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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO

CURSO DE PEDAGOGIA

DÉBORA RODRIGUES SOUZA


JÉSSICA APARECIDA RAMOS AVELINO
MICHELE DE CÁSSIA RODRIGUES OLIVEIRA

PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR EM GRUPO –


AS PRÁTICAS DE LEITURA EM UMA CLASSE
HOSPITALAR

Manhuaçu
2020

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DÉBORA RODRIGUES SOUZA
JÉSSICA APARECIDA RAMOS AVELINO
MICHELE DE CÁSSIA RODRIGUES OLIVEIRA

PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR EM GRUPO –


AS PRÁTICAS DE LEITURA EM UMA CLASSE
HOSPITALAR

Trabalho apresentado ao Curso de Pedagogia às


disciplinas Aprendizagem de Ciências Naturais,
Aprendizagem da Língua Portuguesa,
Aprendizagem da Matemática, Aprendizagem da
Geografia e História, Pedagogia em espaços não
escolares, Estágio Curricular em Pedagogia III –
Gestão Educacional e Espaços não escolares da
UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, para a
disciplina Atividade Interdisciplinar – 6º flex/7º
semestre.

Manhuaçu
2020
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INTRODUÇÃO

A encruzilhada do presente, que nos coloca em trânsito em relação aos


paradigmas estruturadores da modernidade, tem nos estimulado a
pensar na educação que não queremos e nos levado a ações afirmativas acerca das
possibilidades de rompermos com o modelo hegemônico de homem, sociedade e
educação.
Vivemos na época da pós-modernidade, quando
não existe mais uma verdade única e absoluta. A humanidade começa
a reconhecer as diferenças existentes na sociedade (apesar de ainda
não saber muito bem como lidar com elas). A razão ou capacidade
intelectual não é mais a única forma de ver e entender o mundo, passando a serem
reconhecidas outras potencialidades humanas.
Além disso, teorizar sobre a ação, ou melhor, refletir sobre a práxis
pedagógica, possibilita que o pedagogo/professor tenha mais autonomia e
competência. Diante disso, este capítulo tem por objetivo auxiliar
você, leitor, a aproveitar os imprevistos cotidianos, conviver com as
incertezas, criar na sala de aula e fora dela um espaço de discussão na
busca por soluções para os problemas, procedimentos que ajudam a
qualificar a prática pedagógica.
Vive-se hoje uma lógica educacional que tem como finalidade primordial
preparar crianças e adolescentes para conseguir um emprego no
futuro. O papel do professor e da educação talvez deva ser o de trabalhar mais no
sentido da humanização do ser, da socialização, da cooperação, da solidariedade, e
não apenas preparar crianças e adolescentes para, mais tarde (num futuro
qualquer), inserirem-se no mercado de trabalho, enfim, lutar por uma educação
humanizadora, e não apenas mercadológica e utilitarista. Só assim o professor
poderá desempenhar uma função educativa mais ampla e abrangente, voltada para
o aqui e agora, contribuindo efetivamente num todo maior que contemple a plenitude
do ser humano.
Dessa forma, através dessa Produção Textual em Grupo será possível
analisar e refletir sobre o papel do Pedagogo em Ambientes Não Escolares, em
especial, no ambiente hospitalar. Para finalizar será apresentado uma proposta de
trabalho de leitura para esse tipo de ambiente.
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PRODUÇÃO TEXTUAL EM GRUPO

