Você está na página 1de 7

1

A Neurociência e a prática pedagógica do Psicopedagogo e Neuropsicopedagogo na


inclusão do aluno com Altas Habilidades
Maria Nancy Nunes de Matos 1

RESUMO
O objetivo desta pesquisa é compreender como se relaciona “A Neurociência na
prática pedagógica do Psicopedagogo e Neuropsicopedagogo na inclusão do aluno com
Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD), e possíveis estratégias a serem usadas no
Atendimento Educacional Especializado (AEE) para o enriquecimento curricular na
sala comum, de acordo com as Competências da Base Nacional Comum Curricular
(BNCC), na Educação Especial Inclusiva. A metodologia utilizada é baseada em
pesquisa bibliográfica em análise minuciosa de estudiosos que trataram do assunto e
artigos científicos publicados por meio eletrônico somando com minha prática
pedagógica. O Documento de Salamanca (1994) foi o marco da Educação Inclusiva
objetivando a “Educação para Todos”, abrindo espaços para Pesquisas, Ensino
Superior e Formação Continuada sobre alunos com deficiência e com outras
necessidades educacionais especiais e assim incluídos nas escolas públicas. A inclusão
de alunos com Altas Habilidades/Superdotados (AH/SD) torna-se necessário um olhar
mais atencioso do Atendimento Educacional Especializado (AEE), composto por
Especialistas na área de Educação Especial Inclusiva e outros especialistas, incluindo
a Equipe Pedagógica e Gestora, principalmente no que diz respeito ao processo de
ensino e aprendizagem e ética profissional. Mas quem é o aluno com Altas
Habilidades/Superdotação (AH/SD)? E o que caracteriza este aluno? De que forma a
Neurociência pode contribuir na prática pedagógica do Psicopedagogo e
Neuropsicopedagogo na inclusão deste aluno? Esta é a problemática que iremos
investigar para compreensão deste trabalho.
Palavra-chave: Neurociência. Psicopedagogia. Neuropsicopedagogia. AH/SD

1.Graduada em História 2. Especialista em Ad. Escolar Supervisão e Orientação


3.Especialista em Neurociências e Aprendizagem 4. Especialista em Ciências Politicas
5.Especialista em Psicopedagogia 6. Especialista em Educação Especial Inclusiva
7.Especialista em Neurocpsicopedagogia 8. Especialista em Educação Infantil e Anos Iniciais
9.Especialista em Ciência da Religião 10-Especializando em Psicanalista
11.Mestra em Ciências da Educação 12. Mestra em Missiologia
13.Mestra em Educação Religiosa
14.Doutora em Teologia – Educação Cristã 15. Doutoranda em Ciências da Educação
2

INTRODUÇÃO
A Neurociência estuda o cérebro, para Vygotsky a estrutura básica do cérebro
humano é mutável, e funciona como uma espécie de hardware cerebral em que a plasticidade
pode fazer “instalações” de novos softwares resultantes de estímulos externos que ocasiona
o desenvolvimento cognitivo da aprendizagem e a Teoria de Vygotsky somente foi aceita com
o surgimento da Neurociência que veio ampliar os estudos da Psicopedagogia e
Neuropsicopedagogia e outras ciências e assim melhorar o processo de ensino e
aprendizagem humana.
São inúmeros os estudiosos sobre a Neurociência que defendem a ideia de que a
aprendizagem está relacionada com a forma como o cérebro humano funciona, sobre isso,
Tabaquim (2003) diz que,
“O cérebro é um órgão privilegiado da aprendizagem. Conhecer sua estrutura e
funcionamento é fundamental na compreensão das relações dinâmicas e complexas
da aprendizagem. (...) O cérebro é o sistema integrador, coordenador e regulador
entre o meio ambiente e o organismo, entre o comportamento e a aprendizagem”
De acordo com a frase de Stanley B. Prusiner, Prêmio Nobel de Medicina, 1977, “a
Neurociência é de longe o ramo mais empolgante da ciência porque o cérebro é o objeto mais
fascinante do universo. Cada cérebro humano é diferente – o cérebro torna cada ser humano
único e define quem ele ou ela é”. Desta forma, entende-se que o cérebro é responsável por
coordenar todas as atividades do nosso corpo e pelo funcionamento tanto nas atividades
voluntárias quanto nas involuntárias,
A Psicopedagogia tem sua base no psicológico da/para a aprendizagem, quanto que a
Neuropsicopedagogia se embasa nas questões neurológicas do ensino e aprendizagem do
indivíduo e ambas as ciências estão centradas na Neurociência por ser a ciência que estuda
o cérebro e como ele sustenta as atividades mentais que estão vinculadas ao desenvolvimento
cognitivo, ajudando a entender como acontecem os processos de pensamento, percepção que
temos a respeito de mundo, aprendizagens, memória, mente e comportamento humano.
O cérebro é também estudado pela Psicopedagogia, pois a palavra psico é de origem
grega que significa “alma ou mente”. Segundo Bossa (2000), o objeto de estudo da
Psicopedagogia é a aprendizagem humana, como se dá o aprender, suas variações e os fatores
implicados e como ocorrem as alterações na aprendizagem e como preveni-las ou trata-las.
E o Código de Ética da Psicopedagogia, nos faz compreender o,
Artigo 1º -A Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde que se
ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a família, a escola, a
3

sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando procedimentos próprios,


fundamentados em diferentes referenciais teóricos.
Parágrafo 1º A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento,
relacionada com a aprendizagem e as suas dificuldades.
Parágrafo 2 A intervenção psicopedagógica na Educação e na Saúde se dá em
diferentes âmbitos da aprendizagem, considerando o caráter indissociável entre o
institucional e o clínico.
Segundo Raquel Araújo (2010), a Neuropsicopedagogia surge com a junção da
Neurociências, da Psicologia e da Pedagogia, portanto, é uma nova ciência transdisciplinar,
focada sobretudo nos processos de ensino e aprendizagem, que se compõe na avaliação de
alunos em defasagem, que se desenvolvem fora dos contextos históricos, educacionais,
culturais, sociais e econômicos. Desta forma, melhor orienta a Resolução SBNPp/ nº 04 de 04
de maio de 2021 que altera a Resolução 03/2014 “Dispõe sobre o Código de Ética Técnico
Profissional da Neuropsicopedagogia e suas alterações, em seu,
Artigo 10. “A Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar, fundamentada
nos conhecimentos da Neurociência aplicada à educação, com interfaces da
Pedagogia e Psicologia Cognitiva que tem como objeto formal de estudo a relação
entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana numa
perspectiva de reintegração pessoal, social e educacional.”
A Neurociência na atuação do Psicopedagogo e do Neuropsicopedagogo na Educação
Especial Inclusiva se embasa na Política Nacional de Educação Especial (1994) que define
competências para atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos com Altas
Habilidades/Superdotados, e oferece subsídios para sua prática pedagógica, como:
Capacidades e Talentos: conhecendo a superdotação; Escola Inclusiva; Adequações
Curriculares; Metodologias e Estrategeias de atendimento pedagógico na área da
superdotação.
Assim sendo, GIFTED (2012) diz que o aluno com Altas Habilidades/Superdotados
(AH/SD) requer propostas educacionais diferenciadas, com adaptação e enriquecimento
curricular, oficinas para desenvolver habilidades, treinamentos, pesquisas e participação em
Sala de Recursos Multifuncionais, isto é, equipada com recursos tecnológicos que dão
suporte a estruturação e à oferta do Atendimento Educacional Especializado (AEE), que
proporciona o complemento ao aluno com Deficiência, Transtornos Globais do
Desenvolvimento, Altas Habilidades/Superdotação que está matriculado no ensino regular,
de modo a garantir as condições de acesso, participação e aprendizagem necessário para seu
desenvolvimento.
4

