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RELAÇÃO TERAPÊUTICA,

AVALIAÇÃO E
CONCEITUALIZAÇÃO DE
CASOS
Profª. Ms. Simone Cordeiro
Relação Terapêutica

 Relação terapêutica colaborativa, simples e voltada para a ação;

 Ambiente terapêutico com autenticidade, afeto, consideração positiva e


empatia;

 Empirismo colaborativo – direcionado para mudança cognitiva e


comportamental.
Relação Terapêutica
 Empatia, afeto e autenticidade:

 Empatia – capacidade de colocar-se no lugar do outro;


 Regular a quantidade de empatia e o afeto pessoal associado;
 O momento de fazer comentários empáticos também é importante:

“Entendo bem as circunstâncias de vida e o estilo de pensamento dessa


pessoa?” “Essa é uma boa hora para mostrar empatia?”.
Empatia, Afeto e Autencidade
 A Empatia - do ponto de vista cognitivo-comportamental, envolve a capacidade de
colocar-se no lugar do paciente de modo a ser capaz de intuir o que ele está sentindo
e pesando;

 Regular adequadamente a quantidade de empatia, pois a falta desta pode diminuir as


perspectiva de um bom tratamento, e que o esforço exagerado para ser afetuoso e
empático também pode ser contraproducente.

 Uma chave importante para mostrar empatia é a autenticidade.


 Pessoas empáticas despertam no outro afeto e simpatia;

 A empatia reflete a habilidade de ler e valorizar os pensamentos e sentimentos das outras pessoas.

 “Perceber o marco de referencia interior da outra pessoa com precisão e com os componentes
emocionais que lhe pertencem, como se fosse essa pessoa, porém sem nunca perder a condição de
‘como se’” (Carl Rogers, 1971, 1975).

a. As Etapas da Empatia

•1º etapa- Compreender os sentimentos e as perspectivas da outra pessoa, e, de algum modo,


experienciar o que está acontecendo com ela naquele momento (compreensão empática);

•2º etapa- Comunicar esse entendimento de forma sensível (Expressão empática).


 b. Compreensão Empática ( prestar atenção e ouvir sensivelmente)

• Prestar atenção - Fitar diretamente a outra pessoa ( obs. Se houver constrangimento uso
angular);

• Adotar postura aberta, inclinar-se, manter contato visual, postura relaxada e estar atento as
próprias reações;

• Ouvir sensivelmente – Buscar as mensagens centrais que estão sendo expressas em termos
de sentimentos, desejos e perspectivas- deixar de lado própria expectativa, observar e ler
comportamentos não verbais, elaborar mentalmente relações entre sentimento, contexto e
significado.

 c. Expressão Empática (Verbalizar sensivelmente) – Neutralidade na avaliação, descrever e


explicar os sentimentos, focalizar causas próximas do sentimento de angústia.
Exemplos de falas não empáticas:

(Foco no evento ao invés do sentimento de angústia):

Ex1: Paciente - Meu namorado costumava me telefonar todos os dias. Ultimamente ele telefona 3 vezes por
semana. Estou achando que ele não gosta mais de mim...

Terapeuta -Você lembra de ter sido rejeitada por mais alguém?

(Ponto de vista do terapeuta)

Ex2: Paciente - Ontem o professor não deu aula e eu aproveitei para estudar. Só que alguns colegas começaram
a falar alto e eu não consegui prestar atenção . Então fechei o livro e fui embora.

Terapeuta - As pessoas são assim mesmo. Só percebem que incomodam quando a gente reclama.

É responsabilidade de terapeuta a construção de um relacionamento terapêutico!


 Não é suficiente demonstrar preocupação, é necessário que o terapeuta busque em

suas ações meios e formas eficazes de reduzir o sofrimento do paciente ajudando

este a enfrentar os problemas da sua saúde mental.

