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Unijorge

Curso de Psicologia
Disciplina: Psicologia Analítica
Professora: Débora Ferraz
Aluna: Andréa Batista Matta
Data: 08/03/2017

SILVEIRA, Nise da. Jung: vida e obra. 7.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981, p.7-77.

C.G. JUNG: VIDA E OBRA

Inicialmente, Jung utilizou-se de associações verbais. A técnica transformou-se num método de


exploração do inconsciente que conduziu a descoberta dos complexos afetivos.

A Conceituação de complexo foi primeira contribuição de Jung à psicologia moderna.

“Através da interpretação de seus sonhos e experiências internas que Jung chegou à descoberta de um
centro profundo no inconsciente, centro ordenador da vida psíquica e fonte de energia”.

Processo de individuação – busca da realização de personalidade total.

DAS EXPERIÊNCIAS DE ASSOCIAÇÃO À DESCOBERTA DOS COMPLEXOS

Bleuler – Elaborou a monografia Dementia Praecox ou o Grupo das Esquizofrenias (1911). Quis, não
apenas descrever doenças mentais, mas dar à psiquiatria uma base psicológica. Psiquiatria interpretativa
x psiquiatria descritiva.

Experiência de associações – Palavras indutoras (desprovidas de qualquer relação significativa).


Indivíduo examinado devia reagir a cada palavra indutora, produzindo uma palavra induzida. As
perturbações observadas indicariam que a palavra havia atingido um conteúdo oculto no inconsciente
(complexos afetivos).

Complexos afetivos – São “complexos de ideias datadas de forte carga afetiva”, ou ainda, agrupamentos
de conteúdos psíquicos carregados de afetividade. Não são, por essência, elementos patológicos.
Tornam-se patológicos quando sugam para si excessiva energia psíquica.

O complexo e sua autonomia – Não temos complexos, são eles que nos possuem: interferem na vida
consciente, nos levam a cometer lapsos e gafes, perturbam a memória, causam situações contraditórias,
arquitetam sonhos e sintomas neuróticos.
O complexo: primariamente, compõe-se de um núcleo possuidor de intensa carga afetiva;
secundariamente, possui associações com outros elementos afins (coesão em torno do núcleo é mantida
pelo comum a seus elementos). Formam-se verdadeiras unidades vivas, capazes de existir
autonomamente. Dependendo da força de sua carga, tornam-se imãs para todo fenômeno psíquico que
ocorra ao alcance de seu campo de atração. A autonomia do complexo dependerá das conexões maiores
ou menores que ele mantém com a totalidade da organização psíquica.

Assimilação dos Complexos

A assimilação dos complexos permite trazer à consciência os complexos inconscientes, conhecimento


de si próprio, o tratamento das neuroses.

A tomada de consciência não deve ser apenas no plano intelectual, os afetos condensados no complexo
devem ser abreagidos (exteriorizados através de descargas emocionais).

Evolução do Conceito de Complexo

Jung, inicialmente, considerava o complexo como conteúdos psíquicos originados de conflitos vividos
na área da problemática individual. Suas raízes se encontram em problemas emocionais da primeira
infância e também do presente, com a origem num conflito.

Em 1934, Jung escreveu Revisão da Teoria dos Complexos. O complexo passou a ser descrito como a
imagem (expressão concentrada da situação psíquica global) de situações psíquicas fortemente
carregadas de emoção e incompatíveis com a atitude e a atmosfera consciente habituais. Esta imagem é
dotada de forte coesão interna e possui uma espécie de totalidade própria e um grau relativamente
elevado de autonomia.

Foi admitida a existência de complexos de outra natureza – manifestações vitais da psique, feixes de
força evolutiva com potencialidades evolutivas que ainda não alcançaram o limiar da consciência, que
sendo irrealizadas, exercem pressão para vir à tona.

Com novos desenvolvimentos na teoria, Jung introduziu que complexos podem ser agrupados em
categorias: complexo pai, complexo mãe, complexo de poder, complexo de inferioridade, etc. Tipos
bem caracterizados e facilmente reconhecíveis de complexos, repousando sobre bases típicas –
arquétipos (alicerces da vida psíquica comum a todo humano) –, o que garante a ligação entre as
vivências individuais e as grandes experiências da humanidade.
Psicologia Complexa

A psicologia Junguiana é também chamada de Psicologia Complexa, não porque se trata de uma
psicologia dos complexos, mas porque se ocupa dos fenômenos vistos na sua complexidade.

