Você está na página 1de 17

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3

Cadernos PDE

I
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
NOVAS TECNOLOGIAS E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM
UM COLÉGIO ESTADUAL DO PARANÁ

1
*Roseli Tavaresi
**Carlos Alberto Machado

RESUMO:

Este artigo visa relatar, o projeto de intervenção realizado no “Colégio Estadual de Segredo”,
com o titulo: “A importância da atualização do professor, em relação à internet, para a realização do
trabalho de pesquisa no Colégio Estadual de Segredo”, trabalho este, que foi um dos requisitos
principais de subsídio teórico metodológico para o desenvolvimento de ações do PDE, que têm como
objetivo promover a ampliação de espaços de interação e diálogo entre os professores sobre o uso
da internet como uma das ferramentas para o desenvolvimento do trabalho escolar, visando o ensino-
aprendizagem dos educandos. O mundo contemporâneo apresenta, de fato, desafios crescentes aos
profissionais das mais diversas áreas. Por meio dessa abordagem, que desenvolvi no Colégio,
procurei, integrar novos saberes à prática educacional, levando o educador a uma maior capacidade
crítica de sua ação pedagógica, visando maior interesse pelo uso das novas tecnologias. Observou-
se a resistência por parte de alguns educadores, que mesmo com todos os avanços tecnológicos
existentes em nossos dias, estes não se conscientizaram da urgente necessidade de irem em busca
de atualizar-se. Preferem apenas apontar críticas, relatando que os aparelhos tecnológicos, estão ai
para atrapalhar a atenção das crianças e jovens. Este fato foi observado quando no decorrer desta
pesquisa, observou-se que poucos educadores participaram da implementação. De qualquer forma,
constataram que estas afirmações baseadas no senso comum, não condizem com a realidade. O que
de fato o educador necessita descobrir é que, novas tecnologias, quando inseridas na educação, são
ferramentas valiosíssimas que proporcionam de maneira prática e eficaz, a interdisciplinaridade e a
ampliação dos espaços de construção coletiva do conhecimento dos alunos. Foram escolhidos para
essa pesquisa os autores: Brito (2008, 2009), Cortella (2014), Demo (1993), Kenski (1996), Mercado
(2002), Moran (1998), Gadotti (2002), Sobral (1999), Paiva (2015) e Werneck (2002, 2003, 2005), por
tratarem do assunto de forma a levar os leitores a refletirem, sobre a importância da participação nos
cursos de formação continuada, e que auxiliaram no aprofundamento do tema sobre as "novas
tecnologias educacionais".

Palavras chave
Educação. Pesquisa. Tecnologias. Formação. Atualização

*Formada em Pedagogia Orientação Educacional e Pós-graduada em: Psicopedagogia


Clínica e Institucional e Gestão, Supervisão e Orientação Educacional,
pedagogatavares@hotmail.com
**Doutor em Educação pela PUC-RJ, professor adjunto do Departamento de Pedagogia
(DEPED), Universidade do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO), cipexbr@yahoo.com
Introdução

Em um mundo tecnológico, a integração das novas tecnologias na sala de


aula, é um dos desafios que os educadores estão enfrentando. Destas, destaco a
Internet lembrando que ela é uma das ferramentas que ajuda na busca por novos
caminhos, traz o mundo para a escola, e que pode manifestar inúmeras formas de
contato entre as pessoas. Este artigo foi elaborado com intuito de mostrar ao leitor,
quais foram os principais fatores, responsáveis na escolha do tema e como
desenvolveu-se a implementação do projeto do PDE 2, no Colégio Estadual de
Segredo.

As novas tecnologias, apesar de estarem plenamente presentes na sociedade


há bastante tempo, ainda não conseguiram fazer com que a educação, apresente
algum benefício especial. No Colégio Estadual de Segredo, onde realizei o curso de
implementação do Projeto PDE, observou-se, que muitos educadores estão alheios
a esse material didático digital, não buscando atualizar-se, seja por medo do novo,
ou mesmo por estarem confortáveis em seus ambientes de trabalho. Estes.
esquecem de que os jovens não estão mais suportando ir à escola e ficar o tempo
todo apenas ouvindo informações que já conhecem, ou seja, tendo o professor como
único detentor do saber, fato que atualmente já não condiz com a realidade. Sabe-se
que a informação está presente em todo tipo de mídias e ao alcance de todos. Cabe
ao professor, saber transformar estas informações em conhecimento, deixando o
aprendizado mais dinâmico e que tenha alguma relação com a vida do educando.

