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PSICOTERAPIAS: ABORDAGENS ATUAIS

Autor: Cordiolli e coloboradores

AVISO AO ALUNO: Este material é preparado baseado nas informações contidas no respectivo livro. É um
material direcionado e focado para concursos com o objetivo de direcionar o seu estudo. O Curso Psiu!
afirma, categoricamente, que o aluno, para seu melhor aproveitamento, deve adquirir e ler o livro original,
sendo de sua inteira responsabilidade utilizar apenas esta apostila para os estudos.

PARTE 1
Comentário da professora: Essa primeira parte da apostila dá um panorama geral das principais psicoterapias
existentes, seus objetivos e técnicas. Atenção: Essa parte é muito cobrada nos concursos

AS PSICOTERAPIAS MAIS COMUNS E SUAS INDICAÇÕES (Cordiolli)


Introdução:
 Psicoterapias são métodos de tratamento para problemas de natureza emocional, nos quais uma
pessoa treinada, mediante a utilização de meios psicológicos, estabelece deliberadamente uma relação
profissional com a pessoa que busca ajuda, visando remover ou modificar sintomas existentes, retardar
seu aparecimento, corrigir padrões disfuncionais de relações interpessoais, bem como promover o
crescimento e o desenvolvimento de personalidade.
 o terapeuta utiliza especialmente a comunicação verbal e a relação terapêutica com a finalidade de
influenciar o paciente e fazer com que modifique emoções, pensamentos, atitudes ou comportamentos
considerados desadaptativos
 Elementos comuns todas as psicoterapias:
 Relação paciente-terapeuta
 Contrato terapêutico
 Teoria na qual a técnica específica se fundamenta

a) Psicoterapias baseadas na teoria psicanalítica – Psicanálise


 Teoria:
 Psicanálise literalmente significa dividir a mente em seus elementos constitutivos e nos seus processos
dinâmicos
 na prática tem três significados diferentes:
- teorias psicológicas sobre o funcionamento mental, a formação da personalidade e aspectos do
caráter, os normais e patológicos
- investigação dos conteúdos mentais, especialmente os inconscientes
- método psicoterápico que se propõe a efetuar modificações no caráter por meio da obtenção de
insight mediante a análise sistemática das defesas na neurose de transferência
 Técnica:
 o analista tem uma atitude neutra, não havendo contato visual direto
 livre associação
 regressão e relação transferencial  neurose transferencial
 por intermédio das interpretações, o paciente poderá obter insight
 Objetivos e indicações:
 tratamento de problemas de natureza crônica, cuja origem situa-se em dificuldades ocorridas no
passado, em especial nas relações com os pais
 os objetivos são a organização da estrutura do caráter e a correção de lacunas do desenvolvimento e
pacientes com traços de personalidade desadaptativos, transtornos leves ou moderados da personalidade,
mas com aspectos do ego relativamente preservados
 exige ainda:
 uma motivação bastante forte para efetuar mudanças de vida
 paciente deve ser capaz de introspecção e insight
 disposição para se envolver num tratamento de longa duração
 capacidade para estabelecer uma relação terapêutica estável, de comunicar-se com o terapeuta de
forma honesta por meio de palavras e não de ações
 disposição para sacrifícios em questões de tempo, dinheiro...
 não ser portador de problemas de natureza aguda intensos
 Contra-indicações:
 ausência de um ego razoavelmente integrado e cooperativo: psicóticos, transtornos severos de
personalidade, dependentes químicos, transtornos mentais orgânicos, deficientes mentais
 problemas de natureza aguda
 situações de vida que não podem ser modificadas, em transtornos mentais para os quais existem outros
tratamentos mais efetivos
 pacientes impulsivos que não toleram níveis pequenos de frustração, altamente narcisistas e centrados
em si mesmos, voluntariosos

b) Psicoterapia de orientação analítica


 Teoria: usa os princípios da psicanálise
 Técnica: associações não tão livres como na psicanálise, pois são dirigidas pelo terapeuta para
questões-chave (foco). Sem divã. Sessões menos freqüentes, a regressão é menor e a transferência não
se desenvolve com a mesma intensidade.
 Objetivos:
 Resolução de conflitos selecionados e delimitados
 Remoção de defesas patológicas
 Promoção do crescimento em pessoas com atrasos nas tarefas evolutivas
 Correção de problemas psicopatológicos ou déficits adquiridos em etapas anteriores
 Indicações:
 Transtornos de personalidade que causam prejuízo em suas relações interpessoais
 Problemas caracteriológicos mais amplos, como atrasos em tarefas evolutivas
 Pacientes com um comprometimento maior do que os que normalmente se beneficiam de
psicoterapia breve dinâmica
 Organização boderline de personalidade que não toleram a regressão exigida, controle muito pobre
dos impulsos, alta tendência ao acting out diante de situações de ansiedade ou frustração, não têm
condições de realizar uma psicanálise plena
 QUESTÃO DE CONCURSO! Os que possuem uma boa capacidade para insight e algum grau de
integração de ego podem submeter-se a uma psicoterapia de orientação analítica modificada, na qual,
além da busca de insight, são estabelecidos alguns parâmetros envolvendo modificações no contrato,
mudanças de atitudes do terapeuta e controles externos sempre que ocorram situações nas quais a vida
do paciente possa correr risco
 Contra-indicações:
 Problemas de natureza aguda  psicoses, transtornos do humor e de ansiedade
 Severamente comprometidos, nos quais a busca de insight pode provocar regressões graves
 Algum grau de retardo mental
 Incapacidade para simbolizar, expressar seus sentimentos e emoções ou sem interesse

c) Psicoterapia Breve Dinâmica


 Teoria: integra conceitos teóricos oriundos de diferentes teorias, além dos conceitos psicanalíticos de
conflito psíquico inconsciente, buscando sua resolução mediante a eliminação de defesas consideradas
patológicas através do insight
 Técnica:
 Foco
 Hipótese psicodinâmica  explicativo do problema principal, que faz sentido ao paciente, ao qual ele
responde positivamente e que orienta as intervenções do terapeuta
 Interpretação de forças inconscientes
 Ensino de novas formas de lidar com os conflitos emocionais
 Atitude ativa do terapeuta
 Delimitação do tempo
 Seleção adequada do paciente
 A preocupação maior é com o futuro e menor com o passado
 Paciente Ideal  aquele que tem problemas circunscritos (foco) e áreas da personalidade
funcionantes; altamente motivado; boa capacidade de insight e de se vincular rapidamente ao
terapeuta
 Início  interpretação dos diferentes elementos do triângulo do conflito: sintomas, impulsos, desejos
ou sentimentos, mecanismos de defesa; Segundo momento  conflito manifestando-se nas várias
situações interpessoais: transferência, relações com pessoas significativas da vida atual e da vida
passada (triângulo do insight)
 Objetivos: tratamento de problemas circunscritos ou mudanças de caráter em áreas restritas da
personalidade. O paciente deve ser capaz de estabelecer rapidamente uma aliança de trabalho e de
vincular-se ao terapeuta; ter facilidade de expressar seus sentimentos e interesse.
 Indicações:
 Transtornos de ajustamento e de personalidade leves, organização neurótica de personalidade
 Situações ou problemas agudos, na vigência de transtornos caracteriológicos crônicos
 Contra-indicações:
o Psicoses
o Transtornos de humor
o Dependência ao álcool ou a outras substâncias
o Transtorno obsessivo-compulsivo ou fóbico incapacitante
o Transtorno de pânico
o Transtorno de caráter grave: organização boderline ou psicótica da personalidade,
expressos sob a necessidade frequente de hospitalização, tentativas de suicídio, condutas
auto ou heterodestrutivas graves
o Imaturos e dependentes
o Situações emergenciais que exijam intervenções rápidas do tipo mudança ambiental
o Necessidade de modificações maiores ou mais profundas no caráter
o Problemas difusos

