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SÃO PAULO
2013
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
SÃO PAULO
2013
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Dedico esse trabalho aos meus pais e aos pais das crianças com autismo de
todo o Brasil pela coragem, carinho e dedicação com essas crianças incríveis.
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Agradecimentos
Agradeço a meu pai por ter me proporcionado apoio todos esses anos, ele é
minha estrela-guia
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“O único lugar aonde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário”.
Albert Einstein
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CIOCCHETTI, Renata. Autismo e inclusão escolar, 2013. TCC (Trabalho de
Conclusão de Curso). São Paulo, Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, 2013, 39 págs.
Resumo
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CIOCCHETTI, Renata. Autism and school inclusion. 2013. TCC
(monography). São Paulo, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2013,
39 págs.
Abstract
This work seeks to share what is autism, its history, its main thinkers, its
causes, diagnosis and treatment. Broke the following problematic: nowadays
has spoken much in autism, but the lack of clarity is still great. Many teachers
face with autistic children, and they don't know how to cope or how to include
them and increase their potential. That the definition of the objective, namely, to
clarify the concept of autism, and to present suggestions for activities to an
inclusion process more comfortable. The survey was developed from
bibliographic survey of existing publications on the subject and our experience
of two years working with autistic children in a bilingual school. You searched
for insertion of the autistic child in regular school education and proposed
measures to work with that student. The work is structured in four chapters
which seek to define autism and elaborate a little about its history, addressing
the causes of autism and its diagnosis, clarify the debate between inclusive
education and special education and the types of interventions with an autistic
child in the classroom and, in different school environments. The result of this
research was positive because, in addition to broaden the knowledge about this
very important subject, and so present in our schools can be used as a source
of research for teachers and students who deal with autistic children in schools
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Sumário
INTRODUÇÃO ............................................................................................... 09
2. Causas ..................................................................................................18
REFERENCIAS ..............................................................................................36
ANEXOS............................................................................................................37
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Introdução
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segundo capítulo optamos por abordar as causas do autismo, e como é feito o
diagnóstico. Também discorremos sobre o funcionamento cerebral para
mostrar exatamente como ocorre o funcionamento de cada parte do cérebro do
autista. No terceiro capitulo falamos sobre a educação inclusiva e a educação
especial, suas diferenças, os debates atuais sobre a melhor forma de incluir
respeitando as diferenças. No quarto e último capítulo abordamos a inclusão e
os tipos de intervenções mais usados na atualidade, como funciona cada um e
como se deve agir com uma criança autista na sala de aula e, nos diferentes
ambientes da escola.
Esperamos poder ajudar a esclarecer mais e mais este tema e contribuir com
informações úteis para os profissionais, estudantes e familiares que se
depararam com essas crianças incríveis, que tem muito para nos ensinar.
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1 Definindo o autismo
1.1 Conceito
1
Dicionário Aurélio Online.
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Dificuldade de comunicação - caracterizada pela dificuldade em utilizar
com sentido todos os aspectos da comunicação verbal e não verbal. Isto
inclui gestos, expressões faciais, linguagem corporal, ritmo e modulação
na linguagem verbal. (MELLO, 2007, p.20)
Outras crianças repetem frases ouvidas há horas, ou até mesmo dias antes é a
chamada ecolalia tardia. Em uma escola de classe média na zona leste de São
Paulo acompanhamos um aluno de inclusão e pudemos observar que ele
apresentava a ecolalia e repetia frases que pronunciamos no dia anterior e
essas frases sempre estavam fora do contexto.
Muitas vezes a criança com autismo aparenta ser muito afetiva, por aproximar-
se das pessoas abraçando-as e mexendo, por exemplo, em seu cabelo, ou
mesmo beijando-as, quando na verdade ela adota indiscriminadamente esta
postura, sem diferenciar pessoas, lugares ou momentos. O aluno que
acompanhamos tinha um costume de dar “abraços de urso” nos colegas de
classe,porém ele os apertava muito e por isso eu e a professora titular
conversamos com os pais e eles nos informaram que ensinaram isso ao filho
para tentar ajudar na socialização.
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comportamento da criança. Isto pode ser exemplificado por
comportamentos obsessivos e ritualísticos, compreensão literal da
linguagem, falta de aceitação das mudanças e dificuldades em
processos criativos. (MELLO, 2007, p.21)
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1.2. História
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Mudanças na concepção do autismo foram ocorrendo na década de 1960.
