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PAULO FREIRE E A AUTONOMIA COMO EMANCIPAÇÃO DO

HOMEM

Luci Frare Kira1 – PUCPR


Marcelo Lopes de Medeiros2 – PUCPR
Jeanderson Silva dos Santos3 – PUCPR

Eixo – Filosofia e Educação


Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

Por meio do tema, que tem como ponto de partida a autonomia em Paulo Freire, buscamos
refletir a importância da mesma para a emancipação humana. A respeito da autonomia, para o
autor, são colocadas diversas formas de se chegar até ela: por meio da pesquisa que tem o
intuito de chegar até o conhecimento. O respeito à individualidade, para o autor, tem caráter
específico de se chegar até o conhecimento porque o docente respeita aquilo que cada aluno
traz consigo para, então, a partir daí aplicá-lo no conhecimento. Portanto, pensamos que
problematizar esse aspecto da educação deve ser, então, o fio condutor para a execução de
uma boa pesquisa coerente. De fato, o autor tem uma obra intitulada Pedagogia da
Autonomia, que mostra o papel autônomo que permeia toda a educação escolar. A
fundamentação teórica para o desenvolvimento deste trabalho foram as obras de Freire bem
como textos de estudiosos e comentadores da vida acadêmica do pensador brasileiro. A
pesquisa contemplou alguns momentos distintos. Logo no primeiro, a preocupação foi
demonstrar um pouco de suas vivências que o levaram a ser um grande pensador da
educação e da filosofia. Num segundo momento tratamos do princípio de autonomia
freireano, que deve conduzir as ações humanas, e do que ele representa para a ação libertadora
em questão. Porém, cabe a todo ser humano refletir sobre essa prática de ocultar o outro e
passar do modelo de ser menos para ser mais, valorizando seu jeito de viver sua cultura e sua
classe social. Enfim, pesquisar sobre Paulo Freire é de fato estudar uma pluralidade muito
ampla de conhecimento.
Palavras-chave: Autonomia. Educação. Ética. Libertadora.

1
Mestre em educação pela UNIMEP – Piracicaba – SP. Professora do curso de Licenciatura em Filosofia –
PUCPR – Campus Maringá – Coordenadora do SEAP – Campus Maringá – E-mail: luci.Kira@pucpr.br
2
Graduando em Filosofia – PUCPR campus Maringá. E-mail: marcelo_lopes_medeiros@hotmail.com
3
Graduação em Filosofia – PUCPR Campus Maringá. E-mail: jeanderson.santos07@gmail.com

ISSN 2176-1396
20650

Introdução

O trabalho ao qual desenvolvemos tem o tema: Paulo Freire e a autonomia como


emancipação do homem. Freire é um autor que, segundo os textos lindos para o
desenvolvimento desde, faz uma leitura de mundo em cada obra.
A respeito da autonomia, para o autor, são colocadas diversas formas de se chegar até
ela: por meio da pesquisa que tem o intuito de chegar até o conhecimento. O respeito à
individualidade, para o autor, tem caráter específico de se chegar até o conhecimento porque o
docente respeita aquilo que cada aluno traz consigo para, então, a partir daí aplicá-lo no
conhecimento.
Por meio do tema que tem como ponto de partida a autonomia, pensamos que
problematizar esse aspecto da educação deve ser, então, o fio condutor para a execução de
uma boa pesquisa coerente. De fato, o autor tem uma obra intitulada Pedagogia da Autonomia
(2000), que mostra o papel autônomo que permeia toda a educação escolar. Assim, o
problema a ser gerado por meio deste presente trabalho é buscar a compreensão de soluções
para uma educação cada vez mais autêntica.
Freire é um pensador que tem um traço muito especial na análise que tem a respeito da
sociedade que, segundo ele, está sempre em constante movimento. Assim, ele coloca e
educação não como uma neutralidade, mas sim atuante no campo da política. A “leitura de
mundo”, tanto mencionada pelo autor, é, de fato, o grande elemento para que os homens e as
mulheres se tornem capazes de intervirem na sociedade na qual estão inseridos.
Outro aspecto a ser abordado é que, quando discuto alguns conceitos para visar a uma
educação qualificada, mencionamos também a liberdade que nos permite que sejamos pessoas
capazes de pronunciar as dificuldades e também modificar elementos que nos faltam para uma
boa educação. Outro fundamento se dá na meta de apresentar as melhorias para um
aprendizado mais voltado para o aluno, no qual ele sinta essa vontade de ser protagonista de
sua formação humana, voltada para os aspectos educacionais e, acima de tudo, para a grande
busca da autonomia.
Não se deve ironizar o aluno, não se deve desrespeitar o seu pensamento, mas sim
buscar a sua curiosidade, deixá-lo chegar, de fato, a uma verdadeira autonomia, ou seja,
explorar os seus currículos para obter um autêntico conhecimento.
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Assim, partimos então da ideia de que a autonomia é realmente um bom propósito de


