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O ensino de modelo humanista na educação das crianças

Daniela Andrade de Araújo


Maria dos Santos Rosa
Raquel Carla Drzewinski Tiburski

RESUMO

De acordo com as palavras do físico teórico alemão, Albert Einstein (1879 – 1955):
“Tudo aquilo que o homem ignora, não existe para ele. Por isso o universo de cada um se
resume no tamanho de seu saber”, podemos perceber que somos seres inquietos e
incompletos, mas só temos consciência disso, quando aprendemos e assimilamos
continuamente o conhecimento. Neste artigo, dissertamos sobre o modelo humanista na
educação, abordamos a finalidade e identificação de suas características, vantagens e,
principalmente, o papel do educador nesse processo de aprendizagem e orientação do aluno
na jornada de aprender. Também o impasse e as dificuldades encontradas pela escola, a partir
da forma errônea de proceder que muitas famílias têm, acreditando que é papel da escola dar a
educação e impor limites a seus filhos, além de oferecer a atenção que a mesma renega e, o
incentivo a serem cada vez mais educandos individualistas e competitivos.

Palavras chave: Ensino humanista, papel da escola e família, papel educador e educando.

EDUCAÇÃO HUMANISTA - O MODELO HUMANISTA

A educação com ideais humanistas é baseada na máxima em que são livres a crítica e
o pensamento. “O único homem que se educa é aquele que aprendeu como aprender: que
aprendeu como se adaptar e mudar; que se capacitou de que nenhum conhecimento é seguro,
que nenhum processo de buscar conhecimento oferece uma base de segurança”. (ROGERS
apud COELHO e JOSÉ, 1993 p.9).
Acreditamos em conformidade com os ideais humanistas, que não são os dogmas e
informações que vem de fora, mas sim o despertar para si mesmo à vontade de aprender,
fazendo parte do nosso pensamento, buscando ensinar as crianças e adolescentes a pensarem,
criticarem e refletirem, isso é aprendizagem, valorizando cada ser como único, com
experiências e necessidades individuais que vão influenciar o desenvolvimento integral do
educando e o processo educativo.
De acordo com o Professor Pierluiggi, a parte mais importante do método educacional,
é quando deixamos de ser meros alunos, assistindo às aulas onde nos encontramos em uma
atividade coletiva, porém passiva, apenas recebendo a informação. Estudar, conforme
Pierluiggi é uma atividade solitária e ativa, pois quem assiste à aula, apenas absorve já quem
estuda, produz. Estudar é a parte mais importante do processo de educação. Precisamos
desenvolver nos educandos a prática de saberem o que fazer com a informação que é ofertada.
Segundo Paulo Freire, em Carta de Paulo Freire aos Professores 2001, Estudar é
desocultar, é ganhar a compreensão mais exata do objeto, é perceber suas relações com outros
objetos. Implica que o estudioso, sujeito do estudo, se arrisque, se aventure, sem o que não
cria nem recria.
Conforme o que explana o blog bulevoador, a educação humanista é uma ferramenta,
que baseia a moral na própria humanidade, nos indivíduos e não em algo sobrenatural como
Deus ou fé, que tende a tornar as crianças seres que tem seus atos julgados por preceitos