d) Psicoterapia Interpessoal
 Teoria: é uma psicoterapia breve para o tratamento da depressão. Os problemas interpessoais que
poderiam concorrer para o agravamento dos episódios depressivos são:
 Luto e perdas mal-elaboradas
 Conflitos interpessoais não resolvidos
 Transições de papel
 Déficits interpessoais
 Técnica: muitas vezes utilizada em associação com psicofármacos. Inicialmente é feita uma avaliação
do paciente, não só dos seus sintomas, mas também da existência de problemas nas relações
interpessoais que possam ter relação com o quadro depressivo. O terapeuta, ativo, utiliza técnicas
cognitivas, comportamentais, psicoeducacionais, de apoio e psicodinâmicas
 Objetivos: o maior é o alívio dos sintomas. O foco é no presente e no contexto social e nas
disfunções sociais decorrentes da depressão.
 Indicações: Pacientes com depressão maior que:
o Tenham dificuldades interpessoais associadas ao luto ou perdas significativas; mudanças
de papeis; conflitos interpessoais ou déficit em habilidades sociais
o Boa capacidade de introspecção
o Motivação para examinar padrões de relacionamento
o Consigam estabelecer um bom vínculo com o terapeuta
 Contra-indicações:
 pacientes com depressão psicótica
 quando não são identificados padrões disfuncionais de relações interpessoais
e) Psicoterapia de Apoio

e.1) Psicoterapia de Apoio de curta duração (Intervenção ou apoio em crise)


 Teoria: nos momentos de crise, os indivíduos experimentam uma intensa necessidade de ajuda, são
mais facilmente influenciáveis e sensíveis a ela, além de mais propensos a fazer mudanças
 Técnica:
 medidas imediatas de modificação do ambiente externo: remoção do fator estressante,
afastamento do paciente de uma situação conflitiva
 busca-se, por meio de medidas de apoio, o alívio dos sintomas e o retorno ao equilíbrio anterior
 terapeuta é ativo, conversacional e apoiador
 elogia-se o paciente e usam-se intervenções como ventilação, catarse, busca e alternativas,
informação, confrontação, orientação, sugestão, psicofármacos e técnicas de respiração e
relaxação
 suporte familiar é muito importante em crises agudas
 Objetivos: utilizada para o atendimento de situações agudas cujos objetivos são:
 alívio dos sintomas agudos
 prevenção de descompensações maiores
 desenvolvimento de capacidades de enfrentar melhor futuras crises
 restauração do nível prévio de equilíbrio
 Indicações: todas as situações agudas que configuram uma emergência; é indispensável que o
paciente seja capaz de fazer uma aliança terapêutica

e.2) Psicoterapia de Apoio de longa duração


 Teoria: várias explicações para as mudanças que se observam nos pacientes que são tratados com
psicoterapias de apoio de longa duração.
Explicações da Psicanálise:
 função de suporte (holding) exercida pelo terapeuta, semelhante a uma boa relação mãe-filho, para
a introjeção de aspectos positivos do terapeuta
 terapeuta como modelo ou objeto idealizado, permitindo a construção de um self mais estável
 relação de dependência com o terapeuta, permitindo o restabelecimento de uma base segura no
processo de separação/individuação, criando condições favoráveis para que o terapeuta funcione
momentaneamente como ego auxiliar e possa exercer influência sobre o paciente através da
sugestão, do aconselhamento
Explicações da teoria comportamental:
 intervenções do terapeuta são condicionamentos operantes (reforço positivo) de comportamentos
considerados adaptativos
 soluções são aprendidas na psicoterapia
 paciente tende a imitar o terapeuta naqueles aspectos que idealiza
 Técnica:
 educação, sugestão, aconselhamento, controle ativo e técnicas comportamentais
 manutenção de uma transferência positiva e de uma aliança terapêutica
PEGADINHA!Transferência raramente é interpretada, a não ser que ela implique em
resistência

 nem sempre o terapeuta consegue manter-se neutro


 Objetivos:
 Restauração do nível prévio de funcionamento
 Reforço de mecanismos de defesa adaptativos
 Promoção do crescimento mediante a remoção de forças que o bloqueiam e reforço de aspectos
positivos da personalidade
 Desenvolvimento de capacidades de lidar com déficits provocados por doença
 Indicações:
 Psicoses
 Transtornos severos de personalidade, com controle precário dos impulsos, tendências a atuações
e com poucas condições para terapias de insight
 Retardo mental
 Problemas físicos limitantes e crônicos
 Contra-indicações: não devem ser propostas para pacientes com boas condições de ego para os
quais a terapia de apoio implicaria regressões desnecessárias

f) Terapia Comportamental
 Teoria: baseia-se na teoria da aprendizagem para explicar tanto o surgimento como a eliminação de
sintomas psicopatológicos mediante a aplicação de suas técnicas
 Técnica:
 avaliação detalhada dos problemas do paciente
 avaliação das atitudes reforçadoras do ambiente familiar, as cognições (pensamentos automáticos)
que os acompanham, os mecanismos desenvolvidos pelo paciente para diminuir a ansiedade
 são propostas técnicas comportamentais para corrigir pensamentos automáticos disfuncionais
 exige alta motivação para aderir ao tratamento, expor-se a situações provocadoras de ansiedade e
uma boa aliança de trabalho
 Indicações:
 fobias específicas
 agorafobia
 fobia social
 transtorno obsessivo-compulsivo
 disfunções sexuais
 dependência a drogas
 estresse pós-traumático
 déficits em habilidades sociais
 deficiências de controle esfincteriano
 como terapia coadjuvante no tratamento da obesidade, hipertensão, insônia, asma, dor crônica
 terapia coadjuvante em vários transtornos mentais
 Contra-indicações:
 níveis de ansiedade muito elevados
 depressão severa
 personalidade esquizóide
 em pacientes que não toleram o aumento dos níveis de ansiedade
 uso concomitante de benzodiazepínicos ou do álcool

