atos de improbidade administrativa). São 3 os atos de improbidade, que
estão nos artigos 9, 10 e 11:

(i) Art. 9. Enriquecimento ilícito: elemento subjetivo é o dolo;


(ii) Art. 10. Causar prejuízo ao erário: elemento subjetivo é o dolo e a culpa;
(iii) Art. 11. Violação aos princípios da administração pública: elemento subjetivo é o dolo.

1Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...)

2Art. 37, § 1º. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo
ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
servidores públicos.

3A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em
comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.
Em outras palavras, improbidade administrativa = desonestidade administrativa (dolo, intenção do agente da
administração pública em praticar algo desonesto). A improbidade administrativa é uma imoralidade qualificada
pelo dolo.

Súmula vinculante nº 13 (nepotismo): O STF diz que os princípios são autônomos e, portanto, não precisam de lei
para defini-los.

- Publicidade: é o princípio, publicação é efetivar o princípio. PUBLICAR O ATO É CONDIÇÃO DE SUA EFICÁCIA
(PRODUÇÃO DE EFEITOS), NÃO É CONDIÇÃO DE VALIDADE, ou seja, o ato só vai produzir os seus efeitos a partir do
momento em que ele for publicado. Se um contrato fraudulento é publicado, ele produzirá efeitos até o momento
em que for declarado inválido pelo Estado.

Previsão na CF/88: artigo 5º, inciso XXXIII4. Todos tem o direito de obter dos órgão públicos informações de interesse
particular, coletivo ou geral, no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, a menos que a informação possa
comprometer a segurança do Estado e da sociedade.

Se o direito à informação é fundamental e, ao pedir informação ao Estado, ele se negou a provê-la, qual é a peça
cabível para recorrer ao Judiciário? 2 possibilidades:

1) Habeas Data: a informação tem caráter personalíssimo (foi personalizada, solicitada a meu respeito);
2) Mandado de Segurança: a informação não tem caráter pessoal.

- Eficiência: Veio com a EC 19/98. Referida EC trouxe a ideia de uma administração gerencial, ou seja, de redução de
custos, de capacitação dos servidores. O Estado deixa de ser executor e passa a ser um mero gerente.

Antes da EC o prazo para a aquisição da estabilidade do servidor público era de 2 anos e a estabilidade era
automática. A EC 19 modificou a redação do texto do artigo 41 da CF5 e o prazo passou para 3 anos para que o
servidor adquiriss6e estabilidade. Com a EC 19 o princípio da eficiência tornou-se um princípio expresso.

Outro exemplo do princípio da eficiência é o teto salarial, previsto no artigo 37, XI da CF. Ninguém poderá receber
salário maior do que ganham os Ministros do STF.

2.3. Princípios insculpidos na Lei 9784/99 – Lei do Processo Administrativo Federal

4XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado;

5 Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso
público. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável,
reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração
proporcional ao tempo de serviço. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 3º Extinto

6XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos
membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens
pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no
âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores
do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos
Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
- Princípios: da razoabilidade, da proporcionalidade, segurança jurídica e motivação.

- Razoabilidade: adequação entre os meios e os fins. A conduta do gestor/administrador deve ser adequada ao fim
que ele almeja alcançar. Ex: a polícia Civil do Acre estava proibindo que pessoas com cicatrizes na cabeça
assumissem o cargo caso passassem no concurso. Isso é uma violação ao princípio da razoabilidade7.

- Proporcionalidade: aplicação de penalidade/ aplicação de sanção. As penalidades devem ser aplicadas de forma
proporcional. Ex: servidor público se ausenta do serviço e não comunica o seu superior hierárquico acarretando em
demissão. Essa demissão viola o princípio da proporcionalidade.

- Segurança Jurídica (Proteção à Confiança): veda novas interpretações por parte do Poder Público que sejam
prejudiciais aos seus tutelados.

STF: não há direito adquirido a um novo regime jurídico.

- Motivação: os atos administrativos devem ser motivados, o que significa que a administração pública deve justificar
os atos dela, já que ela pratica os atos em nome do interesse público. A motivação é obrigatória e necessariamente
tem de ser verdadeira. Se a administração publica uma motivação falsa, o ato será anulado com base na Teoria dos
Motivos Determinantes (anulação de ato administrativo que teve motivação falsa).

3. Bens Públicos

- Consideram-se bens públicos aqueles que integram o patrimônio das Pessoas Jurídicas de D. Público Interno, sendo
particulares todos os demais.

- Todas as pessoas que atuam na prestação de serviço público, os seus bens são bens públicos. Ex: INSS, IBAMA,
Correios. Esses bens tem de ser preservados pela Administração. Se a pessoa atua na exploração de atividade
econômica, os bens são bens privados. Ex: Caixa Econômica, Banco do Brasil.

- Classificação dos Bens Públicos:

(i) Bens de uso comum do povo


(ii) Bens de uso especial
(iii) Bens dominicais ou dominiais.

Bens de uso comum do povo: aqueles utilizados por toda a população. O uso pode ser gratuito (ruas) ou oneroso
(estradas que possuem pedágio). Ex de bens de uso comum: praças, rios, praias, mares.

Bens de uso especial: aqueles que apresentam uma destinação/finalidade específica. O uso pode ser gratuito
(repartições públicas, aeroportos, rodoviárias) ou oneroso (Teatro Municipal). Ex de bens de uso especial: prédio da
Receita Federal, Delegacias, Escolas Públicas. Bens afetados a uma finalidade pública, ou seja, estão protegidos, não
podem ser vendidos.

Bens dominicais ou dominiais: aqueles que não tem nenhuma destinação incidindo sobre eles. Ex: terras vazias ou
devolutas, terrenos de marinha. Esses bens não tem finalidade específica.

- Características dos bens públicos:

(i) Impenhoráveis: art. 100, CF

7“Não se abatem pardais com canhões.” Frase retirada de um exame da OAB, onde o candidato tinha que relacioná-la a um dos princípios da
administração. Essa frase diz respeito ao princípio da razoabilidade/proporcionalidade uma vez que não são necessários canhões para se
abater pardais, percebe-se, portanto, a desproporção do ato.
(ii) Imprescritíveis: não cabe usucapião de bem público
(iii) Inalienáveis: não pode ser vendido e não sofre oneração (não cabe penhor e nem hipoteca)

Impenhorabilidade: bens públicos não podem ser dados em garantia para o cumprimento de obrigações que a
Administração tenha contraído com terceiros. Exceção: só é permitida a penhora se não houver prejuízo para a
continuidade dos serviços públicos.

Imprescritibilidade: bens públicos NÃO podem ser adquiridos pelo Usucapião. Dispositivos legais que proíbem o
usucapião de bens públicos: art. 183, § 3º da CF8, art. 191, § único da CF9 e art. 102 do Código Civil10.

Súmula 340, STF: desde a vigência do Código Civil de 1996, os bens dominicais como os demais bens públicos não
podem ser adquiridos por usucapião.

Inalienabilidade: bens públicos não podem ser alienados. Excepcionalmente, o bem pode ser alienado para a
preservação do interesse público, através de licitação para a obtenção de venda mais vantajosa.

8Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano
ou rural.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

9Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área
de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia,
adquirir-lhe-á a propriedade.
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

10 Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.

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