Podem ser citados três componentes importantes dessas mudanças. O
primeiro foi o suporte das teses biológicas e ganha o aval de Kanner. O
segundo foi a emancipação das pessoas com autismo que começaram a
escrever biografias e a dar depoimentos. Essa foi uma forma de mudar a
imagem que estava sendo mostrada às pessoas, e uma forma de defender o
investimento a pesquisas inteiramente voltadas para o autismo. O terceiro
componente são as teses psicodinâmicas voltadas para o cognitivismo, até
então ignorado.
O início dos anos 1980 também foi marcado pelo artigo de Lorna Wing, mãe de
uma criança autista, sobre a síndrome descrita por Hans Asperger em 1944.
Após modificar parte da descrição clínica feita por esse autor, Wing (1981)
defendeu que tanto o Transtorno do Espectro do Autismo quanto aquela
síndrome compartilhavam da mesma tríade sintomática: ausência ou limitações
na interação social recíproca; ausência ou limitações no uso da linguagem
verbal e/ou não verbal; e ausência ou limitações das atividades imaginativas,
que deixavam de ser flexíveis para tornarem-se estereotipadas e repetitivas.
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013, p. 23).
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na região de Parelheiros, tendo como principal mentor o Dr. Raymond
Rosemberg.
As causas do autismo ainda não estão muito claras, existem algumas teorias,
como as alterações genéticas. É isso que veremos no próximo capítulo, assim
como se chega às causas, ao diagnóstico e quem o faz.
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2 Causas
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outras. Mas por que eles associam o autismo com essas síndromes? Pessoas
com disfunções em determinado gene teriam uma chance maior de
desenvolver o autismo. Vale lembrar que nem todos os pacientes portadores
dessas doenças genéticas desenvolvem o autismo, porém a probabilidade de
apresentarem o autismo ou traços deles é maior do que na população geral.
Temos que lembrar que, no autismo, mais de uma área é prejudicada, sendo
elas a da comunicação, no uso da imaginação e, da sociabilização. Por isso é
impossível apenas uma área do cérebro estar comprometida.
Porém, não podemos afirmar que cérebros grandes são uma “marca registrada
no autismo”, pois, a grande maioria das pessoas com cabeça e volume
cerebral avantajado, não apresentam autismo.
Ainda outra técnica, se baseia nas analises feitas com o microscópio óptico.
Essas análises propiciaram a descoberta de células muito especiais, os
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neurônios. A partir desses estudos, os pesquisadores concluíram que os
neurônios em pessoas com autismo também tem o seu funcionamento
comprometido. O impulso nervoso se propaga de um neurônio ao outro,
através de trocas químicas que ocorrem nas sinapses, e que são governadas
por substâncias chamadas neurotransmissores (dopamina, serotonina,
noradrenalina, responsáveis pela transmissão de informações e
aprendizagens). Logo, o cérebro das pessoas com autismo não funciona como
uma unidade coesa, o que reflete nos comportamentos mencionados no
capítulo anterior.
Até aqui já podemos perceber que, devido a todas essas alterações e falhas de
comunicação no cérebro da pessoa com autismo, muito dos comportamentos e
atitudes já podem ser explicados.
A seguir vamos tratar das quatro teorias que servem para explicar o
funcionamento cerebral das pessoas com autismo. São elas: teoria dos
neurônios-espelho, teoria da mente, déficit das funções executivas ou no lobo
frontal e teoria da coerência central.
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As pessoas com autismo levam mais tempo para perceber e aprender o
significado de certas atitudes e demoram a interagir, pelo fato de não
entenderem as sensações e emoções alheias. Um fato interessante é que elas
não conseguem imaginar que outra pessoa esteja pensando de forma diferente
delas.
Um exemplo bem claro da teoria da mente é ver pessoas com autismo serem
mal-interpretadas em suas colocações, podendo passar por grosseiras,
somente pelo fato de não compreenderem uma situação.
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Exames que a partir de uma análise mais profunda tentam chegar a apenas um resultado.
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é bem normal ver uma pessoa com autismo mais preocupada com um
personagem especifico do que com o filme todo.
2.2 Diagnóstico
O diagnóstico do autismo deve ser realizado por um especialista, que pode ser
um médico, Psiquiatra ou Neuropsiquiatra infantil, ou Psicólogo..
Para que o diagnóstico seja realizado com sucesso é muito importante que o
profissional seja experiente no assunto, e que entenda sobre comportamentos
infantis de forma geral.
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Em um primeiro momento é feito uma vasta pesquisa sobre a vida dessa
criança, desde a gestação até o momento da análise. Podemos dividir isso em
quatro fases.
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Check-list for Autism in Toddlers.( Lista de verificação para autismo em crianças).
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resolveu falar com a professora e a coordenadora pedagógica que
aconselharam-na a procurar uma psicoterapeuta.
