Você está na página 1de 6

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

DISCIPLINA: TTP HUMANISMO-EXISTENCIAL

PROFESSOR: MACUS CEZAR

UMA LEITURA ROGERIANA DO DOCUMENTÁRIO “QUANDO SINTO QUE


JÁ SEI”.

Juliany Rodrigues Sampaio – 2016105940-316.7

JUAZEIRO DO NORTE-CE

2019
O documentário “quando sinto que já sei” mostra alternativas ao sistema
convencional de ensino. Trazendo reflexões a partir do próprio nome do documentário,
em que saber já seria suficiente, não seria necessário provar nada a ninguém através de
testes. E tem como objetivo mostrar que é possível fazer diferente na educação. São
relatos de professores, educadores, alunos, coordenadores, todos com o um desejo em
comum, transformar a educação, gerar autonomia aos alunos.

A proposta destas pessoas é encontrar outras formas de educar, por meio de


novos formatos de escolas com foco na formação de crianças mais críticas, autônomas e
questionadoras.

Na Escola Livre Inkiri é um projeto de educação infantil. A coordenadora e


professora relata que cada aluno tem sua forma de evolução, que visa uma educação
para a autonomia, um intenso contato com a natureza e integração com a comunidade. O
objetivo é aprender com a vida. É uma escola livre e não diretiva, eles não direcionam a
expressão das crianças, e por isso cria um espaço protetiva para a criança executar.

Nietzsche articula liberdade como sendo a execução de vontades, livre de


preconceitos, angustias, aversões ou apavoramentos. É afirmar o seu eu e produzir
comportamentos a partir disso. (BENTO,2010). A proposta de Rogers é como essa fala
de Nietzsche, que o sujeito desenvolva sua autonomia sem sentir-se pressionado ou
seguir regras de autoridades que são impostas. O único critério de valor ético seria,
portanto, o bem-estar do homem.

Na Escola Municipal André Urani, os estudantes são divididos em grupos


denominados de famílias, em que vão haver alunos de vários anos de aprendizagem.
Segundo a diretora dessa forma os alunos aprendem uns com os outros, passa a ser
professor mentor, vai mediar a aprendizagem do aluno. A troca de informações e
saberes, sem que haja uma hierarquia. E, portanto, uma melhor aprendizagem e
interação dos alunos.

A escola mudou e deixou de fazer sentindo enquanto construção social, este tipo
de sistema causa infelicidade, analfabetismos e desperdício de gente, relata José
Pacheco. A opressão do ambiente escolar tradicional, o enquadramento dos alunos
numa perspectiva do melhor da turma, de passar no vestibular para ter sua foto em um
outdoor gera ainda mais pressões e infelicidade daqueles que não atingiram conforme o
que foi proposto pela a escola. A escola precisa ser um lugar prazeroso, em que não é
como único fator o aprendizado de conteúdo, mas que se aprenda a viver em sociedade,
que aprenda a viver.

O documentário percorreu o país mostrando vários cenários de várias


instituições com essa perspectiva mais humanista, e que mesmo tendo um objetivo em
comum, funcionam de maneira diferente, afinal, eles respeitam o desejo dos alunos e a
autonomia. São aulas ao céu aberto, diferentes faixas-etárias na mesma turma, maior
relação com a natureza e conteúdos interdisciplinares são algumas das características
dessas novas formas de ensino. O que obviamente, não é comum.

Talvez seja importante outra reflexão, alunos que se adaptaram desde cedo com
o modelo convencional da escola, e ir ao encontro da escola mais humanista, pode gerar
nele uma certa passividade, ou não queira, afinal ele está livre e não há uma hierarquia
onde um manda e o outro apenas acata e reproduza. Diferente do tradicional, o aluno
tem voz nesse ambiente, em que expressam o que não gostam, e que são protagonistas
de seu desenvolvimento e desejos.

Infelizmente muitos professores de escolas tradicionais, querem também uma


transformação na educação, mas são barrados pelo sistema fechado, o que gera
desmotivação. As escolas democráticas defendem o professor como facilitador e
mediador, e é por isso que os alunos não precisam provar que aprenderam um conteúdo.

A contribuição de Rogers não foi tecnológica, mas ética. Esse valor ético tem
como único critério o bem-estar do homem. Somente o homem pode determinar
segundo a sua consciência moral, o que deve ou não fazer.

Segundo Rubem Alves, em “Gaiolas e Asas”, ele narra uma metáfora entra as
variadas escolas: “Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são pássaros”. E explica,
as escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo, são
pássaros sob controle. E deixaram de ser pássaros, pois a essência deles é o voo. Escolas
que são asas, não amam ou querem os pássaros engaiolados. Eles amam o voo deles, sua
autonomia. Existem não para prende-los, mas para incentivar e estimular ao seu voo. Já
que o voo não pode ser ensinado, só por ser encorajado. Nas escolas do documentário,
as crianças não são “pássaros presos”, pelo contrário, são livres para descobrir a arte de
voar e serem protagonistas.
Entretanto, a pesar da escola libertadora ser uma forma autentica de
aprendizagem, ainda se tem muito a conquistar, principalmente nessa perspectiva
capitalista de que quanto mais se tem, mais se consegue, quanto mais vestibulares o
aluno conseguir aprovações, melhor ele é, o melhor de todos. E dentro disto, o brasil
ainda tem muito a se transformar e quebrar paradigmas. Não só das escolas, mas dos
pais também, que entendem uma reprovação como um fracasso do filho. Das pressões
de se graduar em curso que os pais desejam, mas que não entendem que essa não é a sua
vontade.

O papel do psicólogo segundo Rogers, é reconhecer que nada está definido,


tendo que se apropriar apenas de autênticos valores humanos. O que ele quer dizer é que
quando as pessoas são ouvidas de modo empático, isto lhes possibilita ouvir mais
cuidadosamente o fluxo de suas experiências internas. O que mais chama a atenção
dentro de toda essa teoria rogeriana, é que não é necessário complexidade, técnicas
modernas, apenas ouvir. Sendo fundamental ser apenas um outro humano frente aquele
sujeito angustiado. É o que acontece também nessas escolas do documentários,

O humanismo parte deste ponto de valorização do ser humano,


REFERÊNCIA
AMATUZZI, Mauro Martins. Rogers: ética humanista e psicoterapia. Campinas:
Alínea, v. 2, 2010.

Você também pode gostar