Você está na página 1de 15

Endereço da página:

https://novaescola.org.br/conteudo/8340/um-guia-
para-escolher-bem

Publicado em NOVA ESCOLA Edição 280, 17 de Agosto | 2015

Tecnologia | Matéria de capa

Um guia para escolher


bem
Analisamos o potencial didático de 13 recursos digitais.
Saiba quando e como levá-los à sala de aula
Bruno Mazzoco
Camila Camilo

Do bom-dia ao boa-noite, o cotidiano da professora Sayonara Ribeiro, de


Lavras, a 240 quilômetros de Belo Horizonte, é cercado de tecnologia. Ela
desperta com o smartphone e, no café, acessa e-mails e lê notícias na web.
Depois, como ninguém é de ferro, dá uma espiada no Facebook. E, para o
planejamento escolar, Google e Word são companheiros inseparáveis.

Talvez você seja ainda mais plugado. É natural, portanto, pensar em levar
esses recursos para a aula. Pressões não faltam: de um lado, 82% dos alunos
navegam na internet ao menos uma vez por semana, informa a pesquisa TIC
Educação 2013. De outro, segundo a mesma sondagem, 95% das escolas têm
acesso à rede. Mesmo desconfiada, Sayonara aderiu à tendência. "Comecei
usando as novas ferramentas nos mesmos moldes de antigas tecnologias. O
PowerPoint substituiu o projetor de slides. Mas eu me incomodava. Queria
mais."

O incômodo - que também pode ser o seu - tem a ver com uma pergunta de
ouro: a tecnologia que você pretende usar vai melhorar o aprendizado do
conteúdo que quer ensinar?

A resposta precisa ser sim. Idealmente, a tecnologia leva os alunos a aprender


coisas que, sem ela, não aprenderiam. "Ela deve contribuir para um
estudante ativo, criativo e que trabalhe em equipe", avalia Marta Voelcker,
especialista em Informática na Educação pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS).

Lecionar assim é desafiante. Significa trocar o antigo papel de único detentor


da informação pelo de orientador dos processos de descoberta. Não se trata,
porém, de uma perda de importância. "A tecnologia não substitui o professor.
Ela o coloca em outro patamar. Ele tem que ser mais reflexivo e consciente
dos processos de pesquisa e investigação para ensinar", afirma Patricia Diaz,
diretora de desenvolvimento educacional da Comunidade Educativa Cedac.

Outro receio é a constatação - real - de que os alunos têm mais familiaridade


com os dispositivos digitais. Não se intimide. Lembre-se de que qualquer
recurso em sala se soma ao conhecimento didático que só você possui sobre
sua área ou disciplina. Por essa razão, vale seguir a recomendação da
especialista argentina Delia Lerner no artigo La Incorporación de las TIC en el
Aula. Para utilizar as tecnologias, o professor precisa treinar como usuário,
explorando os recursos básicos das ferramentas, e, mais importante, deve
preparar-se bem para aplicá-las em situações didáticas.

As próximas páginas trazem sugestões de uso em sala dos 13 mais populares


recursos digitais do dia a dia, esquadrinhados por 17 especialistas em
tecnologia da Educação e nas mais variadas disciplinas (veja a lista completa
de fontes no rodapé da página). Para completar, três professores - uma delas
a própria Sayonara, citada no começo desta reportagem - ilustram como se
apropriar das ferramentas para transformar a prática pedagógica. A reflexão
e o planejamento deles é o componente humano de que a tecnologia
necessita para cumprir a promessa de ajudar no aprendizado.

1. Google
Potencial de uso em aula Alto.

O que trouxe de novo google.com já virou sinônimo de pesquisa na internet.


O acesso fácil e a grande oferta de informações alteram a função do
professor. Ele deve, entre outras coisas, ajudar os alunos a construir uma
atitude crítica em relação à avalanche de conteúdos disponíveis na rede. No
artigo La Metamorfosis Digital: Cambios, Ventajas e Riesgos de Leer y Escribir
en La Red, o pesquisador espanhol Daniel Cassany faz a analogia entre
pesquisar na internet e conversar com um desconhecido na rua: para termos
certeza de que não estamos sendo enganados, é preciso que tomemos
algumas precauções. Tudo o que está na internet é verdade? Existem páginas
mais confiáveis que outras? Quais são os critérios para encontrar uma boa
fonte de pesquisa? O primeiro resultado de busca é sempre o mais
relevante?

