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o primeiro cursinho
5 nasce em itapevi
Círculo de fundadores
7
se muito vale o que foi feito,
9 mais vale o que será!
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apoiadores da rede emancipa
26
nossas lutas, nossos sonhos!
movimento na pesquisa,
pesquisas no movimento 32
Editorial
semeando um novo futuro
Expediente
Editor e Revisão Geral: Maurício Costa de Carvalho | Colaboradores: Taline Chaves, Alex da Mata, Roberto Goulart,
Gilberto Franca, Priscila Schmidt, Cibele Lima, Maurício Costa, Naiara do Rosário, Renata Almeida, Malu Andrade, Marcela
Rufato, Juliano Niklevicz, Bruno Magalhães, Maíra Tavares, Rodrigo Nickel, Rodrigo Silva, Vanuzia Silva, Karina Silva,
Rodolfo Mohr, Keilla Teixeira, Kléber Oliva, Vinícius Moreira, Danillo Prisco, Nayara Côrtes, Franciele Sarturi, Jorge Martins
e Rigler Aragão | Fotos: Sayuri Kubo e Carlos Esdras | Projeto Gráfico: Paola Rodrigues | Diagramação e capa: Paola
Rodrigues e Evelyn Salles | Identidade Visual 10 anos: Juliana Reis
Emancipa: 10 anos educando para a liberdade
CÍrCulo de fundadores
fazia com um governo de concilia- Roberto Goulart: O nome Maurício Costa: O boneco de
ção de classes. As universidades, Emancipa surgiu de uma conversa punho cerrado foi inspirado na
os servidores públicos e a juven- que tive com o Gilberto. Sempre juventude católica, a intenção era
tude foram protagonistas das pensamos que o papel da educa- mostrar que o estudo para nós
mobilizações que enfrentaram as ção é o de emancipar os sujeitos não seria algo passivo, mas que o
contrarreformas como a universi- sociais. A experiência da Rede estudante deveria se empoderar,
tária e a previdenciária e também Emancipa deveria ir além dos tomar em suas mãos as rédeas do
contra a corrupção. Da combina- conteúdos exigidos nos vestibu- próprio destino.
ção entre essas experiências de lares das universidades públicas
O que esperam para os
luta, onde se incluía o movimento e questionar o próprio vestibular.
próximos 10 anos da Rede
de resgate do CP, e o crescimento Priscila Schmidt: Eu e o Mau
Emancipa?
da demanda por acesso ao Ensi- ficamos encarregados do logotipo.
no Superior é que surge a Rede Era consensual de que precisáva- Priscila Schmidt: Que o Eman-
Emancipa. mos de um logo que representas- cipa seja sujeito e exemplo de to-
se um movimento social de edu- das as lutas a favor da educação
Como foram definidos o
cação, fugindo à lógica da maioria pública. E que nessa luta cotidiana
nome e o logotipo? O que eles
dos cursinhos pré-vestibulares. A consiga inserir muitos estudantes
representam?
escolha do boneco de punho cer- de escolas públicas nas universi-
Alex da Mata: O Roberto su- rado deu corpo ao logo e ao nosso dades e que estes, assim, também
geriu esse nome, Rede Emancipa ideal, mas ainda existia uma diver- possam assumir para si o compro-
A ideia no inicio era ser um portal gência: a cor. Vermelho, azul ou misso de inserir outros tantos no
na internet que disponibilizasse verde?! Desde sempre fui a favor ensino superior. Assim, para que
aulas, materiais e orientações de do verde! Não me lembro exata- num futuro próximo, o Emancipa
como construir os cursinhos, que mente o porquê, mas acho que era não seja mais necessário.
também fizesse encontros de for- uma tentativa minha de dar voz a Gilberto Franca: Espero que a
mação politica e pedagógica. outras cores, sem ter de recorrer Rede Emancipa não pare de cres-
Gilberto Franca: O nome do ao nosso tradicional vermelho. E cer, que se espalhe nacionalmen-
Emancipa foi dado pelo Roberto militei na surdina à favor do verde, te, que avance para outro país da
e depois alguém incluiu a palavra a contragosto do Mau. A votação América Latina, que seja interna-
Rede, ideia que foi central tam- cional, como é o sistema capita-
10 bém. Ter um projeto social que
foi feita e o verde venceu. A minha
lista, que impede a democratiza-
militância deu certo (risos)!