A ENERGIA PSÍQUICA E SUA METAMORFOSES

Símbolos de Transformação, 1912, com o título de Transformações e Símbolos da Libido – livro onde
Jung apresenta pela primeira vez o conceito de energia psíquica.

Para Freud, libido possui significação exclusivamente sexual. Para estar de acordo com ele, haveria que
se admitir que toda relação com o mundo era essencialmente erótica. A Jung pareceu que Freud inflava
excessivamente o conceito de sexualidade. Este conceito gerou o desentendimento decisivo entre Freud
e Jung.

Para Jung, libido é energia psíquica em sentido amplo. Energia psíquica e libido são consideradas
sinônimos, sendo apetite, instinto de vida manifestado pela fome, sede, sexualidade, agressividade,
necessidades e interesses os mais diversos. A ideia Jung de libido aproxima-se da concepção de vontade
de Schopenhauer. Jung chegou a essa formulação através da observação empírica como médico
psiquiatra.

A pós a publicação de Metamorfoses e Símbolos da Libido, Jung escreveu Sobre a Energia Psíquica
para esclarecer e desenvolver seu conceito de libido.

Energia psíquica (libido) – “é a intensidade do processo psíquico, seu valor psicológico”. Valor
significando intensidade, não acepção moral, estética ou intelectual. Se manifesta por efeitos definidos
ou rendimentos psíquicos, comparável, mas não idêntica à energia física.

Jung construiu uma interpretação nos moldes da teoria energética das ciências físicas, onde fome, sexo
e agressividade seriam expressões múltiplas da energia psíquica, assim como calor, luz, eletricidade são
manifestações da energia física.
Para Jung, o psiquismo, tanto consciente como inconsciente, é um sistema energético relativamente
fechado, com “um potencial que permanece o mesmo em quantidade através de suas múltiplas
manifestações, durante a vida do indivíduo”. Quando a energia psíquica abandona um de seus
investimentos, ela reaparece sob outra forma, já que no sistema psíquico a quantidade de energia é
constante, variando apenas a sua distribuição. Vários fenômenos, como manifestações somáticas, por
exemplo, serão a expressão de metamorfoses da mesma energia. Para Jung, todos os fenômenos
psíquicos são de natureza energética e os complexos são nós de energia. O psiquismo está em constante
dinamismo.

A progressão da libido vem da necessidade vital de adaptar-se ao meio que a faz espraiar-se pelo mundo.
Porém quando o indivíduo não consegue corresponder as exigências ou os obstáculos são muito fortes,
a energia se detém, acumula-se, fica estagnada e acaba recuando. Desta forma, ocorre a reativação de
conteúdos do mundo interior, reanimando “materiais excluídos do consciente, inibidos no inconsciente,
por serem perturbadores dos esforços de adaptação ao mundo exterior”, sendo a inibição idêntica ao que
Freud chama de censura. Já a regressão da libido torna-se uma fase útil no processo de desenvolvimento
da personalidade, pois os conteúdos ativados do inconsciente pelo novo afluxo da libido aproximam-se
do consciente, podendo, assim, serem confrontados pelo ego.

Conceitos de progressão e evolução, de regressão e involução nem sempre são superpostos, pois a vida
psíquica pode progredir sem evoluir e retrogradar sem involuir. O fluxo contínuo da libido não implica
em desenvolvimento da personalidade, bem como a regressão não significa obrigatoriamente involução.
Só se poderá falar de condição patológica quando ocorrer a persistência da regressão e fixação em
formas anteriores de atividade da libido.

A auto regulação do equilíbrio psíquico se dá entre dois polos fundamentais que se defrontam: as forças
que alimenta o apetite insaciável dos instintos contra as forças que se opõem e restringem a primeira.
Este combate é comumente designado pela oposição natureza-espírito (sendo que espírito aqui não é
colocado como algo transcendente). As forças que se opõem aos instintos são tão naturais quanto estes.
O espiritual é colocado aqui também como um instinto.

Do embate entre estas tensões opostas ocorre a liberação de “relativos excedentes de energia e o natural
estabelecimento de declives por onde se escoe esta energia livre. (...). Não está, todavia, no poder do
homem canalizar excedentes energéticos para objetos escolhidos racionalmente. A libido mostra-se
recalcitrante às ordens da vontade consciente”.
O desenvolvimento da psique se dá pela transmutação da energia psíquica e pela transformação de
símbolos caducos, que são esvaziados da energia que os animava, por símbolos novos.

