Você está na página 1de 8

Universidade Federal do Acre

Disciplina: Organização da Educação Básica e Legislação do Ensino

Docente: Francisco Afonso Nepomuceno

Discente: Jéssica Lima dos Santos

PEDAGOGIA DA AUTONOMIA - PAULO FREIRE (RESUMO)


“Pedagogia da Autonomia: o conhecimento necessário para a prática educacional” é o título
de um dos livros importantes para direcionar os professores a um encontro consigo mesmo e
com sua prática para formar indivíduos livres e autônomos. É uma produção do educador
brasileiro Paulo Freire, publicada em 1996, editada por Paz e Terra na cidade de São Paulo.

SOBRE A OBRA
Paulo Freire é considerado uma figura de sabedoria, dedicação e criatividade em questões
educacionais; Ele talvez tenha sido o pensador mais influente em questões educacionais do
final do século XX e um dos mais populares em questões relacionadas a educadores
informais, a necessidade de diálogo e as demandas dos setores menos favorecidos. Seu título
Pedagogia do Oprimido foi um elemento decisivo em sua popularidade latina.

Em seu texto “Pedagogia da Autonomia”, ele desenvolve três capítulos: não há ensino sem
aprendizado; ensinar não é transferir conhecimento; e o processo de educar é apenas um
empreendimento humano. Nesses três capítulos, ele desenvolve os princípios referentes ao
conhecimento necessário e as condições para o ensino que os professores da América Latina
devem assumir para formar indivíduos mais livres e mais autônomos.

No texto “Pedagogia da autonomia”, Paulo Freire fala sobre o que os professores devem saber
e o que devem fazer no processo de ensino e aprendizagem, principalmente quando a ênfase
está em educar para alcançar a igualdade, a transformação e inclusão de todos os indivíduos
na sociedade.

Ele não justifica o analfabetismo ou não frequenta as escolas devido à irresponsabilidade dos
pais ou ao resultado de sua baixa renda, porque para ele a educação e as possibilidades que ela
oferece para a melhora da humanidade são fundamentais em sua concepção de libertação de
indivíduos e sua inclusão nas sociedades. Tampouco justifica o professor em sua cultura do
mínimo esforço, o que é evidente quando ele diz: “que alguém se torna macho, racista,
classista, seja o que for, mas que ele se assume como um transgressor da natureza humana”.

Não me permitam apresentar justificativas genéticas, sociológicas ou históricas ou filosóficas


para explicar a superioridade da brancura sobre a escuridão, dos homens sobre as mulheres,
dos empregadores sobre os empregados. Qualquer discriminação é imoral e combatê-la é um
dever, mesmo que a força das condições a serem enfrentadas seja reconhecida. A beleza de
ser pessoa encontra-se, entre outras coisas, nessa possibilidade e no dever de lutar.

Saber que devo respeitar a autonomia e a identidade do aluno exige de mim uma prática que
seja totalmente consistente com esse conhecimento.

Para ele, educar e ensinar exige diálogo e respeito pelo aprendiz e por sua concepção de
mundo, e ressalta que a educação baseada na interação entre educar e aprender requer os
seguintes passos: observar o rigor metodológico; realiza pesquisas; respeito pelo
conhecimento particular de cada aluno; exercitar o pensamento crítico; respeitar a ética e a
estética; fazer o que diz e correr o risco de aceitar o novo, enquanto rejeita qualquer forma de
discriminação; refletir criticamente sobre práticas educacionais; e assumir sua identidade
cultural.

Todos os profissionais da educação devem ler este livro. Esperemos que eles desencadeiem a
vontade e a atitude para fazê-lo, porque o ato educativo é um ato eminentemente humano,
experiencial; a educação é mais que uma ciência, é vida; portanto, o próprio processo
educacional é um processo da vida; requer uma filosofia de vida profunda que apoie o
trabalho de ensino e estabeleça uma escala de valores para selecionar os conhecimentos e
valores essenciais e os meios mais eficazes para alcançá-los.

Principais pontos abordados em cada capítulo da segunda parte de Pedagogia da Autonomia,


do livro de Paulo Freire.
1. Ensinar exige consciência do inacabamento;
2. Ensinar exige o reconhecimento de ser condicionado;
4. Ensinar exige bom senso;
5. Ensinar exige humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores;
6. Ensinar exige apreensão da realidade;
7. Ensinar exige alegria e esperança;
8. Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível;
9. Ensinar exige curiosidade;

1. Ensinar exige consciência do inacabamento


Um profissional precisa entender que o ser humano não é completo, é inacabado. Mas o
inacabamento de um ser é próprio da experiência vital.