ajude pessoas de baixa
renda a acessar a uni-
versidade é algo muito
positivo, mas sabíamos
que as possibilidades
seriam sempre reduzi-
das se não tentássemos
transformar o sistema
de ensino como um
todo. O subtítulo Movi-
mento Social de Cursi-
nhos Populares, e agora
Educação Popular, veio
enfatizar que há espaço
para jovens e adultos se
envolverem em seu dia
a dia na construção de
seu conhecimento e de Aula Inaugural em São Paulo | 2013
sua autonomia.
Emancipa: 10 anos educando para a liberdade
S
per os muros que às separam ain- egundo um filósofo conhecido, “a esperança” é a “memória
da hoje da maioria da população. que deseja”. O que gera a esperança é a memória, ao se co-
Roberto Goulart: Espero que a nectar com os nossos desejos. Nada mais importante para a “Peda-
Rede Emancipa siga firme no seu gogia da Esperança” que a Rede Emancipa construiu, nesta última
propósito de oferecer uma alter- década, do que resgatar a nossa memória olhando para o nosso fu-
nativa à nossa juventude com a turo, o que queremos. Essa, aliás, é uma das marcas da educação.
construção de espaços pré-univer- O movimento que nos deu origem foi marcado por um forte
sitários e que se espalhe por todo desejo de mudança e de construir na prática uma educação que
o Brasil! Que o Emancipa se junte fosse um sinônimo de emancipação. Essa prática foi o guia de toda
ainda mais com os/as outros/as lu- a nossa reflexão ao longo desses 10 anos. Pelas nossas experiên-
tadoras sociais contra as desigual- cias com o cotidiano das periferias, escolas públicas, jovens, traba-
dades de toda ordem. E fortaleça a lhadoras e trabalhadores fomos construindo nossas elaborações
luta pela reinvenção da escola pú- e nos apoiando nas teorias que serviam como guias para a ação.
blica para a qual a Rede tem con-
tribuído significantemente nesses Para que os cursinhos não sejam mais necessários
seus 10 primeiros anos! Se nem tudo estava explícito quando começamos, sabíamos
Alex da Mata: Espero que a bem o que não queríamos. Com a luta em torno do cursinho da
Rede Emancipa siga se expandin- POLI (ver Círculo dos fundadores - pag. 6), vimos que nosso cami-
do, construa cursinhos em cada nho era oposto ao da meritocracia, da reprodução das injustiças
canto do País, entre cada vez mais do ensino oficial, dos cursinhos como negócios que lucravam com
nas periferias e dispute corações as desigualdades no acesso ao ensino superior.
e mentes. Temos a tarefa de cons- Entendíamos que a lógica do vestibular era excludente por ser
truir o maior movimento de edu- um filtro socioeconômico que privilegia os que podem pagar e en- 11
cação que esse país já viu. tende a educação como mercadoria. Por isso, desde o início, nos
Maurício Costa: Trabalhamos propusemos a fazer uma educação que
para nos tornar um movimento chamamos de pré-universitária e não
popular de educação que esteja à pré-vestibular. Preparar parar a
altura de ajudar na formação do universidade estava muito
povo brasileiro para enfrentar as além de apenas treinar
imensas necessidades sociais e para uma prova.
vencer. Para isso temos que avan- No início procura-
çar na nossa organização, formar mos cursinhos po-
cada vez mais militantes conscien- pulares que já exis-
tes e atuantes na política nacio- tiam com a ideia
nal. Espero que nos aproximemos de criar uma rede
cada vez mais de uma realidade para organizar a
onde a educação pública, gratuita grande demanda
e de qualidade seja um direito de de estudantes de
todos e que os cursinhos deixem escolas públicas
de ser necessários. pelo acesso ao en-
sino superior. Desse
modo, pensaríamos
Se muito vale o que foi feito, mais vale o que será
profissionais, entender melhor teto por moradia digna e dos tra- da educação públicas mostravam
a realidade concreta, combater balhadores em geral por justiça e os que saiam perdendo com a di-
os voluntarismos, ampliar a for- dignidade. visão do bolo do crescimento eco-
mação política e pedagógica dos Assim, em 2012, a Rede Eman- nômico. Nos círculos de cada cur-
nossos militantes. cipa substitui em seu nome a ex- sinho a realidade falava mais alto
As mudanças que a crise eco- pressão “movimento social de que o discurso dos governantes.
