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 ESCOLAS DO SÉCULO XXI

Por que o modelo de educação tradicional está com os dias contados?

por
César Martins
postado em
14/10/2020

Você já parou para pensar o quanto as crianças de hoje são “inquietas” e


apresentam mais facilidade de aprendizado?

O que presenciamos no mundo moderno é uma verdadeira evolução humana.


Com o acesso cada vez amplo à tecnologia e à avalanche informacional por
meio da internet, prender a atenção dos alunos é desafiador não só para os
professores, mas também para os pais.

O modelo de educação tradicional já não funciona tão bem — e é justamente


sobre a evolução do ensino que vamos refletir neste artigo, que contou com a
participação de Débora Noemi Inouye, sócia e diretora de Tecnologia
Educacional da Happy Code.

Confira, a seguir, como esse modelo está perdendo espaço e quais as


alternativas disponíveis, como a metodologia STEM!

Por que o modelo de educação tradicional não funciona mais?


A verdade é que há algum tempo o modelo de educação tradicional tem se
tornado obsoleto. Os próprios especialistas da área não acreditam que a
metodologia tenha mais o efeito eficaz como acontecia há alguns anos.

Isso se deve a uma série de fatores, como a presença cada vez mais forte
da tecnologia nas nossas atividades diárias, a própria mudança de
comportamento das pessoas e à globalização.

Sobre este último ponto vale a pena destacar que as fronteiras foram abertas,
proporcionando às pessoas o acesso à modernização e ampliação da visão de
mundo. Hoje, por exemplo, é possível “viajar” para diferentes partes do mundo
com apenas alguns cliques.

Outra questão é o fato de os alunos já não serem mais considerados meros


receptores de conhecimento, como acontece no ensino tradicional.

O ensino engessado não trabalha vivências, o que faz com que ele se torne
uma reprodução teórica. No entanto, isso não significa que ele deve ser
totalmente abandonado.

De acordo com Débora, “o modelo de ensino tradicional é interessante para ser


usado em alguns momentos, mas o professor deve atuar mais como mentor
nesse processo. A questão é que, se isso é usado durante todas as aulas em
todos os momentos, acaba gerando o desinteresse dos alunos exatamente
pela falta de protagonismo”.

Os desafios que costumam exigir que o aluno coloque a “mão na massa”


geram mais interesse. Para Débora, faz mais sentido quando o estudante vai
em busca da solução para o problema, pesquisa e trabalha para construir algo.
Essa iniciativa resulta em engajamento e, consequentemente, favorece o
processo de aprendizagem.

Quais as consequências de persistir nesse modelo de ensino?


Como destacamos no final do último tópico, uma das principais defasagens ao
persistir em um modelo tradicional de ensino é que os alunos não
aprendem habilidades necessárias no mundo de hoje.

A sócia e diretora de Tecnologia Educacional da Happy Code pontuou uma


questão muito importante sobre o assunto. Para ela, as situações que vivemos
em nosso dia a dia não envolvem apenas uma disciplina, elas são muito mais
complexas.

Tudo isso torna a necessidade de ir atrás das respostas mais latente, o que,
por sua vez, exige protagonismo por parte da pessoa. Quando uma criança só
recebe aulas expositivas, por exemplo, dificilmente ela vai desenvolver a
capacidade de resolução de questões e terá dificuldade em ser mais criativa.

“Se o aluno trabalha por meio de projetos, ele também aplica a criatividade.
Nesse caso, eu preciso desenvolver uma solução para poder aprender”,
destaca Débora.

Da mesma maneira, se é trabalhado apenas o modelo de educação tradicional


em que o aluno escuta o professor, deixa-se de lado a flexibilidade e
a resiliência, bem como a capacidade de ir atrás de soluções para os seus
problemas. Isso mostra que relacionar teoria e prática é fundamental para criar
um equilíbrio.

Em uma reportagem do jornal El País, o matemático e fundador da Khan


Academy, Salman Khan, afirmou que a “a escola tradicional não responde
ao funcionamento do cérebro; as redes neurais funcionam com a associação
de ideias, não com temas estanques”.

Isso significa que a repetição básica parte da premissa básica de que todos os
alunos entendem o que está sendo dito. O resultado disso é que alguns ficam
pelo caminho.

Quais as alternativas ao ensino tradicional?