TIPOS PSICOLÓGICOS

A distinção inicial se dava entre extroversão e introversão. Estes conceitos baseiam-se na forma como
se processa o movimento da libido com relação ao objeto. Extroversão e introversão são atitudes
normais, sendo apenas patológicas quando exageradas.
Extroversão: a libido flui sem embaraço ao encontro do objeto. Por outro lado, um fluxo de energia
inconsciente retrocede para o sujeito (movimento inconsciente de introversão).

Introversão: a libido recua diante do objeto que é visto como ameaçador. Enquanto isso, um fluxo de
energia inconsciente flui para o objeto (movimento inconsciente de extroversão).

Jung observou que cada psicólogo vê a vida psíquica de acordo com seu próprio tipo psicológico. Assim,
Freud, sendo extrovertido, dá prevalência ao objeto, já Adler, sendo introvertido, dá prevalência ao
sujeito.

Dentro de cada atitude típica há muitas variações que dependem de que função psíquica o indivíduo usa
para se adaptar. As quatro funções de adaptação são: sensação, pensamento e intuição.

Sensação: constata a presença das coisas, responsável pela adaptação do indivíduo à realidade objetiva.

Pensamento: esclarece o significado dos objetos, julga, discrimina e classifica.

Sentimento: faz estimativa de valores. Como o pensamento, estabelece julgamento, mas possui uma
lógica diferente – alógica do coração.

Intuição: percepção via inconsciente. Apreensão da atmosfera onde se movem os objetos.

Todos possuem as quatro funções, mas uma se apresenta mais desenvolvida e consciente, sendo
chamada de função principal. Uma segunda auxilia à principal, com grau de diferenciação maior ou
menor. A terceira, em geral, não vai além de um grau rudimentar e a quarta permanece mais ou menos
inconsciente, por isso é denominada função inferior.

Na maioria das pessoas uma única função se desenvolve e diferencia-se roubando energia das demais.
Quando a atividade dessas funções se realiza de forma muito desigual, pode acarretar perturbações
neuróticas. Sendo que uma função não empregada poderá escapar de todo manejo consciente, tornando-
se autônoma e provocando ativação anormal inconsciente (em geral a função inferior). Devido a sua
conexão com o inconsciente, a função inferior poderá ser utilizada terapeuticamente como uma ligação
entre consciente e inconsciente.

Essas funções dispõem-se duas a duas em oposição: sensação x intuição, sentimento x pensamento. Se
uma for a principal, a outra será a inferior e vice-versa.
A função principal é a arma mais eficiente que a pessoa dispõe para orientação e adaptação ao mundo
exterior, tornando-se o seu hábito reacional, dando uma marca característica aos tipos psicológicos.
Disto resultam oito tipos psicológicos: tipo pensamento extrovertido, tipo sentimento extrovertido, tipo
sensação extrovertido, tipo intuição extrovertido; tipo pensamento introvertido, tipo sentimento
introvertido; tipo sensação introvertido, tipo intuição introvertido.

Tipo pensamento extrovertido

Personalidade consciente extrovertida.

Função principal: pensamento, voltado para fora, tende a estabelecer ordem lógica, clara, entre coisas
concretas.

Representantes: políticos, homens de negócio, advogados, organizadores de serviços científicos, de


firmas comerciais ou setores burocráticos.

Função inferior: sentimento. Afeições profundas, mas com dificuldades de exprimir os sentimentos.
Súbitas e violentas explosões de afeto que podem atingir graus destrutivos.

Tipo sentimento Extrovertido

Mantém adequada relação com os objetos exteriores, vivem nos melhores termos com seu mundo.
Capacidade de segura avaliação afetiva, por isso sabe fazer a correta estimativa dos amigos, não forma
ilusões sobre as pessoas. Acolhedor e afável, agradável amigo ou amiga. Manifestações de afetividade
exuberante. Em geral, fiel aos valores inculcados desde a infância.

Representantes: grandes líderes que fascinam pelo apelo emocional.