O que você precisa saber É aconselhável ter um domínio razoável da


ferramenta para instruir os alunos a refinar suas pesquisas com a definição
de palavras-chave e a utilização de diferentes sinais gráficos. As aspas, que
restringem os resultados, são fundamentais (veja outras estratégias). Ainda
mais importante é instruir a garotada a reconhecer e a utilizar fontes
confiáveis - nas quais seja possível identificar a autoria dos textos e
diferenciar fatos de opiniões -, comparar informações de diferentes fontes e,
ao incorporar dados aos textos, discutir questões como citação, cópia e
plágio.

Cuidados ao usar A pesquisa é uma importante etapa de uma sequência ou


projeto didático, mas não pode ser um fim em si mesma. Ela é apenas o
ponto de partida, um recurso para os alunos se apropriarem de informações
que deverão ser articuladas com saberes prévios e informações provenientes
de fontes offline.

Ferramentas similares Bing e Yahoo!.

Pesquisar, encontrar - e não copiar!

As grandes navegações e o descobrimento do Brasil eram os conteúdos que a


professora Sayonara Ribeiro, de História, tinha previsto em seu planejamento
para trabalhar com o 7º ano da EM Padre Dehon, em Lavras, a 240
quilômetros de Belo Horizonte. Para enriquecer a compreensão sobre o
período, a educadora colocou os alunos para pesquisar na internet sobre as
motivações dos navegantes, seus temores e expectativas acerca das viagens
oceânicas e a vida em alto-mar. Organizados em duplas ou trios, os
estudantes foram convidados a usar livremente o Google para encontrar
informações que ajudassem a responder às questões. De cara, Sayonara
notou que muitos alunos digitavam perguntas no campo de busca (por
exemplo, "quais as motivações dos navegantes?") esperando obter respostas
prontas. Outros utilizavam uma única fonte para elaborar seus textos. Era a
deixa para falar sobre a definição de palavras-chave, a identificação de fontes
confiáveis e a necessidade de ler o material pesquisado para selecionar as
informações procuradas. O debate deu resultado. Ao levantar informações
sobre os índios que habitavam Minas Gerais na época do descobrimento, os
resultados de pesquisa ganharam em precisão, mas permanecia um
problema: a cópia - o que, àquela altura do trabalho, não era mais aceitável.
Faltava cruzar as fontes de pesquisa e tentar produzir uma síntese com as
próprias palavras. "Tive de devolver algumas produções. Expliquei para o
aluno que o texto entregue estava restrito à pesquisa. Deixei claro que ele
ainda precisava escrever o que tinha entendido daquelas informações",
conta.

2. Facebook

Potencial de uso em aula Médio.

O que trouxe de novo A facilidade em acessar informações e o apelo que o


facebook.com tem sobre os jovens podem ajudar a ampliar o contato do
estudante com o saber para muito além do tempo de aula. No entanto, a
concorrência com a interação social e o acesso a todo tipo de conteúdo pode
se converter em uma grande barreira. É comum que os alunos estudem em
casa com o Facebook aberto e recorram uns aos outros durante a realização
das tarefas. Caso se sinta à vontade, o professor pode se valer disso para
criar grupos de estudo ou de debate e tirar dúvidas dos alunos. As discussões
online também podem ser contempladas no planejamento das atividades
com o levantamento de conhecimentos prévios e das opiniões da turma
antes das aulas. É possível ainda encorajar a classe a entrar em contato com
especialistas de diferentes áreas do conhecimento por meio de seus perfis
públicos na rede.

O que você precisa saber O recurso de criação de listas (veja um tutorial) é


valioso. Com ele, você pode controlar quais postagens vão diretamente para
seus alunos e os conteúdos pessoais a que eles não terão acesso.

