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Teoria Geral de Administração Pública

Conteúdo: ESTADO
UNIDADE – 12, Administração Pública como Poder
 Desde início, se existe só um legislador, há uma pluralidade de autoridade
administrativa titular de Poderes Reais. Isto porque há uma necessidade de
conferir ou dotar a Administração Pública meios necessário para a sua
actuação eficaz, no desenvolvimento de actividades à satisfação das
 necessidades colectivas.
 A Administração Pública deve dispor de meios para impor as suas vontades e
impedir que os particulares as resistam.
 A manifestação do poder pela Administração Pública torna-se imperiosa na
medida em que nem sempre os cidadãos poderão interpretar da melhor
maneira a sua intenção.
 O poder é a possibilidade de alguém eficazmente impor aos outros o respeito
da própria conduta ou a capacidade de um indivíduo ou grupo modificar o
comportamento de outros indivíduos ou grupo (DE AMARAL).
 Para o Estado poder satisfazer as necessidades colectivas, garantir a sua
conservação e organização os seus órgãos devem estar dotados de poder.
 A própria lei é que faculta este poder aos órgãos de Administração Pública
para estes imporem à generalidade dos cidadãos.
 Sendo o Estado o garante da ordem legal e normativa, ele deve regular o
comportamento dos cidadãos. O Estado deve ter uma acção imperativa
sobre os cidadãos e estes devem obedecer.
 A necessidade de utilização do poder deriva da eventual resistência do
cidadão em acatar uma decisão da Administração Pública.
 As decisões administrativas serão mais consentidas quanto mais legítimas se
mostrarem, significando que entre o poder e a legitimidade existe uma relação
de eficácia. O poder do Estado deve ser consentido pelos cidadãos, e para
tal, ele deve ser legítimo.
 Estudo efectuado por Max Weber sobre a dominação, concluiu que
existem 3 tipos de autoridades
 - Autoridade Carismática, legitimada pela qualidade pessoal do
chefe;
 - Autoridade Tradicional, legitimada por uma ideia de continuidade; e
 - Autoridade Legal-Racional, legitimada pela razão e pela Lei.