Com relação ao questionamento “PARA QUE SERVE ENSINAR?”,


muito provavelmente surgiram inúmeras respostas explicitando diferentes
concepções e paradigmas que sustentam os vários pensamentos
ou práticas pedagógicas. Dependendo do lugar que estivermos ocupando e/ou
vivenciando e do entendimento sobre como ocorre o processo de construção do
conhecimento, entenderemos esse questionamento e responderemos a ele de forma
diferente.
No intuito de ampliar ainda mais a nossa discussão, é importante salientar
que existem três diferentes concepções teóricas que explicam
como ocorre a construção do conhecimento no ser humano. É com base
nessas correntes epistemológicas que são organizadas as diferentes
propostas de aprendizagem. Essas três teorias são classificadas de
acordo com os seguintes critérios: conhecimento primado no sujeito,
conhecimento primado no objeto e conhecimento primado na interação
sujeito-objeto.
Se ensinar é deixar marcas, quais serão os efeitos dessas três diferentes
concepções teóricas no tocante à formação humana?
Existem várias implicações dessas concepções teóricas na formação dos
indivíduos e da sociedade. Entre elas, pode-se citar as seguintes: quanto ao
EMPIRISMO, pode-se dizer que ele ajudará a formar pessoas com
um perfil mais submisso, sem muita iniciativa e capacidade de questionamento,
assim como de posicionamento crítico e criativo diante da
vida; o APRIORISMO, por reforçar o desenvolvimento das capacidades inatas e
individuais de cada pessoa, possivelmente contribuirá para a formação de um sujeito
autoconfiante, autônomo e crítico, porém mais voltado para os seus interesses e
ideias, apresentando dificuldades em se relacionar em grupos; o
INTERACIONISMO, por reforçar a discussão e o debate de ideias entre as pessoas
e valorizar a capacidade criativa, a liberdade de expressão, a interação entre
diferentes ideias e interesses, como também por favorecer o trabalho em grupo,
possivelmente contribuirá com a formação de um indivíduo

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autônomo, questionador, crítico, participativo, cooperativo e mais
atuante na sociedade.
Não sabemos se é possível dizer qual dessas concepções epistemológicas
está mais correta ou qual delas consegue garantir mais a constru-
ção do conhecimento. Entretanto, todas elas contribuirão para a forma-
ção de um indivíduo social. Cabe ao professor e à escola decidir que
tipo de homem e de sociedade querem ajudar a construir.
As escolas. Bem como outros espaços educativos, na sua concretude,
são terrenos de trabalho e, portanto, de vida em que os sujeitos se
constroem e se (des)constroem como seres humanos de seu tempo
histórico. Queremos dizer que, nesse espaço e tempo, coexistem, confrontam-se e
redefinem-se diferentes possibilidades e limites de humanização. É uma relação
social marcada pela contradição e, assim, reveladora de capacidade múltiplas de
respostas e de sinais de seres humanos, que, como sujeitos, são capazes de criar
movimentos para a construção de projetos alternativos, visando à formação de
cidadãos democráticos e emancipados.
A relação entre a pedagogia e a educação é intrínseca, é um fato, pois
aquela é o grande aporte para dar sustentação e sistematização às
práticas educacionais. O pedagogo busca, em cada ambiente social, um
espaço de aprendizagem e de compreensão dos fenômenos sociais que
nele se verificam. No entanto, para compreender como esse processo
se desenvolve, é preciso estar preparado para olhar de outras formas o
mecanismo e o movimento processado pelas pessoas no contexto em
que se inserem.
Um exemplo específico dessas diversidades é o ambiente hospitalar.
Quando o profissional de pedagogia atua num espaço como esse, deve
manter em mente que está trabalhando. A doença é uma situação limite na
existência humana, e lidar com pessoas nessa situação requer
uma preparação específica e pontual. O ambiente hospitalar não é
comum e rotineiro, no seu aspecto circunstancial, mas é extremamente
real na vida das pessoas que estão buscando uma recuperação de saúde. Por isso,
faz-se necessário um preparo específico, considerando-se
vários aspectos que geralmente não estão entre nossas ocupações e

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preocupações cotidianas. Cabe ao pedagogo gerir essas dificuldades e
auxiliar na superação. O pedagogo que atuar em ambientes hospitalares precisa de
todo um preparo psicológico e emocional para gerir situações extremamente
delicadas do ponto de vista emocional/psicológico.

Projeto de Leitura

Tema: Doses de Leitura, doses de alegria

Justificativa:
A constituição da educação, da escola e da própria pedagogia – enquanto
ciência – é resultado de uma tessitura de significados que se corporificam,
materializam e se encarregam de criar laços, instituídos e instituintes, que
estabelecem uma ponte entre o passado e o presente.
Nesse contexto, o pedagogo é, antes de tudo, um professor que se
especializa em assuntos educacionais, enquanto a pedagogia abarca um conjunto
de conhecimentos sistemáticos que se referem ao fenômeno da educação.
Podemos dizer que ela é o campo de conhecimento que investiga a natureza das
finalidades da educação numa determinada sociedade, numa determinada época,
marcada por determinado pensamento filosófico.
O novo cenário da educação que se configura no século XXI traz novas
possibilidades de espaços de trabalho pedagógico. A educação em espaços não
escolares vem confirmar a realidade que vivemos. O profissional da educação sai,
então, do espaço escolar, institucionalizado, formal, para se inserir nos espaços não
formais que começam a emergir e exigem uma redefinição da atuação do pedagogo:
empresas, hospitais, ONGs (organizações não governamentais), associações,
igrejas e outros locais que transpõem os muros da escola. Essa nova realidade vem,
com certeza, quebrando preconceitos, pois, onde houver uma prática educativa,
existe uma ação pedagógica. Assim, a escola, deixa de ser o único espaço de
trabalho possível para o pedagogo, ressaltando que este continua sendo um lócus
importante.

