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Escola da Inteligência - Todos os direitos reservados.
MÓDULO
CONST RUÇÃO
SOCIAL,
RESPEIT O E
DIVERSIDADE
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PART E
A
PENSANDO
COM O
PROFESSOR
Querido professor, neste Módulo faremos uma análise sobre construção social, respeito e
diversidade no ambiente escolar. Somos pertencentes a uma sociedade e para convivermos com
o outro é imprescindível respeitar as diferenças, entendendo que somos múltiplos e diversos.
Não existe uma regra que demonstre como cada um deve ser, afinal se tomarmos o Brasil como
exemplo, percebemos que nosso país é constituído de pessoas brancas, negras, pardas, amarelas,
indígenas etc. Assim, buscaremos refletir sobre como nossas relações e crenças podem impactar a
educação de modo geral. Para dar início ao tema, convidamos você a ler o conto a seguir.
Durante a realização da atividade, ela começou a perguntar aos alunos: "como vocês
imaginam que seja uma pessoa que pilota aeronaves? E uma pessoa que trabalha no
Corpo de Bombeiros? E uma pessoa que atua na área de medicina? Como seriam esses
profissionais?".
A maioria das crianças desenhou, nas três profissões, pessoas do sexo masculino,
relatando serem pessoas fortes e que as protegeriam.
Logo após o encerramento da atividade a professora perguntou às crianças se gostariam
de conhecer essas pessoas, e todas responderam que sim. Em seguida, ela convidou as
profissionais para adentrar na sala de aula. Eram três mulheres que trabalhavam como
bombeira, pilota de avião e médica-cirurgiã.
As crianças ficaram muito animadas quando descobriram que uma mulher também
poderia trabalhar com fogo, pilotar um avião ou operar alguém. Em um primeiro momento,
as crianças ficaram espantadas, mas depois fizeram muitas perguntas e adoraram saber
que todos podem exercer a profissão que quiser.
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Este renomado psicólogo entende que o
conhecimento é construído nas relações que cada
Professor, você trabalha o tema um estabelece com o meio sociocultural e com as
diversidade com seus alunos? De condições de vida.
que forma esse tema pode ajudá-los
a sentirem-se mais autoconfiantes Vygotsky et. al. (1988) acredita que as
nas escolhas que fazem? características individuais e até mesmo as atitudes
individuais estão impregnadas de trocas com o
coletivo, ou seja, mesmo o que tomamos por mais
individual de um ser humano foi construído a partir de
sua relação com o mundo. Assim, pela interação com
A proposta deste Módulo é estimular a reflexão o meio social, incluindo colegas de sala, familiares,
sobre um importante assunto que deve ser abordado professores, escola, se constitui cada indivíduo com
nas escolas desde a Educação Infantil, a fim de suas peculiaridades, gostos e personalidades.
despertar nos alunos a compreensão das relações
sociais, pautando no respeito às diferenças. A ideia Para Vygotsky (1996), essa interação de ensino-
é trazer questionamentos que vão além de nossas aprendizagem e suas relações nos processos vivenciais
crenças e percepções individuais, compreendendo são denominadas Zona de Desenvolvimento Proximal
os significados e entendendo como a temática está (ZDP). Segundo Oliveira (1997), Vygotsky observou
inserida no ambiente escolar. Portanto, é muito que existem atividades que podem ser realizadas
importante começarmos esse debate pensando no sem a ajuda de outras pessoas, por corresponderem
bem-estar emocional de todos os alunos, para assim, a conceitos já internalizados pelo indivíduo, o que
atuar com propostas com foco na diminuição dos denominou nível de desenvolvimento real.
índices de violência e sofrimento psíquico.
Por outro lado, o nível de desenvolvimento
O conto da professora Helena é um disparador para potencial possibilita a realização de algumas
inicirarmos a reflexão sobre como podemos trabalhar tarefas com a ajuda de outras pessoas. “A Zona de
com os alunos a percepção de que todos devem ter Desenvolvimento Proximal (ZDP) corresponde
as mesmas oportunidades, independentemente de à distância entre o nível de desenvolvimento
raça, crença, gênero etc. real, que se costuma determinar por meio da
solução independente de problemas, e o nível de
Professor, é na escola, também, que deve-se desenvolvimento potencial, determinado pela
trabalhar a descontrução dos papéis sociais que são solução de problemas sob a orientação de um adulto
ocupados pelas pessoas, além de ensinar aos alunos ou em colaboração com companheiros mais capazes”
aceitar e respeitar o outro. É importante que sejam (VYGOTSKY, 1984, p. 97, apud OLIVEIRA, 1997, p. 60).
