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– Rio de Janeiro:
Forense, 2011.
Título I. Do idoso – Quem é o idoso? Que metas de amparo e proteção lhe são garantidas?
Lei n. 10.741, de 1º de outubro de 2003
[...] O vocábulo “idoso” pode significar: cheio de idade, abundante em idade etc.
A figura do idoso poderia até ser controvertida se não existisse uma nomenclatura própria em
lei, definida no exercício legislativo de 2003. A Lei n. 10.741, de 1º de outubro, no ano citado
(que dispõe sobre o Estatuto do Idoso), já estabeleceu de forma lacônica, que o idoso é a
pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. (p. 1)
[...] o atual Código Civil (Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002) [...] veio para nivelar homens
e mulheres e exigiu que as pessoas maiores de setenta anos adotassem o regime de
separação de bens no casamento. (p. 2)
[...] o Estatuto do Idoso inclui na esfera de proteção não só as pessoas maiores de sessenta
anos de idade, mas também as pessoas com idade de sessenta anos. Antes de o Estatuto
ingressar no arcabouço jurídico do País havia a Lei n. 8.842, de 4 de janeiro de 1994, que
criava a Política Nacional do Idoso. Seu art. 2º registrava o idoso nos seguintes termos:
Considere-se idoso, para os efeitos desta lei, a pessoa maior de sessenta anos de idade.
[...] o estatuto ampliou o campo de abrangência e agasalhou no seu manto as pessoas com
sessenta anos de idade, considerando-as “idosas”. (p. 2-3)
Enfim, idoso, no Estatuto sob comento, nada mais é que o cidadão ou cidadã com sessenta
anos ou mais de idade. (p. 4 )
O art. 2º [...] na sua maior parte, apenas repetiu os princípios maiores já consagrados,
cometendo ao idoso os direitos fundamentais históricos. (p. 5)
Não precisaria que o Estatuto propiciasse ao idoso a garantia contra qualquer processo de
discriminação e lhe outorgasse direitos fundamentais. Se todos são iguais perante a lei,
qualquer classe de pessoas já se vê acobertada. (p. 6)
O Poder Público, no traçar de suas generalidades, ficou por último nas atribuições que lhe
competiriam. Em primeiro lugar foi convocada a família, depois a comunidade e em seguida
a sociedade.
A obrigação familiar é uma decorrência de princípios maiores. Ela, no contágio com a lei
ordinária, age por contaminação e moralidade. [...]
Sobre a obrigação familiar, o art. 3º do Estatuto do Idoso muito pouco acrescentou de
novidade. Sua contribuição foi a abertura de prioridades na efetivação dos direitos do idoso,
enumerando-lhe no parágrafo único, uma cadeia de benesses próprias. [...] Ainda se pode
acrescentar aqui a força da Lei n. 12008/09 que alterou o art. 1.211-A do Código de Processo
Civil. No caso vertente, priorizou-se a tramitação dos procedimentos judiciais em todas as
instâncias para todas as pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. O mesmo
ocorreu com ministrativos. A celeridade do processo judicial e administrativo é de fundamental
importância para os beneficiários do Estatuto. (p. 7)
Título II. Dos direitos fundamentais do idoso fundamentais do idoso – o direito à vida como
fundamento maior
Capítulo I. Do direito à vida
Não precisava que o Estatuto dissesse sobre o Direito à Vida, no Capítulo do segundo Título,
sujeitando o Estado à obrigação de garantir proteção à vida do idoso. [...] todos têm esta
proteção, indiscriminadamente. [...]
O Código Penal Militar, ao seguir as pegadas a Carta e andar coerente com a mostrada
exceção, tratou da pena de morte em seus artigos de lei. José da Silva Loureiro Neto explicou:
“A pena de morte é aplicada em caso de guerra declarada [...] e será executada por
fuzilamento [...], sendo que a sentença definitiva de condenação à morte é comunicada, logo
que passe em julgado, ao presidente da República, e não pode ser executada senão depois
de sete dias após o julgamento. (p. 12)
Em nenhuma circunstância o idoso poderá ser discriminado porque é ele um cidadão integral,
como qualquer outro, com base no princípio da isonomia contida na Carta Maior, onde todos
são iguais perante a lei. (p. 32)
Capítulo V. Da educação, cultura, esporte e lazer
Em relação às áreas de cultura, esporte e lazer, estão incluídas no art. 10, VII (ainda na
Política Nacional do Idoso), as seguintes disponibilidades:
a) garantir ao idoso a participação no processo de produção, reelaboração e fruição dos
bens culturais;
b) propiciar ao idoso o acesso aos locais e eventos culturais, mediante preços reduzidos,
em âmbito nacional;
c) incentivar os movimentos de idosos a desenvolver atividades cultuais;
d) valorizar o registro da memória e a transmissão de informações e habilidades do idoso
aos mais jovens, como meio de garantir a continuidade e a identidade cultural;
e) incentivar e criar programas de lazer, esporte e atividades físicas que proporcionem a
melhoria da qualidade de vida do idoso e estimulem sua participação. (p. 42)
Capítulo X. Do transporte
[...] a Carta Constitucional garantiu a gratuidade dos transportes coletivos urbanos. Já o
Estatuto do Idoso, por sua conta e risco, garantiu este mesmo transporte e depois o retirou
dos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares.
