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Aula nº. 28
CONEXÃO E CONTINÊNCIA
(Continuação)
Então, como vimos nas aulas anteriores, Conexão e Continência importam em unidade de processo e
julgamento.
Se as infrações conexas são cometidas no mesmo local não há dúvida quanto à Competência
Territorial. Contudo, pode acontecer de infrações serem cometidas em locais diferentes, e neste caso,
veremos a seguir o que pode acontecer.
EXEMPLO 1: Um Crime de Roubo na cidade do RJ (art. 1571 do CP) e uma Receptação em Niterói (art.
180 do CP2). Qual o foro competente?
Já sabemos que a hipótese é de Conexão probatória do art. 76, inciso III do CPP, que importa em
unidade de processo e julgamento.
Portanto, o foro competente será o RJ, pois, no concurso de Júrisdições da mesma categoria,
preponderará, o local da infração em que for cominada a infração mais grave pelo máximo da pena. Assim,
se houver um crime (1) com pena entre 4 a 10 anos, e um crime (2) com pena de 2 a 10, o crim (2) atrai o
crime (1).
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Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa,
ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez
anos, e multa.
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Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser
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produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: Pena - reclusão, de um a quatro
anos, e multa.
Neste caso, não será possível averiguar pelo art. 78, inciso II, alínea ‘a’ do CPP. Assim, será
competente a Júrisdição de Niterói, por força do art. 78, inciso II, alínea ‘b’ do CPP.
EXEMPLO 3: Um Crime de Furto no RJ (art. 155), e uma Receptação em Niterói (art. 180). Ambos tem
mesma cominação legal e mesma natureza. Como resolvemos?
Aqui cabe uma importante observação. Na Distribuição de que trata o art. 75 do CPP, não existe
dúvida quanto a Competência Territorial, pois, a dúvida, existe entre juízos competentes. Diferentemente,
na Prevenção, você define a Competência Territorial.
Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos
diferentes, a autoridade de Júrisdição prevalente deverá avocar os processos que
corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva.
Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de
soma ou de unificação das penas.
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Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
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Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser
produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: Pena - reclusão, de um a quatro
anos, e multa.
Neste caso, se um Civil comete crime de Roubo juntamente com um Policial Militar em atividade,
como já estudamos, os processos seguirão separados, pois Civil não é julgado pela Justiça Militar Estadual.
É um pouco óbvio, pois, o menor deve obrigatoriamente, ser processado na Vara da Infância e
Juventude, pois a eles se aplicam medidas socioeducativas.
Cuidado. A doença mental pode existir a época do fato, o que não é o caso, não há que se falar em
suspensão do processo, pois, ser-lhe-á aplicada medida de segurança.
Uma primeira corrente diz que não existe prazo para medida de segurança.
Uma segunda corrente diz que deve ser aplicado a pena máxima possível, no caso, 30 anos.
E, uma terceira corrente, sumulada pelo STJ, limita o tempo de internação ao máximo da pena em
abstrato.
Contudo, o referido art. 152 do CPP trata da hipótese em que à época do fato criminoso o infrator era
penalmente imputável. Contudo, no curso do processo, torna-se inimputável. Assim, suspende-se o
processo. Vejamos:
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No caso de concurso de autores, se um deles vier a ficar inimputável no curso do processo, a unidade
processual será cessada, sendo que para um suspende-se, e para o outro, o curso processual segue
normalmente.
Outra hipótese que também se encaixa neste parágrafo, é o art. 366 do CPP que teve alteração de
redação pela lei 9271/96. Atenção, façam a remissão em conjunto ao art. 152.
A unidade do processo é mantida, mas a unidade de julgamento será separada. Atenção, onde se lê
art. 461 do CPP, leia-se art. 469 § 1 do CPP.
Lembrando que o novo procedimento do Júri permite o julgamento do réu a revelia. Vejamos:
Art. 469. Se forem 2 (dois) ou mais os acusados, as recusas poderão ser feitas por
um só defensor.
§ 1o A separação dos julgamentos somente ocorrerá se, em razão das recusas, não
for obtido o número mínimo de 7 (sete) jurados para compor o Conselho de
Sentença.
O Tribunal do Júri é formado por 01 juiz e 25 jurados. Dos 25 jurados, 07 serão sorteados para
formarem o Conselho de Sentença. O referido artigo permite que cada parte recuse até 03 jurados. Ressalto
que Assistente de Acusão não recusa jurado. Importante, a recusa não é por defensor, e sim, por réu.
Aqui temos o conhecido “Estouro de Urna”. Fenômeno que ocorre quando, diante das recusas as
quais os Réus tem direito, não restarem 07 jurados para formação do Conselho de Sentença. A solução vem
do art. 79 §2 do CPP.
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem
sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando
pelo excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória,
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Trata-se da chamada separação facultativa dos processos, conferida aos juízes para, dependendo do
caso, separar ou não os processos.