inseridos esses temas na escola, assim promovemos
caminhos para a equidade entre todas as pessoas. É exatamente na Zona de Desenvolvimento
Proximal que a aprendizagem vai ocorrer. Então, a
Existem inúmeras abordagens que discorrem função de um educador escolar, por exemplo, deve se
sobre o desenvolvimento do indivíduo a partir de pautar em favorecer essa aprendizagem, servindo de
estudos realizados por Lev Semenovich Vygotsky mediador entre a criança e o mundo, pois como vimos,
(1896-1934), importante teórico e pesquisador sobre as interações humanas possibilitam a construção das
o desenvolvimento intelectual das crianças por meio estruturas psicológicas do ser. E é assim que as crianças,
do desenvolvimento da abordagem histórica-social, possuindo habilidades parciais, as desenvolvem com a
que privilegia a importância das interações sociais e ajuda de parceiros mais habilitados (mediadores) até
o papel da linguagem no desenvolvimento. que passem de parciais a habilidades totais.
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De acordo com Vasconcellos e Valsiner (1995), isto comprova, portanto, a importância de se trabalhar com a
estimativa das potencialidades da criança para que elas tenham desenvolvimento efetivo, visto que exigem que
o processo de aprendizagem, os mediadores e as ferramentas estejam distribuídos em um ambiente adequado.
Para contribuir com a discussão e pensarmos sobre a experiência da professora Helena, que propôs aos
alunos que desenhassem alguns profissionais, compartilhamos um vídeo da ONG Plan International Brasil, que
trabalha com empoderamento de crianças. A ONG chegou ao Brasil em 1997 e, desde então, vem se dedicando
a garantir os direitos e promover o protagonismo das crianças, adolescentes e jovens, especialmente meninas,
por meio de seus projetos, programas e ações de incidência e de mobilização social.
Fomos ensinados, durante muito tempo, que a Para tanto, a escola precisa se caracterizar como
mulher tinha a função de cuidadora de um ambiente espaço de desenvolvimento humano, de modo
doméstico e ao homem era atribuído o ambiente a assegurá-lo como direito de todo cidadão, pois
público, coorporativo e de provedor da família. Essas a escola, como obrigatoriedade, atrai a função de
designações contribuíram para criarmos um mundo equipamento social, por meio da qual crianças e
predominantemente machista e desigual, colocando jovens devem respeitar e aprender sobre diversidade.
a mulher, muitas vezes, em um papel de submissão
e desvantagens na sociedade. O vídeo O desafio da A seguir, vamos discorrer sobre o papel da
escola, enfatiza a importância e a necessidade de a escola como espaço de equidade, apresentando
escola iniciar esse debate com os alunos e promover os avanços já alcançados pela escola e,
a construção de uma nova sociedade, pautada na também, demonstrando como ainda há um
melhoria das relações entre as pessoas, entendendo longo caminho a ser percorrido pelas políticas públicas
que por meio do respeito, empatia e resiliência é nesses aspectos. Vamos em frente!
possível criar relações emocionalmente saudáveis.
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PART E
B
APRESENT ANDO
CONCEIT OS
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Devemos salientar o modo como essa orientação deve acontecer na escola, enfatizando
que o respeito à diversidade não acontece em um ambiente de imposição e, sim, em um
ambiente onde é necessário compreender o respeito às diferenças de gênero, raça, religião
comportamento etc.
Pensar sobre o que significa o dialógo sobre as questões de gênero tem sido uma das pautas
mais contraditórias na sociedade, porque a temática da busca por uma igualdade entre os
gêneros, tanto nas relações interpessoais como no mundo corporativo, está cada vez mais em
evidência e tem chegado às escolas de diversas maneiras. Em algumas, têm gerado polêmica,
em outras acredita-se que é necessário e importante dar início à compreensão para promover
o respeito e a equidade entre todas as pessoas.
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DIVERSIDADE E
CONST RUÇÃO SOCIAL
Na sociedade atual ainda é comum encontrar situações em que as mulheres são tratadas
diferentemente dos homens. É comum, também, encontrar situações em que a educação
acontece de maneira a estimular a superioridade entre os gêneros. Partindo daí, encontramos
potencial para uma reflexão: afinal, é possível reconstruir esse olhar?