De acordo com Freire, a invenção da existência a partir dos materiais que a vida oferecia
levou as pessoas a criarem um espaço onde se prender afetivamente para resistir, chamado de
suporte. E esse suporte faz os seres se tornarem conscientes, transformadores e não um
“espaço vazio a ser preenchido por conteúdos”.

2. Ensinar exige o reconhecimento de ser condicionado


O autor explica que somos condicionados, mas nossa consciência sobre o inacabamento nos
faz ir além. A construção de quem somos é feita a partir de genética, dos meios em que
estamos inseridos e da história.

3. Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando


O respeito à autonomia e dignidade do outro é obrigatório. Quando acontece este tipo de
desvio ético, há transgressão. Alguns exemplos disso são:

Quando um professor ironiza um aluno mandando que ele “se ponha em seu lugar”
Ou quando o professor desrespeita a curiosidade do aluno
O professor não aceita o gosto estético ou linguagem
Um professor autoritário acaba com a liberdade de um aluno, porque ele não pode ser curioso
para aprender. E isso, quando acontece, não pode ser visto como uma virtude, mas como
ruptura com a decência.

4. Ensinar exige bom senso


É preciso ter bom senso e ética a todo o momento. E isso deve ser levado em conta,
principalmente, durante uma tomada de decisão, já que é preciso sempre respeitar a
autonomia, dignidade e identidade do outro.

Um exemplo usado foi em momento de apresentação de dissertação de mestrado ou tese de


doutoramento. Caso algo seja criticado, a postura ética que deve ser tomada pelo orientador
do trabalho é solidarizar-se com o acontecido e responsabilizar-se pelo erro igualmente.

5. Ensinar exige humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores
Um professor precisa aprender a lidar com as diferenças, desenvolver amorosidade aos
educandos e cultivar a humildade e a tolerância. Além disso, deve entender que a luta pelos
seus direitos é um momento importante enquanto prática ética. Não é algo de fora, é algo que
faz parte. Não pode aceitar o discurso cansado de “não há o que fazer”. É preciso lutar por
respeito e por melhores condições de trabalho.

6. Ensinar exige apreensão da realidade


Mulheres e homens são os únicos seres capazes de aprender. E isso os permite construir,
reconstruir, constatar para mudar. A capacidade de aprender pode transformar a realidade.

Segundo autor, toda a prática educativa demanda a existência de sujeitos, um que, ensinando,
aprende outro que, aprendendo, ensina, daí o seu cunho gnosiológico; a existência de
conteúdos a serem ensinados, envolve o uso de métodos e técnicas; implica objetivos, sonhos,
utopias, ideia. A politicidade não pode ser neutra. Por isso, o professor precisa ter uma
competência geral, de sua natureza e saberes especiais, ligados à atividade como docente.
7. Ensinar exige alegria e esperança
A esperança de que professores e alunos possam aprender, ensinar, produzir juntos e resistir a
tudo que tente tirar a alegria. A esperança faz parte da natureza humana, é um condimento
indispensável para a experiência histórica. Ou seja, sem ela não haveria história, porque seria
puro determinismo.

8. Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível


O mundo não é, ele está sendo. Sendo assim, as pessoas não mais só constatam o que ocorre,
elas também intervêm como sujeito de ocorrências. Por exemplo, o conhecimento sobre os
terremotos não foi o suficiente para “acabar com ele”, mas ajuda a amenizar as
consequências. Somos capazes de intervir na realidade.

9. Ensinar exige curiosidade


Sem a curiosidade, um educador não pode aprender e nem ensinar. Por isso, é preciso
estimular a pergunta, a reflexão crítica, pensar o que se pretende fazendo aquela pergunta,
quais perguntas e respostas ainda não foram feitas. Os alunos e professores devem ter uma
postura aberta, curiosa, indagadora e não apassiva.