g) Terapia Cognitiva
 Teoria: baseia-se em conceitos da psicologia cognitiva e social, da teoria do processamento patológico
das informações, da teoria psicanalítica e na investigação empírica clínica. As emoções sentidas em
determinadas situações podem desencadear pensamentos automáticos sobre os quais o paciente não
tem controle e que podem determinar um incremento ainda maior das emoções, tornando-as disfuncionais.
Isto depende dos sistemas de crenças subjacentes que criam um terreno propício para interpretações
distorcidas dos fatos – distorções cognitivas
 Técnica:
 Breve
 Uma série de intervenções destinadas a identificar e a corrigir emoções, cognições distorcidas,
crenças subjacentes, pensamentos automáticos, esquemas disfuncionais.
 Indispensável a boa relação terapêutica
 Terapeuta ativa
 Paciente colaborador
 Estruturada
 psicoeducacional
 Indicações:
 nas depressões unipolares de intensidade leve ou moderada, não psicóticas
 nos transtornos de ansiedade
 dependência a drogas e ao álcool
 em crises agudas
 problemas conjugais e familiares
 Pré-requisitos:
 alto grau de disfunção cognitiva, claramente identificada
 capacidade de identificar pensamentos disfuncionais e comunicá-los
 curioso e inquisitivo sobre si mesmo
 tenha mantido, no passado, vínculos afetivos fortes e de confiança com pessoas significativas
 inteligência média ou acima da média
 não ter psicose, patologia grave de caráter boderline ou anti-social
h) Terapia Familiar e de Casal
 Teoria: problemas psicopatológicos individuais devem ser entendidos no contexto familiar, que os
reforça, criando verdadeiros círculos viciosos ou terem um papel importante na sua solução. Sistema é um
conceito-chave. O terapeuta da família dá atenção simultaneamente à estrutura familiar. Baseia-se na
teoria geral dos sistemas da comunicação, dos pequenos grupos, na teoria psicodinâmica.
 Técnica:
 Sessões semanais com todos os membros presentes. Posteriormente, passam a ser quinzenais ou
até mensais, com apenas parte dos membros presentes (subsistema)
 Modelos de Terapia de Família:
o Estrutural (Minuchin), estratégico/sistêmico (Harley, Ackerman)  para problemas
decorrentes dos arranjos hierárquicos e papéis, bem como as reações em suas mudança
o Comportamental (Patterson, Margolin)  problemas que podem ser mantidos ou
estimulados pelas atitudes da família
o Psicoeducacional (Anderson, Goldstein)  informativo envolvendo o manejo de doenças
crônicas, redução do estresse, manejo de crises
o Psicodinâmico (Ackerman)  ênfase nos mecanismos de defesa grupais e na busca de
insight, ou nos conflitos intergeneracionais
 Terapia de Casal: considera que há vantagens em se resolver de forma mais rápida os conflitos
que surgem na vida de um casal. Baseia-se na teoria psicodinâmica
 Objetivos:
 Melhorar a comunicação entre os membros
 Desenvolver a autonomia e a individualização dos diferentes indivíduos
 Descentralizar e tornar mais flexíveis os padrões de liderança e de tomada de decisões
 Reduzir os conflitos interpessoais, os sintomas, além de melhorar o desempenho individual
Indicações:
 da Terapia de Família:
o conflitos conjugais ou familiares (especialmente quando há um bode expiatório)
o questões típicos da adolescência “normais”
o doença física ou mental severa
o crises evolutivas típicas da família
o divórcio, separação, novo casamento e as complexas interações
o conflitos típicos com as famílias de origem
 da Terapia de Casal:
o conflitos importantes nas suas relações interpessoais, que se agravam com o tempo
o padrões de interação destrutiva que podem levar à violência e à quebra da relação
o dificuldades na intimidade
o disfunções que surgem em função de mudanças de um dos parceiros
o disfunções sexuais
 Contra-indicações:
 situações nas quais membros importantes da família não poderão estar presentes
 tendência irreversível à ruptura familiar
 patologia psiquiátrica grave ou esquizóides muito intensas
 problemas individuais crônicos
 um ou ambos os cônjuges não podem ser honestos Ex: Infidelidade
 transtorno grave do caráter
 quando a individuação de um ou mais membros ficaria comprometida caso a terapia fosse levada
adiante

i) Psicoterapia de Grupo
 Teoria: há uma série de fatores terapêuticos na situação de grupo que podem ser aproveitados para a
resolução dos mais diferentes problemas:
 A percepção de outras pessoas com os mesmos problemas e se sentindo melhores faz com que os
pacientes tenham mais esperança
 A universalidade do problema, permitindo uma visão mais realista do mesmo
 O altruísmo: possibilidade de ser útil aos outros
 A socialização desenvolvida pelo convívio em grupo ou com técnicas de role-playing (contato
visual, apertar as mãos)
 O comportamento imitativo pela simples observação das outras pessoas
 A catarse
 A recapitulação corretiva, no grupo, de experiências vividas no seu grupo familiar primário
 O tratamento de temas ou problemas existenciais auxilia as pessoas a lidar com eles
 A coesão grupal: o sentido de pertencer a um grupo melhora a auto-estima e favorece a
aprendizagem grupal
 Técnica:
 Focam no aqui-e-agora
 Objetivos claros e estruturados
 Terapeuta ativo, transparente, assinalando também aspectos de realidade que surgem
 Indicações:
Psicoterapias de grupo e orientação dinâmica: modificação de padrões de relacionamento considerados
desadaptativos
Grupos de auto-ajuda:
 Ajuda psicológica de pacientes ou familiares de pacientes que têm um problema ou situação em
comum e que estão passando por situações semelhantes
 Pacientes agudos internados em hospitais psiquiátricos, na preparação da alta, no uso de
medicações complexas, no acompanhamento de egressos
 Situações de crise ou estresse agudo ou em eventos vitais
 Situações médicas, com a finalidade de difundir informações médicas relativas a um problema
comum e buscar alternativas para lidar com limitações ou complicações decorrentes da doença ou
situação
 Oferecer apoio mútuo para superar sentimentos de angústia, depressão e desadaptações
provocadas pela doença; oferecer orientação ao paciente e aos seus familiares quanto aos
cuidados gerais, recursos e etc.
 Contra-indicações:
 Incompatibilidade com as normas do grupo
 Pacientes que não toleram o setting grupal
 Incompatibilidade severa com um ou mais membros do grupo
 Tendência a assumir papel desviante dos demais membros do grupo
 Ausência de controle de impulsos agressivos, fortes tendências destrutivas e de expressar na
conduta suas ansiedades
 Ansiedade ou sintomas psicóticos graves

PARTE 2
Comentário da professora: Essa segunda parte da apostila é destinada ao aprofundamento de algumas
psicoterapias voltadas para as principais patologias e suas formas de tratamento

VAMOS TRATAR AS CRISES?