Promover uma educação que trabalhe a igualdade entre todas as pessoas pode combater
a misoginia (ódio ou aversão às mulheres), o sexismo (quando reduz ou discrimina alguém por
seu gênero ou orientação sexual) e, principalmente, o preconceito.
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Título do vídeo: Escola Inovadora 1 – Respeito à diversidade
Descrição: o vídeo apresenta uma reportagem de uma escola que adotou
brincadeiras para tratar de assuntos sérios, como a diversidade e o respeito.
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Entendemos que o tema é controverso, mas o assunto está inserido nas nossas relações sociais e cabe
a escola tratá-lo com cuidado e respeito. Algumas dessas discussões se dão na problematização do que
significa gênero, então precisamos entender melhor as definições de: gênero, sexo biológico, sexualidade
e orientação sexual, que são coisas distintas entre si e promovem muitas dúvidas na população.
GÊNERO: “Termo que surge em 1947 com John Money e aprimorado por Robert Stoller em 1968,
a partir de experimentos psicológicos e observações clínicas de pessoas intersex. Em 1970, com
forte influência dos movimentos feministas, têm-se o conceito mais aceito atualmente. Foi criado
para distinguir a dimensão biológica da dimensão social, baseando-se no raciocínio de que há
machos e fêmeas na espécie humana, levando em consideração, no entanto, que a maneira
de ser homem e de ser mulher é realizada pela cultura. Assim, gênero significa que homens
e mulheres são produtos da realidade social e não decorrência da anatomia de seus corpos”
(GÊNERO, 2009, p. 43).
ORIENT AÇÃO SEXUAL: “Refere-se à capacidade de cada pessoa sentir-se atraída sexual,
afetiva ou emocionalmente. É um processo complexo e espontâneo não entendido como
questão de escolha ou opção. As orientações sexuais mais conhecidas são: heterossexualidade,
homossexualidade e bissexualidade. Seu reconhecimento pode estar relacionado ao sexo e/ou
ao gênero” (CRP-03, 2018)
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Martinelli (2016, p. 7) afirma que tratar do tema Desse modo, é possível relacionar esses conceitos e
diversidade “exige a compreensão dos conceitos compreender o porquê da necessidade de que sejam
de igualdade, desigualdade, equidade, exclusão, trabalhados conjuntamente, para que despertem a
discriminação e estereótipos”, para que, assim, consciência da criança, logo em sua abordagem na
seja possível “romper o silêncio histórico diante do primeira infância.
preconceito, do racismo e da discriminação, presentes
no cotidiano escolar, apontando para a necessidade Então, quando a educação faz um trabalho que
de estudos mais aprofundados, de ações formativas visa o respeito à diversidade, ela passa a atuar como
e pedagógicas mais consistentes, capazes de revelar, orientação para que as pessoas aprendam a respeitar
de fato, as implicações que envolvam a relação de as diferenças, sem discriminação, para promover o
educação e diversidade" (PERRUDE, SILVA, 2009. p. combate ao preconceito racial, elitismo, preconceito
173 apud MARTINELLI, 2016, p. 7). de diversidade sexual, religiosa entre outros.
Abordar esse tema auxilia o aluno a compreender Professor, estar preprarado para trabalhar com
seu papel no mundo, de modo que a escola esses temas transversais é imprescindível para
(re)produza e promova a desconstrução de relações promover um ambiente escolar saudável e de
opressoras, motivando a construção de relações sucesso, pois com esse olhar de respeito à diversidade
que valorizam a dignidade humana e a igualdade ocorre uma transformação do espaço da escola, com
de direitos (RIBEIRO; BORELLA, 2016, p. 6). estudantes que têm pensamento crítico desde o
início da vida escolar.
Já os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN),
no Tópico Tema Transversal – Pluralidade Cultural, Respeito e valorização da diversidade precisam
sustentam que o tema racismo seja abordado fazer parte do cotidiano escolar e, por isso, estes
com os alunos, apresentando algumas propostas temas aparecem na Base Nacional Comum Curricular
pedagógicas. Ribeiro (2018), diz que é preciso (BNCC), enfatizada na competência 9, denominada
apresentar o racismo como “um sistema de opressão Empatia e Cooperação: “exercitar a empatia, o diálogo,
que nega oportunidades para as pessoas negras. a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se
É a estrutura racista, o sistema, e não uma coisa respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos
individual. Então, tem muito desconhecimento ainda direitos humanos, com acolhimento e valorização da
sobre o que é o racismo no Brasil, muito por causa do diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus
mito da democracia racial, um mito fundante deste saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem
país e que fez muitos acreditarem que o Brasil era um preconceitos de qualquer natureza”.
país harmonioso entre as raças”.