religiosos que não podem ser discutidos, moldados ou substituídos. Fé é um sentimento
inerente ao ser humano; cada pessoa deve, se quiser, acreditar no que lhe faz bem e no que
julga necessário para a sua crença, porém todos devem ser capazes de - respeitando pessoas e
comunidades mediante seus credos e religiões - refletirem e criticarem todos os assuntos, até
mesmo a respectiva filosofia humanista, praticando assim o desbloqueio de barreiras à
aprendizagem de um modo mais amplo.
Não existe de uma forma geral, no ensino de convicções humanistas, o medo de errar,
por que as crianças não estão competindo e sim acrescentando sua forma e enfoque de ver as
coisas, experimentando e procurando respaldo para a aquisição deste conhecimento, cabendo
ao educador confiar na capacidade de seus educandos e atender às necessidades da busca
deste conhecimento e os guiando neste processo educativo.
Dessa forma, a educação humanista enxerga o modo mais tradicional de ensinar como
uma forma de robótica em que é fácil doutrinar as crianças, pois se espera que elas
automaticamente relembrem das palavras de seus professores e as repitam de forma assertiva
nas provas, sem ao menos raciocinar, pensar ou deduzir. Assim como as novas tecnologias o
fazem: apenas levam ao modo indutivo e não intuitivo em que para efetuar algo, antes
pensamos, e logo após aprendemos.
Devemos criar e incentivar a descoberta e a valorização da curiosidade e da
criatividade nas crianças, cultivando nelas o gosto pelo aprender. Manter as crianças em um
ambiente em que o educador está sempre disposto a dar a assistência necessária na procura
das suas próprias soluções aos problemas de aprendizagem, ajudando a identificar as próprias
necessidades e interesses educativos, torna-os capazes de ocuparem efetivamente seu próprio
processo de evolução e crescimento.
A educação, de uma forma geral, tem como objetivo ser decisiva e corrobora na
criação da sensibilidade social, com bases plausíveis para reorientar a humanidade. Por meio
de um grande desenvolvimento tecnológico que acontece na atualidade, percebeu-se uma
vasta necessidade de produtos de qualidade com serviços eficazes para satisfação de poucos,
no entanto ainda há mais possibilidades do que eficiência, pois percebemos que a
modernidade avançou muito, porém deixou pelo caminho expectativas desguarnecidas de suas
promessas.
Na época atual a educação é percebida como uma necessidade de transformação para
se criar possibilidades que gerem a liberdade humana, uma educação de qualidade pode ser
vista como utopia, segundo Freitag: ‘O homem somente pode vir a ser homem através da
educação. Ele não é outra coisa senão o produto de sua educação. E cabe mencionar que o
homem só pode ser educado por homens, que por sua vez foram educados. Por isso a ausência
de disciplina e instrução em certas pessoas faz delas maus educadores de seus educandos.’
(FREITAG 1994, p.22).
A educação desponta como uma nova perspectiva para o avanço do ser humano, que é
capaz de integralizá-lo em sua completude, permitindo a ele a realização pessoal e
aperfeiçoamento de qualidade de vida.

