Faculdade de Educação Docente: Luciana Gomide Discente: Luciana Vassallo Costa - RA: 170149943
Questionário - Trabalho final da disciplina de Filosofia da Educação
1. Quais contribuições da Filosofia para Educação elencadas por Saviani
em seu artigo, você considera mais significativas para a Formação de Professores?
Saviani destaca a importância da filosofia como uma forma de vigilância
crítica sobre a práxis educativa. A reflexão filosófica é vista como essencial para evitar o burocratismo na prática educacional, garantindo que os objetivos da educação sejam mantidos durante a ação. A filosofia aqui atua como uma ferramenta para esclarecer os fundamentos da educação, avaliar soluções escolhidas e manter a intencionalidade da prática educacional. Saviani destaca a necessidade de uma vigilância da reflexão na prática educacional para evitar o burocratismo e a aplicação mecânica de formas extraídas de processos anteriores. A filosofia é apresentada como a forma por excelência da atividade reflexiva. O estudo crítico dos grandes filósofos, considerados clássicos, é apontado como uma via privilegiada para compreender a problemática humana. Essa compreensão é vista como tendo grande valor educativo, já que a educação é percebida como o processo pelo qual se constitui em cada indivíduo a universalidade própria da espécie humana. O acesso aos clássicos da filosofia é apresentado como uma forma de aprofundar a compreensão da realidade humana. Essas contribuições destacam a importância da filosofia como uma ferramenta crítica e reflexiva que não apenas esclarece os fundamentos da educação, mas também enriquece a compreensão da realidade humana e melhora a consistência e a clareza na prática educacional. Para a formação de professores, esses aspectos podem desempenhar um papel crucial no desenvolvimento de uma abordagem educacional mais consciente e fundamentada. Acredito, em concordância com Saviani, que a filosofia desempenha um papel crucial na educação e na formação de professores, fornecendo uma base reflexiva e crítica para a compreensão dos processos educacionais e a formulação de concepções de mundo. A filosofia na prática docente é uma ferramenta que não apenas ilumina os problemas da época em que foi desenvolvida, mas também transcende esses limites, mantendo seu interesse ao longo do tempo.
1. A partir da sua leitura do Artigo de Morais, e da Crônica de Rubem
Alves, quais tópicos abordados pelos dois autores você, professor/a em formação, considera como relevantes para o exercício da sua profissão?
O aforismo mencionado no texto de Rubem Alves “Há escolas que são
gaiolas e há escolas que são asas” é um axioma imprescindível para termos presente e nos direcionar em nossas reflexões e práxis enquanto educadores, tanto em nossa formação inicial como pedagogos, quanto em cada dia de nossa atuação em sala de aula, na gestão e no cotidiano escolar. A tendência à reprodução do que já é feito, geração após geração de escolas e de educadores, quando não construímos essa reflexão cotidianamente, é muito grande. O texto de Morais destaca a dicotomia entre liberdade e escravidão, explorando como o medo da liberdade pode levar à aceitação da escravidão, em seus múltiplos sentidos. No âmbito da educação, isso ressalta a importância de criar ambientes educacionais que incentivem a liberdade de pensamento, autonomia e responsabilidade nos alunos. Em reflexão à discussão dos dois autores, contemplo que as dores humanas e sociais são enormes, e perpassam os seres humanos em múltiplas categorias e nuances, milênio após milênio, século após século. Há, como consenso popular, a máxima de que a educação é importante e que é por meio da educação que poderemos ter um mundo melhor. Em aprofundamento e questionamento a esse senso comum, eu reflito que tudo bem, vamos levar essa afirmação como algo a ser considerado… mas é importante nos perguntarmos: qual educação? E o que seria um mundo melhor? Qual educação poderia nos possibilitar esse mundo com menos sofrimento, mais respeito, dignidade e alegria profunda e verdadeira aos seres humanos? Nesse sentido, devemos nos questionar, tendo em vista a história do processo educativo nas instituições escolares e a função social da escola: o que já é feito na educação escolar, majoritariamente, está contribuindo para que os seres humanos alcancem coletivamente e individualmente perspectivas de vida mais livres, solidárias e benéficas? A educação escolar tem propiciado espaço e possibilidades aos educadores e educandos tomarem posse de sua autonomia e liberdade de criarem coletivamente novas histórias? Se não, que educação poderia fazer isso? Que educação nós, como educadores, reproduzimos e/ou oferecemos e propiciamos em nossas práticas de trabalho? Ela possibilita espaço para a experimentação, respeito, liberdade e exploração humana das possibilidades de ser e estar no mundo, ou foca em reproduzir padrões e normas de funcionamento relacionais/sociais que nos levam à dominação e escravização de nós mesmos e dos outros, pela manutenção de estruturas de sofrimento e opressão? Como podemos mudar essa trajetória individualmente, em nossas salas de aula e práxis, e coletivamente, em nossas comunidades escolares? Como construir uma educação que dê espaço para o crescimento de nossas asas e que permitam, incentivam e fortaleçam nosso vôo enquanto sociedade e indivíduos, para outros mundos possíveis? Acredito que essas perguntas devem ser motes diários que não devem ser respondidos com pressa, devem ser exercício constante de reflexão da práxis da docência e da gestão, devem nortear nossa sobre nossa motivação e prática de estudos e trabalho, de modo a avaliarmos todas os quesitos implícitos e explícitos que norteiam nossa formação e atuação como professores, gestores escolares e demais trabalhadores da educação.