Assim procedendo, nada mais fez o Estatuto do que mudar o curso de uma Norma Maior,
restringindo-a em franca infração à hierarquia das leis. [...] Se a Carta não especificou as
exceções, a ninguém é lícito considera-las, mormente se não escritas nem insinuadas no pico
mais elevado da construção legislativa. (p. 76)
Estamos assistindo a maior das incongruências no Estatuto quando ele próprio não deferiu,
aos seus idosos, o direito de acesso aos transportes coletivos intermunicipais. Seu silêncio
criou um embaraço interpretativo. [...] Pelo Estatuto, tem-se a gratuidade no transporte
interestadual, mas não a tem no transporte intermunicipal, pois não se garantiu nem se acenou
tal circunstância. [...] Com base no Estatuto, o idoso pobre pode viajar gratuitamente de um
Estado da Federação para outro, mas não de um município para outro, dentro do próprio
Estado. (p. 78-79)
Título IV.
Da política de atendimento ao idoso
Capítulo I. Disposições gerais
Todas as esferas de governo devem participar na política de atendimento ao idoso - e até
entidades privadas –, por tal razão é um conjunto de ações governamentais e não
governamentais. [...] O atendimento ao idoso tem muitas facetas e uma infinidade de pessoas
e governos concorrerão para o mesmo propósito. (p. 89)
[...] os atendimentos especializados têm nas próprias política sociais básicas as diretrizes já
definidas para o idoso. Essas diretrizes já estão devidamente materializadas na Política
Nacional do Idoso (Lei n. 8.842/94), no seu art. 4º. (p. 91)
[...] a Lei n. 8.926, de 9 de agosto de 1994, que torna obrigatória a inclusão, nas bulas de
medicamentos, de advertências e recomendações sobre seu uso por pessoas de mais de
sessenta e cinco anos. (p. 92)
Os falados serviços especiais de proteção aos idosos vitimados por crueldade, maus-tratos e
negligência acabam recaindo, em última análise, no terreno da Justiça. O crime contra o idoso
será apurado, inicialmente, pelos órgãos da persecução penal. É de se inferir que referidos
crimes, quando de ação pública, deixam a qualquer do povo a iniciativa de acionar os órgãos
competentes e inclusive dar “voz de prisão” aos infratores, diante do flagrante delito. (p. 93)
Qualquer que seja a entidade de assistência ao idoso, seja governamental ou não
governamental, ficará sempre sujeita à inscrição de seus programas junto ao órgão
competente da Vigilância Sanitária e Conselho Municipal da Pessoa Idosa. (p. 98)
À prestação de contas será dada publicidade nos órgãos oficiais e em jornal de ampla
circulação. Prestar contas é um ato de publicidade por excelência, o que mostra a lisura de
todos os responsáveis por dinheiros e bens recebidos de coletividade. (p. 119)
Para se detonar o procedimento apuratório, a petição inicial é uma peça imprescindível, pois
nela são registrados os detalhes fundamentais para a ciência da ação administrativa como
todos os seus fundamentos. (p. 140)
[...] pratica o Ministério Público funções típicas e funções atípicas. Aos olhos de Hugo Nigro
Mazzilli, “são suas funções típicas as próprias ou peculiares à instituição. [...]”. (p. 150)
Capítulo III. Da proteção judicial dos interesses difusos, coletivos e individuais indisponíveis
ou homogêneos
[...] A ação civil pública é também aplicável quando as autoridades responsáveis se omitirem
em proporcionar aos idosos os direitos que lhes são assegurados na lei ou no Estatuto. A
omissão pode causar danos à saúde do idoso e, diante de si, tem ele um repertório de atitudes
especificas. A ação civil pública é também um dos remédios legais para combater uma injusta
recusa de serviços. [...]
