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Brasília, DF:
Editora Monergismo, 2017.
parece que muitas pessoas confundem o ensino obrigatório com frequência obrigatória à
escola, em especial nas escolas públicas. (77)
Constituição Federal diz que dos 4 aos 17 anos, a pessoa deve ser obrigatoriamente
“educada”. Não há o mínimo consenso, porém, sobre o processo exato de preparação para
o futuro denominado educação. (159)
A educação domiciliar não é apenas uma alternativa à escola; muito mais que isso, ela
consiste no mais integral cumprimento dos deveres decorrentes do poder familiar. Em
essência, educar os filhos em casa talvez seja a maior manifestação de amor que os pais
podem lhes dar. (184)
a banda inglesa Pink Floyd também cometeu um erro, que passou despercebido por quase
todos os ouvintes da música. O erro foi a confusão entre educação e escolarização. Bem,
não precisamos jogar toda a culpa em Roger Waters & cia., pois esse erro é bastante
disseminado. E não é o único: instrução, por exemplo, também é associada muitas vezes
com escolarização.3 Da mesma forma, os termos professor e educador são tomados com
frequência como sinônimos. (217)
Intelectual, em sentido lato, é quem, dotado de cultura bem maior que a média da
população, reflete sobre as realidades sociais e propõe soluções para seus problemas.
(397)
Maria Lúcia de Arruda Aranha, autora do mais influente manual de filosofia da educação no
Brasil, afirma esse vínculo entre professor e intelectual orgânico de forma assaz
contundente: Ser um educador intelectual transformador é compreender que as escolas
não são espaços neutros de mera instrução, mas carregados de pressupostos que
representam as relações de poder vigentes e convicções pessoais nem sempre
explicitadas.
Imaginar que a escola seja um local apolítico, em que são transmitidos conhecimentos
objetivos e apartados do mundo das injustiças sociais, é manter uma postura
conservadora. Perigosamente conservadora, por contribuir com a manutenção do status
quo Filosofia da educação. São Paulo: Moderna, 2006, p. 47. (418)
A geração que nasceu nas décadas de 1960 e 1970 foi a primeira a ter o rock nacional como
grande referência musical e talvez a última a ter a noção mais estabilizada do termo
“família”. (800)
mesmo que apenas de forma intuitiva, todos nós sabíamos que família “pra valer” abrangia
apenas as pessoas com as quais tínhamos relações de parentesco. (806)
Essa noção bem definida de família tem sido contestada pouco a pouco por movimentos
sociais que procuram inflar sua abrangência (para incluir, por exemplo, uniões informais,
casais gays ou mesmo uniões afetivas de mais de duas pessoas) ou mesmo para destruir o
próprio conceito de família, considerada uma instituição criada na era patriarcal e sem mais
nenhuma função na sociedade contemporânea. Por isso, mais do que nunca, é preciso
identificar as diversas definições de família, além das variadas formas de estruturas
familiares. (809)
A família tem algumas semelhanças com o Estado. Em primeiro lugar, ambos têm uma
finalidade em comum: proteger os direitos fundamentais de seus membros, possibilitando
a fruição do máximo bem-estar possível. Os direitos fundamentais, apesar de serem
dirigidos em sentido primordial ao Estado, são providos primariamente pela família que, se
contar o mínimo de estabilidade, atua com eficiência bem maior que o Estado.
Divirjo do autor no ponto concernente à direção exata da relação. Não é a família que se
parece com o Estado, mas é o Estado que se constitui em uma simulação, em grande
medida uma distorção, da família. (1011)
é dever dos pais “assistir, criar e educar os filhos menores” e dos filhos maiores “ajudar e
amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade” (art. 229). (1032)
Eduardo Soto Kloss: Família que nasce do poder soberano de um homem e de uma mulher
que se dão mutuamente e em que ambos são “cossoberanos”, comunidade de vida e amor
que constitui a primeira e mais radical forma de sociedade humana, “autônoma” em seus
fins e bens, independente de todo o poder estatal e “soberana” na sua potencialidade de
gerar direitos, anteriores e superiores ao Estado. (1038)
todos os dias, milhões de famílias por todo o país descumprem seu dever natural (e
obrigação constitucional) de educar os próprios filhos, de prepará-los para a vida adulta.