Alguns exames podem ser solicitados porém, isso varia de criança para
criança. Para alguns pacientes pode ser necessário a realização de exames de
neuroimagens. Outros podem precisar de eletroencefalograma (EEG),
eletrocardiograma (ECG), avaliações de erros do metabolismo e exames
laboratoriais, etc. (SILVA, GAIATO, REVELES, 2012, p. 202)
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3 Educação Inclusiva
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reducionista, própria do pensamento cientifico moderno, que ignora o subjetivo,
o afetivo, o criador, sem os quais não conseguimos romper com o velho
modelo escolar para produzir a reviravolta que a inclusão propõe. (MANTOAN,
2003, p. 27).
A perspectiva da Educação Inclusiva (EI) é, sim, bem oposta à da escola
tradicional: é inclusiva ao promover uma escola de sucesso para todos, ao
encarar os alunos como todos diferentes e necessitados de uma pedagogia
diferenciada (PERRENOUD, 1996) e, ao cumprir o direito à plena participação
de todos os alunos na escola regular. (RODRIGUES, 2006, p. 304)
Heward (2003) afirma que, o fato de os alunos serem todos diferentes não
implica que cada um tenha de aprender segundo uma metodologia diferente;
isso nos levaria a uma escola impossível de funcionar nas condições atuais.
(RODRIGUES, 2006, p. 305)
Ainda sobre as diferenças Rodrigues Id) diz: Mas o certo é que a diferença não
é estruturalmente dicotômica – isto é, não existe um critério generalizado e
objetivo que permita classificar alguém como diferente. A diferença é, antes de
tudo, uma construção social histórica e culturalmente situada. Por outro lado,
classificar alguém como “diferente” é partir do princípio de que o classificador
considera existir outra categoria – que é a de “normal”, na que um sujeito
naturalmente se insere. (RODRIGUES, 2006, p. 305)
A inclusão propõe a desigualdade de tratamento como forma de restituir uma
igualdade que foi rompida por formas segregadoras de ensino especial e
regular. (ARANTES, 2006, p. 16)
A partir dessas colocações é possível perceber que, ainda temos um longo
caminho a percorrer quando se trata da inclusão do aluno com dificuldades.
São muitas barreiras e, os profissionais, despreparados para trabalhar com o
diferentes, continuam tratando o aluno com deficiência como aquele aluno que
nunca aprenderá nada de fato.
Em uma pesquisa feita em Portugal sobre o que era ensinado nos cursos de
formação para professores sobre Necessidades Educacionais Especiais, se
concluiu que, a maioria do conteúdo era sobre as deficiências e suas etiologias.
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Regressando ao domínio da educação, constatamos que, se a ênfase da
formação de professores for dada à diferença e aos casos mais profundos,
acabamos por proporcionar (ainda que com boas intenções...) um argumento
para que o jovem professor avalie a sua futura tarefa como quase
inultrapassável e até a rejeitar a inclusão de alunos com dificuldades, devido
exatamente, ao conhecimento das reais dificuldades que esses alunos tem.
(RODRIGUES, 2006, p. 308)
Esses autor aponta a escola inclusiva como uma alternativa séria às escolas
especiais e, ainda aponta que, uma escola inclusiva que atenda, por exemplo,
alunos com deficiência mental tem de ser capaz de proporcionar, pelo menos,
o mesmo tipo de serviços da escola especial. Ele nos trás a seguinte questão:
se não, por que irão os pais preferir a inclusão, se isso pode ter um efeito
devastador em sua qualidade de vida?
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4 Inclusão de crianças autistas nas escolas
Existem três tipos de intervenções que são as mais utilizadas com crianças
autistas, o TEACCH, o ABA e os PECS. Abaixo falaremos um pouco sobre
cada um.
Foi desenvolvido nos anos 60, nos Estados Unidos, pelo médico Eric Shoppler.
O TEACCH é atualmente muito utilizado, inclusive pelo AMA (Amigos do
Autista).
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Esse método visa à independência da criança; ela irá, sim, precisar do
professor, mas, de forma geral, vai aprender a fazer as coisas sozinhas.
Quando necessário é oferecido algum apoio (por exemplo, apoio físico), que
deverá ser retirado, assim que possível, para não deixar a criança dependente
dele. A resposta adequada da criança tem como conseqüência a ocorrência de
algo agradável para ela, o que na prática é uma recompensa.
O PECS para Mello (2007) é mais utilizado com crianças que não se
comunicam de forma verbal ou com aqueles que se comunicam, porém, de
forma menos eficiente. Ele ajuda a criança a perceber que se comunicar é a
forma mais rápida de conseguir aquilo que deseja, fazendo com que os
problemas de conduta sejam reduzidos rapidamente.
