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Itabuna-Ba

2022
Licenciatura em Artes e suas Tecnologias
Docente: Rosemary A Santiago
Discente: Lucas Heliabe Gomes de Noronha
Componente Curricular: Estágio Supervisionado I

Analise do artigo e do filme pro dia nascer feliz:

As escolas retratadas no filme na maioria são públicas, porém também apresenta a


escola privada, conhecida também como particular, onde em sua maioria, os alunos
são brancos, nessa observação inicial, já existe uma diferença visual nas escolas
públicas, onde se encontra uma diversidade cultural.
ˋˋanalisar a escola como um espaço sociocultural significa compreende-la na ótica
da cultura, sob um olhar mais denso, que leva em conta a dimensão do dinamismo,
do fazer cotidiano, levados a efeitos por homens e mulheres, trabalhadores e
trabalhadoras, negros e brancos, adultos e adolescentes, enfim, alunos e
professores, seres humanos concretos , sujeitos sociais e históricos, presentes na
história. Falar da escola como espaço sociocultural implica, assim, resgatar o papel
dos sujeitos na trama social que se constitui, enquanto instituiçãoˋˋ. Página 1, A
escola como um espaço sociocultural.
Observar este espaço, também implica não somente na questão educacional, mas
também sobre relações de poder, e de como estas relações são atravessadas para
os alunos.
Logo na página 2 do artigo, o autor aborda sobre os diversos processos sociais,
desde os aprendizados, as reproduções sociais , as transformações, mas também a
conservação e a destruição de memória coletiva, o controle e a apropriação da
instituição.
Estas relações de poder existentes na nossa sociedade, Byung, no livro sociedade
paliativa, A dor hoje, 2020, traduzido em 2021, na página 11, apresenta o livro Vigiar
e punir de Foucault onde fala que o poder disciplinar fábrica corpos disciplinados
como meio de produção e a dominação mantém ainda, uma relação com a dor.
Mandamentos e proibições são gravados no sujeito da obediência, sim, ancorados
ao seu corpo. Esta disciplina na qual também é de ser atento no âmbito escolar,
disciplina como avaliação final, na qual existe as provas, as notas, como forma de
controle, os que se saem bem, são bem vistos na escola e aos grupos, já os que
não se saem bem nas provas, muitas das vezes são excluídos dos grupos dos
alunos, quando não sofrem por algum bullying, também há as relações com os
professores, muitas das vezes, desestimulados ou desvalorizados, onde cria essa
linha de relação frágil entre a sua professoralidade e o aluno, ou este professor na
qual vive em um sistema de hierarquização da instituição onde na maioria, são
conservadores do conhecimento disciplinador.
´´O mundo da cultura que se alonga em um mundo de história é um mundo de
liberdade, de opção, decisão, mundo de possibilidade em que descendência pode
ser negada, a liberdade, ofendida e recusadaˋˋ. Pág. 55, memórias de plantação,
Grada, Kilomba, 2018.
Grada Kilomba, no livro memórias de plantação, traz a seguinte linha de
pensamento do sistema escravocrata no mundo, onde aponta diversos tipos de
forma de controle por este sistema que oprime e explora, o livro está voltado para
questões afro diaspóricas, onde usando esta linha de pensamento e podendo
aplicar neste espaço que é a escola, um lugar onde por si só, existe a história,
existe a cultura e a sua diversidade cultural e quando esta liberdade é tirada dos
alunos, o mesmo acontece com a sociedade, a liberdade e o conhecimento
disciplinado torna se limitado.
́ ́ O mundo real não é um contexto fixo, não é só nem principalmente o universo
físico. O mundo que rodeia o desenvolvimento do aluno é hoje, mais do que nunca,
uma clara construção social onde as pessoas, os objetos, espaços e criação
cultural, política e social adquirem um sentido peculiar, em virtudes das
coordenadas sociais e históricas que determinam a sua configuração. Há múltiplas
realidades como há múltiplas formas de viver e dar sentido à vidaˋˋ.
Os alunos não são máquinas como também não devem ser soldados, as suas
vivências por si só, existem ali milhares de relações na qual são construídos com o
tempo, estas relações que também fazem parte do espaço escolar e interagem
diariamente com o professor e os alunos, crianças, adolescentes, trabalhadores ou
pessoas mais velhas.
Outro ponto a ser observado é o abandono nas escolas, também como a violência
nas escolas, que tem influência da sociedade, da falta de desemprego, do
desestímulo de que estudar, ou que não teria efeito na vida financeira, ou de que o
mundo do sistema trabalhista limita seu conhecimento para viver em função deste
sistema na qual somente constrói, outra linha de pensamento que deixo é sobre a
forma de sobrevivência, na qual somos ensinados a sobreviver, mas o que
realmente poderia ser mais apropriado seria a vivência, substituir a palavra
sobreviver nos espaços pela vivenciar os espaços.
A relação do poder e dominação e o estabelecimento da verdade, pouco tem haver
com sua correspondência a qualquer objeto ou fato. A verdade como o
conhecimento, é artificial e fruto da construção social, o mesmo ocorre com o direito,
pensar que lei é uma verdade construída com a necessidade de poder, relações que