Com a revolução e inserção das novas tecnológicas, as sociedades mundiais


vêm se transformando nas últimas décadas, dessa forma a educação não têm
apenas que adaptar-se às novas necessidades dessa sociedade do conhecimento,
mas, sobretudo, assumir e integrar-se a este processo que se tornou indispensável
em nossa atualidade. Os recursos tecnológicos de comunicação e informação têm
se desenvolvido e se intensificado com grande velocidade. Eles estão presentes na
vida cotidiana de todas as pessoas e por isso não devem ser ignorados ou
desprezados.

2
O Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE do Paraná, integrado às atividades da formação
continuada em educação, disciplina a promoção do professor para o nível III da carreira, conforme previsto no
"Plano de carreira do magistério estadual", Lei Complementar nº 103, de 15 de março de 2004.
Neste projeto, procurou-se através de oito encontros de quatro horas
perfazendo um total de trinta e duas horas, levar aos participantes, resultado da
pesquisa bibliográfica realizada no decorrer do curso do PDE e também, na prática,
estar trabalhando com a internet, levando a todos, métodos de como trabalhar,
relatando a importância desta atividade no desenvolvimento educacional. O que
ficou bem nítido aos participantes, foi sobre a importância da participação de todos
em cursos de formação.

A ESCOLA E O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS

Sabe-se que a internet abre inúmeras possibilidades, onde tanto alunos como
professores poderão encontrar milhares de sites, que fazem referências aos
assuntos abordados em sala de aula. São numerosos autores de artigos e, é
enorme a quantidade de sites e blogs que descrevem sobre os mais variados
assuntos. Se o professor não se cuidar, a pesquisa em vez de ser produtiva, poderá
tornar-se um tormento. Sendo assim, o educador antes de propor uma aula de
pesquisa usando a internet, deve procurar realizar uma pré-pesquisa, para dessa
forma, ter em mãos uma relação de sites indicados que seus alunos poderão usar
como fonte de consulta.

Infelizmente, o que ainda é evidenciado nas escolas é que muitos professores


não despertaram para este novo modelo de educação. Continuam submersos em
antigos paradigmas, como bem nos recorda Werneck (1999, p. 58). “Os professores
precisam acompanhar essa velocidade. Nós não conseguiremos mudar os
paradigmas escolares com os mesmos modelos de nossos avós. Quem não se
atualiza, fossiliza-se.” Os professores devem procurar atualizar-se e estarem cientes
de que os jovens, em sua maioria, estão cada vez mais conectados ao mundo
virtual. Ignorar essa realidade, apenas aumentará o abismo didático entre mestre e
educando. Ainda a respeito disso, Werneck afirma que:

Os educadores precisam se conscientizar de que chegamos ao limite


da resistência. Os alunos não obedecerão mais, nem há por que
obedecer aos arcaísmos, caprichos de laboratoristas de ensino ou
‘peruas da pedagogia’. Os alunos, vivendo já a realidade virtual, não
aguentam mais as aulas expositivas sem processos mais modernos,
da atualidade. (1999, p. 54).

É de bom tom, que o professor esteja sempre se especializando, através de


cursos de formação ou de capacitação e porque não dizer, fazendo uso do
computador de forma adequada. Sendo assim, ele não se sentirá perdido frente a
seus alunos, lembrando que estes, na maioria das vezes, estão sempre atualizados
no que diz respeito ao mundo virtual. Vale ressaltar ainda que, a falta de
conhecimento do educador em relação a meios tecnológicos são considerados
entraves no trabalho com pesquisas. Uma vez que esses meios, quando utilizados
de forma errônea, e não orientados adequadamente, podem transformar-se em
ferramentas maquinais disponibilizadas ao educando. Em nada fazem crescer e,
muito menos permitem aos alunos articularem os conhecimentos questionando-os.