Segundo a chefe da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe
(CEPAL), Alicia Bárcena, em fórum da ONU, 65% das crianças terão trabalhos
que ainda não existem, graças à evolução tecnológica.

Independentemente de sabermos quais serão esses empregos, as crianças


vão precisar de um desenvolvimento das habilidades para ocupar qualquer um
desses cargos. Pensamento lógico, capacidade de inovação, flexibilidade,
criatividade, comunicação e tomada de decisão são apenas algumas dessas
competências.
Sobre essa questão, a sócia e diretora de Tecnologia Educacional da Happy
Code School complementa com a ideia de um escritor e futurista sobre a
percepção dessa capacidade de aprendizado.

“Alvin Toffler disse uma vez que o iletrado do século XXI não será aquele que
não sabe ler e escrever, mas sim aquele não sabe aprender, desaprender e
aprender. Por isso, a necessidade de, cada vez mais, sabermos nos reinventar
e se requalificar”.

Na Happy Code School o aprendizado é baseado na solução de desafios. Ao


aluno, é apresentada uma situação “problema” vinculada a um tema
da ONU (como saúde e meio ambiente), e, a partir disso, é incentivado que ele
pense em um projeto que resolva esse problema, envolvendo disciplinas
diversas.

Tal etapa envolve a construção de um protótipo baseado nas ideias do próprio


aluno, que vai sendo aperfeiçoado a partir de feedbacks e testes da solução
apresentada.

Programação associada à matemática, linguística e design são algumas das


disciplinas trabalhadas. A ideia é que os alunos façam um brainstorm e
cheguem a uma ideia que poderá envolver programação, robótica e artes
digitais, por exemplo.

“A aprendizagem entre times é bastante importante, considerando o cenário


de trabalho futuro. Assim, todas essas metodologias e abordagens preparam o
estudante, pois trabalham com o desenvolvimento dessas habilidades e na
preparação em termos de abordagens e metodologias que são utilizadas
também pelo mercado”, pontua Débora.

Nesse cenário, a tecnologia precisa ser vista como meio, uma facilitadora, e
não como fim nesse processo de aprendizagem.

Por meio dela, cria-se o engajamento, que é um importante instrumento para


a alfabetização digital dessas pessoas — e é justamente esse ponto que faz
com que o modelo de educação tradicional esteja com os dias contados.

Um desafio para os professores é encontrar formas eficientes de como


incentivar a leitura. Um dos motivos é que os alunos estão cada vez mais
habituados a utilizar recursos digitais no cotidiano, fazendo com que um livro
ou uma revista não sejam considerados alternativas tão interessantes de
aprendizado.

Atualmente, as crianças e os jovens querem assimilar as informações com


mais rapidez, por meio de uma linguagem simples e acessível. Dependendo da
obra literária, o conteúdo apresentado pode se tornar cansativo por causa do
vocabulário rebuscado, repleto de palavras desconhecidas para os leitores.

Neste post, mostraremos como é possível utilizar a tecnologia para ajudar os


estudantes a adquirirem o hábito da leitura. Confira!

Aposte na gamificação
Uma boa opção para estimular a leitura em sala de aula é a gamificação. Ela
consiste em uma ferramenta didática que adota jogos para facilitar o
aprendizado e ajudar os estudantes a compreender melhor as tarefas.

Por meio de jogos digitais, os alunos se sentem mais à vontade para trabalhar
em grupo, competir e enfrentar novos desafios. A gamificação pode ser
utilizada para a criação de quizzes com perguntas sobre uma obra literária, por
exemplo.

Essa atividade faz com que os alunos tenham uma motivação extra para se
envolver com o conteúdo do livro. De acordo com o índice de acertos, os
estudantes poderiam avançar no jogo e responder a perguntas cada vez mais
complexas sobre a obra.

O professor também pode dividir os estudantes em grupos para responder aos


questionamentos. A troca de ideias entre os alunos promove uma maior
proximidade entre eles, o que é positivo não apenas para o aprendizado, mas
também para melhorar o ambiente em sala de aula.

Conhecimento
A capacidade de trabalhar em equipe é algo que pode ser perfeitamente
estimulado pelas instituições de ensino. Ao fomentar a colaboração entre os
estudantes pelos jogos digitais, a escola está tornando cidadãos mais aptos a
conviver com as diferenças e a adotar o diálogo como o melhor meio de
resolver situações mais complicadas do cotidiano.