 O cidadão ao consentir a uma decisão administrativa é porque se


trata de uma autoridade legal, a legitimidade está na lei. O cidadão
obedece a lei, regularmente aprovada. É neste tipo de autoridade
que encontramos o poder da Administração Pública, pois, o cidadão
obedece a lei.
 A Administração Pública é um verdadeiro poder porque define, de
acordo com a lei, a sua própria conduta e dispõe de meios
necessários para impor o respeito dessa conduta.
 Os particulares devem acatar às decisões da Administração Pública
sob pena de, sem necessidade de sentença judicial, estes serviços
imporem coercivamente o que decidiu.
 Nos termos dos artigos 158º e 210º da Constituição da República de
Moçambique, os titulares do Poder Regulamentar do Estado são o
Presidente da República e o Conselho de Ministros.
 Quanto as autarquias locais moçambicanas, estas dispõem de Poder
Regulamentar próprio sobre matéria integrada no quadro das suas
atribuições, no limite da Constituição, das leis e 112 dos regulamentos
emanados das autoridades com o poder tutelar (artigos 278º da C. R.
e 11º da Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro).
 As Autarquias Locais estão dotadas de poderes públicos, poder de
autoridade, elas têm capacidade de definir a sua própria conduta e definir a
conduta alheia de forma obrigatória.
 Ex.: A autarquia tem o poder de expropriar o seu terreno já atribuído a
alguém para o bem público.
 Importa clarificar que os actos regulamentares praticados pelas autoridades
municipais são subordinados as regras nacionais e aos Princípios de Direito
(artigo 14º da Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro).
 O Conselho Municipal propõe Regulamentos e Posturas, Planos e Orçamentos
e executa as deliberações e, por sua vez a Assembleia Municipal, aprova
Regulamentos, Posturas, Planos e Orçamentos, fiscaliza e controla as
actividades do Conselho e representa a população local.
 O Poder Regulamentar das Autarquias Locais (deliberativo nos termos do
artigo 34º da Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro) é atribuído à Assembleia
Municipal.
 Como se poder aferir a partir do nº 3 do artigo 45º da Lei
nº 2/97, de 18 de Fevereiro que atribui a competência à
Assembleia Municipal de aprovar os regulamentos e outros
instrumentos autárquicos.
UNIDADE: 13 - Princípios Gerais que devem
nortear a actuação da Administração Pública
 A Administração Pública, seja qual for o seu sistema, está subordinada à Lei e
ao Direito”. Isto significa que a Administração Pública está subordinada não só
às normas jurídicas, como também aos princípios jurídicos, especialmente os
Princípios Gerais de Direito Administrativo.
 As constituições modernas são verdadeiras constituições administrativas pois
elas contêm normas jurídicas do Direito Constitucional Administrativo, ou Direito
Administrativo Constitucional. É na constituição que se encontram as bases do
Direito Administrativo.
 A nossa constituição de 2018 é a principal fonte do nosso Direito Administrativo,
veja as disposições do artigo 248º.
Continuação…
 A Administração Pública moçambicana surge para prosseguir o interesse
público e na sua actuação deve respeitar os direitos e liberdades
fundamentais dos cidadãos.
 Contudo, isso não basta, pois deve-se assegurar que haja impossibilidade dela
poder ser feita de qualquer maneira, ela deve-se guiar por certos valores e
regras e não de forma arbitrária. O princípio da prossecução do interesse
público é o guia da Administração Pública, pois, ela move-se com vista a
implementar o interesse geral.
 Para além deste princípio motor da nossa Administração Pública existem
outros tantos, que o complementam, não menos importantes, constantes na
nossa Legislação Administrativa Básica.
Princípio da prossecução do interesse
público
 A administração Pública actua, move-se e funciona para prosseguir o
interesse público e para tal ela faz dentro do respeito de certos limites e
valores. O princípio motor da Administração Pública é o da prossecução do
interesse público.
 O interesse público como o interesse geral de uma determinada
comunidade, o bem comum. Para ele, o interesse público representa a esfera
das necessidades a que a iniciativa privada não pode responder e que são
vitais para as comunidades na sua totalidade (CAETANO).
Princípio da legalidade
 O Princípio da Legalidade, é sem dúvida, um dos mais importantes princípios
gerais de Direito aplicáveis à Administração Pública, e que, aliás, se
encontrava consagrado como princípio geral do Direito Administrativo antes
mesmo que a Constituição o mencionasse explicitamente (CAETANO).
 O Princípio da Legalidade era tradicionalmente definido da seguinte maneira:
 Nenhum órgão ou agente da Administração Pública tem a faculdade de
praticar actos que possam lesar ou contender com interesses alheios se não
em virtude de uma norma geral anterior.
 A doutrina mais recente entende o Princípio da Legalidade de outra maneira:
 Os órgãos e agentes de Administração Pública só podem agir com
fundamento na Lei e dentro dos limites por ela impostos.
 Portanto, é a Lei Administrativa que confere poderes de autoridade para o
prosseguimento do interesse público, disciplina o seu exercício ou organiza os
meios necessários para esse efeito.
Princípio da igualdade
 Nas suas relações com os particulares, a Administração Pública deve reger-se
pelo Princípio da Igualdade, não podendo privilegiar, beneficiar, prejudicar,
privar de qualquer direito ou isentar de qualquer dever nenhum administrado
em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião,
convicção política ou ideológica, instrução, situação económica ou condição
social.
 A igualdade impõe que se trate de modo igual o que é juridicamente igual e
de modo diferente o que é juridicamente diferente, na medida da diferença
(CAETANO).
O Princípio da Igualdade se protege
fundamentalmente em duas direcções:
 1- Proibição da discriminação
 Uma medida é discriminatória, e é, por conseguinte, proibida por violação do
Princípio da Igualdade.
 2- Obrigação da diferenciação
 A obrigação da diferenciação parte da ideia de que a igualdade não é
absoluta.
 O Princípio da Igualdade manda tratar por igual as situações que forem
juridicamente idênticas, mas, como vimos, aceita tratamento desigual para as
situações que forem diferentes. Daí que haja, na própria Constituição da
República e nas Leis a previsão e adopção de medidas administrativas
especiais de protecção em relação aos mais desfavorecidos, em relação às
classes mais pobres da sociedade, ou em relação àqueles grupos de pessoas
que pela sua situação física ou social careçam de uma protecção mais forte,
designadamente a protecção especial à infância, à juventude, à terceira
idade, aos trabalhadores, etc.
Princípio da publicidade
 A publicidade é a operação pela qual as decisões administrativas são
levadas ao conhecimento dos interessados. As formalidades de
publicidade permitem determinar o momento a partir do qual o acto
entra em vigor (CAETANO).
 Distingue-se geralmente, como forma de publicidade, a publicação da
notificação.
 A notificação é a operação pela qual uma autoridade administrativa
informa oficial e pessoalmente aos destinatários de uma decisão
administrativa. É um modo de publicidade pessoal.
 As medidas de publicidade são muito importantes porque elas
determinam normalmente o momento da entrada em vigor da decisão
administrativa e a sua executoriedade.
Princípio do respeito pelos direitos e liberdades fundamentais
dos cidadãos