Tendo o conhecimento necessário, o educador poderá orientar os jovens


quanto ao uso apropriado da internet com maior segurança no que diz respeito a
referências confiáveis e a uma pesquisa mais eficaz. Lembrando novamente que
terá que ter objetivos e conceitos claros quanto à pesquisa a ser realizada, caso
contrário, seu trabalho poderá não alcançar as finalidades propostas. Nesse sentido,
Moran (1998), lembra que o “professor precisa estar atento, porque a tendência na
internet é para a dispersão fácil”. Assim sendo, o intercâmbio constante de
resultados, a supervisão atenta do professor, pode auxiliar a obter melhores
resultados.

Na maioria das vezes os alunos não se sentem motivados a realizar a


pesquisa proposta, e, quando se deparam com o mundo virtual, preferem entrar em
sites de jogos, ou estar em contato com outros colegas através de chats 3. Nesse
ponto entra o papel do educador procurando ser o mediador da situação, levando-os

3
Em português significa conversação, ou bate-papo (termo usado no Brasil), é um neologismo para
designar aplicações de conversação em tempo real via internet pelo computador ou celular. Esta
definição inclui programas de IRC, conversação em sítio web ou mensageiros instantâneos como
MSN, GOOGLE TALK e etc.
a pesquisar os conceitos e conteúdos com os quais havia trabalhado antes
de propor a pesquisa. De acordo com Almeida:

O problema está em como estimular os jovens a buscar novas formas


de pensar, de procurar e de selecionar informações, de construir seu
jeito próprio de trabalhar com o conhecimento e de reconstruí-lo
continuamente, atribuindo-lhe novos significados, ditados por seus
interesses e necessidades. Como desperta-lhes o prazer e as
habilidades da escrita; a curiosidade para buscar dados, trocar
informações, atiçar-lhes o desejo de enriquecer seu diálogo com o
conhecimento sobre outras culturas e pessoas. (1998, p. 50).

Vale ressaltar que, estar atento a novos conhecimentos culturais deve ser
inerente ao educador. Deste modo, conseguirá interagir com os jovens facilitando a
construção de novos conhecimentos, levando-os a aprendizados diferenciados,
atraídos pelo assunto proposto. É obrigação do professor, buscar a mediação das
interações professor-aluno-computador, de maneira que o educando aprenda a
construir o seu aprender em um ambiente desafiador e atrativo. Nesse sentido,
Almeida, ainda lembra que:

O aluno deixa de ser o receptor de informações para tornar-se o


responsável pela construção de seu conhecimento, usando o
computador para buscar, selecionar e inter-relacionar informações
significativas na exploração, reflexão, representação e depuração de
suas próprias idéias segundo seu estilo de pensamento. Professores
e alunos desenvolvem ações em parceria, por meio da cooperação e
da interação com o contexto, com o meio ambiente e com a cultura
circundante. (1998, p. 67):

A internet é um instrumento, que permite levar a todos em uma viagem por


mundos virtuais, e destes, fazer um intercâmbio com o mundo real. Todo trabalho
onde o uso da web se faz presente, sem sombra de dúvida, será prazeroso e fará
com que todos os envolvidos estejam cientes de que estão construindo seu
conhecimento de maneira dinâmica e repleta de novos caminhos a serem
percorridos. Onde cada site aberto, demonstra uma gama de novidades e novas
oportunidades de conhecimentos. Sobre isso Edgar Moran, cita que:

A internet é uma tecnologia que facilita a motivação dos alunos,


pelas novidades e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisas
que oferece. Essa motivação aumenta se o professor a faz em um
clima de confiança, de abertura, de cordialidade com os alunos. Mais
que a tecnologia, o que facilita o processo de ensino e aprendizagem
é a capacidade de comunicação autêntica do professor, de
estabelecer relações de confiança com os seus alunos, pelo
equilíbrio, competência e simpatia com que atua. (1998, p. 86).

Vale ressaltar que apesar do trabalho com o uso da internet ter sua
importância, de maneira alguma, substitui o trabalho do educador. Lembrando ainda
que o articulador deste processo sempre será e deverá ser o professor, pois sem
esta mediação, o trabalho com a pesquisa poderá não passar de mero passa tempo
ou puro entretenimento. O que, por consequência, não permitirá levar o educando a
exercer o senso critico e a capacidade de construir seu próprio conhecimento. Este
processo faz com que o aluno se torne apenas cumpridor de tarefas, deixando o
verdadeiro e mais importante aprendizado em segundo plano.
Portanto, é de suma importância, que o professor esteja atento ao conteúdo
dos sites e blogs que seus alunos estarão pesquisando, lembrando que, como em
qualquer outra mídia, a internet também é um meio onde nem tudo o que está
exposto é verdadeiro. Com relação a isso Coscarelli, alerta quando explana:

É, hoje, tarefa do professor ‘ensinar’ os alunos a buscar a informação


e a fazer a triagem dela. Nem tudo o que está disponível nos meios
eletrônicos, seja na televisão ou na internet, é informação segura.
(….) atualmente, essa desconfiança está focalizada na internet, que
passa a ser a grande vilã da má informação dos aprendizes. A tarefa
da escola passa a ser a de tornar os leitores/aprendizes bons
interpretadores de informação confiável, assim como deve ser feito
no mundo do impresso. Nem tudo que é impresso é bom. (2006, p .
87 e 88).

Esta nova fase da educação exige que o professor seja alguém que esteja
comprometido verdadeiramente com o ato de ensinar, buscando estar atento às
novas mudanças educacionais. Não cabe hoje, querer ensinar os alunos da maneira
de outrora, onde o livro didático e o giz eram os únicos recursos tecnológicos
utilizados em sala de aula. Atualmente, os alunos estão conectados o tempo todo, e
proibi-los de usar estas fontes de informação seria um retrocesso, pois não temos
como fugir desta realidade. O educador deve renovar sua prática pedagógica, para
que assim consiga fazer de seu aluno um sujeito ativo na construção do seu
conhecimento.
Naturalmente, o uso das novas tecnologias em sala de aula, ainda é motivo
de apreensão por parte de alguns professores, que ainda sentem-se inseguros
quanto ao uso destes. Preferem, muitas vezes, proibir o uso dessa tecnologia com
discursos sem fundamentos. Infelizmente, muitos destes educadores ainda não
estão preparados para o uso destes recursos. Mercado (2002) escreve que “ao
professor, cabe o compromisso de estar engajado neste processo, consciente não
só das reais capacidades da tecnologia, do seu potencial e de suas limitações”, para
que assim, estejam preparados para poderem selecionar qual é a melhor maneira
dela ser explorada em um determinado conteúdo.

Ensinar com as novas tecnologias é inerente aos educadores que não se


conformam a continuar no comodismo. Este tipo de ação não condiz com os
verdadeiros educadores que costumam estar preocupados com os rumos da
educação, porque já perceberam que ficar apenas reclamando, não fará com que os
alunos aprendam. Os educadores comprometidos com os avanços tecnológicos
buscam sempre estar inovando suas aulas, estão sempre se atualizando, pois,
sabem que hoje, como afirma Cortella (2014) “ensinar não é apenas transmitir
conhecimento, ensinar é orientar e incentivar os alunos a transformarem as
informações em aprendizado”, coerente com a realidade de nossas comunidades
onde as escolas estão inseridas.

Dessa forma, o trabalho do educador é de suma importância. É ele que


orienta seus alunos, para que consigam selecionar corretamente o conteúdo de
acordo com que está sendo trabalhado em sala de aula. Nada poderá substituir a
presença física de um educador, a não ser que este se deixe substituir, não
ensinando o que é de seu dever. Almeida (1998) lembra que o professor deve:
“estimular os jovens a buscar novas formas de pensar, de procurar e de selecionar
informações, de construir seu jeito próprio de trabalhar com o conhecimento e de
reconstruí-lo continuamente”, atribuindo-lhe novos significados ditados por seus
interesses e necessidades. Almeida (1998) ainda enfatiza que: “não se deve temer a
substituição do trabalho, mas estar sempre buscando inovar, tendo em mente que
ensinar vai bem além de apenas repassar o conhecimento”.

