Você está na página 1de 9

DESTAQUE

atlascompany

16 Revista Presença Pedagógica


André Codea
Mestre em Ciência da Motricidade Humana e pós-graduando em
Neurociência e Educação. Professor da Rede Municipal de Ensino do Rio de
Janeiro e autor do livro Neurodidática – fundamentos e princípios

A DIDÁTICA
DO CÉREBRO
H
á mais de século, a psicologia e a educação tentam
dialogar no sentido de tentar resolver os antigos e
os novos problemas educacionais. Não obstante os
estudos de Lev Vygotsky e Jean Piaget, entre outros
autores, também remontarem a esta época, somente mais
recentemente – há aproximadamente cinquenta anos – a
neurociência começou a habitar também a seara educacio-
nal, procurando desvendar os mistérios de como aprende-
mos e, por analogia, por que temos tanta dificuldade em
aprender, em alguns casos.

A psicologia procura identificar quais componentes ou va-


riáveis psicológicas influenciam e como tal influência co-
abita com o ambiente educacional, através de variados
estudos acerca dos fenômenos da personalidade, da per-
cepção, do comportamento ou da cognição, por exemplo.
A psicologia cognitiva é uma área que tem grande interse-
ção com a educação.

A educação, por outro lado, procura identificar quais me-


todologias de ensino e aprendizagem são mais eficientes
e eficazes, de que forma o manejo de sala de aula pode
aprimorar o processo de aquisição de conhecimento, como
a filosofia educacional pode auxiliar no trabalho docente e
quais são as atribuições de conteúdos por faixa etária e/ou
seriação, que podem contemplar a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC).

Revista Presença Pedagógica 17


DESTAQUE

Por fim, temos a neurociência, que tenta explicar o funcionamento


cerebral, os fenômenos da mente e da consciência, da interação e
do funcionamento dos sistemas sensorial e motor, entre várias outras
questões (TOKUHAMA-ESPINOSA, 2011).

A Ciência da Mente, Cérebro e Educação (do acrônimo em inglês MBE


Science – Mind, Brain and Education) foi a tentativa de convergência
que variados cientistas de renome mundial postularam como o agre-
gado interdisciplinar entre a psicologia, a educação e a neurociência.
Tal agregado é uma tentativa de responder a questões que são recor-
rentes nos ambientes escolares e na educação em geral: como apren-
demos, e como podemos aprender melhor, em um contexto em que o
fracasso escolar ainda reina? Como ensinar crianças com múltiplas di-
ferenças em um espaço físico que contempla a educação em massa?
Como trabalhar com alunos deficientes (incluídos, se preferir) tendo
que atender às suas especificidades ao mesmo tempo que precisa
atender a um currículo seriado e classificatório, características da es-
magadora maioria dos sistemas de ensino do país?

Todos os conhecimentos advindos da MBE Science podem ser aplica-


dos em sala de aula por meio da neurodidática, de forma semelhante
à que a velha didática fazia (e ainda faz) na educação tradicional. Não
se trata, que fique claro, de nenhuma reinvenção da roda (CODEA,
2019a). A ideia é verificar quais são as possíveis aplicações de tais co-
nhecimentos nos variados contextos das diferentes realidades escola-
res, tarefa que só é possível por meio de um trabalho planejado pelo
professor, em consonância com a situação particular de cada sala de
aula existente em todos os lugares deste país.
atlascompany

18 Revista Presença Pedagógica


O PROBLEMA DOS PARADIGMAS
Um dos grandes problemas para adoção de uma neurodidática
reside em algo que vai além do problema da formação docente
insuficiente para dar conta das diversas realidades das salas de
aula. A “recusa de muitas e muitos em mudar os caminhos pe-
dagógicos [e a insistência nas] – raízes que do passado nos ali-
mentam, âncoras que lá nos acorrentam” (CORTELLA, 2014, p.
19) dificulta ou mesmo bloqueia as possibilidades de mudança
de comportamento dos professores, que se revela em frases do
tipo “já estou muito velho para isso”, “do jeito que faço está
bom”, ou ainda o “vai me dar muito trabalho”, posturas essas
nem sempre assumidas publicamente.

Tais comportamentos passam pela questão da personalidade do


professor, conforme destacamos em um artigo sobre o tema, ao
evidenciarmos que “há influências da personalidade do profes-
sor na aprendizagem em sala de aula, seja em termos de seu
comportamento, seja pela escolha da metodologia ou de ou-
tros procedimentos em sala de aula” (CODEA, 2019b, p. 62). A
Paralisia Paradigmática que se estabelece nesses casos inclui
comportamentos que englobam a aceitação de pseudoverdades
sem questionamento (o que chamamos popularmente de fake
news), em uma forma de normatização hipnopédica e anticien-
tífica que se estabelece a partir de uma ideologia que jaz latente
na própria sociedade e se reproduz na escola, naquilo que cha-
mamos de pensamento cartesiano (BATISTA, 2019).