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Nesse contexto, percebemos que o pedagogo deixa de ser o mesmo
profissional que foi no século XX. Apresenta-se agora como agente de
transformação dessa realidade que gradativamente começa a projetar-se. Destarte,
o pedagogo se insere no mercado de trabalho de forma mais ampla e diversificada,
considerando que a nossa sociedade exige cada vez mais profissional multifacetado
(capazes de exercer diferentes funções em diferentes espaços, formais ou não
formais).
Vive-se hoje uma lógica educacional que tem como finalidade primordial
preparar crianças e adolescentes para conseguir um emprego no futuro. O papel do
professor e da educação talvez deva ser o de trabalhar mais no sentido da
humanização do ser, da socialização, da cooperação, da solidariedade, e não
apenas preparar crianças e adolescentes para, mais tarde (num futuro qualquer),
inserirem-se no mercado de trabalho, enfim, lutar por uma educação humanizadora,
e não apenas mercadológica e utilitarista. Só assim o professor poderá
desempenhar uma função educativa mais ampla e abrangente, voltada para o aqui e
agora, contribuindo efetivamente num todo maior que contemple a plenitude do ser
humano.
Dessa forma, a criança que precisa estar um longo período num ambiente
hospitalar para tratamento médico tem direito a continuar os seus estudos, mesmo
estando fora do espaço escolar. Com isso, esse Projeto visa utilizar a leitura como
uma forma de despertar a alegria, criatividade e entusiasmo nas crianças de 6 a 10
anos que se encontram hospitalizadas.
Além disso, a leitura permite que a criança não apenas adquira conhecimento,
mas possa viajar no mundo da imaginação, levando-a a lugares que naquele
momento ela encontra-se impossibilitada de visitar.

Objetivo geral:
 Permitir a criança de 6 a 10 anos que o seu direito a escolarização se efetive
através da leitura.

Objetivos específicos:
 Promover modalidades de atividades artísticas através das leituras.
 Incentivar a prática da leitura no ambiente hospitalar.

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 Acompanhar a prática da leitura das crianças de 6 a 10 anos no ambiente
hospitalar.
Metodologia:
Criar uma biblioteca dentro do ambiente hospitalar para que as crianças
possam realizar a leitura e outras atividades nesse espaço, ou quando a mesma não
puder deslocar até a Biblioteca Hospitalar, levar esses livros literários até ela.
Promover duas modalidades de atividades artísticas no período de 01 ano do
projeto através da leitura. Essas atividades podem ser apresentação teatral com
base em um livro disponível na Biblioteca, um recital, declamações de poesias.
Realizar 1 evento a cada mês de incentivo à leitura durante o primeiro
semestre do projeto e 1 evento por mês nos 3 últimos semestres.
Fazer empréstimo de 15 livros e promover consulta de 35 livros por mês no 1
semestre do projeto e verificar o aumento de consultas e empréstimo de livros em
35% por mês durante os três últimos semestres.
A metodologia a ser realizada pelo Projeto Leitura em Ambiente Hospitalar  é
inspirada na concepção pedagógica de Paulo Freire, ou seja, o indivíduo deixa de
ser a expressão da ideologia dominante. Este mito que penetra as massas
populares provocando neles a desvalia por se sentirem gente de nenhuma ou de
muita pouca “leitura”. Visa buscar a valorização do indivíduo enquanto seres sociais,
históricos, seres fazedores e transformadores da sua realidade através da leitura. As
atividades do Projeto se realizarão mediante ações educativas, artísticas e lúdicas,
sendo seu foco principal a participação da comunidade através do seu modo de vida
e sua cultura.
O projeto será iniciado com a realização de uma reunião com os diretores da
rede hospitalar, Secretária Municipal de Educação e comerciantes próximos a área
do hospital (o objetivo é a participação deste nas doações de livros) para definir o
espaço onde será implantada a biblioteca e de que forma a mesma vai contribuir
para com as atividades a serem desenvolvidas.