mudança positiva, para que, exatamente, nós saibamos educar e também acompanhar o
processo inserido nesse desenvolvimento autônomo.

Desenvolvimento

A presente pesquisa teve por objetivo analisar o conceito freireano de autonomia, que
tem como pressupostos que, por meio da educação, o homem encontrará sua real
emancipação. Aquela se ocupa, em especial, da ação transformadora que se dá pela educação,
na busca da consciência crítica da opressão, sofrida por uma classe discriminada
historicamente. Também se trata de uma denúncia a toda forma de discriminação que também
é histórica e provocada por uma invasão cultural, implantada desde quando o Brasil era
colônia de exploração até a atualidade.
O objeto de estudo nesta pesquisa surgiu a partir das seguintes questões: Quais os
pressupostos filosóficos que são a base do pensamento freireano? Que importância têm a
autonomia educação para que o oprimido possa se libertar de seu opressor? Responder a essas
e outras questões constitui o eixo principal da nossa pesquisa.
A fundamentação teórica para o desenvolvimento deste trabalho foram as obras de
Freire bem como textos de estudiosos e comentadores da vida acadêmica do pensador
brasileiro.
A pesquisa contemplou alguns momentos distintos. Logo no primeiro, a preocupação
foi demonstrar um pouco sobre o perfil biográfico de Paulo Freire, suas vivências que o
levaram a ser um grande pensador da educação e da filosofia. Num segundo momento
tratamos do princípio de autonomia freireano, que deve conduzir as ações humanas, e do que
ele representa para a ação libertadora em questão. Pesquisaremos os fatores que dificultam a
autonomia para que o homem busque a sua emancipação.
Portanto, o princípio da autonomia é como o homem dialogicamente encontra a
possibilidade de direcionar o rumo de sua própria história, assumindo para si um caráter
crítico. Todavia, a respeito dessa prática, que também é educativa e crítica, dá-se a passagem
da heteronomia para a autonomia, conceitos-chave para a emancipação do homem.
Entretanto, para falarmos de autonomia, liberdade e igualdade, temos que retratar o marco
desses princípios na história da educação que foi a democracia escolar, e nesse modelo de
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ideologia de pensamentos o indivíduo passou a ser visto como produto de sua história e
colocado num patamar mais igualitário nas classes sociais.
Pesquisar os conceitos de Paulo Freire foi de suma importância, tendo em vista que é
um autor que pensou muito a respeito da educação além de ter escrito muito também a
respeito desse mesmo assunto.
Ao longo desse processo, utilizamos diversos materiais para realizar bem este
trabalho. A respeito das obras de Paulo Freire, usamos A Pedagogia da Autonomia (2000), A
Pedagogia do Oprimido (2007), A Pedagogia da Esperança (1992), além de artigos que me
fizeram obter uma visão mais ampla em relação aos temas que o autor aborda.
As obras de Freire permitiram adquirir um vasto olhar sobre a leitura de mundo que
ele mesmo faz sobre a dimensão humana e social e também política, pedagógica e
educacional. As nossas leituras se desencadearam por meio de algumas obras do próprio
Paulo Freire, entre elas: A Pedagogia do Oprimido (2007), A Pedagogia da Autonomia
(2000), e outros artigos que também nos ajudaram na fundamentação e conhecimento maior a
respeito do tema. Relatando sobre a autonomia, percebemos o quão é necessário buscar a
reflexão à qual o autor se dirige, para que público e qual é também o seu objetivo.
O grande progresso da nossa pesquisa foi a busca por um autor que trabalha
profundamente, a questão da ética e da autonomia, isso nos fez conhecer Freire que é, de fato,
muito citado em outros países como uma referência na educação.
Dentro dos resultados obtidos nesta pesquisa, nós pontuamos o conceito de autonomia
dentro do pensamento de Freire. Para ele, diversos fatores chegam à autonomia; o papel do
docente e do discente, a consciência do inacabamento, o papel da pesquisa, todos esses fatos
resultam na autonomia tanto do educando quanto da do educador, e ambos partem de uma
autonomia para chegar a um autêntico conhecimento.
Contudo, Freire nos ajuda a pensar ainda, que