Em adição a este já profundo problema da paralisia paradig-


mática docente, surge também outro paralelo, relacionado à
realidade do mundo digital. Os conteúdos digitais que estão
presentes no dia a dia das pessoas são muito mais atrativos
para os alunos que as formas tradicionais de ensino. Como jus-
tificar aulas palestradas e alunos assistindo passivamente uma
aula com a realidade da produção autoral de vídeos pelos alu-
nos em plataformas como o Tik Tok ou mesmo com a utilização
de jogos em que o aluno vira um personagem que decide o seu
destino? Como fazer que este aluno se sinta motivado a apren-
der em um mundo cada vez mais multifacetado, com “verdades”
mudando rapidamente e em uma escola que parece ter parado
no tempo? Nossa perspectiva é que a utilização das moder-
nas abordagens e recursos tecnológicos pode ser mais eficaz se
mesclada com abordagens tradicionais, tendo em vista os dife-
rentes contextos em que se dá a educação escolar.

Revista Presença Pedagógica 19


DESTAQUE

A NEURODIDÁTICA
Considerando a neurodidática como a forma
de aplicar a MBE Science na escola, e den-

NA SALA DE AULA
tro da abordagem proporcionada por Tokuha-
ma-Espinosa (2011), elencamos princípios que
podem produzir melhora nos processos ensi-
no-aprendizagem nas salas de aula.

1. CADA CÉREBRO É ÚNICO E UNICAMENTE ORGANIZADO – sendo o cérebro resul-


tado da interação entre nossa herança genética e o conhecimento acumulado pelas
experiências individuais ao longo da vida, evidencia-se que cada cérebro aprende
de forma diferente, sendo diferenciado em sua própria estrutura, em termos físicos
(CODEA, 2019). Isso dá uma relevância ao conhecimento, pelo professor, da vida atual
e pregressa dos alunos para que possamos não só escolher lições que sejam desa-
fiadoras, mas ainda mostrar a eles que seu conhecimento e sua vida importam. Isso
é extremamente importante para que se possa ter uma turma motivada, participativa
e interessada em aprender, com consequências positivas para todo o processo de
ensino-aprendizagem.

2. TODOS OS CÉREBROS NÃO SÃO IGUALMENTE BONS EM TUDO – todos somos muito
bons em alguns aspectos da vida prática e igualmente muito ruins em outros. Conhe-
cer e desconhecer faz parte do desenvolvimento humano, e já se desmistificou há muito
tempo aquela noção de alguém que “sabe tudo”. Por outro lado, a aprendizagem torna-
-se muito mais interessante a partir das diferenças individuais, pois cada aluno vive em
um contexto, nível de motivação e conhecimento prévio diferente, possui um potencial
diferente, adapta-se de forma diferente e entende de forma diferente. Claro que pode se
constituir em um desafio realizar uma análise individual dos alunos em grandes turmas,
mas fazê-lo poderá evidenciar as potencialidades e as fraquezas de cada um, o que irá
aumentar as possibilidades de sucesso ao suprir as necessidades individuais.

3. O CÉREBRO É UM SISTEMA DINÂMICO E COMPLEXO, E É MODIFICADO DIARIA-


MENTE PELAS EXPERIÊNCIAS – a aprendizagem é um fato constante da vida humana,
e quanto mais aprendemos, mais somos capazes de aprender. Em termos cerebrais,
a aprendizagem se revela no aumento e fortalecimento das sinapses cerebrais, e tal
noção deve ser passada aos alunos. Obviamente, as questões que perpassam os pro-
cessos de aprender não residem somente no cérebro, mas podemos entender que, de
uma forma ou de outra, ficam nele armazenadas. Oferecer experiências ricas e varia-
das aos alunos, diferentes estímulos e possibilidades aumentará seu cabedal de expe-
riências e, consequentemente, sua dinâmica cerebral.