DESENVOLVIMENTO
Nos últimos anos a Neurociência auxilia nas bases teóricas e práticas tanto da
Psicopedagogia quanto da Neuropsicopedagogia pelo fato desta ciência contribuir para a
compreensão da relação entre o cérebro e a aprendizagem e o comportamento humano; o
funcionamento do cérebro e a plasticidade cerebral; os elementos que fundamenta o processo
de desenvolvimento da aprendizagem; os neurotransmissores, neuromoduladores e a
neurofisiologia, auxilia na compreensão do processo ensino e aprendizagem
Concordo com GIFTED (2012), diz que um dos maiores desafios da Escola atual é
quebrar os paradigmas tradicional da forma triangular da Equipe Pedagógica e assim,
incluir o Neurocientista e Aprendizagem ou Neurocientista e Educação, o Psicopedagogo, o
Neuropsicopedagogo e o Psicanalista na Equipe Multidisciplinar, são profissionais
especializados e de relevância na contribuição do processo ensino e aprendizagem junto com
os demais profissionais.
A prática na docência nos ensina que o aluno não deve ser tratado de maneira igual
para igual, percebe-se que no tratamento das diferenças que se direciona melhor o processo
do ensino e aprendizagem e oferece qualidade na aplicação do método, isto não quer dizer
que haja preferência ou privilégio utilizando esforços ao qualificar o trabalho pedagógico e
desse modo a melhoria do ensino e aprendizagem.
A importância de saber que todos possuem diferenças essenciais contribui para a
condução de forma eficiente, demonstra competência e habilidades principalmente no que
diz respeito com os alunos com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD), devido ao fato
ser abstrato e a responsabilidade do professor é bastante criteriosa a proporção do foco do
diagnóstico e avaliação deste aluno. A Lei Diretrizes de Bases – LDB 9394/96- em seu,
Artigo 59-“Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e Altas Habilidades ou
Superdotação: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013).
A Resolução nº 02/2001, que instituiu as Diretrizes Nacionais para a Educação
Especial na Educação Básica em seu,
Artigo 5: “Consideram-se educandos com necessidades educacionais especiais os
que, durante o processo educacional, apresentarem: III- Altas
Habilidades/Superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leve a
dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes.
A criação do cadastro prevista na Lei 13.234, de 29 de dezembro de 2015, que altera
o Artigo 59-A, Parágrafo Único da Lei nº 9.394/96, sancionada pela Presidenta Dilma
Roussef, diz: “para dispor sobre a identificação, o cadastramento e o atendimento, na
5

educação básica e na educação superior, de alunos com Altas Habilidades ou Superdotação”,


segundo o MEC, objetiva fazer com que as políticas públicas chequem a esses alunos. O
Censo Escolar de 2016 registrou 15.995 estudantes com Altas Habilidades/Superdotação em
todo país.
De acordo com o Site do Ministério de Educação - MEC – A construção de Práticas
Educacionais para alunos com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) é um tema de
grande relevância que a Secretária de Educação Especial (SEESP) que convidou
especialistas para elaborar um conjunto de quatro (4) volumes de Livros Didático-
Pedagógicos onde contém informações que auxiliam as práticas de atendimento ao aluno,
assim como orientações para o professor e para a Família. Esses materiais estão disponíveis
no site da SEE-MEC, em PDF e que de são grandes relevâncias para enriquecimento da
prática pedagógica, da ética.
Segundo a Política Nacional de Educação Especial Inclusiva de AH/SD alunos com
Altas Habilidades/Superdotação demonstram potencial elevado em quaisquer áreas, isoladas
ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes. Também
apresentam elevada criatividade, grande envolvimento na aprendizagem e realização de
tarefas em áreas de seu interesse (BRASIL, 2007).
Para a Neurociência o cérebro da criança com AH/SD tem suas vantagens, mas
também tem suas limitações, pois as informações são processadas de maneiras rápidas em
que a tomada de decisões é muito desenvolvida e o senso crítico aprimorado, no entanto, nem
sempre essa criança consegue alcançar seu potencial e nem desenvolver uma mente capaz de
governar de forma hábil suas capacidades, assim como seu mundo de emoções que surge em
decorrência disso.
É preciso entender que toda criança AH/SD tem dificuldades normais como toda
criança da sua idade, somadas, á claro, ás que derivam de seu alto coeficiente intelectual, e
seu cérebro de desenvolve de modo diferente das crianças com nível de inteligência média ou
normal, daí a importância da relação mais dialogal entre a escola e a família e a contribuição
do Psicopedagogo e Neuropsicopedagogo.
Na maioria dos casos as famílias de crianças superdotadas geralmente interagem com
seus filhos em casa, perguntando e respondendo questões, discutindo e se engajando em
atividades de leitura e conversas frequentes e a escola através do Atendimento Educacional
Especializado (AEE) e seus profissionais precisa apoiar e orientar as famílias para melhor
entendimento e desenvolvimento de suas habilidades e habilidades.
6