Esse método é bem aceito em vários lugares do mundo porque não demanda
muito material, e é bem fácil de aprender. Na nossa experiência, em uma
escola bilingue, usávamos cartões com o nome da atividade que vamos
desenvolver e, ao lado uma foto. Acredito que isso ajuda muito as crianças
autistas.
Já vimos nos capítulos anteriores que as crianças típicas aprendem por meio
de brincadeiras, com os pais, os colegas. De forma descomplicada, elas vivem,
elas aprendem.
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Para a criança autista, as coisas não são bem assim. Há uma relação diferente
entre o cérebro e os sentidos, e as informações nem sempre se tornam em
conhecimento. (CUNHA, 2012, p. 31)
Para o aluno com autismo, a princípio, o que importa não é tanto a capacidade
acadêmica, mas, sim, a aquisição de habilidades sociais e a autonomia.
(CUNHA, 2012, p. 34)
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Enquanto o aluno com autismo não adquire a autonomia necessária é
importante que ele permaneça sob o auxilio de um profissional capacitado ou,
um psicopedagogo; alguém que dê suporte ao professor em sala de aula.
(CUNHA, 2012, p. 55)
Trabalhar com o aluno autista, não é fácil. Nossa experiência mostra que é
necessário toda uma infraestrutura para incluir a criança autista no ambiente
escolar regular. Durante o nosso trabalho sentimos muita dificuldade, porque
não temos apoio por parte da coordenação.
Tudo que aprendemos sobre o autismo foi através de cursos que nós
buscamos. Com a rotina é possível perceber o que eles gostam e não gostam
e, assim, ir adaptando o planejamento das aulas.
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Considerações Finais
Concluímos que não é tão difícil trabalhar com crianças autistas como
supúnhamos no começo. A grande questão é entendê-los, e criar um ambiente
onde todos podem aprender.
Este trabalho foi muito importante para o nosso desenvolvimento como futura
educadora porque nos permitiu compreender melhor para respeitar ainda mais
essas crianças. Como já trabalhamos com crianças autistas em escolas
regulares pudemos agregar exemplos reais, e ser um exemplo de
comportamento de aceitação.
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REFERENCIAS
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: O que é? Por que? Como
fazer? São Paulo, Editora Moderna, 2003
MELLO, Ana Maria S. Ros de, Autismo: guia prático. 5 ed. São Paulo: AMA;
Brasília: CORDE, 2007. 104 p.
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Anexo 14
4
SCHWARTZMAN, 2011, p. 68.
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Anexo 25
1. Seu filho gosta de ser balançado, de sentar em seu joelho e pular, etc?
[ ] SIM / [ ] NÃO
5. Seu filho alguma vez brinca de “faz de conta”, por exemplo, fazer de
conta que está fazendo uma xícara de chá usando uma xícara ou bule
de brinquedo ou brincar fazendo de conta com outros brinquedos ou
objetos? [ ] SIM / [ ] NÃO
6. Seu filho alguma vez usou o dedo indicador para apontar ou PEDIR
alguma coisa? [ ] SIM / NÃO
7. Seu filho alguma vez usou o dedo indicador para apontar, indicando
interesse por alguma coisa? [ ] SIM / [ ] NÃO
5
MELLO, 2007, p. 68. Disponível em: http://www.nas.org.uk/profess/chat.html. Acesso em
9./10/13.
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9. Seu filho alguma vez levou objetos até você (pai/mãe) para te
MOSTRAR alguma coisa? [ ] SIM / [ ] NÃO
iv. Diga para a criança: “Onde está a luz?” ou “Mostre-me a luz”. A criança
APONTA para a luz usando seu dedo indicador?
[ ] SIM / [ ] NÃO***
v. A criança consegue construir uma torre com blocos? (Se positivo com
quantos blocos?) (número de blocos _________ ).
[ ] SIM / [ ] NÃO
________________________________
* (Para pontuar SIM neste item, tenha certeza que a criança não olhou
simplesmente
para a sua mão, mas olhou realmente para o objeto que você está apontando).
** (Se você conseguir realizar um outro exemplo da “faz-de-conta” com algum
outro jogo, pontue SIM neste item).
*** (Se a criança não entende a palavra luz, repita o mesmo tipo de instrução
usando a frase: “Onde está o ursinho?” ou algum outro objeto que não esteja
à mão. Para pontuar SIM neste item, a criança tem que ter olhado para o seu
rosto mais ou menos no momento em que você apontou).
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