As novas tecnologias, só serão de fato inseridas nos meios educacionais,


quando todos os educadores tiverem a consciência da importância de inovação de
seu trabalho. Lamentavelmente, nossas escolas ainda não acordaram para o fato de
que tudo mudou. Não se deve ensinar como se ensinava há anos atrás. Cortella
(2014) lembra que: “as escolas tem o formato do Século XIX, o professor ensina
como se ensina no Século XX e nossos alunos são do Século XXI”. Assim, há uma
incoerência, de séculos, onde se tenta ensinar aquilo que já está ultrapassado.
Aquilo que já não faz sentido em nosso tempo. Por isso que se tem alunos apáticos
e sem motivação e os professores frustrados, lamentando o tempo todo, dizendo
que “os alunos não são como os do passado”, que “antigamente era bem mais fácil
trabalhar” e assim por diante, fazendo da escola um “muro de lamentações”.
Werneck (2002) alerta que “os professores precisam acompanhar essa velocidade.
Nós não conseguiremos mudar os paradigmas escolares com os mesmos modelos
de nossos avós”. Ficar apenas relembrando o passado em nada ajuda na mudança
dos paradigmas educacionais. O que é necessário é seguir em frente, buscando
novos métodos para que o ensino torne-se atrativo de acordo com a realidade de
nossa juventude.

Quem insiste em viver do passado, perde a oportunidade de estar inovando


seu trabalho, perde a chance de fazer deste, uma oportunidade de avançar, de parar
de reclamar. Viver o presente significa deixar o passado para trás, pois viver o que
passou é deixar o comodismo e a acomodação tomarem conta de si. Hoje, a
educação busca profissionais que sejam curiosos. Que corram em busca de
atualizar-se frente às novas tecnologias. Que não tenham receio de interagir com os
mais jovens e, que busquem fazer parte deste mundo tecnológico, onde toda a
sociedade está a cada dia que passa, mais engajada. Não se tem como fugir da
realidade: a escola está na sociedade e não tem como se desligar dela.

É bom lembrar que ensinar é uma tarefa difícil demais para aqueles que se
envolvem nela, apenas pela falta de oportunidade ou comodismo. Todo educador
deve ter em mente que ser “professor” é o mesmo que exercer um papel
insubstituível no processo da transformação social. Brito (2008), lembra que: “o
professor deve estar aberto às mudanças, aos novos paradigmas, os quais o
obrigarão a aceitar as diversidades”. Ser professor vai muito além do que somente
dar aulas. O que de fato ainda acontece no meio educacional, é o que relata Brito
(2008), “nesta aldeia global, o professor ainda se considera um ser superior que
ensina a ignorantes”, esquece que os jovens muitas vezes possuem muito mais
informação de que os adultos, pois, como entraram no mundo virtual de cabeça,
sem medo de errar, estão tendo oportunidades de estarem à frente daquilo que o
professor tenta lhes ensinar.

O professor do século XXI precisa ser um profissional da educação que não


se conforme com o comodismo, que deixe de ser o detentor do saber, para assim,
interagir com os jovens, sendo nessa era da tecnologia parceiros/autores na
transformação da qualidade social da escola, tendo em mente que o aluno deixou de
ser passivo, que apenas observa, ouve ou copia, mas passou a ser um ser que:
interage, inventa, transforma, constrói, acrescenta, tornando-se co-autor da
situação. Sobral (2002) descreve que “a internet além de permitir que o professor
também aprenda com o aluno, ela facilita a motivação deste”. O que precisa
acontecer é o professor deixar que os alunos o auxiliem, apesar de entender que
esta fase não está sendo bem aceita por grande parte dos professores, por
pensarem ser inaceitável que alunos tenham conhecimento, pois, até então, ele se
achava dono do saber, e com o desenvolvimento das tecnologias, terá que ser
humilde em solicitar ajuda.

Vale lembrar que este comportamento descrito acima, fica difícil para muitos
exercerem, mas os que já conseguiram fazer esta interação, já estão usufruindo dos
benefícios das tecnologias com muitos pontos positivos. Sabemos que os jovens
entendem da interatividade dos aparelhos tecnológicos (computador, tablete, celular
etc.), mas é o professor que precisa estar preparado para auxiliar os mesmo a
selecionar o que de fato poderá ser usado nas suas aulas, que tenha ligação com os
conteúdos que estão sendo ministrados. Sobral (2002) lembra que “a internet
combina perfeitamente com os novos rumos da educação por ser adequada à nova
relação aluno-professor” e que também lembra que “a internet facilita a atual tarefa
do professor – a de guia da aprendizagem, em vez de transmissor do
conhecimento”. Deixar o orgulho de lado e facilitar que o aluno participe das aulas,
fará com que estas sejam mais atrativas e condizentes com a realidade de nossos
jovens, tornando o ensino-aprendizagem realidade e não apenas uma agonia, onde
o professor encontra-se perdido, não conseguindo alcançar seus objetivos e os
jovens apáticos e sem a mínima vontade de estudar.
RELATO DA IMPLEMENTAÇÃO DO TRABALHO SOBRE O
USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS NO COLÉGIO ESTADUAL DE
SEGREDO