Função inferior: pensamento, sobretudo o raciocínio abstrato. Dificuldades com a matemática e a


abstração filosófica. Preferência pela medicina, ciências humanas, poesia lírica e música romântica.
Podem formular julgamentos críticos duros e frios, com caráter de sanção definitiva. Quando o controle
da função superior falha, os pensamentos negativos emergem, com a marca da introversão – voltados
principalmente contra o próprio indivíduo.
Tipo sensação extrovertida

Compraz-se na apreciação sensorial das coisas. Relaciona-se de modo concreto e prático aos objetos
exteriores, adaptando-se facilmente às circunstâncias. Detalhistas, eficientes e práticos. Apreciam os
prazeres da mesa e o conforto das habitações, se enquadram entre aquele que “sabem viver”. Explicam
os fenômenos pela sua redução a causas objetivas bem estabelecidas. Hipóteses de interpretação, no
domínio científico, lhes parecem fantasiosas.

Representantes: engenheiros, mecânicos, mestres na profissão, industriais e comerciantes.

Função inferior: intuição. No percebem o desdobramento de novas possibilidades, intuição pouco


desenvolvida e falha, por isso muitas vezes seguem pistas erradas. Intuição introvertida – elabora
premonições sobre doenças e infortúnios, compraz-se com místicas de baixo nível, histórias
extravagantes de fantasmas e superstições.

Tipo intuição extrovertida

Sempre farejando novas possibilidades. Sabe com antecedência quais as mercadorias mais vendáveis,
as indústrias que terão maior êxito, no campo da arte, quem será o pintor que irá fazer sucesso, etc.
Empreendem várias inciativas ao mesmo tempo, dá início a atividades novas, abandonando-as no meio
do caminho para se dedicar a outras coisas.
Função inferior: sensação – introvertida, tende a recuar do mundo exterior e seus problemas.

Tipo pensamento introvertido

Considera as ideias gerais o mais importante. Irrita-se com quem apresenta ideias gerais mal digeridas
e mal diferenciadas. Interessa-se pela produção de ideais novas ou pela busca de jogos do espírito
originais, diferente do pensador extrovertido, que se contenta em pôr ordem nas ideais já existentes.

Representantes: matemáticos teóricos, filósofos criadores de concepções do mundo, especuladores


filosóficos ou científicos.

Função inferior: sentimentos - extrovertido, manifesta-se de modo primitivo, e até selvagem. Dirige-se
ao objeto e manifesta-se com pujança. Poderá destruir, mas sem intenção malévola.
Tipo sentimento introvertido

Pessoas calmas, retraídas e silenciosas, pouco abordáveis e difíceis de compreender. Sentimentos


finamente diferenciados, mas sem expressão externa, relações com o objeto mantidas dentro de limites.

Função inferior: pensamento, dirige-se para o exterior.

[Tipo sensação introvertido – neste tópico parece que o título foi cortado no Pdf]

Encontro difícil entre a sensação superior com a intuição inferior. Quando fantasias arquetípicas
relacionadas a acontecimentos futuros irrompem na consciência, os tipos sensação sofrem vertigens.
Contradição perturbadora.

Tipo intuição introvertida

Sensível à atmosfera dos lugares e às possibilidades novas que as coisas possam oferecer. Não se sente
atraído pelas pistas do mundo real, pois sua função principal está voltada para o interior. Acontecimentos
exteriores permanecem nebulosos. Não consegue executar seus inúmeros projetos, pois cansa-se e
aborrece-se com a s coisas que já lhe afiguram-se obvias, enquanto suas manifestações reais realizam-
se com uma lentidão dura de tolerar. Constante desejo de pôr-se a salvo do mundo real representa um
duplo perigo: primeiro – perda de contato com a realidade, desgarrando-se da vida normal; segundo –
sua chama criadora encontra-se na crista da tensão entre as duas funções opostas.

Função inferior: sensação (extrovertida).

Representantes: feiticeiros, profetas, artistas visionários.

ESTRUTURA DA PSIQUE

Psique – um vasto oceano (inconsciente) de onde emerge uma pequena ilha (consciente).

Consciente – onde se desenrolam as relações entre os conteúdos psíquicos e o ego (centro do consciente).
Conteúdos psíquicos, para se tornarem conscientes, devem se relacionar com o ego, os que não se
relacionam com o ego constituem domínio do inconsciente.

Ego – unidade coesa transmitindo impressão de continuidade e de identidade consigo mesma, composta
de múltiplos elementos (complexo do ego).
Inconsciente – compreende o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo.