Uma das tarefas mais importantes da prática educativa-crítica é propiciar as


condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o
professor ou a professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se. Assumir-se
como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador,
realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar. (Freire,2000, p.46)

O modelo de educação que temos hoje em nossa sociedade é aquela que ensina os
valores, para um ser se tornar cidadão, além de um conteúdo sistematizado. Agora faz parte
do papel da escola formar o aluno para ser cidadão e atuar no mercado de trabalho, para isso,
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é preciso que educadores façam seus trabalhos de maneira íntegra, englobando as diferenças
existentes dentro da sala de aula, sejam de raça, crença ou qualquer outro fator. Todos
merecem respeito e um ensino de qualidade com autonomia que ultrapasse os muros da
escola.
Sabendo que a educação tende a chegar à autonomia pela constante busca permanente,
como o autor nos ensina, observamos que este trabalho científico mostra também essa mesma
tendência, de mostrar os processos que a autonomia faz no indivíduo que está em permanente
busca pelo conhecimento. Dentro desse período, avaliamos como positiva a minha busca pelo
conhecimento de Freire e também daquilo que ele pensa a respeito das mudanças que a nossa
sociedade vem sofrendo. Atentemos muito à realidade que ele propõe dentro de seu plano
educacional, do homem e da mulher que são seres inacabados, ou seja, sempre estão
subordinados ao conhecimento que não se limita de forma alguma.

O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não


um favor que podemos ou não conceder uns aos outros. Precisamente porque éticos
podemos desrespeitar a rigorosidade da ética e resvalar para a sua negação, por isso
é imprescindível deixar claro que a possibilidade do desvio ético não pode receber
outra designação senão a de transgressão. É nesse sentido que o professor
autoritário, que por isso afoga a liberdade do educando, amesquinhando o seu direito
de estar sendo curioso e inquieto. Saber que devo respeito à autonomia e à
identidade do educando exige de mim uma prática em tudo coerente com este saber.
(Freire,2000, p.66-67).

Desse modo, enfatizamos que, para nós, este trabalho proporcionou uma estima pela
educação, sobretudo nas palavras de Paulo Freire, quando ele fala da pedagogia da busca, que
faz qualquer pessoa ser autêntica. Além de ter buscado, durante esse período, leituras e
escritos referentes ao trabalho o qual realizamos.
Esse elemento denominado autonomia é algo relevante no pensamento de Freire.
Quando se vai até a sua obra, Pedagogia da Autonomia (2000), vê-se que tudo nela está
inserido como uma grande trajetória que precisa ser mais colocada em prática no nosso dia a
dia. Essa autonomia, pode ser denominada de uma constante busca dentro do nosso processo
educacional, que ainda necessita de um conhecimento amplo a respeito do tema relatado.
A autonomia, então, não pode ser restrita, mas sim aberta a todos aqueles que estão
inseridos dentro desse processo educacional como inacabada.

Considerações finais
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Depois de um longo processo de pesquisa e de busca pelo conhecimento em Paulo