Cuidados ao usar São muitos. Primeiro, a idade mínima para ter um perfil no
Facebook é 13 anos. Segundo, é importante considerar que não é possível
restringir a interação dos alunos apenas aos professores e colegas ou grupos
criados exclusivamente para fins educativos. Por esse motivo, especialistas
em tecnologia da Educação recomendam a utilização de ambientes
colaborativos específicos para a Educação.

Ferramentas similares ThinkQuest, Moodle, Edmodo e Google Classroom.


Todas elas são plataformas para o gerenciamento de aprendizagem (em
inglês, Learning Management Systems, LMS).

3. Wordpress

Potencial de uso em aula Alto.

O que trouxe de novo A possibilidade de criar blogs com o wordpress.com


coloca a linguagem em seu contexto real de uso, o que provoca a reflexão
sobre a relevância do conteúdo produzido, seu leitor presumido e a
qualidade final. Utilizado em contextos de produção individual ou coletiva, o
blog desperta o sentimento de autoria.

O que você precisa saber Como a ferrramenta é intuitiva, lançar um blog


não exige conhecimento de informática. Mas, antes de pedir que a turma
coloque uma página no ar, é importante fazer um planejamento: saber qual
será a função do blog, que tipo de conteúdo será postado nele e quem serão
os responsáveis pelas postagens, assim como regras de comportamento
online.

Cuidados ao usar Usar o blog apenas como repositório de fotos ou portfólio


é subaproveitar o instrumento.

Ferramenta similar Blogger.

4. Instagram
Potencial de uso em aula Baixo.

O que trouxe de novo Famosa pelas famigeradas selfies e pelas fotos de


refeições, a rede social de imagens, disponível para iOS e Android, tem uso
reduzido em sala. Em Arte, é possível ampliar o repertório da turma
apresentando obras de artistas contemporâneos que tenham perfil na rede.
Em Língua Portuguesa, permite trabalhar a produção de legendas. Mas as
sugestões poderiam ser desenvolvidas utilizando outros recursos.

O que você precisa saber Para tornar as fotos localizáveis, elas precisam
estar associadas a palavras-chave com #, a famosa hashtag.

Cuidados ao usar Lembre-se de que se trata de uma rede social e que nem
todos podem concordar em ter suas imagens expostas. A idade mínima para
a utilização da plataforma é de 13 anos.

Ferramenta similar Snapseed (para celulares iOS e para aparelhos Android).

5. Word
Potencial de uso em aula Alto.

O que trouxe de novo Em todos os segmentos de ensino, o uso dos editores


de texto pode proporcionar ganhos significativos para aquisição e
desenvolvimento das competências de escrita. Nas turmas de alfabetização,
em que os alunos ainda estão aprendendo sobre o funcionamento do
sistema, ao sublinhar em vermelho uma palavra grafada de maneira não
convencional, o corretor ortográfico ajuda os pequenos a se interrogar sobre
a grafia correta. Com alunos mais velhos, é possível discutir problemas de
pontuação e concordância indicados pela presença do grifo verde, e tornar o
processo de edição e revisão mais eficiente. "Para o escritor, o uso das
ferramentas de recortar e colar é a melhor invenção desde o lápis e a
borracha", afirma a formadora Denise Guilherme. A mobilidade no manejo
dos parágrafos deixa o escritor livre para experimentar. Também merece
destaque a possibilidade de salvar versões do texto, para que os alunos
comparem a evolução da escrita e percebam que sua construção envolve
diversas etapas, do planejamento à revisão. Uma dica é guardar as versões
numerando-as. Também é útil a ferramenta de comentários, que sugere
adequações sem intervenção direta no material (veja um tutorial).

O que você precisa saber Vale ter familiaridade com as funções básicas do
software, como habilitar e desabilitar o corretor ortográfico, salvar diferentes
versões e fazer notas de revisão.

Cuidados ao usar Há pouco sentido em pedir para os alunos atuarem como


copistas ao digitar no computador um texto cuja produção foi inteiramente
realizada no papel.

Ferramentas similares LibreOffice e Google Docs.