se expressa a construção social. História do conhecimento, Foucault.
Como diz Sartre, compreender é mudar, dar um passo adiante e ir além de si
mesmo, uma geografia fundada, inspirando realidades do presente, pode ser o
único instrumento eficaz, teórico e prático, para a refundação do planeta. Livro
Técnica, espaço e tempo, Milton Santos, página 35.
Outro ponto de observação é sobre as escolas como espaços que tem a arte como
outro espaço de formação, um espaço que mostrado no filme, pode reverter a
situação do aluno que se encontra em um estado ruim, como exemplo, as meninas
que escrevem como forma de autoafirmação, autoconhecimento e um resgate da
sua identidade, ou o menino que se encontrou na música para fugir até mesmo da
sua vida cheio de influências da rua.
A Arte tem o poder de causar estranhamento, perturbar, transformar, sim, também
doer. Ela se encontra em outro lugar. Ela está em casa no estrangeiro...Pág. 9
BYUNG.
Byung, traz a questão da arte como um elemento na qual traz mudanças
significativas, pois ela vai além do que seria transmitir conhecimento, a arte por si,
ela não só tem o papel de causar estranhamento de quem o vê, mas também como
doer, e quando passamos a sentir a dor do próximo, passamos a ter um campo
ótimo com mais empatia ao próximo, pois a arte ultrapassa essa fronteira da
realidade e da loucura, sendo um campo que poderia dizer que seria a tecnologia da
vida.
Para conhecermos o amor, primeiro precisamos aprender a responder as nossas
necessidades emocionais. Isso pode significar um novo aprendizado, pois somos
condicionados a achar que essas necessidades não eram importantes. Pág. 4,
Vivendo o amor, Hooks, Tradução Maisa mendonça
Arte como dor, mas também como amor, esta dualidade que também é reprimida e
oprimida com as relações existentes tanto na sociedade como também em um
âmbito escolar. Bell Hooks, entende que o primeiro passo para se obter uma
construção significativa é entendendo a si próprio, em minha perspectiva, entender
este amor implica não somente na sua vida, como também influência nos processos
de aprendizados e nas relações que estão sendo construidas dentro do espaço
escolar.
Receia-se que o sujeito colonial falar, o colonizador terá que ouvir, eles serão
forçados a um confronto desagradavel com outras verdades, verdades que foram
negadas, silenciadas, como segredos, gosto muito de frase inglesa: QUIET AS ITS
KEEP, é uma expressão de comunidades que alguém estś prestes a revelar algo
que se presume ser segredo, segredo como escravatura, como colonialismo, como
racismo.
Eu acredito que dialogando sobre estas relações de poder com os alunos, ou
vizinhos, ou amigos, ou família, estou também buscando um lugar onde Grada e
Paulo Freire fala sobre um mundo melhor, um mundo onde possa ter mens
preconceitos, descriminalização entre os corpos, menos corpos robotizados e mais
corpos que indagam, buscam, criam, problematizam e por fim, constroem suas
identidades significativas para a sua realidade.
Em Pedagogia da autonomia, Paulo Freire na página 47 diz que saber ensinar não é
transmitir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua própria produção ou
construção. a página 49, o clima de pensar certo não tem nada a ver com o das
fórmulas preestabelecidas, mas seria a negação do pensar certo se pretendermos
forjá-los na atmosfera da licenciosidade, não há pensar certo. Na página 55, o
mundo da cultura se alonga em um mundo da história é um mundo de liberdade, de
opção, decisão, mundo que possibilita em que sua descendência pode ser negada,
a liberdade, ofendida e recusada. Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem
ensino.
Esses que fazeres se encontram no corpo do outro, enquanto o ensino continuo
buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago
e me indaguei, pesquiso intervindo educo e me educo, pesquiso para conhecer o
que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade.
Trazendo estes conceitos para minha vida, como também para minha
professoralidade, me traz questões na qual tenho que estar atento, às diversas
formas de controle que existem dentro das escolas, como também esta forma de
controle que se encontra nas formas de ensinar, podendo dizer também que estas
formas de ensinamento ultrapassam os limites dos colégios, como as instituições
religiosas, instituições políticas ou sociais presentes nas relações destes futuros
cidadãos presente no nosso tempo e espaço.

Referências:

BYUNG, Chul Nan, Sociedade Paliativa, A dor hoje, @Matthe & Seitz Berlin Verlag, Berlin
2020, Portuguese Edition, Petrópolis-RJ, Direitos de publicação em língua portuguesa-
Brasil, 2021, Editora Vozes LTDA.

GRADA, Kilomba, memórias de plantação, Editora Codogó, 2018

HOOKS, Bell, Vivendo o amor, Tradução Maisa Mendonça

Técnica, Espaço e tempo, Milton Santos, Edusp,


5 edição, 2008.

Relações corpo e educação:


Um estudo sobre o lugar do corpo
na escola. Paulo Ferro Mendes Campos, UNB.
Corpo, gênero e sexualidade, Fundação Universitária
Federal do Rio Grande do sul, 2006.

Freire, Paulo, Pedagogia da Autonomia, 2013, 51 edição, Rio de Janeiro

https://descomplica.com.br/d/vs/aula/foucault-e-a-microfisica-do-poder/

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