O idoso que necessitar de atendimento especializado (portador de deficiência ou com
limitação incapacitante) poderá busca-lo e cobrá-lo das autoridades competentes. (p. 159)
O idoso [...] tem privilégio de foro e atrai a competência para seu domicílio quando estiver
envolvido como parte interessada. As exceções se encontram devidamente marcadas pelas
competências da justiça Federal e competência originária dos Tribunais Superiores. (p. 160)
A segunda parte do art. 83 (do Estatuto) autoriza a concessão de tutela específica da
obrigação, ora posta em juízo. Alternativamente, determinará providências para que a medida
pleiteada se concretize. A tutela valerá tanto para a obrigação de fazer como a de não fazer.
(p. 165)
Por duas sérias razões não poderá haver adiantamento de despesas gerias com o processo:
1ª razão – Considerando-se que o idoso, no trato de seus direitos, via de regra, está ungido
por um estado de miserabilidade, é de se buscar, consequentemente, os favores
incontestáveis da Assistência Judiciária, os benefícios da famigerada Justiça Gratuita. [...]
2ª razão – Não poderá haver adiantamento de despesas processuais efetuados a
requerimento do Ministério Público ou da Fazenda Pública, segundo garante o art. 27 do
Código de Processo Civil. Assunto de idoso tem caráter público e representa a parte frágil da
relação social. [...] Nas alturas do assunto, a cobrança de despesas é o mesmo que negar os
direitos contemplados pela lei. (p. 170)
A Lei n. 9.099/95 jogou no papel o que previa a Carta de 1988. Ela (como Lei Maior), por
conseguinte, já tinha feito sua antevisão de um juizado tal que acelerasse a marcha dos
julgamentos em determinadas causas cíveis e criminais. Assim havia disposto (art. 81):
A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
1 – juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a
conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações
penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo,
permitidos nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas
de juízes de primeiro grau [...].
Para a Lei n. 9.099/95, consideram-se infrações penais, de menor potencial ofensivo, as
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois)
anos, cumulada ou não cumulada.
[...] A considerada inovação foi o olhar mais benevolente para com a vítima, no cômputo de
sua aflição com os possíveis danos sofridos. [...]
No Juizado Criminal ressaltou-se o procedimento sumaríssimo norteado pelos princípios da
informalidade, economia processual e celeridade. Na sua índole, portanto, tais princípios
seriam os próprios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, com
explicações mais plausíveis. (p. 176)
Impedir o acesso de alguém a cargo público, por motivo de idade não pode haver aplauso ou
repúdio, antes de algumas considerações. Se na essência de trabalho se exige uma condição
própria para o seu desempenho, é claro que o candidato ao cargo deverá cumprir
determinados requisitos. [...]
Negar emprego ou trabalho, com desculpa de idade, é uma forma perversa de discriminação.
[...]
A recusa, o retardamento ou a dificultação de atendimento à pessoa idosa, notadamente na
esfera da saúde, pode caracterizar o crime de prevaricação se o agente estiver no
desempenho de uma função pública. [...]
Se o idoso se apresentar em risco de vida e lhe negarem o atendimento, pode caracterizar,
por conta da recusa ou omissão, o crime de exposição a perigo para a vida ou a saúde de
outrem (art. 132 do Código Penal) [...].
Afrontar ordem judicial é o mesmo que desobedecê-la. [...] a prevaricação, como crime
especial, consiste na infidelidade ao dever de ofício. Assim, “comete o delito de prevaricação
aquele que, para satisfazer interesse e sentimentos pessoais, deixa de cumpri, retarda e não
pratica ato de ofício” (TJSP – AC – Relator Weiss Andrade – RT 430/322). (p. 185-186)
O “exercício arbitrário das próprias razões” se traduz como fazer justiça com as próprias
mãos”. Um julgado mostra, pela RT 587/418, o direcionamento do tipo pena:
“Se alguém tem ou supões ter tido contra outrem, e este não o reconhece ou se nega a cumprir
a obrigação correlata, não lhe é lícito arvorar-se em juiz, decidindo, unilateralmente, a questão
a seu favor e tomando por suas próprias mãos aquilo que pretende ser-lhe devido, ao invés
de recorrer à autoridade judicial, a que a lei atribuiu a função de resolver dissídios privados
(sic)”. (p. 188)