Recursos didáticos:
Livros doados, mesas infantis, cadeiras infantis, tapete colorido e estantes
para que os livros fiquem bem dispostos..

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Avaliação:
Avaliar significa acompanhar o processo e intervir nas possíveis dificuldades
de forma a promover o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno. Desta forma,
ao longo de todo o trabalho desenvolvido é importante observar e registrar as
hipóteses de escrita da criança, as suas facilidades e dificuldades frente às
atividades de leitura e de escrita, para num momento oportuno, intervir de forma a
contribuir com o desenvolvimento do aluno.
Apresentação de palestras sobre a importância da leitura a ser realizada pelo
coordenador e pelo pedagogo.
Produzir e promover peças teatrais e oficinas de artes e leitura, com a
participação da comunidade e dos professores, sob a orientação da equipe
pedagógica.
Realizar feira de livros e sarais literários a cada mês durante o primeiro
semestre do projeto e nos três últimos semestres serão feitas exposições de autores
literários. A cargo do coordenador e do pedagogo.

Referências:

CORSETTI, B.; GARCIA, E. E. B. O lugar da escola na vida dos jovens e o lugar


dos jovens da vida da escola. Disponível em:
http://sitemason.vanderbilt.edu/files/kAjHs4/Corsetti%20e%20Garcia.doc. Acesso
em: 22 mar. 2020.

FREIRE, P. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. 5. ed. Rio de


Janeiro: Paz e Terra, 1981.

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

MOSCOVICI, F. Renascença organizacional. 10. ed. Rio de Janeiro: José


Olympio/2003.

RIOS, T. A. Compreender e ensinar: por uma docência da melhor qualidade. São


Paulo: Cortez, 2001.

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CONCLUSÃO

A respeito da construção da identidade do pedagogo, cremos que é o


processo de formação continuada, e não apenas a formação a que a legislação
obriga, que vem se constituindo como um lócus privilegiado, no qual os saberes se
entrelaçam e ganham significação. O pedagogo necessita ser um profissional
mutante, capaz de vislumbrar diferentes formas de atuação, de acordo com o
contexto no qual está inserido.
A tarefa do pedagogo não é descobrir leis, mas se engajar numa
compreensão interpretativa, ou seja, compreender, conhecer, participar. Para Kosik,
“o conhecimento dessa realidade consiste em um processo de concretização que
procede das partes para o todo e do todo para as partes. Dos fenômenos para a
essência e da essência para o todo.”
Assim, a tarefa central da educação é formar cidadãos. Cidadania não é algo
pronto, mas algo que se constrói no dia-a-dia. Rios, citada no projeto pedagógico
institucional da Universidade para o desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí,
apresenta que, “para ser cidadão é necessário que o indivíduo tenha acesso ao
saber que se constrói e se acumula historicamente e [enfim] ter condições de recriar
continuamente esse saber.” A educação, como todo fenômeno humano, tem um
caráter histórico.
Na dinâmica neoliberal, as políticas e práticas de gestão da educação são,
essencialmente, instrumentos das relações sociais, do poder e do domínio do
capital, da lógica do mercado, da esfera econômica sobre as outras esferas da vida.
Mesmo a escola, que tradicionalmente tem servido para atender aos interesses da
sociedade capitalista por meio da disseminação do saber e da informação, acaba
por “possibilitar às pessoas das classes subalternas captarem de maneira objetiva a
própria realidade social contraditória da qual fazem parte”. A partir da percepção
crítica da situação injusta que condiciona sua existência, o cidadão passa a ter
subsídios para reivindicar condições de vida mais justas e igualitárias.
Uma criança que conhece a si mesma e ao seu corpo adquire domínio sobre
seus movimentos e em sua relação com o mundo externo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREIRE, P. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. 5. ed. Rio de


Janeiro: Paz e Terra, 1981.

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

MOSCOVICI, F. Renascença organizacional. 10. ed. Rio de Janeiro: José


Olympio/2003.

RIOS, T. A. Compreender e ensinar: por uma docência da melhor qualidade. São


Paulo: Cortez, 2001.

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