CARACTERÍSTICAS DO MODELO HUMANISTA

O sistema de educação humanista tem como cerne para o processo de aprendizagem, o


educando, reconhecendo-o como um ser individual, que possui experiências, desejos e
observações únicas e suas, que vão influir no seu método educativo.
FINALIDADE DO MODELO HUMANISTA

O objetivo da metodologia humanista é o constante desenvolvimento absoluto do


educando, sendo o mesmo reconhecido como individuo aberto a modificações, mutações e em
contínuo processo de aquisição de conhecimento.

VANTAGENS DO MODELO HUMANISTA

O método humanista cria um ambiente favorável e por assim dizer protetor para o
educando; pois oferece ferramentas para o desbloqueio de dificuldades ao processo de
aprendizagem, auxiliando e amparando à procura de próprias soluções para os problemas.
Para os educadores humanistas, é próprio do ser humano ser bom e sermos pessoas
permanentemente sedentas por conhecimento.

Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo socialmente que,


historicamente mulheres e homens descobriram que era possível ensinar. Foi assim,
socialmente aprendendo que ao longo dos tempos mulheres e homens perceberam
que era possível (...) trabalhar maneiras, caminhos e métodos de ensinar. (FREIRE,
1996, p. 26).

O educador humanista valoriza as experiências individuais e incentiva de modo


positivo e certeiro à busca pelo processo de ensino-aprendizagem; isto é, aprender a aprender.
Segundo Paulo Freire (1996, p.21), “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua própria produção ou construção”. Desta forma, quando o conteúdo é
considerado pelo educando algo relevante, ou algo que lhe traga bem-estar, ele ficará
extremamente motivado a percebê-lo e aprenderá de uma forma muito mais descomplicada
criando assim, o educador, as melhores condições para o aprendizado. Toda ação em forma de
liberdade é bem vinda, desde que, a liberdade de um não intervenha ou cerceie a liberdade do
outro.
Em harmonia ao que diz Paulo Freire, a educação é um ato de ação e reflexão
permanentes realizados pelo homem, pois este sendo um ser inacabado, isto é, um ser sempre
em busca do conhecimento, o faz não apenas um mero objeto, mas sim sujeito na busca de sua
própria educação. Busca esta que não deve ser feita individualmente, mas sim com outras
pessoas que também desejam ser mais como ele.
Nos dias de hoje a escola encontra cada vez mais dilemas com a falta de educação de
seus alunos. Conforme o Dicionário Michaelis, educação significa: Educação e.du.ca.ção sf
(lat educatione) 1 Ato ou efeito de educar. 2 Aperfeiçoamento das faculdades físicas
intelectuais e morais do ser humano; disciplinamento, instrução, ensino. 3 Processo pelo qual
uma função se desenvolve e se aperfeiçoa pelo próprio exercício: Educação musical,
profissional etc. 4 Formação consciente das novas gerações segundo os ideais de cultura de
cada povo. 5 Civilidade. 6 Delicadeza. 7 Cortesia. 8 Arte de ensinar e adestrar os animais
domésticos para os serviços que deles se exigem. 9 Arte de cultivar as plantas para se
auferirem delas bons resultados.
Com a ausência da educação familiar, isto é, a base para todo o ser humano, aquela
educação que permeia a vida de cada individuo desde o nascimento, aquilo que é principio,
bom costume, regras que orientam o comportamento cotidiano das pessoas, e a privação cada
vez maior do núcleo pai-mãe-filho, para o desenvolvimento saudável e equilibrado de limites,
respeito e autoridade, na omissão desta, exportando para a escola o compromisso e o dever de
ensinar a seus filhos civilidade, cortesia, respeito a si e ao seu semelhante, preparando a
criança para conviver em sociedade, tarefa que deveria ter sido desempenhada pela mesma,
pois é a ela que cabe o papel da educação endógena, isto é, de dentro para fora, - de dentro do
núcleo familiar composto por seus princípios, valores etc, - porém está cada vez mais inversa,
sobrando para a escola, além de educador pedagógico, os ensinamentos que deveriam ter sido
trabalhados anteriormente em ambiente familiar.

PARCERIA FAMÍLIA – ESCOLA

A combinação família-escola é primordial, pois ambas precisam se entender, amparar


e aliar para o bem comum do educando ensinando-o e desenvolvendo-o para viver e conviver
em coletividade. A escola deve formar indivíduos capazes de terem uma relação positiva aos
valores fundamentais ao bem comum, ela faz o papel exógeno, onde extrai do aluno seus bons
atos e os amplifica, pois é na escola que existirão, primeiramente na vida do educando, as
relações de troca, de cooperação, de solidariedade, de coleguismo e até mesmo onde surgem
alguns conflitos que se tornam situações convenientes para os indivíduos ponderarem seus
atos, praticando a alteridade – que é a situação, estado ou qualidade que se constitui através
de relações de contraste, distinção, diferença - observando o outro extremo.
Cabe, porém, fazer um alerta à família: todo o acordo firmado com a escola um dia acaba
quando da formação do aluno, no entanto, o acordo da família – contrato entre pais e filhos – é
um elo para vida toda, sendo extremamente importante ajustar os papéis, realizando os com
sabedoria e responsabilidade.