2. Tendo como fundamentação sua leitura e compreensão dos artigos de
Morais e Saviani, da Crônica de Alves, da Alegoria da Caverna de Sócrates, quais aspectos do filme "O Contador de Histórias" você considera como significativos para serem incorporados à sua formação e atuação como futuro/a Professor/a de Ensino Fundamental e/ou Médio?
O filme "O Contador de Histórias" aborda a história real de um menino
chamado Roberto Carlos Ramos, que enfrenta uma série de desafios desde a infância, incluindo a passagem pela FEBEM. O enfoque recai sobre a importância da educação, representada pela pedagoga francesa Marguerite Duvas, na transformação da vida de Roberto. O filme destaca a capacidade da educação de mudar destinos, ressaltando a relevância do papel dos educadores na vida das crianças, em especial as em situações vulneráveis. A relação de Margherit com as crianças destaca a importância do afeto no processo educacional. A empatia e o cuidado emocional são fundamentais para o desenvolvimento integral dos alunos, especialmente quando eles enfrentam desafios pessoais. Mesmo com os resultados positivos alcançados por Margherit, o filme não deixa de abordar os desafios e limitações do sistema educacional, indicando que mudanças estruturais são necessárias para garantir oportunidades iguais para todas as crianças. O filme sugere críticas à abordagem tradicional do sistema educacional, mostrando que nem sempre as estratégias convencionais são eficazes para lidar com alunos em situações difíceis. A história ressalta a necessidade de flexibilidade e adaptação na abordagem pedagógica. A Alegoria da Caverna, de Platão, nos traz a reflexão da importância da busca pelo conhecimento para além do mais óbvio, para além do que se vê e pensa em uma perspectiva de senso comum e limitada. Como professores, isso pode inspirar a busca pelas muitas nuances da realidade e das verdades e o estímulo ao pensamento crítico nos alunos, incentivando-os a questionar e explorar além do que é simplesmente apresentado. No filme, a história de Roberto Carlos destaca a capacidade da educação de transformar vidas e romper com ciclos de pobreza, caso sua intencionalidade e prática sejam direcionadas à propiciar a emancipação social, à prática da liberdade e a abrir espaços e incentivar as múltiplas qualidades humanas em contextos diversos. A pedagoga Margherit, do filme, acredita na educação como meio de proporcionar oportunidades, ampliar mundos, conhecimentos, possibilidades e abrir portas para um futuro melhor. Assim como na alegoria da caverna, em que as pessoas na caverna veem apenas sombras projetadas na parede e não conhecem o mundo exterior, ou seja, há grande limitação de leituras percepções de mundos diversos, Rubem Alves compara escolas que são gaiolas a lugares onde os pássaros (alunos) são privados do vôo, mantidos em um mundo de limitações e controle. Já as escolas que são asas representam a busca pela verdade, pelo vôo, onde os alunos têm a liberdade de explorar e desenvolver suas próprias asas. São essas escolas, as que deixam as asas crescerem e incentivam os vôos, e essas educadoras e educadores, como Margherit no filme, que podem possibilitar a ampliação de mundos e atuarem no sentido da educação como prática da liberdade (Paulo Freire). A oralidade e a tradição de contação de histórias, apresentadas no filme por meio da atuação do personagem principal, são práticas educativas incríveis para uma educação que propicie leituras de mundos diversos, que amplie a visão e permita asas à reflexão e à imaginação. Devem e podem ser instrumento muito potentes na prática e formação educativa. É como se, ao contar uma história, a gente mantivesse a tradição viva, histórias de múltiplos mundos, povos e pessoas, porque uma história sempre pode se encaixar em outra, se conectar, conectar mundos, e se conectar a mais outra história, continuando sem fim. No filme "O Contador de Histórias", temos um exemplo desse tipo de narrador. Ele representa alguém que, além de compartilhar suas próprias experiências, bebe da fonte das histórias dos outros. Ele tem a vantagem de poder recorrer a toda uma vida, não apenas à sua própria experiência, mas também àquilo que aprendeu ouvindo os outros. O talento desse contador de histórias está em saber narrar sua própria vida, e sua dignidade está em conseguir contá-la inteira, trazendo consigo as lições aprendidas com as histórias dos outros.