Aula do dia 22 de jan 2024


Anotações da aula - Pedagogia da autonomia
● Não há decência sem discência (primeiro tópico do livro);
● Ensinar não transferir conhecimento (segundo tópico);
● Ensinar é uma especificidade humana;
● Os saberes demandados pela prática educativa independente da concepção do mundo
de professor(a);
● Superar a educação bancária:
- Quando o processo é mais problemático que o conteúdo;
- A capacidade crítica de aprender leva à curiosidade;
- Despertar o gosto pela rebeldia ajuda na superação do bancarismo acrítico;
- Curiosidade Ingênua - é a curiosidade de qualquer pessoa.
● Pensar certo/ Rigor metodológico:
- “Pensar certo tem a ver com o não ser mecânico. Tipo: devorador de livros e
mero repetidor de conceitos. Obsequioso ao conteúdo que ler mas alienado em
relação ao seu lugar”. - Carioca.
- Não ser portador de certeza - dogmático
- Não ser signatário de argumento da autoridade
- É ver as coisas do mundo como processo
- Ensinar, aprender, pesquisar…
● Na história, quanto mais distante do fato, mais você pode enxergar esse fato melhor.
Sem envolvimento emocional.
● A natureza do ser professor;
- Faz parte da prática docente a indagação, a busca, a pesquisa, a dúvida…
● O respeito pelo educando;
- Respeitar os estudantes pressupõe valorizar o saber empírico que cada um
carrega;
- A conexão com a realidade vivida a conhecida é uma forma de valorização;
● Criticidade:
- Para além do conhecimento empírico;
- Na permanente busca pela superação ou curiosidade epistemológica;
● A importância da curiosidade:
- A curiosidade é uma vitamina para o conhecimento;
- Só a base da curiosidade podemos incluir no conhecimento aquilo que
vivemos;
- A curiosidade só adquire sentido se for crítica, indócil por assim fazer;
● Uma ética universal:
- Ética do mercado / Ética universal do ser humano;
- Só é possível formar se imbuído de ética;
- Não há luta pela liberdade possível se não for lastreada por uma conduta ética;
● Ensinar pelo exemplo:
- “Faça o que eu digo mas não faça o que faço” é o slogan dos hipócritas;
- Pensar certo pressupõe coerência entre o verbo e a ação;
- Pensar certo exige a separação do argumento do sentimento;
- O prof não deve temer o novo;
- Deve rejeitar qualquer tipo de discriminação;
- O pensar certo deve ser dialógico;
- A inteligibilidade requer comunicação, interface;
● A ideologia como instrumento de dominação:
- O particular transvestido de universal;
- A naturalização da desigualdade como fatalidade;
- O conformismo dos de baixo ante a desesperança;
● “O próprio discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tem que ser de tal modo
concreto com a prática”.
● A importância da assunção como perspectiva de mudança - A justa capacidade de se
indignar - Foi aprendendo que se descobriu que era possível ensinar;
● A importância da formação docente:
- A importância da materialidade do espaço;
- Sem afeto a educação é incompleta;
- O ético e o estético na boniteza do ato de educar;

Aula do dia 24 de jan 2024


Anotações da aula - Pedagogia da Autonomia
● O paradoxo humano:
- “Só seres que se tornaram éticos podem romper com a ética”.
- A história como um campo de possibilidades mão de determismo;
● Somos seres condicionados mas não determinados;
- Determinação genética cultural e de classe social;
- As condições históricas são relevantes nas nossas vidas;
● O dilema de ser objeto ou objeto:
- Se adaptar ao mundo herdado ou ser sujeito de outra história? Eis a questão;
- “Quem sabe a hora não espera acontecer”.
- Os obstáculos não se eternizam;
● A consciência do mundo e a consciência de si como ser inacabado induz a busca;
● “É na indução do ser, que se sabe como tal, que se funda a educação como processo
permanente”.
● Quanto mais abertos para aprender e ensinar mais sujeito nos tornamos;
● O respeito como imperativo ético;
● Acerca do bom senso:
- Meu bom senso me induz a ser antiburocrático;
- Meu bom senso me ajuda a ser contra o fatalismo;
- A presença do professor na sala de aula não pode ser despercebida;
● Aprender a realidade é essencial para o professor:
- A capacidade de aprender não para se adaptar mas para transformar a
realidade;
- A educação quando vista como mera adaptação é domesticação;
● Aprender é uma aventura:
- “Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar o que não se
faz sem abertura…”
● Porque a culpa é individualizada?
- A legião de culpados por seus fracassos pessoais;
- A escola como um ambiente acolhedor;
- A leitura do mundo precede a leitura da palavra ;
● Sobre curiosidade:
- Posturas autoritárias e/ou paternalistas inibem a curiosidade;