1) INTERVENÇÕES EM CRISE (Rogério de Aguiar)

 Caplan: fator essencial para ocorrência de uma crise é um desequilíbrio entre a dificuldade do problema
e os recursos disponíveis para resolvê-lo
 Crise (para Caplan):
 1ª fase: elevação das tensões iniciais aciona as respostas habituais de solução de problemas
 2ª fase: tensão aumenta com a falta de êxito; diminuição da eficiência habitual da pessoa
 3ª fase: pessoa mobiliza suas reservas 
o Solução: através de  redefinição do problema
novos métodos de solução
 diminuição do estímulo
o Não-solução  tensão progride para patamares insuportáveis
 cronificação de defesas regressivas

Quando a pessoa consegue redimensionar sua psicodinâmica interior e de
relacionamento com pessoas do ambiente, resolução da crise pode ser
amadurecimento e crescimento emocional
 Lemgruber: as três fases de Caplan são o estágio potencialmente crítico. A crise propriamente dita só
ocorreria na última fase  ruptura
 Sifneos: dois tipos de psicoterapias breve:
 Supressoras de ansiedade  diminuir ou eliminar a ansiedade através do uso de técnicas de
apoio.
o Psicoterapia breve de apoio  dois meses a um ano. Pode ser útil para: transtornos de
personalidade ou quadros psicóticos crônicos
o Psicoterapia breve de apoio em crise  não ultrapassa dois meses. Útil para: pessoas em
momentos críticos
 Provocadoras de Ansiedade (dinâmicas)  proporciona insight com clarificação e perguntas;
interpretações; foco; terapia mais curta
o Psicoterapia breve provocadora de ansiedade (Psicanálise)  dois meses a um ano
o Psicoterapia breve provocadora de ansiedade em crise  não ultrapassa dois meses
 Técnicas das psicoterapias breve:
 Lista de problemas de forma hierárquica
 Na intervenção em crise supressora de ansiedade  reasseguramento; clarificação; exame
detalhado das tentativas de solução para cada um dos itens da lista; encorajamento; relaxamento;
apoio de familiares; hospitalização breve e medicamento, se necessário; terapeuta acessível
 Na intervenção em crise provocadora de ansiedade  confrontação e interpretação; lista de
problemas; conflitos subconscientes associados à crise; insight; foco; ajudar a pessoa a entender
um pouco mais seus sintomas e dificuldades
 QUESTÃO DE CONCURSO! Nas intervenções em crise, quando a superação da crise for
atingida, o tratamento deve ser interrompido. Caso não atinja a meta, a psicoterapia deve ser
reorientada para outro encaminhamento
 Essas psicoterapias em crise podem ter a ambientação de uma enfermaria, hospital, sala de
emergência, enfermaria psiquiátrica.
 Seleção:
 Intervenção de apoio em crise  pessoas com história de relações confusas; poucos recursos
psicológicos para problemas cotidianos; quadros psiquiátricos graves; situações clínicas que não
se deva usar intervenção ansiogênica (pré ou pós operatório)
 Intervenção provocadora de ansiedade em crise  pessoas que estão em crise, mas que tinham
condições psicológicas favoráveis antes
 Indicações de intervenções em crise:
 Hospital geral  crises depressivas reacionais; ansiedades pré e pós-operatória; adaptação a
situações clínicas novas; reações emocionais frente a hospitalização; familiares de pacientes na
UTI; reações agudas de luto
 Ambulatórios  situações que ocorrem em pessoas que já estão em tratamento
 Comunidade  medidas de intervenção em crise para manutenção e medida preventiva de quadros
psiquiátricos maiores
PEGADINHA!Prevenção em suicídio  é discutida essa intervenção nesses casos,
porque a atitude paternalista e autoritária do terapeuta reforça a dependência e a
fantasia de impotência do paciente
VAMOS TRATAR A DEPRESSÃO?

2) PSICOTERAPIA INTERPESSOAL PARA A FASE AGUDA DA DEPRESSÃO (Sidnei


Schestatsky)
 Abordagens psicológicas da Depressão:
 Psicoterapia Comportamental  auto-controle e treinamento de habilidades sociais; depressão e
reforço estão relacionados e os déficits nas habilidades sociais contribuem para incapacidade de
obter os reforços positivos disponíveis. Quatro elementos básicos:
o Análise funcional do contexto dos sintomas
o Monitoração e planejamento de atividades
o Manejo de experiências aversivas
o Desenvolvimento de habilidades sociais
 Psicoterapia Cognitiva  deprimidos têm pensamentos automáticos negativos sobre si, mundo e
futuro. É um modelo distorcido de processar informações. Usa-se abordagem colaborativa com o
paciente de testagem de hipóteses. Sintomas agudos enfrentados com técnicas comportamentais e
verbais. Intervenções posteriores têm como alvo desafiar as crenças disfuncionais e tentar diminuir
a vulnerabilidade de episódios futuros.
 Psicoterapia Psicodinâmica Breve  entende a depressão como fracasso adaptativo resultante
de conflitos intrapsíquicos. Usa a relação terapêutica para investigar conflitos neuróticos. As
principais técnicas da psicoterapia dinâmica suportiva-expressiva:
 Prover apoio para estabelecer aliança terapêutica
 Usar o que o paciente expressa no tratamento para enfocar os principais conflitos
transferenciais que emergem
 Psicoterapia INTERPESSOAL PARA DEPRESSÃO 
 Tempo limitado
 Fase aguda das depressões maiores
 Não se preocupa com as origens do comportamento depressivo e sim com as conexões
entre o início dos sintomas e os problemas interpessoais atuais
 Acontece em três fases:
1ª fase  1 a 3 sessões
 avaliação diagnóstica e história psiquiátrica que permitem base para o tratamento.
 médico diagnostica a depressão e atribui ao paciente o papel de doente: por
tempo limitado há a necessidade de ajuda e ele estará eximido de obrigações
sociais e profissionais e da responsabilidade da sua depressão.
 cooperação para progressivamente deixar o papel de doente
 na sessão inicial, a história psiquiátrica inclui a revisão do funcionamento atual e
dos relacionamentos íntimos
 elucidar cronologicamente eventuais mudanças nesses relacionamentos mais
próximos, relacionados ao início dos sintomas
 avalia-se a necessidade de medicamentos
 educa-se o paciente para a depressão
 ligar a depressão à sua situação interpessoal, dentro das áreas de problemas

Fase  trabalha em estratégias definidas nas áreas:


intermediária  do pesar: definir presença ou não de luto; facilitar esse processo; buscar
novas atividades que aliviem a perda
 conflitos interpessoais: conflitos com alguém mais significativo.
Investigar as características do relacionamento e a natureza do conflito; opções para
resolver ou encerrar a relação
 transições de papéis: situações em que há mudanças significativas no
status da vida. Ajuda a lidar com a mudança, reconhecendo aspectos positivos e
negativos do novo papel e do velho
 déficits interpessoais: define ausência ou limitação de recursos
interpessoais importantes