Implementação do projeto PDE na escola de atuação e quais foram, os pontos


positivos e negativos

Quando feita a explanação do tema, na primeira semana de 2015, na


formação do inicio do ano no Colégio, observou-se que muitos educadores
demonstraram interesse pelo tema em questão. Já outros, apresentaram certa
descrença, com comentários do tipo: “não gosto de trabalhar com a internet, pois a
maioria dos alunos só sabem fazer, recorte e cola”, e alguns comentaram que
preferem evitar o uso das tecnologias, pois, “estes atrapalham suas aulas”,
principalmente o uso do celular .

Neste evento, foi explicado aos professores, quais são os inúmeros fatores
que colaboram para que as novas tecnologias, em pleno Século XXI, ainda sejam
questão de apreensão e até muitas vezes de preocupação por parte de muitos
educadores nas escolas, seja através do número insuficiente de computadores,
baixa velocidade da internet, ou da falta de capacitação dos profissionais da
educação.

Procurei neste dia explicar a todos que na realidade infelizmente o que se vê


na escola é que o trabalho com as novas tecnologias, não está inserido, como
deveria, por isto a escolha em se trabalhar este assunto Foi orientado sobre a
importância da formação continuada, de todos os envolvidos na educação da
atualidade em relação as novas tecnologias, pois, todos os educadores devem estar
cientes de que, trabalhar com as novas tecnologias de maneira consciente, requer
do educador a responsabilidade de aperfeiçoar-se. É função do professor,
possibilitar aos educandos, outras formas de contato com o conhecimento para
desafiar e estimular, de maneira criativa, e procurando aguçar cada vez mais a
descoberta de saberes, pois de acordo com Gadotti:

Ensinar é mobilizar o desejo de aprender quando aquilo que


aprendemos é significativo para nós e nos envolvemos
profundamente no que aprendemos. Portanto sua aula é assim um
desafio e não uma cantiga de ninar. (2002, p.54).

Ao trabalhar adequadamente as novas tecnologias, Kenski (1996) lembra que


"a aprendizagem pode se dar com o desenvolvimento integral do indivíduo" levando-
os a aprender de forma, onde a interação com os demais acontece de maneira mais
intensa, e o aprendizado se desenvolve fazendo com que a pessoa consiga,
segundo Kenski (1996), "assumir responsabilidades de criar e refletir juntos”.

Nos mês de julho deste ano, chegou o momento de novamente conversar


com os educadores. O intuito deste novo encontro foi para verificar quem realmente
participaria do curso de implementação, que seria realizado nos meses de setembro
e outubro daquele ano. Constatou-se que o número de professores que
participariam era bem menor do que o esperado. De um quadro com mais de
quarenta professores, apenas seis prontificaram-se a participar, e também mais
duas funcionários do administrativo, sendo a Secretária e a Bibliotecária. Os demais,
alegaram falta de tempo e que estavam acarretados, na preparação de suas aulas e
nas correções de avaliações e trabalhos de seus alunos.

Na realidade, o que se constata é que muitos destes, não participaram


porque, o curso não teria certificação. Também não era um curso imposto pela
SEED, e há infelizmente, aqueles que apenas participam quando são obrigados,
pois, ainda não se conscientizaram para a importância da formação continuada.
Também existem aqueles que devido ao tema ser sobre “novas tecnologias”,
acreditam não ter importância para seus trabalhos pedagógicos.

É muito inquietante ver que muitos professores ainda demonstram muita


oposição e resistência para trabalhar este tema nas escolas, percebe-se que este
fato acontece, na maioria das vezes, por insegurança ou falta de proficiência,
esquecendo que, os novos recursos tecnológicos existem para ajudar o professor no
processo de ensino aprendizagem e cabe a este, perceber qual recurso deve usar,
quando e como usa-lo. Paiva (2008) lembra que “[...] o homem está
irremediavelmente preso ás ferramentas tecnológicas em uma relação dialética entre
a adesão e a critica ao novo”. Negar a existência destas ferramentas é o mesmo que
abdicar de sua principal missão, que deve ser a de ensinar e levar os educandos a
interagir e aliar as novas tecnologias ao seu cotidiano, fazendo com o aprendizado
aconteça de maneira dinâmica e interligada ao seu mundo real e virtual, tendo em
mente que nossos jovens nasceram na era da informação e que proibir isto, seria o
mesmo que pensar uma educação desconexa com o seu verdadeiro mundo.

