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JUAZEIRO DO NORTE-CE
2019
A psicologia humanista contemporânea estabeleceu-se nos Estados Unidos da
América, na década de 1960 como um movimento de reação contrária ao behaviorismo e
a psicanálise. Carl Ransom Rogers foi um psicólogo estadunidense atuante na terceira
força da psicologia e que desenvolveu a Abordagem Centrada na Pessoa, que acabou
trazendo uma nova perspectiva no século XX para a prática do atendimento psicológico.
A contribuição de Rogers não foi tecnológica, mas ética. Esse valor ético tem
como único critério o bem-estar do homem. Somente o homem pode determinar segundo
a sua consciência moral, o que deve ou não fazer.
Todos estes aspectos que Rogers conceitua, são envolvidos sempre na empatia, na
perspectiva de que não são necessários valores, técnicas e complexidade na relação. O
diálogo, portanto, precisa ser intenso, em que o outro se sinta ouvido, acolhido.
Muitas vezes os clientes pagam para apenas serem ouvidos, em meio a uma
sociedade que apenas critica, julga, e não tem tempo de ouvir o outro. É por isso que a
ACP não é uma terapia ou uma linha psicológica, ela é um jeito de ser. Que consiste em
uma perspectiva de vida de modo geral positiva, uma crença numa tendência formativa
direcional, uma intenção de ser eficaz, um respeito pelo indivíduo e por sua autonomia e
dignidade, uma flexibilidade de pensamento e ação, uma tolerância quanto as incertezas,
senso de humor. São esses os setes pontos de Wood. Falando então de valores, tornando
assim a ACP uma ética.
O papel do psicólogo segundo Rogers, é reconhecer que nada está definido, tendo
que se apropriar apenas de autênticos valores humanos. O que ele quer dizer é que quando
as pessoas são ouvidas de modo empático, isto lhes possibilita ouvir mais cuidadosamente
o fluxo de suas experiências internas. O que mais chama a atenção dentro de toda essa
teoria rogeriana, é que não é necessário complexidade, técnicas modernas, apenas ouvir.
Sendo fundamental ser apenas um outro humano frente aquele sujeito angustiado. E
principalmente na forma em que a sociedade se encontra, onde as pessoas não se ouvem
mais, não se importam mais, onde o capitalismo e o individualismo distanciam ainda mais
as pessoas. Talvez Rogers mesmo sem saber escrevia uma teoria tão necessária para a
atualidade, em que se dispor a ajudar o outro de forma integral é suficiente, não precisaria
de muito, apenas vontade de ouvir.
Apesar das críticas que são feitas a Rogers, o processo como ele enxerga a relação
terapêutica é muito significativo onde afeta todo o campo do inter-relacionamento
humano, expresso pelo maior respeito à individualidade e busca pela autonomia do
sujeito. Em que como relatado por Amatuzzi (2010), talvez a melhor preparação para ser
psicólogo seja apropria-se de autênticos valores humanos. O que não quer dizer que seja
uma tarefa fácil, mas que o mais importante no processo é se entregar de forma genuína
ao outro e sem enquadrá-lo ao que enxergo como correto.
REFERÊNCIA
AMATUZZI, Mauro Martins. Rogers: ética humanista e psicoterapia. Campinas:
Alínea, v. 2, 2010.
BENTO, Luiz. Breves considerações sobre o conceito de liberdade na filosofia e sua
possível efetivação na práxis social da vida humana. Revista saber eletrônico. Ano 1
Vol.1 Nov / Jun 2010 ISSN 2176-5588. Disponível em:
https://pt.scribd.com/document/316329764/BREVES-CONSIDERAC-O-ES-SOBRE-
O-CONCEITO-DE-LIBERDADE-NA-FILOSOFIA-E-SUA-POSSI-VEL-EFETIVAC-
A-O-NA-PRA-XIS-SOCIAL-DA-VIDA-HUMANA
RAMSON, Carl. A importância da obra de C. Rogers. Psicol. cienc.
prof. vol.8 no.1 Brasília 1988. Disponívem em:
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98931988000100018.