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GÊNERO, DIVERSIDADE
E ORGANIZAÇÃO SOCIAL
A proposta é refletir sobre a rigidez dos padrões Há muito tempo a mulher busca igualdade e
estabelecidos pela sociedade, evitando reproduzir reconhecimento além dos cuidados com o lar, mas
estereótipos para que cada um desenvolva suas ela começou a ser inserida no mercado de trabalho
potencialidades, livres de padrões pré-concebidos. na Revolução Industrial, a partir da segunda metade
do século XVIII, devido ao aumento da demanda
Para trabalhar a diversidade de gênero e sua de mão de obra, ainda assim, o valor pago pelo
importância para romper com os estereótipos trabalho feminino era inferior ao masculino.
criados pela sociedade, convidamos você, professor, a
conhecer duas pesquisas feitas por economistas para Para Hirata e Kergoat (2007), a relação social
nos ajudar na compreensão de algumas escolhas de recorrente entre o grupo dos homens e o das
mulheres na sociedade contemporânea. mulheres é considerada "relações sociais de sexo".
Para as autoras, a divisão sexual do trabalho é
A pesquisa On the origins of gender roles evidencia fruto da divisão social estabelecida nas relações
que sociedades que fizeram o uso do arado para sociais entre os sexos, divisão modulada histórica
a agricultura entre os séculos XVII e XIX, em que e socialmente, e instrumento da sobrevivência da
os homens detinham grande parte das tarefas relação social.
agrícolas pelo uso da força, são sociedades em que,
atualmente, a mulher tem pouca participação no À mulher foi dada a responsabilidade dos
mercado de trabalho. Essa comparação faz sentido cuidados de casa e da família, independentemente
para percebermos que o equilíbrio social é difícil de de idade ou renda. Por isso, o trabalho doméstico
ser alcançado (ALESINA et al., 2013). recaía sobre as mulheres, pautado no discurso,
ainda existente, da naturalidade feminina para o
Outra pesquisa, realizada por Raquel Fernandez cuidado. Para Sousa e Guedes (2016) tal atribuição
e intitulada Mothers and sons: preference formation social do cuidado ao feminino, primeiramente,
and female labor force dynamics (2004), evidencia limitou a vida das mulheres ao espaço privado
que quando homens que foram criados por mães (casa) e, posteriormente, com as transformações
que trabalhavam fora de casa se casavam, havia socioeconômicas e a busca de independência
uma probabilidade maior de que apoiassem suas feminina, marcou desvantagens em relação aos
parceiras em suas decisões de estudar e trabalhar, ou homens na atuação econômica e social.
seja, a pesquisa indica que a mudança de paradigma
nas percepções dos homens são tão importantes, ou
até mais, do que alterações nas crenças das mulheres
para conseguir um equilíbrio social.
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Os autores avaliam que o ingresso das O tema violência é cada vez mais essencial de
mulheres no mundo econômico não equilibra ser aborbado com os alunos, visto que o Anuário
as funções atribuídas aos sexos, ao contrário, de Segurança Pública de 2019, que foi elaborado
reforça as desvantagens vividas pelas mulheres pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, relata,
que atualmente compartilham com os homens, comprovadamente, que quatro meninas com
de forma equânime ou não, a provisão financeira menos de 13 anos são estupradas a cada hora
da família juntamente com a responsabilidade da no Brasil. A violência sexual acomete, com maior
esfera reprodutiva. A saída do lar e as conquistas relevância, pessoas em maior vulnerabilidade,
cada vez mais visíveis no âmbito público que geralmente sofrem essa agressão pelos
representaram uma revolução incompleta, uma vez pais, padrastos, tios, vizinhos ou primos (FÓRUM
que parte das mulheres ainda assume as atividades BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2019).