Inconsciente pessoal

Camadas mais superficiais do inconsciente de fronteiras com o consciente imprecisas. Incluem-se:


percepções e impressões subliminares com carga energética insuficiente para atingir o consciente;
combinação de ideias fracas e indiferenciadas; traços de acontecimentos perdidos pela memória
consciente; recordações penosas; grupo de representações carregados de forte potencial afetivo e
incompatíveis com atitudes conscientes; qualidades que nos desagradam e ocultamos de nós mesmos
(lado negativo).

Inconsciente coletivo

O inconsciente coletivo “Corresponde às camadas mais profundas do inconsciente, fundamentos


estruturais da psique comuns a todos os homens”. Independente das diferenças raciais, o corpo humano
apresenta uma anatomia comum, da mesma forma a psique apresentaria um substrato comum que seria
o inconsciente coletivo.

O inconsciente coletivo seria uma herança comum transcendendo as diferenças culturais e as atitudes
conscientes, composto de disposições latentes para reações idênticas, e não apenas conteúdos capazes
de se tornarem conscientes, refletindo a expressão psíquica da identidade da estrutura cerebral
independente das diferenças raciais. Assim, entende-se a identidade entre vários símbolos e temas
míticos que podem ser compreendidos entre os homens em geral, um lastro psíquico onde estivessem
gravados vestígios da história da humanidade, ou ainda, denominador comum reunindo e explicando
fatos impossíveis de entender no momento atual da ciência.

Enquanto o inconsciente pessoal é composto de conteúdos decorrentes de experiências individuais, o


inconsciente coletivo é composto de conteúdos impessoais, comuns a todos e hereditários.

Self - Um centro ordenador no âmago do inconsciente coletivo de onde emana inesgotável fonte de
energia. Em certas circunstâncias, quando renuncia aos desejos egoístas por temor à opinião pública e
aos códigos, corresponde ao superego freudiano. Neste caso, o self permanece inconsciente, projetando-
se e identificando-se com a consciência moral coletiva. Porém, quando essas renúncias não são
motivadas pela moral vigente, mas pelas próprias leis internas, inatas ao self, deixa de coincidir com o
superego.
Arquétipos

Os arquétipos são “possibilidades herdadas para representar imagens similares, são formas instintivas
de se imaginar” e não, ideias e imagens inatas. “São matrizes arcaicas onde configurações análogas ou
semelhantes tomam forma”. Originam-se “do depósito das impressões superpostas deixadas por certas
vivências fundamentais, comuns a todos os humanos, repetidas incontavelmente através de milênios”.
“Seriam disposições inerentes à estrutura do sistema nervoso que conduziriam à produção de
representações sempre análogas ou similares”, assim como existem pulsões herdadas (instintos) que nos
levariam a agir de forma idêntica.

O arquétipo, independentemente de sua origem, “funciona como um nódulo de concentração de energia


psíquica”. A imagem arquetípica é a atualização desta energia, que, em estado potencial, toma forma.
Esta imagem não é o arquétipo, o arquétipo é uma virtualidade.

A noção de arquétipo nos permite entender o surgimento de temas idênticos em contos de fadas, mitos
dogmas, delírios, etc. em lugares e épocas distantes.

Símbolo

A imagem arquétipo por si só não é um símbolo, pois, apesar dessa ser o fator essencial para construí-
lo, a ela deve-se juntar outros elementos, sendo assim, o símbolo é uma forma complexa reunindo
opostos numa síntese.

Símbolos são diferentes de sinais (figuras sintéticas, substitutivas de coisas conhecidas) e de alegorias
(representações figuradas de objetos ideais ou materiais). Para Jung, “são expressão de coisas
significativas para as quais não há, no momento, formulação mais perfeita”. Os símbolos têm vida.
Atuam. (...) Mas desde que seu conteúdo misterioso venha a ser apreendido pelo pensamento lógico,
esvaziam-se e morrem”.

O conceito junguiano de símbolo é diferente do conceito freudiano. Enquanto que para Freud os
símbolos surgem como resultado do embate entre a censura e as pulsões reprimidas, para Jung os
símbolos surgem da “tentativa de encontro entre opostos movida pela tendência inconsciente à
totalização”. Para Freud, os conteúdos do inconsciente manter-se-iam permanentemente iguais,
enquanto que para Jung, estes conteúdos estão suscetíveis a metamorfoses. Nos indivíduos, poderíamos
acompanhá-las através dos sonhos e, na vida social, poderíamos acompanhá-las nas transformações dos
símbolos religiosos. “O inconsciente sofre mudanças e produz mudanças. Influencia o ego e poderá ser
influenciado pelo ego”.

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