Fase final  2 a 3 semanas


 encorajar o paciente a reconhecer e consolidar os ganhos terapêuticos e
desenvolver meios de identificar e superar situações depressivas que venham a
surgir
 também pode encaminhar o paciente para tratamento mais longo se for necessário

3) TERAPIA COMPORTAMENTAL-COGNITIVA PARA DEPRESSÃO (Francisco Neto e Lígia Ito)


 Terapia cognitivo-comportamental breve consiste da utilização de técnicas que objetivam corrigir
comportamentos disfuncionais e padrões distorcidos de pensamento
 Principal finalidade: detectar e alterar atitudes que restringem as atividades, melhorando a qualidade de
vida
 aqui-e-agora
 enfoque em novas oportunidades para aprendizado mais adaptativo
 alívio dos sintomas é alvo imediato
 terapia e cliente planejam estratégias no lidar com dificuldades claramente identificáveis
 Quatro etapas:
o Avaliação  identificação do comportamento disfuncional. Coleta de informações
detalhadas para o planejamento terapêutico e estabelecimento de um vínculo. A
conceitualização do caso compreende diagnóstico, problemas atuais, crenças e
pensamentos disfuncionais associados a esses problemas e emoções e comportamentos
associados a esses pensamentos
o Identificação dos problemas e objetivos  problemas e objetivos formulados claramente
com base no diário feito pela pessoa
o Sessões de tratamento  cada sessão é planejada com o paciente com o auxílio da
agenda dos problemas
 Estratégias cognitivo-comportamentais:
 Programação de atividades: atividades a serem realizadas entre as
sessões e esquema de atividades com os respectivos pensamentos e
emoções que devem ser relatados em um diário
 Definição e identificação de pensamentos negativos automáticos
 Explorar alternativas: para o pensamento identificado
 Análise de erros de lógica: identificar erros e distorções do
pensamento
 Testar hipóteses: analisar pensamentos como hipóteses e não como
fatos para testá-los
 Reatribuição: analisar circunstâncias fora do controle que causam
emoção negativa, diminuindo a tendência a se responsabilizar por
elas
 Identificação e modificação de pressupostos disfuncionais
 Diálogo interno: questionar pressupostos disfuncionais por meio de
conversa interior
OBS: TCC de longa duração a ênfase é na modificação de esquemas
o Término  tratamento concluído quando os objetivos forem atingidos. O paciente deve
saber lidar com as estratégias aprendidas, sendo capaz de reconhecer um pensamento
negativo e modificá-lo
 TCC para paciente internado:
- adapta-se bem ao trabalho em enfermaria
- três formas diferentes  terapeuta não faz parte da equipe e comparece à enfermaria conforme
necessidade de pacientes
 TCC como módulo suplementar aos programas de tratamento oferecidos
 ambiente da enfermaria ser totalmente orientado por princípios cognitivos
- deve ser adaptada às necessidades dos pacientes mais graves, que têm risco de suicídio,
problemas clínicos e comprometimento ocupacional e social
- focalizar no alívio dos sintomas
- desenvolve habilidades que serão usadas após a alta
- usar tarefas que podem ser realizadas na enfermaria
- usar o hospital para identificar cognições importantes
- adaptar duração e freqüência das sessões
- temas mais comuns: hospitalização; abuso e rejeições; como transferir ganhos obtidos a outros
ambientes; desenvolvimento de expectativas realistas e integração de diferentes tratamentos
 TCC em grupo na enfermaria:
 Grupo aberto  composição muda continuamente; terapeuta responsável pela transmissão da
cultura do grupo; cada sessão basta a si própria; aspectos psicoeducacionais; temas que tenham sentido
para a maioria
 Grupo com temas rotativos  cada sessão foca um tema
 Grupo programado  mais diretivo e seleciona alguns problemas que possam ser úteis para
atingir o objetivo da sessão

4) PSICOTERAPIA DE LONGO PRAZO DAS DEPRESSÕES (Boff, Brunstein e Seixas)


 Psicanálise: enquadre clássico; 3 a 5 sessões por semana; divã. Estratégia é recriar a situação
conflitiva vivida na infância pelo desenvolvimento de uma neurose transferencial plena. Entendimento e
interpretação da transferência. Objetivo  alteração da estrutura da personalidade responsável pela
emergência dos sintomas
 Psicoterapia Expressiva ou Dirigida ao Insight: 2 ou 3 sessões semanais; trabalha com material
extratransferencial; intervenções de apoio. Objetivo  delimitado pelo terapeuta, que trabalha com metas
mais limitadas e definidas. Resolução dos aspectos mais emergentes, do ponto de vista atual e de traços
de caráter que comprometem o funcionamento psíquico.

 Características dos pacientes indicados para terapia dirigida ao insight:


 Forte motivação para perseverar num processo terapêutico trabalhoso e demorado
 Capacidade para estabelecer e manter um relacionamento objetal de confiança
 Capacidade para insight
 Força de ego

 Indicações das terapias psicodinâmicas de longo prazo nos diferentes quadros depressivos:
 Episódio depressivo grave, transtorno depressivo recorrente e transtorno afetivo bipolar 
terapia + acompanhamento farmacoterápico
 Ciclotimia e Distimia  indicação de terapias psicológicas de longa duração (psicanálise ou
expressiva de longo prazo). Em casos que o sintoma causa prejuízos ao paciente, a
psicofarmacoterapia é indicada como concomitante
 Reação a estresse grave e transtornos de ajustamento com humor depressivo  abordagens
psicoterápicas breves; longo prazo quando o paciente quer conhecer melhor a si mesmo.

 Intercorrências que podem ocorrer no tratamento de depressão de longa duração:


o Hipomania, Mania, Psicose  uso de medicamentos. Para quadros com manifestações
psicóticas, delirantes e alucinatórias, com agressão ou tentativa de suicídio, é indicado o
uso de antipsicóticos, antidepressivos, internação e, em alguns, eletrochoque. Passado o
episódio agudo, o paciente volta ao ambulatório
o Risco de suicídio  avaliar a intenção suicida e pecar por zelo; diante do risco não
podemos nos ater à neutralidade psicoterápica; divide-se a responsabilidade com familiares
o Comorbidade  há possibilidade do paciente ter dois quadros psiquiátricos concomitantes,
que requeiram abordagens diferentes.

VAMOS TRATAR OS TRANSTORNOS ANSIOSOS?