do espaço privado, o que perpetua uma desigual e
desfavorável divisão sexual do trabalho para elas. A lei brasileira garante a proteção contra o abuso e
a exploração sexual infantil por meio do Código Penal
Um estudo feito pela Organização Mundial (2017), Estatuto da Criança e Adolescente (1990)
do Trabalho evidencia que a desigualdade entre e Constituição Federal (1988): “abuso, violência e
homens e mulheres no mercado de trabalho não exploração sexual de crianças e adolescentes são
diminui há 27 anos. A pesquisa mostra que, em 2018, enquadrados penalmente como corrupção de
a probabilidade de uma mulher trabalhar foi 26% menores” (art. 218) e “atentado violento ao pudor
inferior do que a de um homem — uma melhoria de (art. 214), caracterizado por violência física ou grave
apenas 1,9% se comparado a 1991. As disparidades ameaça” (Lei nº 12.015, de 2009). Mas, infelizmente,
aumentam ainda mais quando incluímos mulheres não é ensinado às crianças maneiras de identificar
negras, gestantes, mães e lactantes. A diferença o que é o abuso sexual, mesmo sendo no período
salarial chega a 20% entre os gêneros em cargos escolar a janela oportuna para que professores e pais,
semelhantes. Nos países desenvolvidos a conquista em conjunto, apliquem a metodologia adequada
da equidade ainda é um sonho e a Islândia é o único para redução do risco de abuso sexual.
país que tem plena paridade de oportunidades de
trabalho (ESTEVANS, 2019). No Anuário também foi relatado que as meninas
menores de 13 anos representam mais da metade
Essas disparidades entre os gêneros refletem um (54%) das vítimas dos 66.000 estupros registrados.
problema que não é só brasileiro, e sim, mundial, Já as vítimas do sexo masculino são ainda mais jovens
evidenciando a importância de pautar políticas e a maioria com menos de 7 anos. Houve, ainda,
públicas que fomentem ao redor do mundo essas aumento de 4% do número de vítimas de estupro
discussões, a fim de promover uma mudança de seguido de feminicídio, com mais de 1.200 mulheres
paradigma na sociedade. assassinadas, principalmente, pelos companheiros
ou ex-companheiros. No Brasil, a cada 2 minutos
Professor, é na escola que conseguimos provocar acontece uma denúncia por violência doméstica
mudanças, respeitando o passado e promovendo (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2019).
presente e futuro com pessoas saudáveis.
Compreendendo a resistência e manutenção de
estigmas culturais e a educação que promove
discussão e questionamentos dos papéis sociais que
cada gênero possui, é possível colaborar para uma
sociedade justa, igualitária e cada vez menos violenta.
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A seguir, convidamos você, professor, a analisar os gráficos que ilustram as estatísticas apresentadas
pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Ápice da mortalidade
1.206 se dá aos 30 anos 263.067 casos de
vítimas de
feminicídio lesão corporal dolosa
28,2% entre 20 e 29 anos
um registro de
29,8% entre 30 e 39 anos
em 88,8% dos violência a cada
casos o autor foi o 18,5% entre 40 e 49 anos
companheiro ou
ex-companheiro
61% negras
70,7% tinham no máximo
Ensino Fundamental
ESTUPROS
Todas essas violências contra as mulheres impulsionaram algumas campanhas que são realizadas
no Brasil e no mundo, demonstrando a necessidade de ser um tema trabalhado com os alunos cada
vez mais cedo. O dia de Luta Contra a Violência à Mulher, no dia 10 de outubro, e a campanha 16 Dias
de Ativismo contra a violência de Genêro, que aconteceu em 2019, são dois importantes exemplos.
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E PARA T RABALHAR AS MASCULINIDADES, O QUE T EMOS?
Por meio do diálogo podemos mudar nossas percepções, falar sobre nossas angústias, medos e desejos.
É a partir deste momento de encontro, de se permitir ressignificar sentimentos e posturas, que surge o
tema abordado pelo documentário O Silêncio dos Homens.
Divulgação: https://papodehomem.com.br/o-silencio-dos-
homens-documentario-completo/
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COMO DEBAT ER UM T EMA QUE AINDA É
DESCONFORTÁVEL PARA MUIT AS PESSOAS?
Antigamente, nas gerações constituídas por Por isso, o debate sobre masculinidades tem
controle, violência, competitividade e força, era ganhado força, originando a criação de grupos de
comum haver pessoas que pensavam estar em homens que se reúnem em vários lugares do país
posição de poder e de superioridade pelo fato de ser para repensar seus posicionamentos.
homem. Entretanto, na sociedade atual, as mulheres
deixam de ser submissas e se tornam independentes,
criando uma nova organização social.