Freire, sobretudo a respeito daquilo que ele compreende e interpreta no tema da autonomia,
vimos o quanto esse tema é muito extenso e precisa ser bem estudado e colocado em prática.
Vários fatores mostram o quanto a autonomia nos deixa mais preparados em nossas funções
exercidas. Seja na política, na economia, na sociedade ou na educação, em tudo isso
precisamos de uma busca constante pela autonomia. Estudar Freire é de fato estudar uma
pluralidade muito ampla de conhecimento.
Não é à toa que esse autor escreveu inúmeras obras, e cada uma delas tem algo a ser
bem observado, que dificilmente encontraremos em outra obra sua. Temos em vista que sobre
várias dimensões da sociedade o autor escreve com uma naturalidade muito comum aos
nossos ouvidos. A dimensão social que ele escreve em Pedagogia do Oprimido (Freire,2007),
só se encontra dentro dessa mesma obra, ou a dimensão pedagógica que encontramos dentro
de Pedagogia da Autonomia (Freire,2000), não se encontra em outras linhas pedagógicas
sobre as quais ele escreve. Assim, partimos da ideia de que o autor, para cada obra, tem a sua
própria linha de pensamento que se encontra unicamente ali naquele livro.
Porém cabe a todo ser humano refletir sobre essa prática de ocultar o outro e passar do
modelo de ser menos para ser mais, valorizando seu jeito de viver sua cultura e sua classe
social. Negar a outro indivíduo é uma prática de desumanização para com o outro, Freire
lutou para que acontecesse um pensamento mais humano para com o próximo por isso pregou
a pedagogia da autonomia em que o indivíduo era colocado em posição de igualdade, baseado
nos princípios éticos e da democracia.
Como o próprio Freire vai afirma,

Estar sendo é a condição, entre nós, para ser. Não é possível pensar os seres
Humanos longe, sequer, da ética, quanto mais fora dela. Estar longe ou pior, fora da
ética, entre nós, mulheres e homens, é uma transgressão. É por isso que transformar
a experiência educativa em puro treinamento técnico é amesquinhar o que há de
fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter formador. Se se
respeita a natureza do ser humano, o ensino dos conteúdos não pode dar-se alheio à
formação moral do educando. Educar é substantivamente formar. (Freire,2000,
p.36).

Essa pluralidade é que chama a atenção nesse tema da autonomia e para tudo aquilo
que se refere a esse autor, sendo que, gradativamente, Freire já lança Pedagogia da Esperança
(1992), como uma continuação de Pedagogia do Oprimido (2007), trazendo elementos
educacionais em uma perspectiva de futuro. Sendo assim, cada um que passa pelas obras do
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Paulo Freire tem a tendência de querer saber mais e mais, educando-se a fazer a mesma leitura
de mundo desse autor.
Não dá para falar em autonomia sem retratar o marco desse princípio na história da
educação que foi a democracia escolar; nesse modelo de ideologia de pensamentos, o
indivíduo passou a ser visto como produto de sua história e colocado num patamar mais
igualitário nas classes sociais. É evidente que ainda existem preconceitos e pessoas que se
rendem à prática de diminuir o outro pelo seu poder aquisitivo ou de informações por ter um
nível mais elevado de conhecimento do que o outro, mas nesse período Freire buscou
erradicar esse problema, mas, como nada é permanente, ainda tem se muito a fazer e discutir
sobre esse assunto. Freire foi um dos precursores das modalidades de ensino para a
valorização do aluno que é considerado o futuro do mundo, pois depende do modelo de
educação que está recebendo para sua formação íntegra de caráter para que essa possa ser
passada adiante como se fosse algo hereditário.
Segundo Borges, 2013, Freire faz uma crítica na década 1950, sobre a democracia
vigente.

Paulo Freire critica a democracia brasileira em vigor no final da década de 1950,


precisamente em 1959, quando escreveu o primeiro dos seus livros, Educação e a
atualidade brasileira. Ele opina que era uma democracia baseada no
assistencialismo, no alheamento do povo e no quietismo. Invoca uma verdadeira
ação democrática geral. (BORGES 2013, p. 158).

Nessa citação fica claro que a autonomia de Freire não é a ética que fica somente na
palavra, por discursos sem sentido, e sim a ética que coloca na prática o valor do indivíduo
para tirá-lo da visão de oprimido, de vítima do sistema que não o absorve como cidadão
constituinte da sociedade, sem ser autônomo.
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REFERÊNCIAS

BORGES, Valdir. A reconstrução de uma ética pedagógica libertadora á luz de Paulo


Freire. Ed. CRV Curitiba- Brasil. 2013.

FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 19. E; RJ: Paz e terra, 1979.

______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 50. ed. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 2000. 165 p.

______. Pedagogia da esperança: Um reencontro com uma pedagogia do oprimido. 4


eds. São Paulo: Paz e Terra, 1992. 248 p.

______. Pedagogia do oprimido. 45. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007. 213 p.

______. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez,
1983. 96 p. (Coleção polêmicas do nosso tempo; 4).

______. Cartas a Cristina. São Paulo: Paz e Terra, 1994, p. 103-4.

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