nômica mundial provocou no cursinhos populares” por “movi- A questão do direito à cida-
mundo também foram nos edu- mento social de educação popu- de foi presente desde o início na
cando, mostrando os caminhos lar”. Essa definição, construída Rede. Por um lado, nossas aulas
da resistência. Sempre como te- como decorrência também dos sempre tiveram a cidade como
mas debatidos nas aulas, círculos obstáculos que tivemos que supe- parte da elaboração, como per-
e atividades de formação política, rar no processo de expansão dos sonagem, não só como cenário.
a primavera árabe, as ocupações cursinhos, foi porta de entrada Os trabalhos de campo e estudos
das ruas e das praças na Europa, para abrí-los definitivamente às do meio são parte substancial
o Occupy Wall Street nos EUA, as demandas das comunidades. do nosso projeto político-peda-
greves e mobilizações das juven- Assim fomos chegando à con- gógico. Por outro lado, a própria
tudes contra os desmontes dos clusão de que a preparação das condição muitas vezes periférica
serviços públicos e as políticas nossas ações deveria se assentar dos cursinhos contribuiu para que
de austeridade nos alertaram da em um tripé: além da original luta as reivindicações ligadas às ques-
preparação necessária para en- pelo acesso às universidades, in- tões urbanas se desenvolvessem.
frentar a crise no Brasil. corporaríamos também a ação Em Itapevi houve mobiliza-
As evidências todas nos mos- dentro das escolas públicas e a ções convocadas pelo Emancipa
travam que precisávamos extra- pauta do direito à cidade. por uma biblioteca pública na ci-
polar limites dos próprios cursi- dade e outras de solidariedade às
Direito à cidade e ao território
nhos e estabelecesse pontes com vítimas de enchentes. No Grajaú,
outros movimentos. A luta contra A explosão de junho de 2013 extremo sul de São Paulo, hou-
os muros das universidades que mostrou que o discurso de que a ve uma ligação muito profunda
impedem milhões de estudantes crise estava distante do Brasil era entre o cursinho e as ocupações
de ter acesso ao conhecimento é falso. Nas cidades, o drama do de terrenos – nas quais moravam
transporte público, o alto preço
14 a mesma dos sem-terra contra as
dos aluguéis, a tragédia da saúde e
parte dos nossos estudantes –
cercas dos latifúndios, dos sem- que tomaram o bairro em julho
de 2013. No Tatuapé, também na
capital paulista, se construiu uma
força-tarefa para transformar em
Centro Cultural Público de Juven-
tude a escola onde funcionava o
cursinho, ameaçada pelos inte-
resses da especulação imobiliária
no terreno.
Mesmo nos cursinhos que fun-
cionam nas Universidades, como
os três do Pará, a relação sempre
foi a de ocupação do espaço para
democratizar o seu acesso. Es-
sas foram as marcas dos “Dias na
USP” e também do “Dia na UERJ”.
Quando os protestos contra
os aumentos das passagens es-
touraram em junho de 2013, a
Rede Emancipa já era parte do
Emancipa: 10 anos educando para a liberdade
Linha
do
tempo
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Emancipa: 10 anos educando para a liberdade
17
Rede
Emancipa
Se muito vale o que foi feito, mais vale o que será
PARÁ
RIO GRANDE
DO NORTE
DISTRITO
FEDERAL
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MINAS GERAIS
RIO DE JANEIRO
SÃO PAULO
RIO GRANDE
DO SUL
Emancipa: 10 anos educando para a liberdade
B
na UFRGS.
erço da Rede Emancipa, o Em 2016 realizamos o pré-universitário
estado de São Paulo concen- na comunidade do Xará, periferia da cidade
tra o maior número de cursinhos e de Gravataí (região metropolitana), e na As-
está consolidado como um movi- sociação Satélite Prontidão (Zona Norte de
mento popular com raízes profundas Porto Alegre), instituição centenária da co-
nos bairros. Nascida na periferia da munidade negra da capital.