Um texto comentado e revisado

A turma do 4º ano estava mergulhada na leitura de contos de suspense de


autores como Stella Carr e Marcos Rey e tinha uma missão pela frente:
produzir, em dupla, um texto do gênero. Como é comum aos escritores de
hoje, os pequenos da classe de Daniela Venturi, da Escola Santi, em São Paulo,
teclaram o texto direto no computador, sem passar pelo papel. Parece algo
trivial, mas a maioria das escolas ainda faz a turma escrever primeiro no
caderno. "Do ponto de vista da aprendizagem, não há necessidade. Não
podemos ignorar que as telas passaram a ser as novas superfícies de escrita",
afirma Beatriz Gouveia, coordenadora de projetos do Instituto Avisa Lá.
Concluída a primeira versão, Daniela apresentou as ferramentas de revisão
do Word. A meninada aprendeu a inserir comentários e a responder aos
deixados pela professora. Por meio de observações, Daniela incentivou a
reflexão sobre os elementos fundamentais de um conto bem escrito: começo,
cenário, personagens, espaço e conclusão. "Com base nas minhas sugestões,
os alunos já realizavam as mudanças, utilizando a opção de marcas de
revisão evidentes." O corretor ortográfico também entrou em cena. Uma
primeira providência foi explicar o que significavam os sublinhados de
diferentes cores, pois a turma ainda não havia atentado para essa função da
ferramenta. "Explico que o corretor não pega tudo. Ficam de fora, por
exemplo, palavras com o mesmo som, mas escritas de maneira diferente,
como concerto e conserto. Por isso, a releitura é indispensável", finaliza.

6. PowerPoint

Potencial de uso em aula Médio.

O que trouxe de novo Sucessora da cartolina e das transparências, a


apresentação digital supera suas irmãs mais velhas nos quesitos
interatividade e praticidade. É um recurso interessante para sistematizar os
achados de uma pesquisa.
O que você precisa saber O fundamental é trabalhar o gênero expressão
oral - ou seja, ensinar a fazer apresentações. Como material de apoio à fala,
os slides devem funcionar como um roteiro conceitual, contendo somente as
ideias-chave que serão desenvolvidas. A organização dos slides deve levar em
conta a hierarquia das ideias e seus desdobramentos para a definição de um
esquema de apresentação (confira dicas).

Cuidados ao usar Muitas vezes, as apresentações são marcadas pela


enfadonha leitura de lâminas e mais lâminas sobrecarregadas de texto. "A
escola parte do pressuposto de que o aluno já sabe fazer seminários, o que
raramente é verdade", comenta a formadora Denise Guilherme.

Ferramentas similares Prezi e SlideShare.

7. Twitter

Potencial de uso em aula Baixo.

O que trouxe de novo A principal característica da comunicação por meio


microblog twitter.com é a agilidade. O limite de 140 caracteres por postagem
pode ser um bom mote para explorar a produção de sínteses ou trabalhar
gêneros como o microconto e o haicai. Outra atividade interessante é analisar
como diferentes personalidades exercitam a concisão da escrita para se
expressar por meio desse canal. Ou comparar a cobertura de um mesmo
evento pelo perfil dos diferentes atores envolvidos - por exemplo, as
manifestações pelo olhar da grande imprensa e dos veículos alternativos
(veja mais utilizações).

O que você precisa saber O mais importante é ter clareza dos objetivos do
microblog (compartilhar indicações de leitura e comunicações rápidas). É útil
também saber usar as hashtags para indexar posts e fazer pesquisas e
utilizar os encurtadores de links para o compartilhamento ser eficiente.

Cuidados ao usar O Twitter é inadequado para tirar dúvidas ou discutir em


profundidade. Como explicar bem um conteúdo em 140 caracteres?

Ferramenta similar FriendFeed.


8. Google Maps

Potencial de uso em aula Alto.

O que trouxe de novo A plataforma maps.google.com.br agrega serviços que


ajudam no trabalho de alfabetização geográfica. É possível abordar
conteúdos como toponímia, coordenadas geográficas e convenções
cartográficas. Alternando as modalidades de exibição entre mapa, imagens
de satélite e visão de rua, a correlação entre a representação cartográfica e a
vida real fica mais palpável (ver plano de aula). Serviços como o mapa de
trânsito e a função terreno mostram as diferentes utilidades dos mapas.

