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RESENHA

O livro "Pedagogia da autonomia” do autor Paulo Freire, tem como objetivo orientar
como o professor deve se comportar, quais hábitos deve ter e quais são os caminhos para que
o aluno tenha um aprendizado correto, de acordo com o seu ponto de vista.
Inicialmente o autor escreve as primeiras palavras onde fala sobre ética, em resumo,
dando ao professor a responsabilidade de ser ético no exercício da profissão, deixando claro
que não se refere a ética menor que se curva aos interesse do lucro, mas sim da ética universal
do ser humano, ou seja, a verdadeira ética.
No primeiro capítulo “Não há docência sem discência” Paulo Freire fala sobre o que é
necessário para a formação de um docente. Em nove tópicos ele consegue expor seu
pensamento, inicialmente explicando o título do capítulo. Segundo ele, ensinar não é apenas
transferir conhecimento, mas sim ajudar o aluno a construir esse conhecimento, e para isso, o
professor também deve estar disposto a aprender, existindo assim uma relação dialética onde
quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Em seguida é descrito
que ensinar exige rigorosidade metódica, ou seja, o professor deve ensinar como pensar certo
e não apenas dar o conteúdo, instigar o aluno a desenvolver o pensamento crítico, pensamento
transformador. Essa ideia de Paulo Freire se assemelha ao pensamento de Humboldt quando
escreveu sobre a organização da universidade de Berlim, onde ele fala que na universidade o
professor deve dar autonomia ao estudante para ele formar a si mesmo, a diferença é que
Humboldt dizia que isso só devia acontecer na universidade e não na escola, diferentemente
do que Paulo Freire diz, para ele essa é a obrigação do professor independente de onde ele
ensina.
Adiante, ensinar também exige pesquisa, tendo uma relação parecida com a que já foi
falado antes sobre docência e discência. Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino,
para ensinar é preciso saber o que está ensinando, por isso é preciso pesquisar, buscar e ter a
curiosidade. Curiosidade essa que começa com a ingenuidade e a partir da rigorosidade
metódica ela passa a ser uma “curiosidade epistemológica” na qual Paulo Freire cita diversas
vezes nesse livro. Na próxima colocação é exigido que os professores respeitem os saberes
dos educandos, aproveitando as experiências dos alunos para discutir sobre suas realidades
individuais, buscando saber o porquê das coisas. É possível compreender que essa exigência
ao professor ajuda a desenvolver o pensamento crítico e instigue o aluno a quem sabe um dia
poder tentar resolver os problemas de sua realidade. Ensinar exige a corporeificação das
palavras pelo exemplo, o autor explica bem como isso funciona, o professor tem que colocar
em prática suas colocações, pois não existe pensar certo e fazer errado, pensar certo é fazer
certo. Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição de qualquer forma de discriminação,
ou seja, não de deve rejeitar o novo só porque é novo, desse jeito não há progresso. O
professor de maneira nenhuma deve discriminar ou aceitar discriminação a qualquer que seja
o segmento da sociedade, isso deve ser praticado diariamente em sala de aula. O autor diz
também que o educador deve “Assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante,
comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de
amar”(Freire,1996). Mas sem excluir ninguém, e respeitando a questão da identidade cultural.
Freire comenta que uma pessoa inacabada que sabe que é inacabada, é condicionada a
ir além do inacabamento, pois a consciência desse inacabamento faz as pessoas mais
compromissadas e ligadas com a ética. A exigência de respeito e autonomia de ser do
educando também é de caráter ético, não sendo um favor, ou seja, um professor que
desrespeite ou humilhe seu aluno é um violador da ética. É preciso bom senso para ensinar, o
professor deve saber que deve respeito à autonomia, à dignidade e à identidade do educando e,
na prática, procurar a coerência com este saber, se leva inapelavelmente à criação de algumas
virtudes ou qualidades sem as quais aquele saber vira inautêntico, palavreado vazio e
inoperante. É notável identificar as desvalorização dos professores, seja por baixas condições
de trabalho, como também pelos baixos salários, por isso a luta contra esses problemas deve
ser geral e deve ser um momento importante para todos os docentes.
O docente deve lecionar com esperança e alegria, “A esperança é uma espécie de
ímpeto natural possível e necessário, a desesperança é o aborto deste ímpeto’’(Freire, 1996).
Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível. É afirmado que a liberdade não é
maior que qualquer limite, mas é necessário que exista. O limite da liberdade amadurece em
discussão com outra liberdades.
É interessante como esse livro tem relação com texto filosóficos, mais especificamente
os textos de Immanuel Kant sobre o esclarecimento. Ele se relaciona com o fato de
que ,segundo Kant, é preciso ter coragem e assumir riscos para pensar por si mesmo para se
tornar um pessoa esclarecida, e sem esse esclarecimento não há progresso. Pensando desse
modo, os alunos devem ter a capacidade de pensar e refletir, e para isso é fundamental que os
professores os ensinem a pensar certo e chegar na curiosidade epistemológica de Freire.
É possível concluir através dessa leitura que ser professor é muito mais complexo do
que se imagina, todas as exigências são válidas e devem ser consideradas por alguém que
pense ou deseja ser educador algum dia. Esse comprometimento com a ética é fundamental
em todas as ocasiões, pois alguém sem ética não deve ser capaz de educar ninguém. O
professor tem muita importância na vida do aluno e vice-versa, o que talvez Paulo Freire quis
passar é que a educação é transformadora, transforma pessoas e transforma o mundo.

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