5) TERAPIA COMPORTAMENTAL-COGNITIVA DOS TRANSTORNOS

ANSIOSOS (Francisco Neto)


a) Transtorno de Pânico:
 Ataque é uma reação de alerta do organismo em situações de perigo com finalidade de
sobrevivência, mas pode ocorrer sem causa aparente
 Pessoa ansiosa, passando por estresse, pode ter ataques que ficam associados a desencadeantes
externos ou internos
 Paciente fica apreensivo antecipando que outro ataque vai acontecer, caindo num círculo vicioso e
levando à esquiva. Esquiva impede a correção das cognições negativas
 Avaliação inicial para o início do tratamento:
o Descrição de situação recente em que o ataque ocorreu
o Listar situações prováveis de acontecer
o Listas comportamentos de esquiva
o Moduladores
o Atitudes e comportamentos de pessoas próximas
o Crenças sobre as causas
o Testes de comportamento para melhor observação
o Início e curso
o Medicação ou não
o Tratamentos anteriores
o Condições de personalidade que dificultem ou facilitem o tratamento
o Apoio social
 Passos do tratamento:
1º) Tratamento do - tratamento farmacológico
- estabelecimento do vínculo de confiança
núcleo metabólico
- biblioterapia pode ser útil
- diário dos ataques com fatores desencadeantes
- técnicas de relaxamento e respiração para impedir a hiperventilação
- aprender a focalizar a atenção em coisas do ambiente e não em
pensamentos catastróficos
- relacionamento caloroso com o terapeuta, se não abandona
- para pacientes que recusam ou não toleram medicação, recomenda-se a
tcc
2º) Terapia - Tratamento da esquiva fóbica  objetivo de desenvolver autoconfiança;
estimula-se a exposição
comportamental-
- Exposição às sensações interoceptivas  ataques podem ser
cognitiva desencadeados por condicionamento, que pode ser um pensamento. O
modo mais fácil de provocar é a hiperventilação. Nos exercícios de
imaginação, no realismo das cenas, o paciente aprende a usar técnicas
- Tratamento dos pensamentos e crenças disfuncionais  define-se
pensamento automático e ensina ao paciente a identificá-lo e monitorá-lo
 Explorar alternativas: levantar alternativas aos pensamentos
automáticos
 Análise dos erros de lógica: pensamentos passam a ser vistos como
hipóteses e não como fatos. Os erros mais comuns: falta de
evidência; generalização; confundir certeza com probabilidade;
polarização; pensamento absoluto
 Decatastrofizar: “Vamos supor que o pior aconteça, qual será a
conseqüência disto?” verifica-se que sempre há alternativas e que
as conseqüências são manejáveis
 Fatores de ajuda: discussão detalhada dos fatores temidos permite
a exploração de medidas que podem ser tomadas para corrigir estas
situações
 Teste de hipóteses: testar se uma antecipação é verdadeira ou não ,
em experiência planejada, na qual o paciente tenha condição de
sucesso
 Reatribuição: levantar aspectos do problema que o paciente não tem
controle, focalizando aqueles que ele pode atuar
 Autosugestão: paciente deve formular frases que melhoram o auto-
controle
 Parada de pensamento e técnicas de focalização : ruminação
ansiosa interrompida com “Pare!”. Depois, a atenção deve voltar
para atividade atual
- Relaxamento e respiração diafragmática  impede a hiperventilação e
corrige alcalose respiratória; diminui sintomas autonômicos

3º) Tratamento de - os mais comuns são:


 dependência por ansiedade ou falta de habilidades sociais;
problemas
 diminuição da auto-estima e autoconfiança;
psicossociais  conflito interpessoal levando a situações sem saída;
 identifica incorretamente os antecedentes emocionais;
 acontecimentos negativos sentidos como catastróficos;
 dificuldade de relacionamento interpessoal
- grupos de apoio são eficazes, assim como terapia família
4º) Acompanhamento - por ser crônico, pode apresentar recaída e pode ter efeitos negativos na
autoestima.
a longo prazo
- no final da terapia, consultas mais espaçadas para estimular
autoconfiança e independência.
- deve-se antecipar e discutir causas da recaída

b) Ansiedade Generalizada
 Alvos do tratamento: preocupação excessiva e manifestações físicas autonômicas
PEGADINHA!Interpretação das situações induz e mantém a ansiedade

 Tratamento:
o explicar a natureza da ansiedade, apresentando o modelo cognitivo da doença e um
racional para o tratamento;
o substituir cognições distorcidas por realistas;
o exposição;
o relaxamento;
o impedir o comportamento ritualístico;
o técnicas de administração de tempo;
o técnicas de solução de problema

c) Fobia Social
 Sintoma principal é o medo de ser avaliado pelos outros
 Pode ser fobia social generalizada (maioria das situações sociais) ou específica (uma ou outra
situação)
 Tratamento: reestruturação cognitiva com exposição

VAMOS TRATAR A DEPENDÊNCIA QUÍMICA?

6) PSICOTERAPIA INDIVIDUAL PARA DEPENDÊNCIA QUÍMICA (Pechansky, Woody, Mercer


e Luborsky)
 o bom psicoterapeuta de dq deve ser capaz de:
 lidar com as frustrações inerentes ao tratamento de uma doença cônica
 conhecer psicofarmacoterapia
 ter dose de diretividade
 persistência
 ser afetivo
 abandonar a postura de neutralidade
 Atendimento psicoterápico em dq (peculiaridades):
 Primeira consulta (que podem ser várias)  processo que culminará com um plano de
tratamento e encerrará uma fase do tratamento, abrindo espaço para terapia; avaliação
detalhada; pode ser só com o paciente ou paciente com familiares. Ao final, reforçar o
material didático do atendimento de dq
 DQ e comorbidade  alto nível de comorbidade entre uso de substâncias e sintomas
psiquiátricos. Mas comuns são  depressão
 distimia
 transtornos de ansiedade

difícil determinar quais são os sintomas psiquiátricos e quais são os das drogas
 Paciente com diagnóstico duplo: presença de transtorno psiquiátrico independentemente do uso de
substâncias. Beneficia-se mais com psicoterapia do que com aconselhamento

Psicoterapia X Aconselhamento
 Psicoterapia 
- tratamento psicológico que objetiva mudar pensamentos, sentimentos e comportamentos
desadaptados através de relacionamento de apoio com o terapeuta.
- na dq, deve tratar os comportamentos aditivos e pensamentos e sentimentos que mantêm ou
estimulam o resultado
- junto com a abstinência, trata outros assuntos da vida do paciente que contribuem para o uso
 QUESTÃO DE CONCURSO! Algumas drogas podem diminuir o desconforto emocional subjetivo –
assim, relação entre sintomas psiquiátricos e uso de drogas é chamada Hipótese da Automedicação  se
a psicoterapia diminui o desconforto, o paciente pode diminuir ou para com as drogas
 Aconselhamento 
- intervenção psicossocial mais usada em dq
- acredita-se que a abordagem com dependente deveria ser feita por ex-dependentes
- manejo regular de pacientes dependentes por meio de apoio, proporcionando estrutura,
monitoração e acompanhamento da conduta e encorajamento da abstinência, além de proporcionar
tarefas concretas
- 12 passos do AA
- não se propõe a abordar aspectos psicológicos

 Modelo de Psicoterapia individual para abuso de substâncias:


