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FACULDADE DE MÚSICA DO ESPÍRITO SANTO

“MAURÍCIO DE OLIVEIRA”

LICENCIATURA EM MÚSICA

IVAN RESENDE DE ANDRADE

RESENHA DO FILME “A EDUCAÇÃO PROIBIDA”

VILA VELHA

2017
Todos conhecemos a importância da educação. Ao longo dos anos, vimos como se
tem intentado tudo para melhorá-la e adaptá-la a um contexto temporal e cultural
específico. No entanto, esse modelo de educação é o mais apropriado para as
pessoas desenvolverem e obter qualidade de vida?

Com esta pergunta começa o documentário "A Educação Proibida". Através de


declarações de educadores e profissionais em favor de um novo modelo de escola,
é um filme em que vários estudantes do ensino médio tentam mudar o modelo atual,
o documentário revisa a história da educação, do presente ao futuro. Estuda as
fraquezas da educação atual e propõe novos modelos.

O documentário começa por comentar as origens do sistema educacional. Os


primórdios da educação entendidos como na atualidade (públicos, obrigatórios e
gratuitos) remontam à antiga Grécia. No entanto, não foi até o século XVIII, com o
Despotismo Ilustrado, quando surge a educação atual: nasce o modelo prussiano,
baseado em castas e classes que buscava criar sujeitos obedientes preparados para
a guerra. A partir deste modelo, copiamos muitas noções da escola atual, como
notas, os exames, o sistema de punições e prêmios, os estudantes são vistos como
meros números... É uma educação em que prevalece a competição e isso vai contra
os valores humanos. Este modelo expandiu-se em todo o mundo levantando a
bandeira da liberdade, apesar de ter suas origens no despotismo. A educação
começou a ser entendida como um processo mecânico e administrativo, um lugar
para criar trabalhadores.

Após esta revisão histórica, o vídeo enfoca o modelo atual, que define como um
sistema totalmente desumanizado, que tende a homogeneidade e cuja missão é
construir uma série de crianças idênticas, com o mesmo conhecimento. É um
sistema seletivo e separatista, que escolhe quais as crianças vão para a
universidade e que terá de se contentar com o trabalho precário. Concentra-se em
transmitir um conhecimento geral, igual para todos, esquecendo as preferências de
cada pessoa. Além disso, insiste em uma educação rigorosa e regulamentada, onde
os estudantes devem seguir algumas regras previamente estabelecidas. Isso levanta
outra questão: Que ambiente educacional estamos oferecendo as crianças?

A maneira pela qual as crianças são ensinadas não os motiva a aprender. Este
sistema torna o aprendizado de um processo tedioso e rotineiro, e está comprovado
que tudo o que aprendemos acaba por ser esquecido se não o fizermos de forma
voluntária. Além disso, uma desativação total da escola é visível: a realidade muda,
mas os métodos e ensinamentos prevalecem. O documentário explica que, no meio
do século XX, tentaram mudar o sistema educacional, tentando transformar o
aprendizado em um processo mais autônomo, dinâmico e gratuito. No entanto, a
proposta foi rejeitada.

Insiste-se em ordenar a aprendizagem quando se demonstra que esse processo não


é linear, pois envolvem muitos fatores como o ambiente, a situação pessoal, as
emoções... Além disso, há uma tendência para forçar a consecução de objetivos
predefinidos em um determinado tempo (cursos, assuntos...) contra o aprendizado
gratuito e a um ritmo personalizado. A escola atual coloca a ênfase nos resultados
(passando um teste, acessando o ensino superior...), mas a verdadeira motivação
do aluno deve estar no caminho, isto é, no próprio processo de aprendizagem.

No entanto, o modelo atual baseia a educação sobre a intervenção do professor na


aprendizagem, colocando restrições e punição quando os objetivos não são
atendidos. Deste modo, nascem o medo e a rejeição da escola. Eles comparam o
sistema educacional com o movimento behaviorista de 1913, através do qual os
experimentos foram realizados em animais para modificar seu comportamento
através do medo. Para esses educadores, o ideal seria não motivar a criança, mas
deixar a criança escolher o que quer estudar, o que realmente iria atraí-los. Há
também o medo dos professores de que a liberdade cria indisciplina.

A figura do educador também é discutida. Eles também são meros números para o
sistema, assim como os alunos. Os professores são treinados na educação de hoje,
onde a tendência é não se envolver com os alunos e ver seu trabalho como uma
rotina. Assim como os alunos devem se desenvolver em liberdade, também devem
os professores. Os professores devem transmitir a paixão pelo seu trabalho e
demonstrar aos seus alunos que eles gostam de educar.

Finalmente, fala sobre a figura dos pais. Diz que eles são os verdadeiros
protagonistas da educação e que a escola deve estar conectada com eles. Muitas
famílias perderam a confiança em poder educar seus filhos e deixar essa tarefa para
professores, psicólogos... Vemos uma separação pais-filhos que não favorece a
educação, porque se uma criança não é confortável e feliz em sua casa, isso lhe
custará aprender e seguir em frente.

A atuação dos pais é significativa, pois deles depende o aprendizado de valores


fundamentais no seio da família, as primeiras atitudes e em especial, as visões de
mundo. Na sociedade global atual, com todos os seus recursos positivos e
negativos, o papel dos pais é prioritário, porquanto devem contribuir com sua ação e
exemplo, na construção de uma cultura de paz; como os elementos que levam o
filho à escola, e que irão influenciar no estabelecimento de relações com os outros e
na própria convivência. Mas é necessário destacar que, igual no passado, os pais
atuais continuam conferindo uma importância enorme da educação formal dos filhos,
já que a associa à possibilidade do avanço social, como ocupar melhores postos nos
mercados de trabalho futuros caracterizados pela competência.

Após as intervenções dos diferentes profissionais, explica-se que, no presente,


existem muitos projetos de educação gratuita e independente. São alternativas que
estão longe da educação estatal e que tentam lutar com tudo o que foi dito
anteriormente. Seu objetivo é criar um ambiente onde os estudantes estejam ao
mesmo nível que o professor, onde não há separação de idades, mas cada aluno
avança a seu próprio ritmo; onde a ênfase é na educação integral, isto é, uma
educação não separada em assuntos; onde as emoções, preferências, propostas e
interesses individuais são valorizados; e onde a autodisciplina reina.

A conclusão do documentário é que não existe uma receita perfeita para a educação
ou uma escola perfeita. O principal é adaptar a pedagogia a cada momento cultural
e histórico e criar uma sociedade em que diferentes tipos de educação coexistam
(educação convencional, educação gratuita, educação familiar...) e que cada um
pode decidir qual caminho escolher. Estes novos aspectos da educação devem ser
trazidos à luz e discutidos. Finalmente, é esclarecido que a base para uma boa
educação é o respeito, liberdade e amor, e que é necessário iniciar uma educação
"pró-vida".

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