região metropolitana em Itapevi a Ao longo de todos esses anos foram vá-
nossa experiência de educação po- rias as experiências de educação popular
pular aprendeu com as diversas rea- e atuação política como Emancine, Sarau
lidades paulistas. Na capital, todas as Emancipado, Projeto Cidade de Porto Ale-
regiões são atendidas pelo trabalho gre, debates temáticos diversos e apoio às
do Emancipa, que já teve cursinhos escolas ocupadas.
em 13 bairros distintos. Na região Em 2017 surgirá o primeiro cursinho da
metropolitana, além de Itapevi, há
Emancipa em Osasco, Taboão da
Rede no interior: o Emancipa Pelotas. E tam- 19
bém está nos planos avançar com uma sala
Serra e Diadema, na primeira esco- de alfabetização de jovens e adultos em uma
la ocupada no histórico movimento ocupação de moradia na periferia urbana.
secundarista de 2015. No interior es-
tamos em Campinas, Sorocaba, São
Carlos e agora em Americana.
Nestes 10 anos a partir de São
Paulo aprendemos ao ensinar e ensi-
namos ao aprender. As múltiplas fa-
ces da construção cotidiana em São
Paulo desdobraram-se em um pro-
jeto político-pedagógico a partir da
prática de agir e refletir coletivamen-
te, em movimento. A nacionalização
enriqueceu ainda mais as experiên-
cias que já vinham sendo feitas pe-
los paulistas e hoje faz com que de
fato haja uma verdadeira rede que
comum de educação popular.
se muito vale o que foi feito, mais vale o que será
o
Natal é uma cidade extremamente
primeiro núcleo da Rede
segregada. O rio Potengi, que divide
Emancipa na Amazônia nas-
a cidade entre as Zonas Sul, Leste e
ceu em Belém, em maio de 2011, com
Oeste de um lado e da Zona Norte de
o cursinho “Isa Cunha”, no bairro da
outro, opera como uma muralha que
Cremação. No ano seguinte chegarí-
nega à maior parte da população desta
amos a Marabá, inaugurando o cur-
última região o direito à própria cida-
sinho “Zé Cláudio e Maria do Espírito
de que produz e trabalha, com serviços
Santo”. Em 2013, pouco após as gran-
públicos precarizados e uma estrutura
des mobilizações nacionais de junho,
de transporte cara e ineficiente.
surge o cursinho popular do Emanci-
A Rede Emancipa organiza suas
pa em Santarém. Ainda que as distân-
duas primeiras unidades nesta zona
cias sejam grandes, os cursinhos do
para somar-se à luta pela educação
Pará têm em comum a memória viva
e, por consequência, por uma cidade
das lutas populares, sindicais, am-
mais democrática. Ser um instrumen-
bientalistas e de direitos humanos.
20 Não por acaso os cursinhos citados,
to para que os estudantes acessem
a UFRN - na Zona Sul de Natal, é uma
bem como o atual cursinho de Belém
das nossas contribuições para derrubar
chamado “Paulo Fonteles”, homena-
dois muros: os da universidade em par-
geiam militantes que dedicaram suas
ticular, e o da cidade de maneira geral.
vidas às lutas sociais da região.
Vamos com tudo... Apenas começamos!
No Emancipa do Pará também
há uma forte relação com as univer-
sidades públicas. Atualmente todos
os cursinhos funcionam dentros dos
campi universitários. Em Belém fun-
cionamos na UFPA (Universidade Fe-
dera do Pará), em Santarém funcio-
namos UFOPA (Universidade Federal
do Oeste do Pará) e em Marabá es-
tamos na UNIFESSPA (Universidade
Federal do Sul e Sudeste do Pará),
onde fomos aprovados como projeto
de extensão.
Emancipa: 10 anos educando para a liberdade
RIO DE JANEIRO
LISETE ARELARO
Professora da Faculdade de Educação da US
MAYCON BEZERRA
Professor e militante do SINASEFE
ma
JOANNA MARANHÃO
da Rede Emancipa perce-
Nadadora e Atleta Olímpica
mente pude contribuir. Em
da luta e da mobilização
A Rede Emancipa nos ensina que, através da educação, pode-
ousam sonhar e nos lem-
mos de forma coletiva, com luta e amor, vencer os obstáculos e as
o escrita. Obrigado, Rede
barreiras do vestibular e construir uma sociedade mais justa e livre.