 Conhecimento de psicoterapia + noções de dq (intensidade, perda de controle e consequencias)
 Tempo e energia por parte do terapeuta
 Objetivos do tratamento formulados antecipadamente e mantidos em foco
 Muita atenção por parte do terapeuta para desenvolver relação positiva com o paciente
 Terapeuta a par da manutenção e comprometimento do paciente com programa de tratamento, o
que inclui anuência do paciente às normas. Ex: Análise da urina
 Estrutura do tratamento:
 Dq requer mais estrutura e maior freqüência de visitas do que na psicoterapia tradicional
 Tratamento farmacológico
 Psicoterapia intimamente integrada a outras intervenções psicossociais
 Teste de urina e bafômetro freqüentes, o que encoraja a honestidade e o mantém responsável pelo
tratamento
 Decisão de hospitalizar não depende apenas da situação específica do caso. Depende também do
tipo de suporte, da possibilidade de manter-se trabalhando e do ambiente familiar seguro.
 Ambiente do tratamento:
 Redução do uso de drogas + diminuição dos sintomas psiquiátricos
 Qualidades do terapeuta:
o Importantes para o sucesso da terapia: adaptação ao paciente; habilidade e técnica; interesse em
auxiliar pacientes; dedicar-se um pouco mais aos dependentes químicos
 Manejo psicoterápico:
 Função do terapeuta não é fazer pelo paciente, mas desenvolver com ele métodos para que ele o
faça
 Deve-se formar aliança de trabalho, para depois os critérios serem estabelecidos
 Métodos confrontativos são pouco benéficos se utilizados antes da aliança de trabalho
 Perguntar detalhadamente tudo que não entender
 Familiarizar-se com efeitos comuns, adversos e formas de aplicação das drogas
 Só aceitá-lo intoxicado na sessão se a situação for de extrema urgência ou se der sinais de que
tem condições de aproveitar a consulta
 Psicoterapeuta deve ser conhecedor do estilo de vida e da subcultura da dq
 Conhecer os 12 passos, porque servem de apoio paralelo ao dependente
 Técnicas fundamentais são assinalamento e confrontação
 Parece inútil a interpretação, porque é ansiogênica e leva a recaídas
 Dq é crônica e é importante não querer resolver tudo de uma só vez

7) PSICOTERAPIA BREVE NO TRATAMENTO DO ALCOOLISMO (Flávio Pechansky)


 Características da TBs:
 Paciente é responsável por suas decisões e é capaz de se autocontrolar
 Técnicas cognitivo-comportamentais
 Baixo custo
 Brevidade
 Opção entre abstinência e moderação
 Alto índice de gratificação para paciente e terapeuta
 Modelo conceitual:
 Beber excessivo é meio para lidar com eventos adversos e forma de prazer
 Confiança no álcool pode levar à resposta generalizada de consumir bebidas. As consequencias
podem ser o aumento da dependência do álcool, o que dificultaria o desenvolvimento de
alternativas para lidar com problemas
 Uso de álcool pode ser reconsiderado quando se descobre os feitos negativos na vida
 Existem situações gatilho que levam à recaídas
 Aqueles que reconsiderarem o seu consumo como negativo, tendem a desenvolver alternativas
adequadas
 Consumo excessivo decresce quando se aumenta a eficiência da resposta de evitação, mas riscos
residuais acontecem. Sessões escalonadas de manutenção ajudam
 Intervenção adequada:
o Identificação da visão do cliente acerca do álcool
o Identificação das situações de uso excessivo
o Desenvolvimento de respostas alternativas ao uso excessivo
o Desenvolvimento de estratégias para manutenção de abstinência ou da redução
 Etapas da TB:
1) Avaliação inicial + coleta de sangue + testes psicológicos + questionário sobre hábitos de consumo
2) Devolução da avaliação inicial. O paciente deve optar entre abstinência ou moderação. Terapeuta
expressa expectativas, reafirma contrato e lhe dá tarefas. Cliente deve registrar o consumo em
uma cartela
3) Revisadas as anotações. Identificação de padrões de consumo e estímulo ao beber lógico
4) Solicitar o início do período de abstinência porque:
i. Normaliza a conduta clínica e dá condições para tomar decisões
ii. Tolerância diminui e é fundamental para consumo moderado
iii. É importante o paciente saber que pode retornar ao período de abstinência, já que
fez isso antes
5) Recebe orientações sobre como se afastar de circunstâncias nas quais seu consumo possa
desgovernar. Sugerido que estipule valores máximos para consumo
 QUESTÃO DE CONCURSO! Privilegiar o beber socializado, associado a alimentos ou situações
socialmente aceitáveis, de bebidas de médio ou baixo teor, e NUNCA visando a intoxicação, ou seja,
beber pelo paladar e não pelo efeito
6) Em média são 6 sessões. É uma técnica modular e não busca resolver todas as necessidades do
paciente. É frequente, no final do tratamento, encaminhar para outras áreas
 Indicações: pacientes não gravemente comprometidos e que buscam espontaneamente
 Contra-indicações:
 Baixa estabilidade social
 Gravidade de problemas físicos e/ou mentais
 Comorbidade psiquiátrica
 Deficiência mental

8)ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL DOS COMPORTAMENTOS ADICTIVOS


(Knapp e Bicca)
 Dependência  necessidade física ou psicológica da substância que leva ao hábito; aumento da
tolerância, síndrome de abstinência e compulsão
 Tolerância necessidade cada vez maior de uma substância para atingir um mesmo efeito
 Síndrome de abstinência  sintomas físicos na ausência da substância
 Compulsão  desejo de satisfação imediata atingido com uso da substância. Craving ou fissura
 Adicção  importância da substância na vida do indivíduo. Tolerância, dependência, compulsão e perda
de controle
 Características que predispõem uma atividade potencialmente aditiva:
 Sensibilidade exagerada para emoções desagradáveis
 Motivação deficiente para controlar o comportamento
 Excitação de procura
 Baixa tolerância a tédio e frustração
 INFORMAÇÕES IMPORTANTES:
 conjunto de técnicas pode melhorar o prognóstico
 abordagem cognitivo-comportamental resulta de uma combinação de técnicas que auxiliam na motivação
ao tratamento e manutenção do processo de mudança (Entrevista Motivacional), na manutenção da
abstinência e isto possibilita a avaliação da crença que o indivíduo apresenta em relação ao hábito
 desenvolvimento de habilidades (auto-eficácia) para lidar com as situações difíceis (Prevenção de
Recaídas + Técnicas comportamentais) a pessoa aumenta a auto-estima
 aumento da auto-eficácia + auto-estima = reforço positivo
 abordagem cognitiva possibilita a constatação da crença básica, elaboração e mudanças
 durante este processo, vai ocorrendo a mudança da representação mental que o indivíduo tem da
substância
 intervenção terapêutica adaptada a cada indivíduo
 acredita-se que se for atingida a mudança da representação mental acerca do hábito, a probabilidade de
recaída é menor
 aprendizado de mudança será útil para outras áreas da vida

VAMOS TRATAR A PSICOSE?