 O terapeuta Cognitivo-Comportamental integra comentários empáticos apropriados

com questionamentos socráticos e outros métodos utilizados na TCC que instigue

um pensamento racional e desenvolvimentos de comportamentos saudáveis;


Empirismo Colaborativo

 Relação terapêutica colaborativa como característica simples e voltada para a ação;

 Mecanismo Importante para o tratamento (Beck et al., 1979);

 Empirismo colaborativo – estabelecimentos de meta e agendas, dando e recebendo

feedback;

 A negligencia à relação terapêutica é considerada uma das explicações para o fracasso da terapia;

 A relação terapêutica como veículo da modificação comportamental;


Empirismo Colaborativo

 Os terapeutas cognitivos-comportamentais buscam propiciar um ambiente de tratamento como

um alto grau de autencidade, afeto, consideração positiva e empatia;

 Qualidades em comum de todas as terapias eficazes (Beck et al., 1979; Keijsers et al., 2000;

Rogers, 1957);

 O empirismo colaborativo é um tipo específico de aliança de trabalho na TCC que é

direcionado para a promoção da mudança cognitiva e comportamental.


Grau de Ativação do Terapeuta
 Terapeutas da TCC: alto grau de atividades.

 As atividades terapêuticas, normalmente, são maior nas primeiras fases do tratamento, quando os
pacientes estão mais sintomáticos e estão sendo familiarizados com o modelo cognitivo
comportamental.

 O terapeuta, explica a natureza dos pensamentos automáticos com o intuito de ajudar o indivíduo
a examinar evidências contrárias a esse fluxo de cognições negativas.

 O grau de tensão e tristeza do paciente é reduzido no momento em que é mudado o fluxo de


pensamentos absolutos de sua cognição.
Relação Terapêutica

 Terapeuta como professor-treinador;


Amigável, envolvido, criativo, capacitado e objetivo.

 Deve-se levar em consideração o uso do humor na TCC?


 Cuidado com o uso do humor;
 Efeitos positivos e negativos;
Espontâneo, genuíno, construtivo e focado na demanda;
Uso de Humor na TCC
 Para o uso de humor no processo terapêutico é necessário que o terapeuta saiba analisar as
armadilhas e que ele seja capaz de reconhecer se a utilização deste pode beneficiar o paciente no
relacionamento

 O que justifica a sua utilização, é que para algumas pessoas o humor é uma estratégia de
enfrentamento altamente adaptativa

 Há três razões principais para utilizar o humor na TCC:

 O humor pode normalizar a humanizar a aliança terapêutica;

 A sua utilização serve de auxilio aos pacientes para romper padrões rígidos de pensamentos e
comportamentos;

 As habilidades do humor podem intensificar e fortalecer recursos para combater sintomas e enfrentar
o estresse.
Transferência

 Reedição de relacionamentos prévios;

 O foco reside nas maneiras de pensar e agir que são repetidos no setting
terapêutico;

Ex: homem tem a crença central de que “deve estar no controle” e


padrões de comportamento de controlar os outros, podendo, assim,
reproduzir esses padrões na sessão.
Contratransferência

 Relações contratransferências podem interferir na relação terapêutica;


 A relação pode ativar os pensamentos automáticos e os esquemas do
terapeuta;
 Indicadores: ficar com raiva, tenso ou frustrado com o paciente; sentir-se
entediado no atendimento; aliviado quando o paciente cancela a sessão;
 Prestar atenção e usar os métodos da TCC.
Avaliação

 Cronicidade e complexidade
 Otimismo quanto as chances de sucesso
 Aceitação de responsabilidade pela mudança
 Compatibilidade com os princípios da TCC
 Capacidade de acessar pensamentos automáticos e as emoções associadas
 Capacidade de envolver-se em uma aliança terapêutica
 Capacidade de manter um trabalho focado.
Conceitualização de Caso
Diagnóstico e sintomas

Experiências da infância e
desenvolvimento
Questões situacionais e
interpessoais Tratamento
Hipótese
Fatores biológicos,
genéticos e médicos

Pontos fortes e qualidades

PA, emoções e
comportamentos

Esquemas
Conceitualização Cognitiva

 Toda psicoterapia na abordagem das terapias cognitivo-comportamentais começa pela conceituação/ou

conceitualização cognitiva, que inicia a partir da primeira entrevista a qual, em resumo, deve conter os

seguintes itens:

1- Todas as queixas demonstradas o mais objetivamente possível;

2- Explicação sobre a causa das queixas e o que as mantém;

3- Possibilidades de se efetuar previsões do comportamento do indivíduo em determinadas condições;

4- Possibilidade do desenvolvimento de um plano de trabalho para o caso.