O que você precisa saber O Google Maps utiliza vários satélites, cada um
com um nível diferente de detalhamento e representação gráfica das
informações coletadas. Nem todas as imagens possuem a mesma definição,
o que impacta na escolha das regiões e temas a ser estudados.

Cuidados ao usar É recomendável abordar a história da cartografia para


mostrar como os mapas evoluíram com as tecnologias digitais.

Ferramentas similares Mapas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais


(INPE) e da agência espacial americana, a Nasa.

9. Geogebra
Potencial de uso em aula Alto.

O que trouxe de novo Sua principal característica é permitir entender


conceitos matemáticos de maneira dinâmica (baixe aqui). É possível explorar
conteúdos da geometria, da álgebra, da estatística e da trigonometria de
maneira mais ágil e intuitiva do que seria realizado com lápis e papel. Um
bom exemplo é a propriedade da soma dos ângulos internos dos triângulos.
A regra diz que o resultado dá sempre 180 graus. Para inferir essa
característica com o uso dos materiais tradicionais, o aluno seria obrigado a
construir diferentes triângulos para depois realizar os cálculos. Com o
software, basta fazer uma figura e alterá-la de modo que seus ângulos
internos se modifiquem. Com menos trabalho braçal, a turma experimenta
mais para chegar à conclusão.

O que você precisa saber O bom aproveitamento da ferramenta passa pela


capacidade de elaborar situações desafiadoras. Para que isso aconteça, é
importante conhecer as funções disponíveis e praticar bastante antes de
propor atividades. A internet pode ser uma aliada para encontrar fóruns de
discussões, e vídeos (como este).

Cuidados ao usar O software não deve ser visto apenas como sinônimo
digital de instrumentos como a régua e o compasso. "Procedimentos de uso
do Geogebra nem sempre são transferíveis para uma situação de uso de lápis
e papel e vice- versa", afirma Saddo Ag Almouloud, coordenador do Programa
de Estudos Pós-Graduados em Matemática da Pontifícia Universidade de São
Paulo (PUC-SP). Utilizar o programa apenas para construção de figuras
geométricas, por exemplo, é um uso que não estimula a reflexão, já que boa
parte do processo é automatizado, inviabilizando erros com potencial
enriquecedor.

Ferramentas similares Cabri e Euklid.


O teorema visto na prática

Para mostrar aos alunos do 8? ano do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, que
a razão entre o comprimento de uma circunferência e seu diâmetro é sempre
igual à constante Pi (aproximadamente 3,14), Liliana Costa poderia ter
desenhado figuras no quadro. Se fizesse isso, é provável que os adolescentes
aceitassem o conceito. Mas, nesse caso, todos teriam que se apoiar apenas
na palavra da professora em vez de explorar e provar. "Meu objetivo era que
eles compreendessem a regularidade a partir da sua aplicação, sem precisar
decorá-la", conta Liliana. Usando fita métrica e barbante, a garotada mediu
tampas de panela, fôrmas de bolo e até uma mesa redonda. Eles observaram
que o valor da divisão entre comprimento e diâmetro nem sempre se repetia.
Liliana explicou que equívocos são normais quando a ferramenta não é exata.
"A pouca precisão das medições pode não contribuir para obter o valor de Pi,
mas coloca os alunos para conversar sobre o tema, traz experimentação para
a aula de Matemática e mostra a necessidade de utilizar instrumentos mais
precisos, como o Geogebra", explica Sérgio Dantas, da Universidade Estadual
do Paraná (Unespar). Então, usando um roteiro formulado pela professora, a
turma desenhou no Geogebra circunferências de tamanhos variados. Dessa
vez, o valor da relação era sempre Pi, tanto nas figuras maiores como nas
menores. "Além de gostar da ferramenta, eles testam a regularidade e
descobrem que ela é concreta", conclui a professora.

10. YouTube

Potencial de uso em aula Alto.