4. A APRENDIZAGEM É UM PROCESSO CONSTRUTIVISTA, E A HABILIDADE DE APREN-


DER É CONTÍNUA ATRAVÉS DOS ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO À MEDIDA QUE O
INDIVÍDUO MATURA – aprender demanda adaptação, é pautado em conhecimento
prévio e é um processo de construção por parte de quem aprende. Saber adaptar os
conteúdos a serem ensinados ao nível de desenvolvimento de seus alunos, de forma
a melhor entender quais conteúdos e métodos de ensino são mais apropriados, cons-
titui uma parte importante do trabalho docente. Diferentemente de seguir cartilhas ou
livros didáticos, esta tarefa deve ser adequada ao nível real de conhecimento cole-
Ilustrações: upklyak

tivo, podendo ser determinado por testes diagnósticos. Grande parte das dificuldades
de aprendizagem passa exatamente por não se fazer uma correta diagnose e não se
adaptar o ensino ao nível de maturação cerebral correto, o que pode melhor determi-
nar os limites e as possibilidades da aprendizagem.

20 Revista Presença Pedagógica


5. A BUSCA POR SIGNIFICADO É INATA NA NATUREZA HUMANA – a
construção do significado é um fator primordial e determinante para
as escolhas que são feitas na vida de cada pessoa, e com nossos
alunos não é diferente. Essa construção do significado é realizada
a partir de nossas experiências pregressas e esquemas mentais que
adquirimos ao longo do processo de desenvolvimento. Assim como
ocorre com a aprendizagem, é uma necessidade inata, o que confere
ainda mais importância à adoção de práticas pedagógicas ativas e
centradas no aluno. Urge, então, dar significado às ações pedagógi-
cas, utilizando as necessidades inatas de explorar e descobrir exis-
tentes nas crianças, baseando-se em seu conhecimento preexistente.

6. CÉREBROS TÊM ALTO GRAU DE PLASTICIDADE E SE DESENVOL-


VEM AO LONGO DA VIDA – aprender implica, como já vimos no item
1, mudanças físicas no cérebro, o que denominamos de plasticidade
cerebral, ou neuroplasticidade. Isso se traduz na criação de novas
conexões cada vez que aprendemos (ou esquecemos) algo. Ainda
que com o avançar da idade, no processo de desenvolvimento, pos-
samos ter maiores dificuldades de aprender, a adoção de estímu-
los contínuos e desafiadores na forma de nova aprendizagem pode
manter o cérebro ágil e funcional, ainda que possa ocorrer eventu-
almente algum tipo de patologia neuronal. Para o professor, cumpre
estimular as capacidades cerebrais de seus alunos, de forma que,
mesmo que não seja aparente no comportamento observável, ha-
verá sempre processamentos ocorrendo em seus cérebros, com be-
nefícios que podem se revelar posteriormente.

7. OS PRINCÍPIOS DA CIÊNCIA MBE SE APLICAM A TODAS AS IDA-


DES – no item anterior, tratamos do fenômeno da neuroplasticidade
e do fato de ela se fazer presente em todo o processo de desen-
volvimento humano. Todas as fases do desenvolvimento envolvem
aprendizagem de formas diferentes, e isso inclui o processo de en-
velhecimento, em que há perdas neuronais em termos de processa-
mentos e capacidades. A aprendizagem continuada é a melhor forma
de manter os cérebros ativos e funcionais, e o estímulo constante à
aprendizagem pode dinamizar a vida das pessoas, combatendo a
depressão e o suicídio. Não obstante a existência de períodos mais
apropriados (sensíveis) à aprendizagem, em termos cerebrais, todo
tipo de aprendizagem pode ocorrer em qualquer etapa da vida.

8. A APRENDIZAGEM É BASEADA PARCIALMENTE NA HABILIDADE


CEREBRAL DE SE AUTOCORRIGIR – um dos temas mais presentes
atualmente na educação é o protagonismo do aluno, especialmente
nas capacidades de autorreflexão, autocorreção e autocondução da
própria aprendizagem. Em termos da autocorreção, a conexão entre
o novo aprendizado ao conteúdo previamente conhecido é uma
das formas de aprender mais eficazes, pois o torna capaz de refle-
tir sobre seu comportamento e prevenir dano corporal, humilhação,
maus sentimentos ou baixa autoestima. A autorreflexão considera
tanto ações que são moralmente desafiadoras devido a valores pes-
soais como a criação de novas ideias com base nos esquemas men-
tais existentes, o que pode proporcionar melhores escolhas.