Do descumprimento dessa função essencial, geradora da disfuncionalidade da família até
a pura e simples desagregação familiar, costuma haver um caminho curto, muitas vezes
percorrido sem que se tenha consciência do destino.
a educação é um processo que de forma ideal ocorre durante toda a vida do indivíduo, que
tem não apenas o direito, mas o dever de se educar. (1327)
A opção pelo termo “instrução” em vez de “educação” deve-se ao fato de não haver
controvérsias a respeito do poder dos pais de educar os filhos (p. ex., o art. 205 da CF
estabelece a educação como “dever da família”).7 O que se questiona juridicamente é se
esse poder abrange também a prerrogativa de ministrar, de maneira direta ou por meio de
terceiros, selecionados para isso, os conhecimentos necessários à preparação para o
mercado de trabalho. (1331)
Antes de a escola tornar-se um fenômeno de massas nos séculos XIX e XX, a educação era
quase sempre provida integralmente em casa, de modo mais informal, com o aprendizado
do ofício paterno pelos filhos das famílias mais humildes, e de modo mais formal, com a
contratação de tutores e preletores para a educação dos filhos das famílias mais prósperas.
Essa modalidade de educação, predominante em quase toda a história da humanidade, foi
se tornando cada vez mais marginalizada com a propagação das leis de escolarização
compulsória, até o ponto de ser realizada por minorias (linguísticas, culturais e étnicas) não
inseridas na cultura majoritária. A esse fenômeno determinado pela história, denomino
educação em casa, para diferenciar do movimento contemporâneo de educação
domiciliar. (1526)
O primeiro país no qual a educação domiciliar adquiriu relevância foram os Estados Unidos,
que conta com um expressivo número de famílias desde a década de 1970. Atualmente, a
educação domiciliar é legal em todos os 50 estados da federação americana, estimando-se
em 2,5 milhões o número de crianças e adolescentes educados em casa. (1533)
Não há um censo que indique com precisão o número de famílias que adotam a educação
domiciliar; estima-se que em 2016 eram cerca de 3.200 famílias. (1545)
(existem registros de várias tribos indígenas que não consideravam os estrangeiros seres
humanos). (1639)
a criança é retirada de suas atividades espontâneas e submetida a diversas ações que têm
por objeto não a criança de hoje, mas o hipotético adulto futuro. Quase sempre, isso
significa retirar a criança da casa dos pais e colocá-la em uma instituição escolar onde, por
várias horas diárias, ela deve obedecer a certos padrões, absorver determinados
conteúdos, obedecer a diversos adultos e conviver todos os dias com incontáveis outras
crianças, com as quais geralmente o único ponto em comum é a idade. (1927)
A educação escolar, em especial, encontra-se tão naturalizada que se tornou lugar comum
identificar educação com escolarização. (1935)
A intervenção realizada pela escola na vida da criança só pode ser comparada na vida adulta
à realizada pela prisão. Os pontos de semelhança são vários, como: estrutura autoritária,
perda da autonomia individual, ausência de participação na formulação das decisões e
tempos determinados para todas as atividades. Há uma notável semelhança incluindo-se a
relação à função primordial: enquanto a escola se destinaria à socialização das crianças, a
penitenciária se destinaria à ressocialização dos adultos. (1939)
O sistema escolar brasileiro atual não confere nenhum espaço para que as crianças possam
exercer autonomia.
Ao contrário: não há nenhuma participação ativa dos alunos no processo educacional ao
qual são submetidos. O aluno é apenas o recipiente passivo, não apenas das informações,
mas também das atitudes e dos valores de quem o ensina. (2000)
Das relevantes instituições modernas, a escola talvez seja a mais autoritária: (2002)
O maior prejuízo causado pelos sindicatos de professores é sentido pelas famílias de baixa
renda, sem alternativa à escola pública, alvo quase exclusivo dos movimentos grevistas.