O que trouxe de novo São inúmeras as aplicações educacionais do


youtube.com. Pode-se recomendar vídeos para o debate em sala, indicar
referências para pesquisas ou mesmo orientar uma produção própria. Além
disso, videoaulas podem servir como material de apoio para o estudo.

O que você precisa saber A produção de vídeo requer conhecimentos


específicos. Nesses casos, vale pedir a colaboração de parceiros ou identificar
habilidades entre os próprios alunos.
Cuidados ao usar O entretenimento é o grande motivador do acesso ao site.
As crianças sabem disso. Privilegie vídeos relacionados aos conteúdos
estudados. Além disso, é preciso indicar fontes seguras de informação e
desenvolver o senso crítico para que os estudantes possam avaliar a
qualidade dos diferentes materiais disponíveis.

Ferramenta similar Vimeo.

11. Whatsapp

Potencial de uso em aula Baixo.

O que trouxe de novo A agilidade na troca de mensagens pelo celular pode


ajudar a levar discussões para fora da sala e para esclarecer dúvidas pontuais
dos alunos. É possível também utilizar o serviço de compartilhar materiais
durante pesquisas de campo ou atividades extraclasse.

O que você precisa saber É importante deixar claro quais são os objetivos
das conversas e dos grupos criados. Cabe ao professor manter o foco e fazer
a mediação das discussões.

Cuidados ao usar Como o aplicativo só roda em smartphones, todos


precisam ter acesso ao aparelho, o que nem sempre é a realidade. E, como as
mensagens tendem a ser curtas, é melhor buscar outros meios para
discussões complexas.

Ferramenta similar Kik (para celulares iOS e para aparelhos Android).

12. Excel
Potencial de uso em aula Alto.

O que trouxe de novo O trabalho com gráficos é uma boa opção para
familiarizar a turma com o programa. Ao explorar suas opções, eles podem
perceber que existem formatos de visualização mais adequados para cada
tipo de informação. É possível ainda trabalhar cálculos com números grandes,
porcentagens e funções.

O que você precisa saber É importante estudar para poder explorar as


diferentes possibilidades do programa. Dificilmente você conseguirá
aprender tudo de uma vez. Teste com antecedência o que dá e o que não dá
certo.

Cuidados ao usar O software deve estar atrelado à resolução de situações-


problema. O uso apenas com o intuito de automatizar operações sem vistas a
um objetivo maior é supérfluo.

Ferramenta similar Google Spreadsheet.

13. Skype

Potencial de uso em aula Médio.

O que trouxe de novo As chamadas em vídeo são úteis no estudo de Língua


Estrangeira. Uma possibilidade do skype.com em todas as disciplinas são as
videoconferências com especialistas das diferentes áreas. É possível ainda
propor sua utilização para trabalhar o gênero entrevista.
O que você precisa saber Para que a videoconferência funcione, é
conveniente preparar uma pauta com os temas da conversa divididos em
tópicos para garantir que as trocas entre os alunos atendam aos objetivos
pedagógicos.

Cuidados ao usar O aluno deve ser o protagonista das conversas a distância.


Uma chamada em que só o professor fala fará com que a turma perca o
interesse. A grande potência da ferramenta é permitir ao aluno desenvolver a
oralidade.

Ferramenta similar Google Hangouts.

Fontes: Antonia Terra (FFLCH-USP); Beatriz Gouveia (Instituto Avisa Lá); Camila Fattori (Cedac); Denise
Guilherme (formadora de professores); Ivonildes dos Santos Milan (autora de livros didáticos de
Matemática); José Armando Valente (NIED-UNICAMP); Laura Meloni Nassar (Colégio Oswald de Andrade);
Luciana Hubner (Abramundo); Manuela Prado (Colégio Santa Cruz); Marcos Santos Mourão (especialista
em Educação Física escolar); Marta Voelcker (especialista em Informática na Educação); Monique
Deheinzelin (especialista em Psicologia e Educação); Patricia Diaz (Cedac); Saddo Ag Almouloud (PUC-SP);
Sandra Medrano (Cedac); Sueli Angelo Furlan (Fflch-USP); Valdenice Minatel Melo de Cerqueira (Colégio
Dante Alighieri).

Você também pode gostar