CONSIDERAÇÕES FINAIS
No final desta pesquisa chega-se à conclusão que a Neurociência contribui de forma
significativa na prática pedagógica do Especialista em Psicopedagogia e Especialista em
Neuropsicopedagogia com alunos de Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) na Educação
Especial Inclusiva, e assim, as atividades pedagógicas se realize de forma harmoniosa com
as Competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), sendo necessário que o
aluno passe pelo processo de inclusão e pelas avaliações necessárias para entender as
necessidades, potencialidades do aluno e oportunidades de desenvolvimento. Conforme a
LDB 9.394/96, em seu Artigo 59,
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação:
(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
I – Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos,
para atender às suas necessidades;
II – Terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido
para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e
aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os
superdotados; (BRASIL, 1996, p.40)
Segundo Tatiana Castro (2019), a Psicopedagogia é a ligação com a psicanalise,
psicologia e antropologia e seu foco são os processos de aprendizagem do sujeito (clinica) e
de um grupo (institucional), enquanto que a Neuropsicopedagogia investiga os processos de
aprendizagem integrando os estudos de Neurociência com a Psicopedagogia buscando
investigar e intervir nas dificuldades da aprendizagem sendo coadjuvante desses
conhecimentos, pois o cérebro das crianças com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) a
informação se processa de maneira muito rápida, mas com algumas limitações, são mais
ativos e mais eficientes em nível neuronal.
Portanto, segundo Alcântara (2000) o aluno AH/SD tem direito á diferenciação do
ensino (deve ocorrer por meio da suplementação e do enriquecimento curricular), deve
ocorrer na sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE) ou em sala de aula normal
e aceleração, de forma que a ética profissional seja respeitada e assim contribuir para melhor
desempenho do professor ou professores da sala regular.
Segundo Beauclair (2014) o termo Neurocpsicopedagogia é “um novo campo de
especialização profissional, de pesquisa, de ação e intervenção, baseados nos avanços das
Neurociências e suas aplicabilidades no campo da Educação e Psicopedagogia”, incluindo a
Neuropsicopedagogia (grifo meu).
7

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
-MATOS (2020) Maria Nancy Nunes de, -A importância da Neuropsicopedagogia no dia a
dia dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Uniasselvi Pós Graduação -. 2020.
-MORAES, Alberto Parahyba Quartim de, - O Livro do Cérebro -Vol. São Paulo. SP.
Editora Duetto. 2009.
-ABAHSD. -Associação Brasileira para Altas Habilidades/Superdotados
ABAHSD. Associação Brasileira para Altas Habilidades/ Superdotados. Disponível em <
http://www.altashabilidades.com.br >
-CLEMENTE ND, Lovat T, -Neurociencia e educação: questões e desafios para o currículo.
Currículo Ing. 2012. {Google Acadêmico}
-GIFTED, Álaze Gabriel, - Genialidade e Superdotação. 2012. Tema: Altas
Habilidades/Superdotação (AH/SD) Neuropsicopedagogia. Neuropsicologia. Educação
Especial. (Blog). Disponivel em < http://genialidadeesuperdotação.blogspot.com >
-VIRGOLIM, Angela M. R. - Altas habilidade/superdotação: encorajando potenciais.
Brasília. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial. 2007
-BEAUCLAIR, J. Neuropsicopedagogia: inserções no presente, utopias e desejos futuros. Rio
de Janeiro. Editora: Essence All. 2014.
-PISKE, Fernanda Hellen Ribeiro. Alunos com altas habilidades/superdotação (AH/SD):
como identificá-los? In: PISKE, Fernanda Hellen Ribeiro et al. (Org.). Altas
habilidades/superdotação (AH/SD) e criatividade: identificação e atendimento. Curitiba:
Juruá. 2016.
-VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins
Fontes, 2000.
-Disponivel em < http://pt.wikipedia.org/wiki/Stanley_B._Prusiner >
-ALVES, Rauni Jandé Roama; NAKANO, Tatiana de Cássia. Criatividade em indivíduos
com transtornos e dificuldades de aprendizagem: revisão de pesquisas. Psicologia Escolar e
Educacional. Maringá. v. 19, n. 1.
-VYGOTSKY, L.S, LURIA, A.R., A, N. LEONTIEV. Linguagem, desenvolvimento e
aprendizagem. Tradução Maria da Penha Villalobos. São Paulo: Icone, 2006.
- ALCANTARA, Brenda Derbli. Inclusão de alunos com Altas Habilidades/ Superdotação
na Educação Infantil. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano
2020. ISSN: 2448- Disponvel em < https://www.nucleodoconhecimento.com.br >

Você também pode gostar