Revista Presença Pedagógica 21


DESTAQUE

9. A BUSCA POR SIGNIFICADO OCORRE POR MEIO DO RECONHE-


CIMENTO DE PADRÕES – usar os mecanismos dos sentidos na
apropriação do ambiente e na comparação da informação rece-
bida com o que já se conhece se refere a formar padrões, o que é
uma das capacidades humanas que nos torna capazes de predi-
zer respostas por meio de respostas neurais apropriadas. Na sala
de aula, o uso de exemplos, analogias, metáforas e outras estra-
tégias semelhantes pode auxiliar os alunos a formar conexões
entre conceitos, especialmente se usarmos o conhecimento do
aluno como base do que estamos ensinando (ver itens 2 e 5). Ao
lidarmos com o ensino de ideia não naturalmente compreendida,
esta poderá ser mais bem entendida, pelo menos em essência, se
puder ser associada a um padrão familiar aos alunos.

10. CÉREBROS BUSCAM NOVIDADE – novidades atraem cérebros


e constituem um dos principais alicerces da motivação humana.
Nossos cérebros as detectam rapidamente, pois evoluíram para
detectar mudanças e flutuações no ambiente. Aparentemente
um paradoxo, buscamos padrões e rotinas constantemente (pa-
radigmas), mas também damos importância à novidade, pois
esta aciona nosso sistema de alerta. Nova informação pode ser
usada em sala de aula como meio de atração e manutenção
da atenção, especialmente se implicar na variação da rotina da
classe e/ou novas experiências com significado para os alunos.
A base da aprendizagem por observação e pela comparação
com o conhecido mescla a estimulação precoce ao reconheci-
mento de padrões com a habilidade em identificar novidades.

11. EMOÇÕES SÃO CRÍTICAS PARA IDENTIFICAR PADRÕES,


PARA TOMADA DE DECISÃO, E PARA APRENDIZAGEM – se as
emoções são vitais para a sobrevivência, são igualmente para
a aprendizagem e tomadas de decisão. A partir da quebra do
paradigma cartesiano que dizia que somos seres racionais que
temos emoções, a neurodidática evidencia que somos seres
emocionais que pensam (CODEA, 2019), o que subverte o en-
tendimento acerca do papel das emoções na aprendizagem,
impactando enormemente a qualidade e a eficácia da apren-
dizagem, especialmente em termos do desenvolvimento das
competências socioemocionais.

12. A APRENDIZAGEM É AUMENTADA PELO DESAFIO E INIBIDA


PELA AMEAÇA – a utilização de desafios na sala de aula adapta-
dos ao nível de desenvolvimento dos alunos é um dos principais
mecanismos motivacionais para a aprendizagem, o que inclui a
adoção de jogos. Por outro lado, os alunos não gostam e não pro-
duzem adequadamente em ambientes ameaçadores. A adoção,
Ilustrações: upklyak

pelo professor, de estratégias comportamentais que garantam um


ambiente seguro, com baixo nível de ameaça, e ao mesmo tempo
empático, estimulante e moderadamente desafiador pode elevar
o nível de qualidade da aprendizagem positivamente.

22 Revista Presença Pedagógica


13. A APRENDIZAGEM HUMANA ENVOLVE A ATENÇÃO FOCADA E
A PERCEPÇÃO PERIFÉRICA – os mecanismos perceptivos e aten-
cionais do cérebro humano constituem capacidades vitais para as
possibilidades de aprendizagem. Atrair e manter a atenção focada
do aluno bem como manter sob moderado controle a atenção pe-
riférica constituem atualmente um dos grandes desafios do ensino.
Considerando que são poucos os alunos que conseguem facilmente
se autorregularem, há necessidade de estímulo constante à autor-
regulação da atenção, o que pode se dar por meio de mudanças na
configuração da sala de aula, remoção ou redução de elementos
distratores e/ou determinação de locais específicos para o aluno se
sentar (mapa da sala), por exemplo.

14. O CÉREBRO CONCEITUALMENTE PROCESSA PARTES E TOTALI-


DADES SIMULTANEAMENTE – o processamento cerebral ocorre em
paralelo e simultaneamente, especialmente quando a informação é
familiar. Apresentar lógica e sequencialmente partes de informação
é importante em termos pedagógicos, mas a apresentar também em
termos de totalidade é igualmente importante para o processamento
da informação, o que envolve também a temporalidade diferente em
cada aluno. Apresentar a informação tanto em partes quanto em to-
talidade pode proporcionar melhor aprendizagem.

15. O CÉREBRO DEPENDE DE INTERAÇÕES COM OUTRAS PESSOAS


PARA DAR SENTIDO A SITUAÇÕES SOCIAIS – assim como a intera-
ção social é necessária ao desenvolvimento humano, a qualidade
positiva das interações entre os alunos são críticas para a aprendi-
zagem. Trabalhar o conteúdo por meio de atividades ativas e cola-
borativas é fundamental para o desenvolvimento cognitivo e social,
com reflexos em maior qualidade da aprendizagem.