Se muito vale o que foi feito, mais vale o que será
“Educação
Emancipadora”
“Autonomia “Troca de
para conhecimento”
aprender”
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Saída de Campo em
Porto Alegre (RS) | 2016
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Emancipa em Campinas (SP)
Vem com a gente rumo à universidade pública, a uma vida mais igualitária, feliz e livre?
Emancipa: 10 anos educando para a liberdade
O que o governador e seus adep- ta polícia, bomba e gás de efeito ocupação de suas escolas. No Rio
tos não esperavam foi a intensa e moral e principalmente muita re- Grande do Sul, no Rio de Janeiro,
vitoriosa luta encabeçada pelas/ sistência e apoiadores. Tudo isso em Minas Gerais e também no
os secundaristas que entrou pros teve como resultado que o Gover- Paraná – onde o movimento al-
marcos de um ciclo de lutas so- no Estadual recuasse em sua de- cançou uma força impressionante
ciais intensas. Foram mais de 220 cisão. Tal vitória foi um estímulo – estivemos participando ativa-
escolas ocupadas contra as essas para que, em 2016, estudantes mente como apoiadores ou por
medidas, centenas de atos, mui- de todo o Brasil partissem para a meio dos nossos estudantes que 29
ocuparam suas escolas.
São tantos os momentos e lu-
tas que perpassam a trajetória da
Rede Emancipa que não é possí-
vel pontuar todos nesse texto,
mas é importante ressaltar que
passamos por momentos difíceis
no cenário nacional com ataques
e retiradas de direitos que vêm
de todos os lados, por isso, convi-
damos todas e todos a somarem
com a gente nesse enfrentamen-
to intenso, resistência e luta por
garantia de direitos.
A luta não pode parar. Vamos
juntas/os por mais!
Aula Inaugural da Rede Emancipa
em São Paulo * Renata Almeida, Malu Andrade
e Marcela Rufato
Se muito vale o que foi feito, mais vale o que será
“Quando saí da escola final de 2010, fiquei sem eira e nem beira, não sabia que
rumo tomar, sabia só que uma coisa eu tinha que fazer: ir trabalhar. Mas no ano seguin-
te conheci o Chico Mendes, lá aprendi que saber é poder, que eu posso mais, posso
enfrentar as barreiras. Hoje estou no meu último ano do curso de Geografia, quero ser
como aqueles que me ensinaram tanto. Obrigada, Emancipa por mi emancipar. ”
“Só tenho a agradecer ao Emancipa, aprendi muito além do que esperava e evoluí
muito como pessoa. É extremamente bela a causa que o cursinho popular Emancipa
luta. A oportunidade igualitária para todos os jovens, terem o direito ao acesso à univer-
sidade, o direito a alguém como eu, negro, pobre, residente de lugar periférico, filho de
mãe solteira e LGBT poder ter a esperança e a capacitação para conseguir alcançar uma
universidade que infelizmente ainda é um espaço totalmente excludente.”
“Quero dizer aos que não passaram: você não é incapaz! não desistam! essa prova (ESCROTA) não nos qua-
lifica, provas não provam quase nada. Pessoas geniais muitas vezes não conseguem uma vaga na universidade.
Não se limitem a esse resultado, vocês são maiores do que isso. Não se comparem ao primo, amigo, filho do
30 vizinho. Cada um tem seu caminho, sua história. Sigam firmes em seus propósitos e realizem seus sonhos. Uni-
versidade deveria ser um direito de todos. Eu passei, mas quantos jovens de escola pública, da periferia ainda
não conseguiram? ser exceção nunca vai ser motivo de orgulho. A universidade pública é o nosso lugar, e nós
temos q ocupar esse espaço.”
