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Curso: LPVV Disciplina: DIVERSIDADE E EDUCAÇÃO

Professor(a): Miguel Vinicius Aluno: Valdecir da Silva

Fichamento:
LOPES, Luiz Paulo Moita A.C. Sexualidade em sala de aula: discurso,desejo e teoria queer*
RESUMO DO CAPÍTULO
O capitulo em estudo aponta para como o a percepção do corpo tem sido apagada do
contexto escolar e também suas consequências para o processo pedagógico. Desde a infância,
o indivíduo é desmotivado a olhar-se, a perceber-se a partir do que lhe deveria ser mais
elemental, mais essencial: seu próprio corpo, que também é uma esfera de sua identidade
enquanto lhe é despejado uma série de conteúdos externos que, comparativamente, poderia
ser comparada a construção de um segundo andar de uma casa desconsiderando
completamente o térreo, suas fundações, o que lhe é básico.

Citações Comentários
“Ainda que o tema das sexualidades seja Professores reforçam esse tabu com a
cada vez mais debatido fora da escola (na ausência de atividades onde o corpo seja
mídia, por exemplo), tal questão ainda é, também um recurso para a aprendizagem,
em geral, um tabu em sala de aula, pelo não algo a ser limitado ou eliminado.
menos nos discursos legitimados pelos/as
professores/as”. (pag. 125).
“Na sala de aula, entram corpos que não Esse conceito é reforçado num processo
têm desejo que não pensam em sexo ou educacional que mais parece um
que são, especialmente, dessexualizados adestramento: A criança não pode correr, a
para adentrar esse recinto, como se corpo criança não pode brincar, a criança não pode
falar. Num extremismo de uma pratica de
e mente existissem isoladamente um do
behaviorista, condiciona-se e não educa, não
outro ou como se os significados,
forma, não se forma.
constitutivos do que somos, aprendemos
e sabemos, existissem separadamente de
nossos desejos.” (pag. 126)
“Mas é claro que esse processo de Promover a negação do corpo é um
esquecer o corpo, naturaliza ideais instrumento de perpetuação de poder
corpóreos de raça como branquitude, de reforçando os padrões historicamente
gênero como masculinidade e de impostos na sociedade.
sexualidade como heterossexualidade. T”
(pag. 126)

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“Dessa forma, isso tem possibilitado a Quando acontece algo que aponte para essa
naturalização dos ideais corpóreos já identidade corpórea do individuo acaba
mencionados embora tal naturalização pendendo para fortalecimento dos conceitos
esteja na contramão da vida social fora da “moralmente corretos” em detrimento a
realidade diversa da sociedade.
escola.” (pag. 127)

“O tema da sexualidade e o do desejo Ainda que a TV tenha assumido esse papel de


aparecem na mídia continuamente (a TV, contribuir para a visão mais ampla da
por exemplo, é cada vez mais sexualidade promovendo informação e
sexualizada), muitas vezes ajudando a experiência é preciso se considerar a
intencionalidade dos meios de comunicação
sedimentar visões normalizadoras e
naquilo que eles produzem ou repercurtem. É
homogeneizadoras da sexualidade, ainda
notório o a questão comercial.
que mais recentemente visões
alternativas para o que se entende como
normalidade estejam sendo também
tematizadas..” (pag. 127)
“O tema da sexualidade e o do desejo Uma contradição intencional. Aparentar para
aparecem na mídia continuamente (a TV, a sociedade que tem essa preocupação ou
por exemplo, é cada vez mais objetivo enquanto suas ações apontam em
sexualizada), muitas vezes ajudando a outra direção.
sedimentar visões normalizadoras e
homogeneizadoras da sexualidade, ainda
que mais recentemente visões
alternativas para o que se entende como
normalidade estejam sendo também
tematizadas.;” (pag. )
“Além do envolvimento dos meninos na A citação carta escrita por dois meninos entre
construção mútua de um projeto de 10 e 11 demonstra como a escola, no
masculinidade hegemônica2 por meio da contexto do capitulo, estava desconectada
co-narração de um ato sexual com uma com a realidade e agindo como se a criança,
ao passar do portão para dentro da escola, se
mulher, do qual supostamente
desvinculasse completamente do mundo em
participaram, o que se percebe nessa
que vive passando a ser um outro ser para o
história é que meninos com tal idade já ambiente escolar. O discente na sala de aula
têm acesso a discursos sofisticados sobre continua sendo um conjunto de experiências
sexo (observem as referências sobre o que ele trouxe dentro de si.
corpo, dor/prazer, posições sexuais, motel
etc. na seqüência). Tais discursos
claramente indicam como a sexualidade é
constitutiva desses meninos, embora essa
questão esteja ausente nos discursos
escolares, legitimados pela escola.” (Pag.
127)