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O QUE AS POLIT ICAS PÚBLICAS
DIZEM SOBRE A T EMÁT ICA?
Sobre Gênero e Diversidade, existem, não só documentos importantes, mas também diretrizes.
Dentre elas, temos os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN - 1997) que constituem um referencial
de qualidade para o Ensino Fundamental, fazendo com que os professores socializem discussões
sobre temas transversais dentro da escola. Ressaltando, ainda, que é dever do Estado democrático
investir na escola e elaborar propostas educacionais que visem autonomia, participação dos alunos
e diversidade.
Já o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (2018) entende que a interação entre
escola e comunidade local deve ocorrer como eixo fundamental da educação básica, para que haja
valorização da diversidade, cidadania ativa, pluralidade e, principalmente, para fazer com que o
aluno desfrute do direito ao debate, assumindo o papel de sujeito em seu processo de formação e
democratização.
A Lei nº 13.005, de 26 de junho de 2014, dispõe sobre o Plano Nacional de Educação (PNE), que
tem validade de 10 anos, e estabelece diretrizes, metas e estratégias que devem reger as iniciativas na
área da educação. Todos os estados e municípios possuem autonomia para elaborar planejamentos
específicos no âmbito educacional, a fim de fundamentar o alcance dos objetivos previstos e
considerando a situação, as demandas e as necessidades locais.
O PNE, em sua redação, expressa nos artigos (2º, incisos III, V, X, 7º, §7º, e 8º, §1º, III) que faz
parte de suas diretrizes a superação das desigualdades educacionais, a promoção da cidadania
e a erradicação de todas as formas de discriminação; bem como o respeito aos direitos humanos
e à diversidade.
Contudo, é inevitável a compreensão de que se faz necessário discutir, como tema transversal, gênero,
racismo, discriminação, preconceito e inclusão como meio de abranger a diversidade no meio escolar,
pois a educação promove transformação social, reconhecendo e valorizando as diferenças, igualdade de
direitos e oportunidades, por meio de materiais didáticos, paradidáticos e disciplinas.
Tais temas transversais visam estimular um ambiente escolar mais saudável, livre de estereótipos,
estigmas e bullying, que são recorrentes neste contexto e na sociedade como um todo.
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PART E
C
MOMENT O
INT ELIGÊNCIA
MULT IFOCAL
Professor, anteriormente, neste Módulo, pensamos Quando falamos em respeitar as diferenças
e refletimos sobre questões complexas que podem e conviver em harmonia com a diversidade,
provocar incômodos, angústias e até sofrimentos. Ao sabemos que desenvolver a habilidade empatia
mesmo tempo, entendemos que somos integrantes de é primordial. Esta pode ser desenvolvida no ser
uma sociedade na qual são construídas, rotineiramente, humano por meio da Inteligência Emocional,
as relações, o cuidado e o respeito entre todas as quando reconhecemos a importância de nos
pessoas, o que torna fundamental exercermos a empatia colocarmos no lugar do outro para compreender a
para compreendermos a perspectiva do outro. situação pela qual ele está passando.
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A empatia como habilidade social foi descrita por por meio do exercício de compreensão do que o
diversos autores, que a definem como uma sintonia outro pode estar pensando e/ou sentindo. A literatura
fina de sentimentos e pensamentos com outras pessoas, evidencia a possibilidade de apontar ganhos no
ou seja, uma maneira de considerá-las sujeitos únicos, desenvolvimento da empatia em períodos do ciclo
singulares e originais, com capacidade de aceitação vital, como na infância e adolescência, conforme
frente ao que são, pensam, sentem e comportam-se exemplificado na tabela a seguir, para que possamos
(PORTELA, 2013). Já outros entendem que a empatia trabalhar com os alunos e que eles desenvolvam essa
pode ser desenvolvida e aprimorada ao longo da vida, habilidade com excelência (PORTELA, 2013).