O professor deve procurar ter em mente que a adesão das novas tecnologias
na educação é extremamente importante, uma vez que facilita o acesso ao
conhecimento e permite que o aluno tenha autonomia para escolher entre as
diversas fontes de pesquisas. Ainda segundo Paiva (2008), "as novas tecnologias
levarão o homem a uma evolução mais rápida e ao conhecimento mais preciso". O
que de fato precisa acontecer e o mais urgente possível é a necessidade de dominá-
las, para que se possa trabalhar usando estas ferramentas sem o receio de que o
trabalho seja feito de maneira incorreta. E, dominá-las, só será possível, se todos
estiverem dispostos a ir em busca de atualizar-se, deixando de lado o orgulho,
lembrando que hoje em dia a informação está ao alcance de todos e em tempo real.
O que de fato precisa acontecer é saber usar estas informações, transformando-as
em conhecimento, interligando o que serve para a sua disciplina e o que deve ser
ignorado.

Os professores que participaram da formação, conseguiram ter uma visão


diferente, constatando que realmente as novas tecnologias podem auxiliar as
crianças e jovens em sua formação. Tiveram a oportunidade de aprender a preparar
aulas diferenciadas, ampliar a forma de lecionarem, modificar o processo de
avaliação e de comunicação com os alunos e com os seus colegas. Sobral (1999)
lembra que: “A internet facilita a atual tarefa do professor – a de guia da
aprendizagem, em vez de transmissor do conhecimento -, e permite ao aluno um
contato mais direto com o mundo, o que atende a uma necessidade atual”.

Os participantes, entenderam que o papel do professor não é somente de


coletar informações, mas sim o de trabalhar, escolher, confrontar visões,
metodologias e resultados.É unir o uso das novas tecnologias ao seu cotidiano
escolar, deixar de criticar e fazer destes aparatos uma nova forma de ensinar, pois,
através destes, os alunos poderam fazer pesquisas antes do horário das aulas,
preparar apresentações, seminários, consultar colegas, pesquisar assuntos
variados, resultados, materiais e vídeos. Portanto, aliar o uso das novas tecnologias
nas salas de aulas fará com que todos saiam ganhando, pois as aulas se tornarão
mais atrativas, deixando de ser maçantes e fora da realidade de nossas crianças e
jovens.

Considerações Finais

Este artigo buscou refletir sobre o uso das novas tecnologias na educação,
visto a evidente necessidade de acender uma nova visão no processo de ensino-
aprendizagem. Tendo como obstáculo peculiar a resistência por parte de
profissionais que se encontram inseridos num mundo de práticas pedagógicas
tradicionais, não permitindo a facilidade na luta pela mudança no processo de
normalização das novas tecnologias na educação.

O que se pode contatar é o que já se presumia desde a escolha do tema. Os


professores, na sua grande maioria, encontram-se inertes em suas metodologias
ultrapassadas, não dando oportunidade, em inserir em sua formação, a busca de
inovação metodológica. Preferem reclamar, afirmando pelo senso comum que as
“novas tecnologias” estão atrapalhando suas aulas e dessa forma acabam
esquecendo que seus alunos, estão totalmente inseridos e imersos neste mundo
tecnológico. Também não percebem que se eles souberem aliar os aparatos
tecnológicos, ao seu trabalho, poderão ter um excelente resultado pois, estaram
levando seus alunos a interagirem com sua própria realidade.

Com a pesquisa bibliográfica realizada, e a implementação do Projeto do


PDE, constatou-se que as novas tecnologias, só serão motivos de conquista e
resultados positivos no meio educacional, quando de fato, todos os envolvidos em
“ensinar”, se atentarem aos reais objetivos deste trabalho em sala de aula, caso
contrario, as reclamações por parte de muitos irão continuar. O ideal seria a
participação mais efetiva de todos os profissionais em cursos de formação que
aprofunde este tema, caso contrário, estaremos envoltos em discursos desconexos
e totalmente contrários a evolução tecnológica educacional existente.