Conceitualização Cognitiva

 Dados Relevantes na Infância (experiências que contribuíram para o desenvolvimento


e manutenção);

 Crença Central (Qual a mais central);

 Suposições condicionais/ Crenças Secundárias;

 Estratégias Compensatórias (Que comportamentos ajudam a lidar);


Conceitualização Cognitiva
 Análise histórica – aquisição e curso; fatores de predisposição.

 Quais variáveis espero encontrar como predisponentes para esse tipo de problema se
as relações hipotetizadas forem corretas?

 Que características observa em seus pais? Em que medida se parece com um deles/
como é seu relacionamento? Histórico médico, religioso, acadêmico, sexual, etc);

 Investigando os Fatores de predisposição- pessoais/familiares e sociais

 Sugestão - Eu ideal , real e social.


Princípios da Conceitualização

 Níveis de conceitualização – dificuldades atuais para prover estruturas explanatórias que


vinculam os desencadeantes, ciclos de manutenção e/ ou fatores predisponentes e
protetores;

 1- Empirismo colaborativo – trabalho conjunto para favorecer formulação e testagem de


hipóteses;

 2- Foco nos pontos fortes – A conceitualização identifica e incorpora ativamente os pontos


fortes do cliente com o objetivo de aplicar os recursos existentes no cliente às suas
dificuldades atuais e para fortalecer a sua consciência e utilizar seus pontos fortes ao longo
do tempo (desenvolvimento da resiliência).
Aplicações

 Transtornos de humor, transtornos de personalidade, transtornos alimentares,


dependência química, disfunções sexuais, TOC, TEPT, terapia de casal e de grupo,
treinamento de habilidades sociais, síndrome do pânico, psicologia hospitalar entre
outros.
Objetivos do Terapeuta
 Ajudar o cliente a perceber suas cognições e como estas mediam seu afeto e seu comportamento;

 Propor técnicas de reestruturação cognitiva, visando a modificação desses pensamentos;

 Levantar hipóteses sobre a categoria de crença central;

 Especificar a crença central preponderante, apresentá-la ao cliente e pedir confirmação (ou não);

 Educar o cliente sobre crença central e orientá-lo a monitorar a(s) operação(es) da sua mente;

 Começar a avaliar e modificar a crença central junto com o cliente, auxiliando-o a especificar uma
crença central nova e mais adaptativa.
Relação Terapêutica vs. Técnicas Terapêuticas

 São aspectos integrados de um mesmo e único processo;

 A qualidade do envolvimento do cliente é crucial para o resultado da psicoterapia;

 O vínculo terapêutico media o envolvimento do cliente e a Postura do Terapeuta;

1.Mobilizar a confiança;

2.Promover a confiança nos procedimentos terapêuticos;

3.Fornecer informações;

4.Ser cortês, compreensivo e empático;

5.Estabelecer aliança de trabalho (encorajar a participação ativa, envolver terceiros, etc);

6.Ajudar no processo de mudança (adaptar procedimentos).


 Pesquisas voltadas para o estudo da relação terapêutica na TCC revelaram em seus
resultados que a qualidade estabelecida nesta relação influenciou de forma positiva os
resultados do tratamento terapêutico cognitivo-comportamental (Keijsers et al., 2000);

 Assim, há fortes evidências de pesquisa de que os esforços para construir boas relações
terapêuticas na TCC têm um forte impacto no curso do tratamento;

 Aprender a construir relações mais eficazes entre terapeuta e paciente é um desafio


para toda a vida profissional;

 Exige do profissional Empatia, Afeto e Autenticidade;


Diretrizes na Aplicação das Técnicas
1. Correta formulação do caso.

2.Objetivos terapêuticos.

3.Características pessoais e habilidades do cliente e do terapeuta.

4.Sensibilidade aos momentos oportunos.

5.Eficácia da técnica.

6.Observar a base teórica da técnica.

7.Relação vantagem – desvantagem.

8.As implicações a longo prazo.

9.A coerência com as normas culturais.

10.Aceitação do cliente.

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