Aula do dia 31 de jan 2024


Anotações da aula - Pedagogia da Esperança
● Pedagogia da Esperança - Paulo Freire
● Um livro escrito com raiva e amor a um só tempo:
- Sem o que há esperança;
- Religar pedaços de tempo:
- Iluminar a experiência vivências pretéritas;
● O resultado diferentes com hábitos castigos:
- Os castigos praticados na Zona da M e na periferia urbana ata, no Agreste, no Sertão
e na Zona Pesqueira;
● A influência de práticas autoritárias na escola e no lar:
- Vertentes primárias que degeneram a democracia;
● Quando a ingenuidade vira alienação:
- “ A tradição democrática e constitucionalista das Forças Armadas Chilenas”.
- Assim pensava a Democracia Cristã;
● A postura diferente do MIR - Movimento Independente Revolucionário:
- Em Nueba Havana praticava se a leitura do mundo para se aprender a leitura da
palavra;
● As esquerdas e a educação popular no Chile:
- Uma esquerda fragmentada colaborou com a fragilização do Governo da Unidade
Popular;
● Pedagogia da Esperança com os trabalhadores rurais do Chile:
- Educação Popular - a linguagem como caminho de invenção da cidadania;
- A experiência com camponeses chilenos ao lado de um intelectual holandês “Esses
camponeses sabem mais do que nós”.
● A efervescência da América Latina:
- A enorme quantidade de intelectuais estrangeiros morando no Chile - Caldo cultura;
- A influência da Revolução Cubana;

Aula do dia 19 de fev 2024


Paulo Freire
● A luta de classes não é o motor da História mas certamente é um dos principais;
● A ideologia da classe dominante atravessa os dominados;
● As críticas feitas a Paulo Freire eram, em grande medida, o acusando de idealista;
● O professor precisa ser entusiasmado, para que o aluno veja que pode aprender com
ele:
“Uma prática educativa assim é uma espécie de psicanálise
histórico-sócio-cultural e política”.

● “O educador ou a educadora crítica, não centra a prática educativa, por exemplo, nem
no educando, nem no educador, nem no conteúdo, nem nos métodos, mas compreende
nas relações de seus vários componentes, no uso coerente por parte do educador ou da
educadora dos materiais, dos métodos, das técnicas”.

Aula do dia 21 de fev 2024


A ESCOLA E A REPÚBLICA E OUTROS ENSAIOS
A Dívida Republicana - Marta Maria Chagas Carvalho
● A educação como panacéia(remédio para todos os males):
- O modelo autoritário no binômio ordem e progresso;
- A educação superdimensionada e a tentativa de transformar os habitantes em
povo e constituir uma nação;
● O negro e o mestiço como sinônimo de indolência, vadiagem e incapacidade:
- A incúria(desleixo) política de abolicionistas e republicanos;
● A operosidade do imigrante virou frustração
- A exclusão do liberto, o branqueamento e a produtividade;
- O castelo ruiu o partir das ideias anarquistas;
● A escola modelar como símbolo da nova ordem:
- São Paulo seria o símbolo de um futuro luminoso;
- “Casas sem ar e luz, meninos sem livros, livros sem métodos, escolas sem
disciplinas, mestres tratados como páreas”.
● “Quando um país que dar a medida do seu progresso, do alcance de suas instituições,
do valor da raça, aponta o número de suas casas de ensino abre-lhes as portas como
que dizendo: vede se aprende!” Caetano de Campos.
● O ensino intuitivo como contraposição ao positivismo
● O novo como substituindo a velha ordem
● O modelo da escola estadunidense como padrão arquitetônico e pedagógico ao ensino
de São Paulo.
● Professores formados nos EUA para ensinar os novos métodos.
● O imaginário republicano:
- O poder libertador e democratizador da educação
- Quem, no imaginário republicano, é o cidadão que a República tem o dever e o
interesse de educar?
● O imigrantismo ou a política da branquitude:
- A caracterização do negro: “raça inferior, incapaz para o trabalho propensa ao
vício, ao crime e inimiga da civilização e do progresso”.
- “Um branqueamento moralizador da população brasileira”.
● O analfabetismo como marca da inaptidão para o progresso;
● 213.621 frequentaram a escola e 274.543 não frequentaram a escola em 1918;

Você também pode gostar