 A prossecução do interesse público não o único princípio que a nossa


constituição impõe à Administração Pública moçambicana. Ela deve
prosseguir o interesse público, mas respeitando em simultâneo os direitos e
liberdades fundamentais dos cidadãos.
Poder discricionário da Administração
 O Poder Discricionário é aquele que o Direito concede à Administração
Pública para a prática de actos administrativos com liberdade na escolha de
sua conveniência, oportunidade e conteúdo.
 Distingue-se do poder vinculado pela maior liberdade de acção que é
conferida ao Administrador. Se para a prática de um acto vinculado, a
autoridade pública está adstrita à Lei em todos os seus elementos formadores,
para praticar um acto discricionário é livre, no âmbito em que a Lei lhe
concede essa faculdade (CAETANO).
UNIDADE 14- Meios da Acção de Administração Pública

 A Administração Pública deve dispor de meios para impor as suas vontades e


impedir que os particulares as resistam.
 A manifestação do poder pela Administração Pública torna-se imperiosa na
medida em que nem sempre os cidadãos poderão interpretar da melhor
maneira a sua intenção.
 O cidadão ao consentir a uma decisão administrativa é porque se trata de
uma autoridade legal, a legitimidade está na lei. O cidadão obedece a lei,
regularmente aprovada. É neste tipo de autoridade que encontramos o
poder da Administração Pública, pois, o cidadão obedece a lei.
 A Administração Pública é um verdadeiro poder porque define, de acordo
com a lei, a sua própria conduta e dispõe de meios necessários para impor o
respeito dessa conduta.
Continuação…
 A actividade administrativa se enquadra no âmbito da gestão pública e
juridicamente ela é prosseguida por diplomas legais e/ou regulamentos, actos
administrativos e contratos administrativos.
 Segundo alguns autores, o acto tácito pode, igualmente, ser considerado, de
alguma maneira, uma forma de prossecução da actividade administrativa.
 Quando se fala de meios da acção da Administração Pública, refere-se aos
meios de autoridade de que ele se dispõe para legitimar e fazer valer as suas
decisões, nomeadamente, o comando unilateral baseado na norma e nas
suas decisões.
 Os principais meios da acção administrativa são: a lei administrativa, o
regulamento administrativo, o acto administrativo e o contrato administrativo.
Regras escritas externas a Administração Pública
 A Constituição e o seu Preâmbulo
 a) A Constituição
 Trata-se da norma jurídica suprema que encabeça o Ordenamento Jurídico
do País, ela se impõe de maneira imediata às autoridades administrativas
como ao Legislador, quer dizer, que se as autoridades administrativas
tomarem uma decisão contrária à Constituição o juiz administrativo se
pronunciará a sua anulação.
 b) O Preâmbulo da Constituição
 Curto mas muito substancial pelas suas referências aos momentos históricos
da Luta Armada de Libertação Nacional e aos grandes anseios seculares do
Povo moçambicano, que aglutinou todas as camadas patrióticas da
sociedade moçambicana num mesmo ideal de liberdade, unidade, justiça e
progresso, …
12. Extinção dos actos administrativos
 - Extinção natural: extingue-se pelo natural cumprimento do acto.
 - Revogação: em virtude de a administração não mais julgar oportuno e
conveniente o acto administrativo, pode aquela revogá-lo motivadamente e
garantindo a ampla defesa dos interessados, fazendo cessar seus efeitos a
partir do momento da revogação.
 - Anulação ou invalidação: se um acto administrativo possuir vícios insanáveis,
deve a administração anulá-lo de ofício ou por provocação de terceiro.
 - Revalidação: não é espécie de extinção, mas sim o processo de que se vale
a administração para aproveitar actos administrativos com vícios sanáveis, de
modo a confirmá-los no todo ou em parte.
 - Cassação: extingue-se o acto administrativo quando seu beneficiário não
cumpre as condições que permitiam a manutenção do acto e seus efeitos.
 - Caducidade ou decaimento: ocorre a retirada de um acto administrativo se
advir legislação que impeça a permanência da situação anteriormente
consentida, ou seja, o acto perde seus efeitos jurídicos em virtude de norma
superveniente contrária àquela que respaldava a prática do acto.
Muito Obrigado Pela Atenção

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