Apesar do número de professores, ser reduzido no curso desenvolvido no


Colégio Estadual de Segredo, os que participaram conseguiram ter uma visão mais
ampla sobre a importância de trabalhar as novas tecnologias em suas aulas. Era
nítida a constatação de todos os participantes com comentários do tipo: “- Como
seria bom se todos os nossos colegas estivessem participando”, e também: “-
Nossa, como trabalhar com este tema poderá auxiliar no aprendizado de nossos
alunos”.

Portanto, o que resulta deste trabalho, desenvolvido nestes dois anos de


curso do PDE, é que o tema sobre novas tecnologias e formação continuada dos
profissionais de educação, ainda é muito falha, pois, nossos alunos encontram-se
inseridos nos meios tecnológicos e os educadores, por sua vez, ainda não
conseguiram refletir e inserir-se neste meio. O que observa-se é a falta de mais
cursos que envolvam esta questão, sempre deixando claro que trabalhar com as
novas tecnologias não é fácil. Exige do profissional uma postura inovadora e
responsável para que seu trabalho tenha os objetivos propostos alcançados. Estes
fatores, sempre foram esclarecidos aos professores e funcionários que participaram
do curso.

Lembrando que, as novas tecnologias, só conseguiram revolucionar a


educação, através da participação efetiva de todos os educadores em cursos de
formação continuada, visando uma interação no mundo das tecnologias, para que
assim consigam ensinar seus alunos a usarem estes aparatos com o objetivo ao
ensino aprendizagem. Lembrando que os jovens já têm as informações, mas é o
professor que deve estar preparado para ensinar de forma didática e dessa forma
transformar estas informações em conhecimento.

Referências bibliográficas:

ALMEIDA, Fernando José de.et-al. Salto para o futuro: TV e Informática na


Educação. Brasília: Associação de Comunicação Educativa Roquette-pinto, 1998.

BRITO, Glacia da Silva.; PURIFICAÇÃO, Ivonélia da. Educação e novas


tecnologias: um re-pensar. 2ª Edição, Curitiba: Editora IBPEX, 2008.

______; FILHO, Paulo Negri. Produzindo textos com “velhas” e “novas”


Tecnologias. Curitiba: Pró-Infantil Editora, 2009.

CORTELLA, Mario Sergio. Educação, Escola E Docência: Novos tempos, novas


atitudes. São Paulo: Editora Cortez, 2014.
DEMO, Pedro.Desafios Modernos da Educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1993.

KENSKI, Vani Moreira. O Ensino e os recursos didáticos em uma sociedade


cheia de tecnologias. In VEIGA, Ilma P. Alencastro (org). Didática: o Ensino e suas
relações. Campinas, SP: Papirus, 1996.

MERCADO, Luís Paulo Leopoldo. Org. Novas tecnologias na educação:


Reflexões para a prática. Maceió Alagoas: Edufal, 2002.

MORAN, José Manoel. Mudar a Forma de Aprender e Ensinar com a Internet. In:
ALMEIDA, Fernando José de. et-al. Salto para o futuro: TV e Informática na
Educação. Brasília: Associação de Comunicação Educativa Roquette-pinto, 1998.

GADOTTI, Moacir. A boniteza de um sonho: aprender e ensinar com sentido.


Abceducatio, Ano III, n. 17, p. 30-33, 2002.

SOBRAL, Adail. Internet na escola: O que é, como se faz. São Paulo: Editora
Loyola, 1999.

PAIVA, Vera Lúcia Menezes de Oliveira. O Uso da Tecnologia no Ensino de


Línguas Estrangeira: breve retrospectiva histórica. Disponível em
<www.veramenezes.com/techist.pdf> acesso em 2 ago. 2015.

WERNECK, Hamilton. Se a boa escola é a que reprova, o bom hospital é o que


mata. 8ª Edição, Rio de Janeiro: Editora DP & A., 2002.

_________. O profissional do século XXI. Rio de Janeiro: Editora Record, 2003.

_________. Pulso forte e coração que ama: A indisciplina tem jeito. Rio de
Janeiro: Editora DP & A.,2005.

http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?
conteudo=20
i

Você também pode gostar