Inicio da reação
Respostas pré-empáticas Sincronia afetiva
Primeiro ano seletiva às expressões
e mímica motora mãe e bebê
faciais do outros
Entendimento da Generalização de
Aprofundamento
Final da infância aflição do outro além da comportamentos
dos níveis empáticos
situação imediata empáticos
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Com base na Tabela 1, Portela (2013) apresenta a empatia como habilidade social que
compreende três componentes:
B)
AFET IV O: identificado por sentimentos de compaixão,
simpatia pelo outro e de preocupação com o bem-estar; é
a capacidade de experienciar a emoção do outro, de sentir
a emoção dele e com ele;
C)
COMP ORT AMENT AL: quando se transmite e se dá
visibilidade à própria empatia de tal forma que o outro
perceba que é compreendido; consiste em expressar o
entendimento do sentimento e da perspectiva do outro
quanto ao seu êxito ou às suas dificuldades.
Dessa maneira, a empatia é uma habilidade que A partir da compreensão do que é empatia
deve ser desenvolvida em você, professor, para podemos pensar sobre outro conceito importante
que seja possível acolher os alunos e ajudá-los a apresentado pela TIM: pensar como espécie.
trabalhar em busca do desenvolvimento dessa
e de outras habilidades. Com isso, uma vez mais, Pensar como Espécie é a mais nobre e sofisticada
conseguiremos valorizar o sentimento dos alunos e de todas as funções da inteligência. Cury (2012) faz
os nossos, compreendendo-os e fazendo a gestão da uma refexão importante que diz "somos americanos,
nossa emoção, principalmente, em relação aos temas europeus, asiáticos, africanos, judeus, árabes,
muçulmanos, cristãos, budistas, ateus..., mas acima
relacionados à diversidade.
de tudo constituimos uma única e grande família, a
Ser empático, portanto, é o primeiro passo para humanidade” (CURY, 2012, p. 15).
compreender que pessoas são distintas uma das
A grande lição que podemos extrair dessa reflexão
outras e que não existe verdade absoluta sobre como é que se ficarmos presos aos “grupos” que cada um
cada um deve seguir a vida. Por meio de habilidades é inserido, será muito mais dificil enraizar que, na
como a empatia, é possível respeitar a diversidade, verdade, somos pertencentes a mesma humanidade e
viver em sociedade e lutar para erradicar opressões que devemos cuidar uns dos outros através do respeito e
vividas por homens e mulheres. Se somos um país empatia. Pensar como humanidade nutre vigorosamente
de grande diversidade cultural, religiosa, racial, a nossa emoção: a melhor forma de irrigar a felicidade
étnica etc., como não acolher todas as maneiras inteligente e saúde emocional é investir no bem-estar da
de ser e viver? nossa espécie e do meio ambiente.
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PART E
D
DESAFIO DO
PROFESSOR
Professor, chegamos ao final de mais um Módulo Lembra-se do conto do início do Módulo? Que tal
e foi uma alegria compartilhar momentos de tantos propor a mesma atividade para seus alunos?
aprendizados e reflexões, lançando novos olhares
sobre a sociedade junto com você. Para finalizarmos Basta adaptá-la à faixa etária de sua turma para
este trabalho e com base em tudo que apresentamos promover um diálogo sobre profissões e suas
aqui, sugerimos a seguinte atividade: peculiaridades, enfatizando que quando se trata da
realização de sonhos, é fundamental ter perseverança,
Quem eu quero ser no futuro? comprometimento e dedicação.
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A AZ Internacional, escola localizada na cidade de Bragança Paulista/ S.P. e parceira da Escola da
Inteligência, realizou essa atividade e com muito carinho e afetividade compartilhamos aqui o vídeo da
experiência para inspirá-lo. O resultado ficou incrível!
Professor, para dialogar sobre temas tão diversos, Compartilhe no Fórum como foi para você essa
sem deixar que convicções pessoais influenciem construção e a realização do desafio. Esperamos
neste debate, e promover uma educação de qualidade ter contribuído para um diálogo mais aberto e
com capacidade de acolher todas as pessoas e cuidar cuidadoso entre todos da comunidade escolar.
para que uma vida emocionalmente saudável seja No próximo Módulo, trabalharemos a relação
conquistada, sugerimos que a discussão sobre esses entre o professor e a educação moderna,
temas não seja finalizada juntamente com esse apresentando novos conceitos e ferramentas para
Módulo, para que, com empatia, você contribua contribuir com a sua jornada. Contamos com a sua
com a construção de um ambiente escolar mais presença e imersão neste próximo Módulo que foi
seguro e saudável. preparado com muito cuidado e carinho!
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
ALESINA, A.; GIULIANO, P.; & NUNN, N. (2013). On the origins of gender roles: Women and the plough. The Quarterly Journal of Economics,
128(2), 469-530.
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