A mim me dá pena e preocupação quando convivo com famílias que experimentam


a “tirania da liberdade” em que as crianças podem tudo: gritam, riscam as
paredes, ameaçam as visitas em face da autoridade complacente dos pais que se
pensam ainda campeões da liberdade. (PAULO FREIRE, 2000:29)

Por consequência a esta alienação injustificada da família, nos parece evidente que
essa ausência de educação, cordialidade, colaboração e respeito não somente ao seu bem
estar, mas também ao bem estar do outro, se reflete no grande e nocivo vilão presente em
salas de aula: a desaparição ou a falta de limites nos alunos. Entendamos como limites, a
liberdade com responsabilidade, isto é, as regras sociais de convivência, aquilo que podemos
ou não fazer para efeitos de desenvolvimento, respeito mútuo e solidariedade na coexistência
estabelecida entre diversos grupos heterogêneos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para uma prática pedagógica que norteie os métodos de ensino humanista, percebemos
que além de o educador nortear-se de amplos conhecimentos humanistas e das perspectivas
que este modelo traz para a escola e o ensino em si, e o professor deve saber encaminhar as
essas questões que surgirão com este método libertador, pois, como sinaliza Luckesi (1994),
“a Pedagogia não pode ser bem entendida e praticada na escola sem que se tenha alguma
clareza do seu significado. Isso nada mais é do que buscar o sentido da prática docente”
(LUCKESI, 1994, p. 7). Ainda assim é necessário ter educandos aptos a este método. Estes
indivíduos precisam ter noções básicas de civilidade e bom convívio, para que todos possam
sair ganhando e ampliando os conhecimentos. Isto é de extrema relevância para o bom
andamento do processo do aprender, fazer com que a escola se torne significativa,
esclarecedora, interessante e, principalmente, essencial aos educandos, motivando os com
encanto, alegria e a encontrarem satisfação de pertencerem a este meio, tendo como
paradigma seus os professores.
Pela sua conduta, o professor deve ser um exemplo, para que possa exercer, sem
autoritarismo, a sua função educativa. Deve proporcionar, na sala de aula, um clima
de participação e de respeito, sem esquecer que o aluno é um indivíduo com direito a
ter dúvidas, a ter dificuldades, a ter opiniões, a colaborar e a ser criança (PIRES,
2002, p. 71).
A escola é um espaço genuíno com condições favoráveis ao entendimento e de
consideração dos apelos do mundo e da vida. (PRESTES, 1996, p. 121-122).

Acreditamos também que um bom aluno vem de uma boa base familiar; da criação
que possui, de seus costumes e da participação da permanente da família no ambiente escolar.
Se cada um, que é parte importante neste contrato, família – escola, se tornar elo fundamental
e indissociável agindo de acordo com a sua responsabilidade, sendo pontual às necessidades
apresentadas pelo educando, consideramos que existirá assim uma melhor possibilidade de
simbiose entre o educador e o educando tornando-os cooperantes entre si e atingindo o
objetivo de abundar o aluno de conhecimento, elevando sua participação e indicando o
caminho para o seu contínuo desenvolvimento como ser humano pensante, analista na forma
de agir e contribuinte ativo no avanço e aperfeiçoamento de uma sociedade melhor.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

youtube.com/watch?v=KPURJOpB6wQ Acesso em 25 de setembro de 2015.

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JOSÉ, Elisabete da Assunção; COELHO, Maria Teresa. Problemas de Aprendizagem. 5ª.

ed. São Paulo: Ática, 1993.

FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não. Cartas a quem ousa ensinar. 10ª ed. São Paulo,

Olho D'Água, 1993.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São

Paulo: Paz e Terra – Coleção Leitura, 1996.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo:

UNESP, 2000.

FREITAG, Bárbara.O indivíduo em formação. São Paulo: Cortez, 1994.

LUCKESI, C. C. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1994.

MICHAELIS: Moderno dicionário da língua portuguesa on-line.

www.michaelis.uol.com.br. 2015.

PIRES, S. R. de A. Serviço Social: função educativa e abordagem individual. 2003. 336 f.

Tese (Doutorado em Serviço Social) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São

Paulo, 2003.

PRESTES, Nadja Hermann. Educação e racionalidade: conexões e possibilidades de uma

razão comunicativa na escola. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1996.

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