(2020)
A escola, em vez de servir aos alunos, serve-se deles como instrumentos para a satisfação
de interesses internos de seus membros. (2035)
a única opção para minorar os efeitos deletérios da escolarização sobre as crianças, como
a conhecemos, consiste em conferir a maior liberdade educacional possível às famílias e
instituições educacionais. (2083)
por meio da autonomia o ser humano se constrói em sentido moral, intelectual, filosófico
e espiritual, sendo vedadas, a princípio, quaisquer intervenções externas ao indivíduo e no
caso das crianças, à sua família, (2179)
a família é uma espécie de associação íntima. Sua proteção contra interferências estatais
indevidas deriva não apenas das garantias constitucionais de associação, vistas acima, mas
também pelo direito de autonomia individual (previsto no art. 5º, inc. II), por meio do qual
os indivíduos são livres para buscar as relações íntimas que estejam de acordo com seu
projeto de vida e sua visão de mundo; pelo direito de privacidade (protegido pelo art. 5º,
inc. X a XII), prerrogativa pela qual é possível evitar o conhecimento e a atuação de pessoas
estranhas à vida íntima dos indivíduos; incluindo os direitos culturais, uma vez que a família
é o principal meio de transmissão de “formas de expressão” e “modos de criar, fazer e
viver” (art. 216, inc. I e II). (2669)
A importância do ato de ler em três artigos que se completam. São Paulo: Autores
Associados: Cortez, 1989. (Coleção polêmicas do nosso tempo; 4) (3026)
A Constituição Federal, no art. 6º,1 classifica a educação como direito social, ou seja, como
prestação que pode ser exigida pelo cidadão ao Estado. A finalidade dos direitos sociais é
proporcionar melhores condições de vida aos setores mais fragilizados da sociedade; trata-
se de uma decorrência do princípio da igualdade substancial (art. 5º, caput) e do objetivo
da República Federativa do Brasil de “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais” (art. 3º). (3253)
a chamada educação domiciliar não é, a rigor, um direito da família ou dos pais, mas um
dever que não pode ser descumprido, sob pena de perda ou suspensão do poder familiar.
(3286)
é natural existir uma visão de mundo comum entre os detentores do poder estatal, sem se
identificar de forma necessária com a visão de mundo da maioria da população. Essa
dissonância pode provocar um déficit de legitimidade das autoridades políticas, o que as
levará a tentar diminuí-la. O instrumento mais útil para esse fim é a educação pública,14 por
meio da qual pode se realizar a doutrinação ideológica, que propaga abertamente
determinada visão de mundo, e a alteração comportamental, que induz as crianças à
adoção de alguns comportamentos sem a defesa explícita de uma ideologia. (3325)
Torna-se, portanto, muito difícil conceber a situação em que a educação escolar, pública
ou privada, não possa trazer sérios riscos à transmissão de valores fundamentais dos pais
aos filhos, violando o princípio da neutralidade estatal e o direito humano dos pais de
educar os filhos de acordo com suas concepções morais e religiosas. (3351)
quando houver conflito de interesses, deve-se privilegiar o interesse das crianças. (3411)
Educar sempre tem em vista uma visão de mundo e um ideal de ser humano a ser
alcançado, ou ao menos buscado. (3648)
a educação provida por meio do sistema escolar reflete as concepções valorativas da elite
intelectual de sua época. Desse modo, a escola não é, como se afirma, um lugar de
pluralismo e de diversidade. (3648)
as famílias de baixa renda são as que menos têm condições para escapar desse processo
de destruição cultural, uma vez que a elas reservam-se apenas as escolas públicas, que
operam em padrões muito bem definidos — a formação dos professores, o material
didático utilizado e as avaliações têm padronização nacional. (3652)
os mais variados pontos de vista sobre a educação devem ser permitidos pelo Estado
brasileiro. (3658)
a escola não é e não pode ser a única instância educadora. Na verdade, a escola é apenas
um dos elementos integrantes da variadíssima gama de ideias e concepções pedagógicas.
(3662)
não existem evidências empíricas de que a escola seja a única instituição apta a prover
todas estas finalidades. (3709)
A escola não pode: fazer juízos de valor (certo/errado) com relação a comportamentos
moralmente controversos, pois essa avaliação é exclusiva da família. Da mesma forma, não
pode estimular ou reprimir esse tipo de comportamento. (4118)
“O homem nobre é exigente consigo mesmo, o homem vulgar é exigente para com os
outros.” — Confúcio. (4223)
Um resumo extremo de uma questão bem complexa: Se você acha que o mundo é dividido
entre opressores (“malvados”) e oprimidos (“bondosos”), você é provavelmente de
esquerda. Se você acha que todos os seres humanos são defeituosos por natureza e
propensos tanto ao bem quanto ao mal, você é provavelmente de direita. (4237)
Os dez países com maior índice de liberdade educacional são: Irlanda, Holanda, Bélgica,
Malta, Dinamarca, Reino Unido, Chile, Finlândia, Eslováquia e Espanha. Os dez países com
menor índice de liberdade educacional são: Gâmbia, Líbia, Cuba, Arábia Saudita,
Afeganistão, República Democrática do Congo, Etiópia, República Árabe da Síria,
Mauritânia e Serra Leoa. O Brasil, em 58° lugar, está ao lado de Benin (56°), Qatar (57°),
Camboja (59°) e Vietnã (60°). (4288)