CLARICIA DOMINGUES
Estudante de Direito da UFRGS, mulher negra e periférica
“Conheci o cursinho através da minha mãe que ouviu na rádio que haveria inscrições para
um cursinho popular gratuito, pensei que era mentira a parte do gratuito, entretanto, era ver-
dade, e então ali começava a escrever minha longa trajetória no cursinho. Poderia ficar horas
falando dos professores maravilhosos que tive, os quais não só ensinaram matéria para passar
no vestibular, mas sim para a vida.
O cursinho ajudou a desconstruir o pensamento da minha família, que nunca tinha visto uma pes-
soa do meu fenótipo e da minha condição social na universidade e ainda mais fazendo Direito, eu via
o sorriso que minha mãe esboçava ao mostrar meu contracheque do serviço do que minhas notas na
escola, isso porque a sociedade fez ela acreditar que nosso lugar é outro e não dentro da universidade.
Porém ao longo dos anos fiz ela acreditar nos meus sonhos, e quando a aprovação veio choramos ajo-
elhadas na sala da nossa casa. Para mim o rumo da minha vida começou a mudar quando descobri o
Emancipa, e hoje só tenho a agradecer ao cursinho e a todos os envolvidos. Obrigada!
Emancipa: 10 anos educando para a liberdade
JONAS TAPAJÓS
Emancipa Santarém
“Participar do Emancipa foi uma das melhores coisas que aconteceram na minha
vida. Ao longo do ano que passou, eu ampliei e modifiquei muito o meu conhecimen-
to sobre vários assuntos. O melhor do Emancipa é que ele não é apenas um cursinho
pré-vestibular, além de dar oportunidades àqueles que não têm condições de pagar um
curso particular, ele repassa não só o conhecimento didático cobrado pelos vestibulares,
mas dá a oportunidade de adquirir conhecimento de vida também, por meio das lutas
que realiza. Por isso, eu serei eternamente grato aos coordenadores e à equipe de pro-
fessores do Emancipa, por essa ajuda que me deram. Pois, se hoje eu sou mais um indí-
gena a adentrar nos campus de uma Universidade, eu devo grande parte disso a vocês!
Muito obrigado!!!”
ANTONIO VINÍCIUS
Emancipa Grajaú
“No fim do meu ensino médio um professor meu havia falado sobre o Eman-
cipa, e passado um ano inteiro, eu fui atrás de conhecer. Vi, me inscrevi, e na aula
inaugural, na Paulista, senti que ali era algo diferente, que tinha gente como eu,
que veio de periferia e que queria - e que merecia - algo maior. Os temas levanta-
dos nos debates eram de forma muito natural, e sempre nos conscientizávamos
além de algo que poderia ser referência nas futuras provas. Mas quando vi o tema,
que discutimos sobre todo aquele ano, não me contive, peguei o papel de rascu-
nho e fiz 37 linhas. Adaptei, apertei letras, coloquei tudo, fiquei um tempo mais
que o usual apenas pra focar naquela redação, mas coloquei tudo que aprendi na-
quele ano em cada vírgula daquele texto... E então que eu consegui, havia passado
em Publicidade na Universidade Federal de Pernambuco.. E eu não estaria aqui se
não fosse o Emancipa. Sou eternamente grato, de coração, por tudo.” 31
“O que foi o Emancipa para mim? O Emancipa antes de mais nada foi uma porta, um
novo caminho e uma nova ferramenta. Foi uma conquista para mim e principalmente a
minha escola. Ter um cursinho num espaço já familiar tornava o aprendizado mais fácil e
embora eu tivesse ótimos professores, ter essa experiência com professores que em sua
maioria tinham passado por todo esse processo de vestibulares gerava uma aproximação
maior. Mais que professores foram amigos, foram companheiros, presentes desde o pri-
meiro dia e muitos ainda me acompanham agora que sai de São de Paulo rumo ao Ceará
nessa nova jornada que é a Universidades.
Mais do que conteúdo, foi um trabalho humano, um trabalho de apoio, que fazem
toda a diferença e que a educação esta perdendo a cada ano que passa. O Emancipa foi e
sempre será um espaço democrático e aberto para todos, onde podemos aprender com
todos os envolvidos e criar laços que podemos levar para toda uma vida. Sou muitíssimo
grato a toda a equipe Emancipa, do fundo do meu coração.”
Se muito vale o que foi feito, mais vale o que será
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