16. O FEEDBACK É IMPORTANTE PARA A APRENDIZAGEM – pro-


porcionar feedback para os alunos é fundamental para sua apren-
dizagem. Ao falarmos de feedback, estamos nos referindo àquele
das avaliações autênticas, que possibilitam ao aluno saber o que
errou e como corrigir os erros, mas também nos referimos aos
­feedbacks de comportamento, em que estimulamos os comporta-
mentos positivos e aumentamos a autoestima dos alunos por meio
de comentários estimuladores e motivadores. Momentos de avalia-
ção e de estimulação do comportamento devem ser momentos de
aprendizagem.

17. A APRENDIZAGEM DEPENDE DA MEMÓRIA E ATENÇÃO – embora


já tenhamos abordado a importância da atenção no item 13, enten-
demos que ela é vital para a aprendizagem, em especial na questão
da memória, pois a soma dessas duas variáveis é igual à aprendi-
zagem. A ideia é privilegiar atividades e avaliações que promovam
a utilização da memória de longo prazo e dos sistemas atencionais
por meio do envolvimento ativo dos alunos no processo, em que
estes sejam o centro das experiências de aprendizagem.

Revista Presença Pedagógica 23


DESTAQUE

18. OS SISTEMAS DE MEMÓRIA DIFEREM NA FORMA DE ENTRADA


E NA RECORDAÇÃO – há diferentes formas e técnicas de memo-
rizar, que utilizam diferentes sistemas de memória cerebrais que
podem ser utilizados para melhorar a recuperação posterior. Isso
inclui o ensino de diferentes técnicas de estudo, e a utilização de
atividades desafiadoras que facilitem o uso das redes neurais, por
meio da estimulação sensorial ampla e diversa, e da contextualiza-
ção das atividades.

19. O CÉREBRO RELEMBRA MELHOR QUANDO FATOS E HABILIDA-


DES ESTÃO INCORPORADOS EM CONTEXTOS NATURAIS – a utiliza-
ção de exemplos concretos e próximos das realidades dos alunos
proporciona melhor memorização e recuperação do que assuntos
estanques e dissociados. Trazer o conteúdo ao máximo à reali-
dade dos alunos parece produzir melhores resultados acadêmicos
e comportamentais.

20. A APRENDIZAGEM ENVOLVE PROCESSOS CONSCIENTES E IN-


CONSCIENTES – normalmente focamos os esforços educativos nos
processos conscientes de aprendizagem, mas os processos in-
conscientes, como os reconhecimentos faciais e vocais que inter-
ferem na forma como uma mensagem é recebida ou transmitida
podem interferir positiva ou negativamente na atuação do profes-
sor em sala de aula e na aprendizagem dos alunos. Outra situação
que revela a importância dos processos inconscientes é o processo
de consolidação das memórias de longo prazo que ocorre durante
o sono, cuja importância pode ser enfatizada pelo professor.

21. A APRENDIZAGEM ENVOLVE TODA A FISIOLOGIA (O CORPO IN-


FLUENCIA O CÉREBRO, E O CÉREBRO CONTROLA O CORPO) – o
funcionamento normal dos mecanismos fisiológicos é fundamental
para a aprendizagem, o que confere especial importância à nutri-
ção, sono e atividades físicas para os alunos. Entre outros fatores,
isso evidencia a necessidade do envolvimento da família e o papel
da escola no processo educativo, de forma a garantir as condições
fisiológicas apropriadas ao aluno. 
REFERÊNCIAS

BATISTA, Washington Adolfo. Neurociência, aprendizagem e currículo


escolar: fatores biológicos e sociais que influenciam na prática
pedagógica. In: SILVA, Cláudia Diniz da (org.). Neurociência e carreira
docente. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2019.

CODEA, André Luiz de Britto Teles. Neurodidática: fundamentos e


princípios. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2019.

CODEA, André. A neurodidática como nova ferramenta escolar. Revista


Escola Particular, São Paulo, n. 256, p. 4-10, 2019a.

CODEA, André. Aprendizagem influenciada. Psique, n. 163, p. 56-63, 2019b.


Ilustrações: upklyak

CORTELLA, Mario Sérgio. Educação, escola e docência: novos tempos,


novas atitudes. São Paulo: Cortez, 2014.

TOKUHAMA-ESPINOSA, Tracey. Mind, Brain and Education Science: a


compreensive guide do the new brain-based teaching. New York, USA:
W. W. Norton & Company, 2011.

24 Revista Presença Pedagógica

Você também pode gostar