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“Por um lado, percebe-se que a O texto descreve outra aula ocorrendo onde a
professora recusa o tópico referente a temática do homossexualismo (termo hoje
homossexualismo, uma vez que não o em desuso) é ignorada pela professora e os
legitima como adequado para a sala de próprios alunos tem manifestações que
exprimem sobre como o tema, mesmo para
aula e, por outro, que os alunos estão
eles, é inapropriado para o ambiente escolar.
agindo provocativamente, já que, como
participantes de tal contexto, sabem que
esse não é um assunto adequado.” (pag.
132)
“Por causa da natureza de seu trabalho, Nesse ponto o autor aponta para a
os/as professores/as estão na linha de necessidade do professor assumir o papel de
frente dos embates sociais e culturais e vanguarda no processo escolar. Ele precisa
não podem esperar que as mudanças antecipar aquilo que já é presente na
sociedade trazendo para dentro do contexto
sejam efetivadas em políticas públicas
escolar. Caso contrario ele se torna uma
para implementá-las em suas práticas.
vitima atropelada pela dinâmica social.
Precisam estar adiante.” (pag. 133/134)

“A lógica monocultural se associa a um A pergunta que cabe aqui é “ser igual sob qual
modo de explicação da vida social voltado definição?” O que é ser igual e se o individuo
para a mesmidade (somos todos iguais, ou não desejar ser esse igual? Apesar de uma
seja, somos guiados por significados aparente garantia de direitos constitui-se
muitas vezes como uma mordaça, uma camisa
homogêneos que produzem uma única
de força.
interpretação).” (pag. 134)

“Pode-se dizer que a construção de uma O século XVI é marcado pelo espancionismo
ótica monocultural historicamente ganha europeu através do atlântico chegando na
força no processo de construção da américa já tendo loteado o mundo
Europa como ocidente, no século XVI anteriormente através de tratados, sendo um
dos mais famosos, o de toresilhas firmado
(VENN, 2000), frente a um mundo novo
entre Portugal e Espanha.
que surge então.” (pag. 135)

“Esse pensamento monocultural se Essa justificativa coloca o europeu como o


apoiou, no Iluminismo, em uma grande salvador do mundo levando civilidade
justificativa universalista de que existe e progresso para povos que não, na visão
urna razão (a chamada racionalidade europeia, não tinha condições nem direito de
ter autonomia em seu próprio
positivista moderna), acima das práticas
desenvolvimento.
sociais e de nossos posicionamentos, que
poderia levar-nos a valores e
conhecimentos objetivos e neutros e ao
encontro do progresso e da felicidade.”
(Pag. 135/136)

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“A ótica multi/intercultural, por outro O conceito mocultural nos limita a aquilo que
lado, se baseia na compreensão de que nos iguala. Multi/interculturalimo nos
somos seres do discurso e de que como expande pois crescemos nas diferenças.
tais somos constituídos pelos significados
diversificados em que circulamos...”(pag.
136)

“Assim, em vez de pensarmos em essência A questão identitária não deve ser uma
identitária ou homogeneidade identitária, imposição de terceiros mas sim algo que é
devemos ter em mente sociabilidades construída pelo próprio sujeito mediante as
continuamente em construção, ferramentas que o mesmo define como
necessárias para essa construção.
fragmentadas, contraditórias e
heterogêneas, como efeito das práticas
discursivo-culturais em que nos
engajamos e dos embates de poder aí
situados.” (pag. 136)
“Embora queer seja uma palavra da língua Originalmente designando o que era
inglesa, o seu uso tem sido preferido em estranho, fora do padrão, passa a ser uma
português devido à ausência de um expressão de recusa ao chamado processo de
equivalente nessa língua que capte seu naturalização e à normalidade tanto no
sentido. Além de ser uma palavra que que diz respeito à heteronormatividade
significa estranho, inesperado e não- compulsória.
natural, queer também é uma forma
antiga de se referir a homossexuais de
forma ofensiva.” (pag. 138)
“A abordagem queer que desestabiliza a Trata-se de usar uma expressão originalmente
posição privilegiada da de cunho pejorativo para promover uma
heteronormatividade, à qual é dada o quebra de paradigmas.
direito de tolerar outras sexualidades,
objetiva colocar ostensivamente o dedo
no cerne da questão, ao não contemplar
qualquer sentido de normalidade para a
sexualidade, inclusive da
heterossexualidade.” (pag. 139)
“Ao problematizar visões normalizadoras É uma possível resposta a problematização
da sexualidade, a teorização queer pode inicial do capitulo onde se demonstrava o
iluminar nosso trabalho em educação ao quanto o espaço escolar se distanciava da
oferecer uma alternativa de compreensão realidade social vivenciada pelos próprios
discentes e docentes.
dos desafios desestabilizadores das
práticas sociais....” (pag. 141)

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CONSIDERAÇÕES
O texto apresenta, dentro do contexto histórico onde foi escrito, os desafios internos no
próprio espaço escolar de forma muito enraizada em alunos, professores em fim, toda a
estrutura. Aponta a necessidade dos profissionais da educação em ocupar os espaços de
mudança e promover, dentro de sua atuação as pequenas mudanças possíveis dando
seguimento as reflexões passadas, promovendo novas e assim contribuindo na pavimentação
de estradas que levem realmente a formação de seres humanos que sejam capazes de
construir suas próprias identidades.

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