9)PSICOTERAPIAS PSICODINÂMICAS PARA PSICÓTICOS (Soares e


 Objetivo: ajudar os pacientes a discriminar realidade interna da externa
 buscar uma linguagem comum que facilite a comunicação do terapeuta com seu paciente; é sugerido
que ele busque qualquer coisa dentro da manifestação do paciente, em suas crenças psicóticas, para
atingir tal comunicação
PEGADINHA! Não se busca cura da psicose pela interpretação de conflitos na relação
transferencial. Com a transferência objetiva-se ajudar o paciente a desmistificar suas crenças,
atenuar suas culpas referentes a essas crenças
 ajudar a reprimir sua realidade interna, não só pela medicação, mas também pela interpretação
 interpretação não visa tornar consciente aquilo que já é consciente, mas juntar as partes projetadas
dando uma compreensão mais sintética dos conflitos. Essa compreensão não é consciente para o
paciente.
 Terapeuta: honesto e verdadeiro, mantendo setting tranqüilo e estável
 deve aglutinar à posição analítica capacidades vivas de tolerância, interesse pela situação
do paciente e disponibilidade ao desenvolvimento de uma relação de confiança
 deve servir de modelo ao paciente para que ele se identifique com estas capacidades e
passe a visualizar sua patologia de um novo ponto de vista
 modelo de Psicoterapia de Psicóticos  mescla psicoterapia dinâmica com apoio + intervenção junto á
família + farmacologia
 um único terapeuta deve atender ao paciente para evitar a dissociação psicótica
 à medida que o paciente melhora, a terapia tende a ser menos interpretativa e tornar-se mais suportiva
VAMOS TRATAR OS SEVERAMENTE INCAPACITADOS?

10) ABORDAGENS PSICOSSOCIAIS PARA PACIENTES SEVERAMENTE

INCAPACITADOS: Esquizofrenia e Demência (Abreu, Souza e Brunstein)


 esquizofrenia e demência se assemelham por apresentarem lesão no mesmo órgão (SNC) e pelos
déficits cognitivos e modelos de personalidade. Ambos necessitam de intervenções semelhantes no
ambiente social, familiar e nas tarefas básicas
 Incapacidades pessoais e sociais duradouras, resultado da ação de estressores agindo sobre
vulnerabilidade biológica
 Tratamento Psicossocial para a Esquizofrenia 
 Farmacológico
 Tratamentos psicossociais
 Na fase aguda 
o Provisão de um ambiente de limites colocando-o em segurança
o Equipe deve estar certa que está tomando medicação
o Intervenção em higiene e alimentação de acordo com a dependência
o Desestimular papel de dependência
o Ambiente estável, organizado, previsível e adaptado às necessidades individuais servem
para relacionamento terapêutico de confiança mútua e aliança
o Depois do ambiente terapêutico, planeja-se a modificação de atos indesejados, por meio de
comportamentos novos
o Aspectos que devem ser atendidos na fase aguda: alimentação, higiene, vestuário, tabaco,
sono, atividades, profissão, socialização, sexualidade, medicação e serviços de saúde
 Na fase crônica 
o Mantidas técnicas de reforço de comportamentos novos + treinamento das habilidades
sociais perdidas com a doença
o Treinamento de habilidades: sucessivas aproximações da habilidade desejada
o Intervenções de apoio: escuta empática; resolução ativa dos problemas; educação do
paciente a respeito da doença, recaídas e tratamento. Relação terapêutica para auxiliar o
paciente a lidar com estresse. Aconselhamento sobre questões e apoio emocional. Meios
para realização de tarefas evitando o fracasso e melhorando a auto-estima
o Intervenções de grupo: apoio mútuo, troca de experiências
o Gerenciamento de casos: redução das deficiências psicossociais através da melhora do
acesso aos recursos terapêuticos. Busca manter o paciente no seu ambiente, facilitando
recuperação e adaptação, participação na comunidade e crescimento pessoal; viver de
forma mais independente. Diminui as re-hospitalizações.
o Intervenção em família: grupos multifamiliares. Fortalecem o suporte social, reduzindo
isolamento, sentimento de culpa e estigmatização. É crucial reduzir a Emoção Expressa,
que é propensão da família em se tornar excessivamente crítica e envolvida
o Educação do paciente e família sobre aspectos práticas da doença
o Sinais de alerta de recidiva
o Manejo de momentos de desorganização do pensamento: através de estratégias
o Estratégias de manejo de alucinações e delírios : quanto maior o uso de estratégias, maior a
eficácia
o Manejo de situações de estresse: “diário de estresse” que a família deve trazer para discutir
o Manejo de momentos de agressividade
 Tratamento Psicossocial para Demência
 A chave é entender o motivo que os faz perceber que estão com dificuldades em tomar conta de si
mesmos
 Reconhecer que o paciente pode ficar ansioso ou deprimido quando se dá conta do que está
acontecendo
 O grande desafio é o do cuidador, que precisa aprender a se comportar frente a estas dificuldades
Diretrizes básicas para o cuidador - manter vida normal
- manter o máximo de independência do
paciente
- evitar confrontação
- evitar crises
- definir rotinas
- fazer as coisas pela maneira mais simples
- manter o senso de humor
- cuidar para tornar as coisas mais seguras
- manter a boa forma e boa saúde
- manter abertos os canais de comunicação
- usar dicas e regras para memória
 Problemas mais comuns dos pacientes com demência:
o Vestimenta
o Banho e higiene
o Uso do vaso sanitário
o Cozinhar, armazenar comida ou ligar o fogão
o Alimentação
o Sair de casa e fazer compras
o Dirigir
o Tabaco e álcool
o Vaguear
o Problemas noturnos
o Atos repetidos
o “grude”
o Perder objetos e acusar de roubo
o Comportamento sexual inadequado
o Violência e agressão

 Manejo psicoterápico para dementes e esquizofrênicos:


 situações clínicas comuns nestes pacientes:
 Sintomas paranóides
 Manejo  sentar lado a lado
 falar na 3ª pessoa
 reciprocidade de tom emocional
 compartilhamento da desconfiança: não tentar corrigir ou
fazer teste da realidade, mas buscar algum ponto da crença dele seja
crível
 adiamento da psicoeducação
 Negação da doença
 Manejo  evitar ataques à negação
 fornecer explicações alternativas
 dar apoio às reações que podem surgir no paciente pela
diminuição da negativa Ex: Depressão
 Sentimento de estigmatização
 Manejo  normalizar as experiências do paciente
 auto-revelação
 discurso performático: declaração com grande poder de
persuasão
 usar vocabulário adequado ao paciente
 Desmoralização do paciente
 Manejo  manter atitude positiva
 determinar as causas da desmoralização
 educação quanto aos sintomas negativos, que são
decorrentes de dano cerebral e não de vagabundagem
 manifestação de aprovação e admiração
 Sensação de perda de controle mental
 Manejo  reasseguramento: dizer que sua reação é adequada à situação
 companhia
 deixar o paciente a sós, evitando ser intrusivo

Apostila elaborada por Paula Sorrentino em julho de 2010

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