Outro ponto positivo da gamificação é que o aprendizado se torna mais


estimulante para o aluno, porque ele se sente mais próximo do conteúdo. Além
disso, ele cria uma análise própria da obra literária, em vez de ficar somente
ouvindo a opinião do professor sobre a história. Assim, o conhecimento é
assimilado de forma ativa, o que difere esse método dos mais convencionais.

Incentive a leitura pelas ferramentas digitais


Muitos alunos ficam desestimulados em ler uma obra literária com 300 páginas
no formato tradicional. Esse aspecto ocorre porque os estudantes convivem
bastante com meios em que a informação é transmitida de forma mais simples
e rápida.
Como incentivar a leitura de clássicos da literatura nacional em um cenário de
alta tecnologia? Uma boa resposta está na adoção de blogs que trabalham
com esses temas de maneira mais didática e que tornam o assunto mais
atraente para os estudantes.

Uma explicação sobre o tema abordado no livro e informações sobre trechos


mais interessantes são fatores que contribuem para os alunos compreenderem
melhor o conteúdo e terem mais condições de assimilar o contexto da obra
literária e as mensagens que o autor deseja transmitir.

Debate
O professor também pode incentivar os estudantes a criarem um blog sobre as
obras literárias lidas em sala de aula. Individualmente ou em grupos, os alunos
podem fazer um texto mostrando o que assimilaram do livro e debater as
questões levantadas pelo autor em sala de aula.

Essa ação faria com que os estudantes não apenas trabalhassem com a leitura
para enriquecer o vocabulário, mas também desenvolvessem a capacidade de
articular ideias. Hoje, muitas empresas valorizam o uso correto da língua
portuguesa em processos seletivos. Por isso, o conhecimento das regras
gramaticais é algo que deve ser valorizado nas escolas.

Trabalhe com plataformas interativas


Realmente, achar a fórmula ideal de como incentivar a leitura não é tão simples
quanto parece. Felizmente, é viável usar a tecnologia a favor do ensino. Um
bom exemplo é elaborar o desafio para os estudantes criarem uma pequena
obra literária com base em um clássico da literatura brasileira.

Esse trabalho pode ser desenvolvido de maneira colaborativa por meio de um


arquivo, disponibilizado em uma plataforma online que permite o acesso de
várias pessoas. Com a atividade finalizada e analisada pelo professor, os
estudantes em grupo explicariam para os colegas como criaram o conteúdo e
as mensagens que desejavam apresentar com o texto.

Hoje, o Google Docs, por exemplo, é muito utilizado para a elaboração de


textos em que várias pessoas participam da montagem do conteúdo, seguindo
os procedimentos estabelecidos pela equipe.

A troca de experiências faz com que a análise de uma obra literária se torne
algo mais estimulante. Isso porque os alunos têm a oportunidade de expressar
as ideias e avaliar o livro com uma perspectiva mais próxima da realidade em
que vivem.
Pense em outras formas de comunicação
Há múltiplas maneiras de como incentivar a leitura por meio do avanço
tecnológico. Prova disso é que, com o Powerpoint, os alunos podem criar um
gráfico simples destacando os pontos que consideraram mais relevantes da
história. O mesmo pode ser feito em outros programas, como o Excel.

Em vez de fazer um resumo de várias laudas, os estudantes empregam uma


forma mais simples de mostrar como compreenderam o conteúdo. Também
podem ser utilizadas ilustrações para apontar características dos personagens
ou momentos marcantes da obra literária. Essas imagens podem fazer parte de
um arquivo de softwares, como o Photoshop e o Power Point.

A criatividade sempre é um melhor caminho para encontrar alternativas de


como incentivar a leitura. A tecnologia torna esse trabalho ainda mais fácil,
desde que haja um planejamento das ações a serem realizadas para os alunos
se envolverem com uma obra literária de forma plena.

Com certeza, uma instituição de ensino tem como uma das principais metas
formar estudantes que saibam apresentar pontos de vista e compreender as
ideias apresentadas pelo outro. Por isso, vale a pena ler, com bastante
atenção, este post sobre como aperfeiçoar a escrita e a leitura dos estudantes
por meio da tecnologia.

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